Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
luizazedo.df@dabr.com.br
A convenção do PMDB, ontem, e a do PT, hoje, consolidam o blocão governista nas eleições. Do ponto de vista da trajetória do PT, representa a conclusão de um processo de aggiornamento que começou com a Carta aos Brasileiros na campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e passou por todas as crises políticas protagonizadas pela legenda durante o governo Lula.
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Para muitos, o “transformismo” teria descaracterizado o partido, seja pelas alianças à direita, seja pela adoção de práticas políticas clientelistas e fisiológicas. Mas não se pode dizer que o PT perdeu seus vínculos com os sindicatos e movimentos populares, no máximo acusá-lo de cooptação dos mesmos. De igual maneira, o PT não se tornou o partido do establishment, que o rejeita, embora tenha construído fortes vínculos com grandes grupos econômicos nacionais, inclusive do setor financeiro.
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A aposta do presidente Lula no presidencialismo, desde a primeira candidatura à Presidência, em 1989, foi o caminho da chegada ao poder sem a construção de hegemonias regionais robustas. Apesar de instalada na estrutura do Estado, agências reguladoras e empresas estatais, a consolidação da hegemonia petista depende da força política avassaladora da União na relação com os demais entes federados, exceto São Paulo e Minas Gerais. Para isso, a aliança com o PMDB se tornou mais importante do que qualquer projeto de poder local.
A troca
O presidente Lula disse à cúpula petista que trocaria o governo de Minas ou de qualquer outro estado pela eleição de Dilma Rousseff. Vem daí a decisão de impor ao partido a aliança com os peemedebistas Hélio Costa (foto) em Minas Gerais e Roseana Sarney (foto) no Maranhão, mesmo contra a vontade dos petistas locais. O blocão liderado pela aliança PT-PMDB é um condomínio de poder, cuja liderança caberá a Dilma Rousseff, sob proteção de Lula. O problema é a incorporação dos caciques do PMDB, a começar por Michel Temer, o vice, ao núcleo de poder. O primeiro teste será na campanha, onde os petistas já se digladiam entre si.
Mandachuva
Dilma Rousseff enquadrou o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o deputado Rui Falcão na reunião da cúpula do PT de sexta-feira. Deixou claro que na coordenação da sua campanha o cabeça é José Eduardo Dutra, presidente do PT. Os demais caciques vêm depois. A ordem unida tem por objetivo dar um basta às disputas internas, que resultaram na crise do suposto dossiê contra o candidato tucano José Serra. Palocci, que foi com muita sede ao pote, captou a mensagem.
Disputa
O ministro Eros Grau está se despedindo do Supremo Tribunal Federal (STF). Deve viajar para a França, onde tem residência, no recesso de junho, e talvez só volte ao STF para as despedidas de praxe. Sua aposentadoria está programada para 18 de agosto, quando completa 70 anos. Com a saída de Eros Grau, o presidente Lula indicará mais um ministro para o STF. Há dois ministros do Superior Tribunal de Justiça cotadíssimos: Luiz Fux, que ganhou bastante visibilidade com a participação na reforma do Código de Processo Civil, e o corregedor-geral de Justiça, Cesar Asfor Rocha.
No sal
No que depender da oposição ao governo, o novo marco regulatório de exploração de petróleo da camada pré-sal não será votado na próxima terça-feira, como gostaria o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Além da falta de quorum, devido ao jogo do Brasil na Copa do Mundo, a oposição pretende obstruir a pauta até que seja votada a PEC 29, que prevê maiores investimentos para a saúde.
Retaliação
Terminou em impasse a última rodada de negociação presencial entre Brasil e Estados Unidos por conta dos subsídios norte-americanos aos produtores de algodão. Se não houver acordo até o próximo dia 21, o Brasil poderá retaliar produtos e propriedade intelectual dos Estados Unidos em até US$ 830 milhões, ou seja, R$ 1,48 bilhão
Pandora
A Polícia Federal deve apresentar até o fim do mês o relatório final do inquérito Caixa de Pandora, que implodiu o governo de José Roberto Arruda no Distrito Federal. Além dos indiciamentos apontando os crimes apurados pelos investigadores, serão apresentadas sugestões de desdobramentos para o caso. Os políticos de Brasília estão com as barbas de molho.
Sobrando/ O PSol está de olho nos dissidentes do PT que podem deixar o partido por causa das alianças feitas nos estados para impulsionar a candidatura de Dilma Rousseff ao Planalto. A primeira a deixar a sigla foi Sandra Starling (MG). Segundo o deputado Chico Alencar (PSol-RJ), será “muito bem acolhida” se quiser um partido novo.
Fora/ O senador Osmar Dias (PDT-PR) já avisou ao partido que não disputará o governo do estado só para dar palanque à candidata Dilma Rousseff. Ele vai esperar a convenção do PT hoje, em Brasília, para definir a aliança. Osmar Dias tem o acordo com o presidente Lula, mas não aceita a candidatura do atual governador Orlando Pessuti (PMDB). O senador também é sondado pelo PSDB de José Serra.
Sentido/ A Rádio Verde-Oliva, mantida pelo Exército, completou oito anos de existência. A emissora, que produz programas jornalísticos e musicais em Brasília, aumentou sua capacidade e passou a emitir sinais também para o Entorno e para algumas cidades de Goiás.
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