quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Os favoritos

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


A eleição para os governos estaduais está praticamente definida em 16 unidades da Federação, a começar pelo chamado Triângulo das Bermudas. No Rio de Janeiro, o governador Sérgio Cabral (PMDB) deve se reeleger com facilidade. Seu principal adversário, Fernando Gabeira (PV), nunca foi um candidato que o ameaçasse, serviu mesmo de palanque para a campanha à Presidência da República de Marina Silva (PV). O PSDB não lançou candidato no Rio e apoiou Gabeira.

Em São Paulo, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) deve voltar ao Palácio dos Bandeirantes. Desde o começo da disputa, sua candidatura descolou do tucano José Serra, que postula a Presidência da República. O discurso de Alckmin se alinhou subliminarmente ao de Dilma Rousseff (PT) por apresentar um roteiro do tipo "São Paulo vai muito bem, obrigado", em simetria com o programa da petista na tevê. Ao contrário, Aloizio Mercadante (PT), seu principal adversário, falou muito mal do seu estado durante toda a campanha.

A maior reviravolta da eleição ocorreu em Minas Gerais, onde o governador tucano Antonio Anastasia (PSDB), com as asas de Aécio Neves (PSDB) e de Itamar Franco (PPS), foi o grande besouro da eleição, aquela espécie do reino animal que, segundo o Barão de Itararé, por sua anatomia, não poderia voar. O senador Hélio Costa (PMDB), apesar do apoio de Dilma Rousseff (PT) e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, largou como favorito e, mais uma vez, mostrou que é ruim de chegada. Do ponto de vista dos discursos eleitorais, foi uma situação semelhante à de São Paulo. Deu errado falar de Minas Gerais.

Já ganharam

Também têm possibilidade de liquidar a fatura no próximo domingo, vencendo as eleições para os respectivos governos estaduais, Tião Viana (PT), no Acre; Omar Aziz (PMN), no Amazonas; Jaques Wagner (PT), na Bahia; Cid Gomes (PSB), no Ceará; Agnelo Queiroz (PT), no Distrito Federal; Renato Casagrande (PSB), no Espírito Santo; André Puccinelli (PMDB), no Mato Grosso do Sul; Sinval Barbosa (PMDB), no Mato Grosso; Simão Jatene (PSDB), no Pará; José Maranhão (PMDB), na Paraíba; Eduardo Campos (PSB), em Pernambuco; Rosalba Ciarlini (DEM), no Rio Grande do Norte; e Marcelo Déda (PT), em Sergipe.

Emoções

No Rio Grande do Sul, o petista Tarso Genro ainda tem possibilidade de vencer no primeiro turno, evitando uma segunda eleição contra o ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça (PMDB). A mesma situação ocorre em Goiás, onde o tucano Marconi Perillo lidera a disputa com boa vantagem em relação a Iris Rezende (PMDB). No Maranhão, Roseana Sarney (PMDB) vive a mesma expectativa em relação a Jackson Lago (PDT),ameaçado de impugnação, e Flávio Dino (PCdoB), que hoje empurram a eleição para o segundo turno. A acirrada disputa entre Beto Richa (PSDB) e Osmar Dias (PDT) também pode se resolver no primeiro turno. Já em Tocantins, Siqueira Campos (PSDB) está na cola do governador Carlos Gaguim (PMDB), candidato à reeleição.

Indecisos

É grande ainda o número de indecisos na eleição para presidente da República, o que pode, de fato, levar a eleição para o segundo turno, embora as pesquisas divulgadas ontem sinalizem a vitória de Dilma Rousseff (PT) no domingo. Segundo a CNI/Ibope, seriam 18% os eleitores indecisos; já na CNT/Sensus, esse percentual soma 24,6%.

Título

Muita desinformação sobre o procedimento de votação. A pesquisa da CNT/Sensus mostrou que 4,5% dos eleitores imaginam que é preciso apenas a apresentação do Título de Eleitor para votar, e 11,1% disseram que precisam apenas de documento de identidade com foto. A regra estabelece a necessidade de apresentação de dois documentos, mas essa exigência está sendorevista pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O assunto deve ser decidido hoje.

Lixo

Mais de 82 mil urnas eletrônicas, modelo 98, serão descartadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Foram consideradas ultrapassadas e estão sendo desmontadas por uma firma contratada por licitação. A fase de descaracterização das urnas é de extrema importância para a segurança da Justiça Eleitoral. As etiquetas da Justiça Eleitoral, de identificação do modelo da urna e de patrimônio, são retiradas e trituradas antes da eliminação.

Confronto na tevê

A TV Globo realiza hoje o último debate entre os candidatos à Presidência da República. Participarão do programa Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSol).

