domingo, 20 de junho de 2010

Exércitos eleitorais

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
luizazedo.df@dabr.com.br

Neste fim de semana e no próximo serão definidas as alianças regionais, num jogo de xadrez onde as cúpulas dos partidos tentam desenhar o melhor cenário possível para viabilizar seus candidatos à Presidência da República. Em tese, os exércitos de cada legenda foram formados com um ano de antecedência, quando terminou o prazo para as filiações partidárias. O que está em jogo agora é o posicionamento no terreno, no qual cada estado é um campo de batalha com suas peculiaridades. Na verdade, a política local é mais embaralhada do que gostariam os grandes caciques partidários.

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No campo governista, o PT enquadrou seus rebeldes em Minas e no Maranhão para consolidar a aliança com o PMDB. A contrapartida do apoio petista a Hélio Costa (MG) e Roseana Sarney (MA) é o enquadramento do PMDB em dois estados estratégicos para Dilma Rousseff (PT) — Santa Catarina e Distrito Federal. O ex-governador Luiz Henrique (SC) e o governador Rogério Rosso (DF) são considerados rebeldes de última hora pelo presidente do PMDB, Michel Temer (SP), vice de Dilma. Crise à vista.

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Na oposição, o tucano José Serra não tem palanque no Rio de Janeiro, onde apoia o candidato a governador do PV, Fernando Gabeira; e em Brasília, onde flertava com o ex-governador Joaquim Roriz. A maior turbulência, porém, é em Santa Catarina, onde perdeu o apoio formal do PMDB, e no Paraná, onde ainda aguarda uma definição de Osmar Dias (PDT).

Senado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva transformou a eleição do Senado numa obsessão. Diz que é mais importante ter maioria na Casa do que eleger governadores do PT. Está empenhadíssimo na eleição de Alfredo Nascimento (PR) ao governo do Amazonas para garantir um mandato definitivo para o suplente João Pedro (PT). Também pressiona o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (foto) para que aceite a suplência de Marta Suplicy (PT), que lidera a disputa por uma vaga ao Senado em São Paulo.

Desgraça

Ex-presidente da Câmara e ex-ministro das Relações Institucionais, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) está em risco eleitoral. Considerado o mais brilhante parlamentar da legenda, entrou em rota de colisão com a direção do PCdoB em São Paulo, que faz corpo mole na sua campanha. O relatório sobre o novo Código Florestal, pelo qual é acusado de concessões aos ruralistas, aumentou seu desgaste.

Centralismo

O presidente do PPS, Roberto Freire, abriu um debate na sigla para enquadrar todos os diretórios que flertam com candidatos a governador da base de Dilma Rousseff (PT). Também quer a legenda fora dos palanques dos candidatos do PMDB na Bahia e em Tocantins. A situação do deputado federal Augusto Carvalho (foto), do DF, se complica com o veto à aliança com Agnelo Queiroz (PT), candidato ao GDF.

Hamlet

A novela sobre a possível candidatura do senador Osmar Dias (PDT) ao governo do Paraná ganhou mais um capítulo. O parlamentar consultou o diretório nacional do partido para saber quais serão os rumos de sua campanha. Se optar pela candidatura própria, Dias só aceita a tarefa se receber o apoio do PT. Se a aliança for com o PSDB, será candidato à reeleição e indicará um nome para vice na chapa do ex-prefeito de Curitiba Beto Richa (PSDB).

Ungido

O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos trabalha para emplacar mais um ministro no Supremo Tribunal Federal (STF), na vaga de Eros Graus, que se aposenta. É o advogado paulista Arnaldo Malheiros, criminalista cujo nome já foi parar na mesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente do STJ, Cesar Asfor Rocha, é o preferido dos ministros do STF.

Gaveta

Sobre a investigação do suposto dossiê contra o tucano José Serra, a Polícia Federal só informa que recebeu um pedido de abertura de inquérito. Até o momento, o inquérito não foi aberto e a Corregedoria da PF avalia se o caso é mesmo de polícia e de atribuição federal. O pedido foi apresentado pela cúpula do PT.

Na pauta

Na semana de São João, na pauta da Câmara há sete medidas provisórias. Entre elas, a MP nº 484/10, que permite à União transferir recursos para 11 estados por meio do Programa Especial de Fortalecimento do Ensino Médio. São R$ 800 milhões

Entrevistas/ Os candidatos à Presidência da República Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) agendaram entrevistas ao vivo ao programa 3 a 1, da TV Brasil, apresentado pelo titular desta coluna, com participação de dois jornalistas convidados. Por sorteio, respectivamente, as sabatinas serão em 21, 22 e 23 de julho.


Telinha/ O PT utilizou o tempo de televisão em São Paulo para fortalecer a candidatura de Dilma Rousseff (PT) com a divulgação, em horário nobre, dos investimentos federais no estado. Acredita que a estratégia pode neutralizar a propaganda do tucano José Serra em rede nacional.

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