quarta-feira, 30 de junho de 2010

Será que ele é?

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
luizazedo.df@dabr.com.br

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) circulou pelo Senado ontem como aquele Zezé da marchinha de carnaval. Entrou mudo e saiu calado sobre a sua indicação para vice do candidato tucano à Presidência da República, José Serra, mas terminou o dia sem que ninguém soubesse se é ou não o vice da chapa do PSDB. A reunião da cúpula tucana com os colegas do DEM aparentemente foi um fracasso. Os caciques do DEM fazem suspense sobre o que vai acontecer na convenção da sigla, hoje, em Brasília.

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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi mobilizado ontem pelo presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), que o tirou de casa para uma negociação no mínimo tardia com a cúpula do DEM. Participaram o presidente da legenda, deputado Rodrigo Maia (RJ), o ex-senador Jorge Bornhausen (SC) e o líder no Senado, Agripino Maia (RN). A reunião no Hotel Emiliano, em São Paulo, foi um fiasco. Por essa razão, José Serra não apareceu para o abraço de praxe.

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É possível que hoje os dois aliados finalmente cheguem a um denominador comum. A convenção do DEM vai decidir se o partido mantém a coligação nacional com o PSDB ou não. A moeda de troca dos tucanos é a reciprocidade em alguns estados onde há litígio entre as duas legendas. Em Sergipe, por exemplo, o ex-governador Albano Franco (PSDB) lançou um candidato laranja para favorecer a reeleição do governador Marcelo Déda (PT). Ameaça abandonar o ninho tucano se a legenda o obrigar a coligar com João Alves (DEM), que tenta voltar ao governo.

Retrovisor

Uma ala do DEM já decidiu aceitar a indicação de Álvaro Dias para vice de Serra, mas faz coro com o presidente da legenda, Rodrigo Maia (RJ), que bate duro e mantém a pose contrariada do partido. Preocupado com a situação, o líder da bancada, Paulo Bornhausen (foto), dizia ontem que o mal já está feito e não é hora de olhar pelo retrovisor. O governador tucano Leonel Pavan apoia o candidato do DEM, Raimundo Colombo, em Santa Catarina. Se melar a indicação do paranaense Álvaro Dias, pode desandar a situação no estado vizinho.

Cálculo

Sereno, o deputado tucano Emanuel Fernandes (SP) tentava explicar ontem, no cafezinho da Câmara, a opção da legenda por Álvaro Dias como vice de Serra. “É uma boa estratégia ampliar a vantagem nos estados onde nós estamos ganhando a eleição. Melhor do que desperdiçar energia onde vamos perder de qualquer maneira.” Pesquisas internas do PSDB teriam subsidiado a decisão. Com base nelas, chegou-se à conclusão de que é preciso ampliar a vantagem no Sul do país para ganhar a eleição.

Futebol

Mais um dia esvaziado no Congresso. O jogo entre Espanha e Portugal paralisou os plenários da Câmara e do Senado, com a maioria dos parlamentares nos gabinetes assistindo à partida. Presidindo a sessão do Senado, Mão Santa (PSC-PI) manteve a transmissão da programação oficial da TV Senado no cafezinho da Casa. Na Câmara foi diferente. As tevês transmitiram o jogo no cafezinho. O deputado Arnaldo Madeira (foto), do PSDB-SP, aproveitou a situação para obstruir a votação do Plano de Carreira do Senado, que concede aumentos de até 25%.

Reforço

O cineasta Silvio Tendler embarcou de mala e cuia na candidatura de Plínio de Arruda Sampaio (PSol) à Presidência da República. Com seu último documentário em cartaz, o cineasta vai colaborar com a criação dos programas de TV do candidato. Também aderiram à campanha os geógrafos Aziz Ab’Saber e Ariovaldo Umbelino, os sociólogos Chico de Oliveira e Heloísa Fernandes, o bispo emérito de Goiás, dom Tomás Balduíno, o mestre em planejamento energético Ildo Sauer, os filósofos Paulo Arantes e Otília Arantes, o arquiteto e especialista em projetos de habitação Pedro Fiori Arantes e o jurista Plínio Gentil. Cuidarão do programa de governo.

Palácio

Os distritais decidiram pôr para funcionar o novo prédio da Câmara Legislativa do Distrito Federal, na Praça do Buriti, quando voltarem do recesso de julho, com sessões somente às terças-feiras. Os demais dias dedicarão à campanha eleitoral. Sem funcionar, o palácio já custou R$ 123 milhões.

Intervenção


Pode ser adiado o julgamento do pedido de intervenção no Distrito Federal feito pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, marcou o julgamento para hoje, mas não estarão presentes os ministros Joaquim Barbosa, de licença médica, Ellen Gracie e Eros Grau, em viagem internacional.


Mais uma - O Ibope fecha hoje mais uma pesquisa de opinião sobre a sucessão do presidente Lula. Foi encomendada pela Associação Comercial de São Paulo. Serão ouvidos 2.002 eleitores. Deve ser divulgada a partir de sexta-feira.

Dissidente - O senador Cícero Lucena, presidente do diretório regional do PSDB na Paraíba, desembarcou da candidatura do tucano Cássio Cunha Lima ao Senado. Discorda do apoio a Ricardo Coutinho (PSDB) ao governo da Paraíba. Cícero queria ser candidato a governador, mas foi jogado ao mar pelo grupo cassista.

No front - O senador Efraim Morais (DEM-PB) retornou a Brasília. Quer resolver o problema das contratações de funcionários fantasmas no seu gabinete, sob investigação da Polícia Federal, que hoje toma o primeiro depoimento dos envolvidos no caso.

Firme - Apesar das pressões, o deputado Flávio Dino (PCdoB), deve manter sua candidatura ao governo do Maranhão, contra a governadora Roseana Sarney (PMDB), candidata à reeleição. O deputado federal Domingos Dutra, o vice-presidente regional da sigla, Augusto Lobato, e a ex-deputada Terezinha Fernandes, entre outros membros do PT, deverão participar da convenção.

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