Inquéritos

O Rio Grande do Norte ultrapassou o Rio de Janeiro e é o estado campeão em crimes eleitorais neste ano. São 75 casos desde julho. Até agora, a Polícia Federal instaurou 660 inquéritos. As suspeitas de compra de voto - que resultam em cassação de mandato, casoforem comprovadas - são 150

Incêndio / Todo-poderoso na Esplanada, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, é o único político do PT que não é interino no cargo. Suspendeu as férias para apagar o incêndio dentro dos Correios, foco de crises durante todo o governo Lula. A maior preocupação do governo é encontrar uma solução para a questão das franquias da estatal.

Reforço / O ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), tirou férias e embarcou para Maceió, onde reforçará a campanha de Ronaldo Lessa (PDT). O pedetista disputa o governo de Maceió contra o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB) e Teotônio Vilela Filho (PSDB), que tenta a reeleição.

Pressão / O governo está com medo da crise na emissão de passaportes pela Polícia Federal. Há sinais de que uma greve está para ser deflagrada pela corporação na próxima semana.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

De onde menos se espera

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


A campanha de Dilma Rousseff (PT) deu as costas para a velha classe média, aquela que não forma mais a opinião do povão capturado eleitoralmente pela petista antes mesmo de a disputa eleitoral ganhar as ruas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou no sereno os aliados do PMDB em dificuldades, como Hélio Costa, em Minas Gerais, e Iris Rezende, em Goiás, sem falar nos que atropelou sem dó nem piedade na disputa eleitoral, casos de Geddel Vieira Lima, na Bahia, e José Fogaça, no Rio Grande do Sul. Candidatos a governador, todos são caciques do maior partido da coligação encabeçada pelo PT.

O resultado é que a vitória de Dilma no primeiro turno subiu no telhado. De acordo com o Datafolha divulgado ontem, a petista perde 8% dos eleitores na faixa de renda entre dois e cinco salários mínimos; 5% na faixa entre cinco e 10 salários; e 10% entre os que ganham mais de 10 salários. Na classe média, quem mais fatura com o desgaste é Marina Silva (PV). Nas camadas sociais de maior poder aquisitivo e mais escolarizadas, José Serra (PSDB) recupera terreno.

A cinco dias da eleição, Dilma caiu de 54% para 51% dos votos válidos, enquanto Serra, Marina, Plínio de Arruda Sampaio (Psol) e os demais candidatos saltaram de 46% para 49%. Nesse cenário, a eleição pode ser decidida amanhã no debate da TV Globo entre os quatro principais presidenciáveis. Porém, surge outra variável: o corpo mole dos candidatos do PMDB que estão sendo derrotados e apostam no segundo turno para negociar posições no futuro governo.

Duas táticas

A coalizão com o PMDB começou a atravessar o samba quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu como certa a eleição de Dilma no primeiro turno e mudou o foco de seu esforço eleitoral para a disputa em São Paulo. Levar a eleição para o segundo turno no bastião tucano, para depois eleger o petista Aloizio Mercadante governador do estado, passou a ser a prioridade, inclusive do ponto de vista da aplicação dos recursos de campanha. Na prática, isso passou a ser mais importante do que agarrar com as duas mãos a vitória de Dilma no primeiro turno nos demais estados.

Ministério

A aliança com o PMDB - para não falar de outros aliados -, porém, é muito complicada. Os peemedebistas querem mais recursos de campanha e a presença de Lula e Dilma nos respectivos estados, mas o cobertor ficou curto. E a eleição, em alguns estados, já se definiu. Uma vitória de Dilma no primeiro turno é um cheque em branco para a montagem do futuro governo. Esses setores do PMDB querem que a negociação com a legenda ocorra antes do segundo turno, com a candidata enfraquecida.

Bombeiro

Empenhado na vitória de Dilma no primeiro turno, por motivos óbvios, o vice Michel Temer, do PMDB paulista, percorre o país para mobilizar os candidatos da legenda e apagar os focos de incêndio na aliança. Nos últimos dias, esteve com Geddel Vieira Lima, candidato ao governo da Bahia, e foi também a Rondônia e ao Rio Grande do Norte. Amanhã, vai a São Paulo, onde o partido ficou órfão da candidatura de Orestes Quércia, e ao Rio de Janeiro, onde o presidente Lula quer derrotar o candidato ao Senado Jorge Picciani (PMDB).

Tira-teima

Mais duas pesquisas serão divulgadas hoje sobre a sucessão presidencial, uma da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), realizada pelo Instituto Sensus, e outra do Datafolha, encomendada pela TV Globo.

Tropas

Além dos recursos contra a impugnação de centenas de candidaturas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) examina, à toque de caixa, pedidos de envio de tropas federais para garantir as eleições em 171 municípios

Reforço

Sem a presença de Dilma, o presidente Lula participa hoje de comício em Aracaju (SE). É uma deferência especial ao governador petista Marcelo Déda, candidato à reeleição, que lidera com folga as pesquisas de intenção de voto para o governo do Sergipe. Com Jaques Wagner (PT) e Eduardo Campos (PSB), na Bahia e em Pernambuco, respectivamente, Déda compõe um forte tripé de apoio a Dilma Rousseff no Nordeste.

Saídas

O Supremo Tribunal Federal (STF) examina hoje o desfecho do julgamento do pedido de impugnação da candidatura de Joaquim Roriz (PSC), que desistiu da disputa pelo Governo do Distrito Federal (GDF).
O ministro Carlos Ayres Britto, que relatou o caso, defende o voto de qualidade do presidente do STF, ministro Cezar Peluso, para desempatar o resultado, que ficou em 5x5.

Imprevisível/ Disputa dramática pelo Senado no Ceará, com Tasso Jereissati (PSDB) na liderança, assediado por Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT). Cid Gomes (PSB), candidato à reeleição, lideraa disputa pelo governo do estado, mas vem caindo nas pesquisas.

Pressões/ Crescem as pressões para que os candidatos em risco de impugnação com base na Lei da Ficha Limpa renunciem à disputa em favor de parentes ou aliados. É o que acontece com Jackson Lago (PDT), candidato a governador do Maranhão, e Jader Barbalho (PMDB), candidato ao Senado no Pará. Correligionários temem que seus votos sejam anulados, favorecendo os adversários, se as impugnações forem confirmadas.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

A força dos nordestinos

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Não foi à toa que a candidata petista Dilma Rousseff (PT) visitou a feira de São Cristovão acompanhada do governador Sérgio Cabral (PMDB), candidato à reeleição, na sua última investida junto aos eleitores do Rio de Janeiro. É um tradicional reduto cultural dos nordestinos e de seus descendentes que vivem no estado, que reproduz a tendência eleitoral esmagadoramente favorável à petista que ocorre no Nordeste, fenômeno que se repete também em São Paulo.

Dilma lidera em todos os estados, inclusive São Paulo, o principal reduto do tucano José Serra, para espanto geral, mas é no Nordeste que ultrapassa com larga vantagem a soma de votos dos adversários. No Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste, perde para Serra, Marina Silva (PV) e demais candidatos. No Norte do país, vence-os por pequena margem graças à vantagem acachapante no estado do Amazonas.

A petista não precisou comer buchada de bode nem andar de jegue para conquistar os nordestinos. Não fez promessa para Padre Cícero, nem se benzeu nas águas do São Francisco. Esse apoio esmagador, em primeiro lugar, vem dos maciços investimentos federais; em segundo, da transferência de renda via salário-mínimo, Bolsa Família, aposentadorias rurais e financiamento do pequeno agricultor. Em terceiro, de uma política de alianças muito robusta, tudo isso cimentado pelo prestígio e pelo apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva junto aos eleitores da região.

Providencial

O relatório de obras do Tribunal de Contas da União (TCU), que usualmente é apresentado na última semana de setembro, só deve ficar pronto em novembro, depois das eleições. O atraso foi provocado pela mudança da data de aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2011. No ano passado, o relatório apresentou diversos indícios de irregularidades em obras do governo federal, inclusive do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). As críticas foram tantas que o presidente Lula chegou a sugerir medidas para impedir que o TCU paralisasse obras do governo por conta de suspeitas de irregularidades.

Laranja

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, lamenta que as limitações na legislação eleitoral impeçam o enquadramento do candidato Joaquim Roriz na Lei da Ficha Limpa. O ex-governador renunciou à candidatura em favor de sua mulher, Weslian, mas tem participado da campanha como se fosse o candidato. Gurgel adianta que o Ministério Público Federal está acompanhando o caso, mas antecipa que, a princípio, a pena máxima é de multa por causa da propaganda.

Extinto

O Ministério Público deve apresentar hoje um parecer opinando pelo fim do processo contra o ex-candidato ao Governo do Distrito Federal Joaquim Roriz no Supremo Tribunal Federal (STF). Não é caso de repercussão geral porque não houve decisão dos ministros, que voltarão a discutir o assunto amanhã.

Incrível

No Espírito Santo, a deputada tucana Rita Camata está perdendo a eleição ao Senado para Magno Malta (PRB), candidato à reeleição, e Ricardo Ferraço (PMDB). Pesquisas qualitativas mostram que uma das causas do seu elevado nível de rejeição é o Estatuto da Criança e do Adolescente, de sua autoria.

Caixa

O governo federal pôs mais dinheiro no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De acordo com autorização contida na Medida Provisória n° 505 (MP 505), o empréstimo poderá ser em títulos públicos federais, no valor de R$ 30 bilhões

Vote

O deputado Chico Alencar (RJ), seguido por Ivan Valente (SP) e LucianaGenro (RS), todos do Psol, lideram o ranking de votação do Prêmio Congresso em Foco de 2010. No Senado, Cristovam Buarque (PDT-DF), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Marina Silva (PV-AC) são os mais votados. Para participar, basta acessar o site www.congresoemfoco.com.br. A entrega do prêmio será em 22 de novembro, em Brasília.

Lindos/ Dilma Rousseff resolveu dar uma colher de chá para o candidato do PMDB ao Senado no Rio de Janeiro, onde o presidente Lula apoia a candidatura de Marcelo Crivella (PRB). No sábado, deixou o Hotel Marriot, em Copacabana, de braços dados com Jorge Picciani (PMDB) e Lindberg Farias (PT), chamando-os de "lindão" e "lindinho".

Cosme e Damião/ Os candidatos ao Senado Cristovam Buarque (PDT) e Rodrigo Rollemberg (PSB) adotaram a tática de andar juntos na reta final da campanha. Ontem, fizeram panfletagem na Rodoviária do Plano Piloto.

Ecológico/ O ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc ontem fazia campanha como nos velhos tempos, na esquina da Rio Branco com a Sete de Setembro, no Centro do Rio de Janeiro. Detalhe: seus "santinhos" são de material plástico.

domingo, 26 de setembro de 2010

O fantasma da votação

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
A campanha de Dilma Rousseff (PT) está em alerta máximo por causa das últimas pesquisas. Além da volatilidade do voto dos eleitores que estão começando a se definir nesta reta final da campanha, as pesquisas mostram que a abstenção pode ser uma ameaça para a vitória da petista no primeiro turno. Seria maior junto aos eleitores de mais baixa renda e nas regiões Norte e Nordeste, exatamente onde Dilma ganha de lavada dos adversários.

Já os tucanos recuperaram o ânimo na reta final. O tracking da campanha de José Serra (PSDB) registra que Dilma teria apenas 15 pontos de frente em relação ao tucano. Essa diferença poderia ser suplantada pela soma dos votos de Marina Silva (PV) e dos demais candidatos. Acreditam que isso levaria o pleito para o segundo turno, ainda mais porque esse crescimento da oposição ocorre com transferência de votos de Dilma para Marina, principalmente, e também para Serra.

É por isso que o PT quer derrubar a obrigatoriedade de os eleitores apresentarem a carteira de identidade com o títulode eleitor na hora de votar. Essa exigência da Justiça Eleitoral poderia aumentar a abstenção e, com isso, o risco de segundo turno. O partido ainda vive o trauma da eleição de 2006, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a campanha abalada pelo escândalo dos aloprados, acabou tendo que disputar o segundo turno com Geraldo Alckmin (PSDB). Naquela ocasião, não apareceram todos os votos que esperavam: no Norte, a abstenção foi de 19%; no Nordeste, de 18%; no Sul, de 15% ; e no Sudeste, de 16%.

Empacou

O PT em São Paulo está frustrado com Aloizio Mercadante na reta final da disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. A expectativa é de que ele virasse o fim de semana com pelo menos 30% dos votos, mas a campanha do petista perdeu ímpeto na última semana. O Ibope revelou que o tucano Geraldo Alckmin tem 48% das intenções de votos, contra 26% de Mercadante. A esperança de segundo turno somente não morreu porque a mesma pesquisa mostra Celso Russomano (PP) com 8%, Paulo Skaf (PSB) com 3% e Fábio Feldman (PV) com 1%.

Pau a pau

Na disputa pelas vagas do Senado, Marta Suplicy (PT) e Netinho de Paula (PCdoB) aparecem tecnicamente empatados, com 38% e 37% das intenções de voto, respectivamente. Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) tem 25% e só não está fora da disputa por duas razões: Romeu Tuma (PTB) tem 20%, mas continua hospitalizado e perde densidade eleitoral; e o segundo voto na eleição paulista é uma incógnita. Ciro Moura (PTC) obteve 7% das intenções de voto e Moacyr Franco (PSL), 5%. Os outros candidatos não ultrapassaram 2%.

Caserna

Começam as especulações na caserna com relação ao nome do futuro ministro da Defesa. Fala-se no embaixador Samuel Pinheiro Guimarães. Porém, se depender do "dedazo" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Nelson Jobim continuará à frente da pasta nos primeiros anos do governo de Dilma Rousseff . Se a petista vencer as eleições, é claro.

Tiros

O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, inaugura amanhã, em Canoas (RS), o primeiro Sistema de Detecção de Disparos de Armas de Fogo (SDD) do país. Sensores de áudio detectam explosões e tiros à distância de 3,3 quilômetros. O projeto custou R$ 2 milhões.

Continha

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), já conta votos para a disputa pela Presidência da Câmara dos Deputados. Estima que a bancada petista terá em torno de 100 deputados, com uma margem de erro de 5%. Já a bancada do PMDB teria um pouco menos: em torno de 95 parlamentares. Segundo ele, como a aliança das duas legendas é fundamental para a montagem do futuro governo, não há hipótese de as duas bancadas se confrontarem na eleição. "Nossa aliança acabou com a roleta russa na escolha do presidente da Câmara", garante, numa alusão à eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE), que renunciou ao mandato depois da denúncia de que teria recebido propina.

Pesado

O governador Sérgio Cabral (PMDB), candidato à reeleição, trava uma queda de braço com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reta final da eleição. Deve a Lula a remoção da candidatura a governador do petista Lindberg Faria, que disputa uma das vagas do Senado, mas está tendo que engolir o apoio do presidente da República ao senador Marcelo Crivella (PRB). Por causa disso, está suando sangue para tentar eleger ao Senado seu principal aliado, Jorge Picciani (PMDB), atual presidente da Assembleia Legislativa fluminense.

Classe A / Marta Suplicy comemora o aniversário do namorado, o empresário Márcio Toledo, para reunir hoje à noite, no Jockey Club de São Paulo, a elite paulista que apoia a sua candidatura.

Mais uma / O Datafolha vai a campo amanhã para mais uma rodada de pesquisas sobre as eleições. Serão ouvidos 3.220 eleitores.

sábado, 25 de setembro de 2010

O caso Roriz

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Em baixa por causa da condição de candidato sub judice, o ex-governador Joaquim Roriz (PSC) desistiu de concorrer ao Governo do Distrito Federal e resolveu lançar em seu lugar sua própria mulher, Weslian Roriz, também filiada ao PSC. O vice na chapa continua sendo o ex-deputado Jofran Frejat (PR).

Foi a primeira baixa na eleição em consequência da não decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a constitucionalidade da aplicação da Lei da Ficha Limpa. O julgamento está empatado em cinco a cinco e foi suspenso. Será retomado na próxima semana, mas sua conclusão poderá depender da indicação, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de um novo ministro para a vaga do ministro Eros Grau, que se aposentou. Roriz poderia ter optado por lançar uma das filhas, Jaqueline ou Liliane, candidatas à Câmara Federal e à Câmara Legislativa, respectivamente, mas preferiu preservá-las com mandato. Optou pela ex-primeira-dama, com quem é casado há 50 anos. Weslian Roriz é ficha limpa e nova na política.

A decisão do patriarca pode se repetir em outros estados onde políticos disputam a eleição e dependem da decisão do caso Roriz. Estão nas mãos do futuro ministro do STF os destinos de Maria de Lourdes Abadia (PSDB-DF), Jader Barbalho (PMDB-PA), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Marcelo Miranda (PMDB-TO) e Paulo Rocha (PT-PA), que disputam o Senado. E dos candidatos a governador Expedito Júnior (PSDB-RO), Roseana Sarney (PMDB-MA) e Jackson Lago (PDT-MA).

Bancadas

Festa na coligação PT-PSB-PDT-PPS, que apoia o petista Agnelo Queiroz, com a desistência de Roriz. A estimativa agora é de que consiga eleger seis dos oito deputados federais do Distrito Federal. A coligação de Roriz (PSC-PMN-DEM-PSDB) deve eleger um ou dois. A coligação PMDB-PTB-PCdoB, que também apoia Agnelo, luta para eleger um parlamentar.

Visionário

Ministro de Assuntos Estratégicos, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães comemorava ontem a conclusão de seu Plano Brasil 2022, que traça um projeto geopolítico para o país nos próximos 100 anos. "Depois de um período de reflexão e de levantamento de metas setoriais e de consulta aos mais distintos setores da sociedade - empresários, trabalhadores, congressistas, acadêmicos, administradores, intelectuais, artistas etc. -, estamos chegando ao período final de elaboração do Plano Brasil 2022", anunciou. O projeto analisa a situação mundial e da América Latina e estabelece metas para o Brasil do futuro.

Sucesso

O presidente Lula quer que a campanhade Dilma Rousseff explore ao máximo na tevê o sucesso da operação de capitalização da Petrobras, que atingiu R$ 120 bilhões.

Pesado

Para o líder do PSDB na Câmara, deputado João Almeida, o pedido de resposta da candidata Dilma Rousseff (PT) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para rebater em programa eleitoral as críticas feitas contra a petista é uma medida desesperada. O deputado havia afirmado que, em um país sério, a ex-chefe da Casa Civil Erenice Guerra seria presa e Dilma perderia o registro de candidatura. Almeida também afirmou que a Casa Civil virou a casa da mãe Joana.

Esperança

A oposição já começou os primeiros preparativos para a disputa do segundo turno da campanha eleitoral para presidente da República, segundo o líder dos Democratas na Câmara, deputado Paulo Bornhausen (SC). "Se o criador teve que disputar os dois turnos, com a cria não vai ser diferente", dispara.

Berlinda

Favorito ao governo do Pará, o tucano Simão Jatene entrou na reta final da campanha eleitoral com um olho no eleitor e o outro nos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Está na mesa da ministra relatora Cármen Lúcia, no TSE, processo sobre violação à Lei Eleitoral durante as eleições para governador, em 2002. Apesar do espantoso atraso, pesa contra ele a acusação de abuso do poder econômico: a transferência de R$ 60 milhões em recursos para prefeitos aliados quando faltavam apenas dois meses para o dia da eleição.

Cantoria

Preocupado com a possibilidade de um segundo turno, o governador Jaques Wagner (PT-BA) apelou para o amigo Gilberto Gil, comprometido com a candidatura de Marina Silva (PV) à Presidência. O ex-ministro da Cultura e artista consagrado gravou mensagem de apoio e apareceu no programa eleitoral do petista. Candidato à reeleição, Wagner passa sufoco na reta final ao enfrentar Paulo Souto (DEM) e Geddel Vieira Lima (PMDB).

Sanguessugas / Estão de volta 39 ex-parlamentares acusados de participação na máfia dos sanguessugas, revela o site Congresso em Foco, na seção Ajude alimpar a política. Especializada na cobertura do parlamento brasileiro, a página monitora a aplicação da Lei da Ficha Limpa nas eleições.

Marinou / O senador Pedro Simon (PMDB-RS) anunciou ontem apoio à candidata do PV à Presidência da República, senadora Marina Silva, em Porto Alegre. Desembarcou da candidatura de Dilma Rousseff (PT), apoiada pela legenda, mas não acompanhou a dissidência pró-Serra do seu partido.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O tempo não para

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Um pequeno livro do astrofísico e professor norte-americano Alan Lightman intitulado Sonhos de Einstein é um best-seller da literatura de ciências. São pequenos contos sobre o tempo inspirados na famosa Teoria da Relatividade de Albert Einstein. É leitura recomendável aos participantes mais aflitos destas eleições.

"Um mundo no qual o tempo é absoluto é um mundo consolador", ensina Lightman. "Embora os movimentos das pessoas sejam imprevisíveis, o movimento do tempo é previsível. Embora se possa duvidar das pessoas, não se pode duvidar do tempo. Enquanto as pessoas ficam divagando, o tempo prossegue em sua caminhada sem olhar para trás."

Vivemos num mundo onde o tempo é relativo, no qual a relação de causa e efeito é irregular. No mesmo espaço, o tempo parece parado para uns e apressado demais para outros. É o que acontece, por exemplo, com Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). A petista gostaria que a eleição fosse hoje; os dias que nos separam das urnas são uma eternidade para Dilma. Já o tucano gostaria de parar o ponteiro do relógio. A votação, para Serra, parece que será amanhã.

A conferir

De acordo com a mais recente pesquisa Datafolha (21 a 22/09), a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, está com 49% das intenções de voto. O candidato do PSDB, José Serra, aparece com 28%, e Marina Silva (PV) tem 13%. A petista oscilou negativamente dois pontos percentuais (de 51% para 49%) em relação ao levantamento anterior; Serra passou de 27% para 28%; e Marina de 11% para 13%. Hoje, Dilma venceria no primeiro turno, mas novas pesquisas serão divulgadas nesta semana e poderão confirmar ou não essa tendência.

O recuo

Em uma semana, a vantagem de Dilma caiu de 12 para sete pontos em relação à soma dos votos válidos, fato atribuído às críticas que sofre da oposição e dos meios de comunicação de massa, sobretudo àquelas que a vinculam à ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra. A pesquisa deu mais animo às campanhas de José Serra (PSDB) e de Marina Silva (PV). A oposição ainda acredita no segundo turno.

Tensão

O que aumenta a tensão na campanha é a volatilidade da opinião dos eleitores que só agora se preocupam com as eleições. Começam a assistir aos programas eleitorais, conversam sobre os candidatos nos locais de trabalho e prestam mais atenção no noticiário político, principalmente da tevê aberta. A entrada em cena da grande massa de eleitores aumenta o nervosismo dos candidatos e radicaliza os discursos. O primeiro a sinalizar o fenômeno é o presidente Lula.

Visual

Em visita ao local onde o PT grava os programas eleitorais em Brasília, a ex-governadora do Rio Grande do Norte, Wilma de Faria (PSB), candidata ao Senado, apresentou um look parecido com o de Dilma Rousseff e de Marta Suplicy. A semelhança era tanta que, na saída, ela foi chamada de Wilma Rousseff.

Tiriricar


Analistas de pesquisas, Cesar Maia, cunhou um novo conceito para analisar as variáveis possíveis do voto na reta final da eleição: "tiriricar". Trata-se do voto em favor dos candidatos que ainda não pontuam, mas que podem ajudar a levar a eleição para osegundo turno.

Bossa nova

Todos os dias a Bandeira Nacional é retirada do mastro em frente ao Palácio do Planalto pontualmente às 18h. Chamou a atenção de visitantes o tom desafinado do corneteiro que tocava quando a guarda presidencial descia o pavilhão, ontem, às 18h01min. Era um agudo espantoso.

A conta

Segundo o Tesouro Nacional, a dívida pública federal aumentou R$ 17 bilhões (alta foi de 1,04%) em agosto, passando de R$ 1,601 trilhão para R$ 1,618 trilhão

Preparação

A candidata petista Dilma Rousseff recebeu do ministro do Turismo, Luiz Barreto, um documento elaborado pelo Conselho Nacional do Turismo com uma análise minuciosa do setor. O documento aborda os investimentos feitos nos últimos quatro anos e os setores que mais cresceram.

Prestígio/ O ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Pedro Gordilho esteve no Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada para lançar o livro Tribunais, ministros e lembranças do meu tempo. Ministros aposentados e o presidente do STF, ministro Cezar Peluso, compareceram à solenidade para homenagear o advogado.


Parceria / O conselheiro da embaixada dos Estados Unidos James Dudley e o presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, Rafael Favetti, que é secretário executivo do Ministério da Justiça, almoçam hoje na embaixada. Cardápio: políticas e ações de combate à pirataria, principalmente chinesa, é claro.

Azebudsman / A leitora Rosana Guedes corrige a nota da coluna de ontem. O ex-craque Zico não faz campanha para um deputado distrital, mas para o radialista que é candidato a deputado federal.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Soltou os cachorros

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Com imagens fortes, sete vídeos da campanha do tucano José Serra (PSDB) foram postados no You Tube ontem. Em um deles, aparece um homem com a faixa presidencial e dois pitbulls de dar o maior medo. O texto em off fala que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu segurar o PT e indaga se a candidata petista Dilma Rousseff fará o mesmo. A mesma dúvida é levantada nos demais. A exceção é aquele no qual uma mulher é questionada sobre a sua capacidade de concluir o que começa a fazer e ela sempre responde com o argumento de que é amiga do presidente.

Os vídeos atacam duramente o PT, acusam o partido de tentar calar a imprensa, perseguir adversários, quebrar sigilos. De forma subliminar, tentam apartar a imagem do presidente Lula da do seu partido e vinculam Dilma aos petistas, além de colocar em questão sua competência para administrar o país sem a tutela do PT.

Assinados por Adriano Gehres, marqueteiro contratado pelo comando do partido, os vídeos foram postados à revelia de Luiz González, responsável pela estratégia de comunicação do tucano. Depois de muito relutar, Serra autorizou a divulgação no You Tube. Apesar das pressões, ainda não foi decidido se eles irão ao ar nas inserções de tevê.

Acredite

A oposição espalha que os trackings eleitorais apontam um cenário de segundo turno para a disputa presidencial. Os votos de Dilma estariam migrando para Marina e Serra, segundo o líder do Democratas na Câmara, deputado Paulo Bornhausen, de Santa Catarina. "Essa mudança já é um reflexo das denúncias feitas nas últimas semanas. O enfrentamento do presidente Lula contra a imprensa nos últimos dias é um sinal de desespero de quem, há 30 dias, acreditava que as eleições estavam ganhas", afirma o democrata.

Jararacas

A Confederação Nacional da Agricultura (CAN) financiará o Carnaval de 2011 da Mocidade Independente de Padre Miguel, escola de samba carioca famosa pela qualidade de sua bateria. A pedido da senadora Katia Abreu (DEM-TO), presidente da entidade, a direção da escola criará uma ala somente para ambientalistas. Segundo Paulo Vianna, que comanda a Mocidade, será batizada de "Onde vivem as jararacas", em uma homenagem ao deputado Aldo Rebelo, do PCdoB, relator do novo Código Florestal que acusa a maioria dos críticos da nova lei de só andarem em mato sem cobra.

Murici

Bateu certo desespero na coligação do tucano Geraldo Alckmin (PSDB), que lidera a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. A derrota de Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) na disputa por uma das vagas do Senado já é dada como inevitável e a linha de corte para eleição dos deputados federais subiu de 110 mil para 150 mil votos, o que está provocando um salve-se quem puder entre os proporcionais.

Galinho

Ídolo da torcida do Flamengo, Zico brilha no horário eleitoral dos candidatos a deputado distrital em Brasília. Ao contrário de Romário e Marcelinho, no Rio e São Paulo, respectivamente, ele não é candidato a nada. Aparece como cabo eleitoral pedindo voto para um amigo que disputa uma vaga na Câmara Legislativa.

Futebol

Bahia, Mato Grosso e Ceará são os primeiros estados que receberão recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para construção ou reforma de estádios na preparação da Copa de 2014. Osfinanciamentos somam R$ 1,068 bilhão.

Toga justa

Ex-auxiliar do presidente Lula, o ministro do Antônio Dias Tofolli era muito criticado ontem por antigos colegas do Palácio do Planalto. Foi dele o pedido de vista do processo de impugnação da candidatura de Joaquim Roriz (PT) ao governo do Distrito Federal que interrompeu o julgamento do caso pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Toffoli considera a aplicação da Lei da Ficha Limpa nas eleições de 2010 inconstitucional.

Assustou / Chamou muita atenção o posicionamento do presidente do STF, ministro Cezar Peluso, durante o julgamento do recurso contra a cassação do registro da candidatura de Joaquim Roriz (PSC). Peluso questionou o tramite dado a Lei da Ficha Limpa no Congresso.

Lobos / "Ao direito muitas vezes não basta levantar cercas em volta das ovelhas. É preciso gradear a toca dos lobos", disse o ministro Carlos Ayres Britto, ao anunciar seu voto a favor da impugnação de Roriz.

Festa / Houve duas comemorações, ontem, após a suspensãoda sessão do STF. Uma foi na casa do ex-governador Roriz, o réu, para aonde seus correligionários rumaram, logo após o início do julgamento, com carros de som e bandeiras. A outra foi no comitê de campanha do petista Agnello Queiroz, que temia uma decisão favorável ao ex-governador a 10 dias do pleito.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O trem atrasou

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo |Santos

O Metrô de São Paulo é um orgulho para os tucanos paulistas. Nas campanhas eleitorais, aparece como um "case" de competência administrativa e de exemplo de investimentos em transporte de massa. As denúncias dos petistas contra os tucanos na administração do Metrô nunca colaram. Pois bem, ontem, a Linha Vermelha do Metrô parou de funcionar. Foi o caos para milhares de usuários do sistema de transportes a onze dias das eleições.

Uma blusa teria impedido a porta de um vagão de fechar entre as estações Pedro II e Praça da Sé. Um passageiro acionou o dispositivo de emergência e a composição parou. Todas as demais foram paralisadas com o desligamento da rede elétrica. O episódio gerou pânico, muita gente passou mal nos vagões lotados e sem ar condicionado. No sufoco, foram danificadas 17 composições.

As imagens de passageiros caminhando ao longo da linha férrea ou retirados das estações em macas deram à campanha do petista Aloizio Mercadante uma bandeira muito mais forte do que a crítica aos pedágios das excelentes estradas paulistas. O incidente assustou a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), que ainda mantém cinco pontos de vantagem em relação à soma das intenções de votos dos demais candidatos. É o fato novo e inesperado das eleições em São Paulo. Segundo os petistas, pode, inclusive, levar a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes ao segundo turno. Para reduzir o desgaste, o governo paulista decidiu que o Metrô funcionará de graça na manhã de hoje.

Sabotagem

Responsável pela campanha de José Serra (PSDB) na internet, Soninha Francine (PPS) foi a primeira a reagir na rede: "Metrô de São Paulo tem problemas na proporção direta da proximidade com a eleição.
Coincidência? #SABOTAGEM # valetudo # medo", disparou no Twitter. Questionada sobre a teoria conspiratória, insistiu na tese: "Sugiro não, afirmo. A incidência de problemas nas últimas semanas é completamente fora da curva. Trens, plataformas, escadas...". Passando do setor de transporte para a saúde, Soninha chegou a afirmar que estão faltando medicamentos até no Hospital das Clínicas porque, há um mês, o SUS reduziu o fornecimento de remédios para São Paulo". Seu post foi o assunto mais comentado no Twitter.

Gran finale

Dilma Rousseff (PT) bateu o martelo: o comício de encerramento da campanha será mesmo no dia 27, segunda-feira, em São Paulo, no Sambódromo. Motivo: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer matar um coelho e meio no fim da campanha: garantir a vitória da petista no primeiro turno e catapultar Aloizio Mercadante para o segundo turno. O tucano José Serra fará o encerramento de sua campanha no mesmo dia, no Moinho Santo Antônio, na Mooca, onde foi criado.

Caruru

Depois de gravar em Fortaleza, a candidata petista Dilma Rousseff também colheu imagens para o seu programa eleitoral no Farol da Barra, em Salvador. Aproveitou para meter a colher nas eleições baianas: "Nesse instante, eu tenho apoio claro ao governador Jaques Wagner", declarou. Depois da gravação, Dilma foi convencida pelo marqueteiro João Santana a comer caruru. É uma crença dos baianos de que o prato típico é abençoado.

Casuísmo

Os verdes se mobilizam para alterar o artigo 22 da Medida Provisória 497/2010, editada antes da campanha eleitoral. O texto alterou a incidência da Cofins em diversos tipos de produtos industrializados - entre eles os cosméticos - equiparando fabricante a atacadista para efeitos de cobrança do imposto. A mudança proibiu industriais donos da própria distribuidora a taxarem as mercadorias quando elas saem da indústria, momento em que os preços são mais baixos. Entre os prejudicados, está a Natura, do candidato a vice-presidente de Marina Silva (PV), Guilherme Leal (PV). A MP será votada depois do primeiro turno.

Dâmocles

O Supremo Tribunal Federal (STF) julga hoje a constitucionalidade do pedido de impugnação da candidatura do ex-governador Joaquim Roriz (PSC), candidato ao governo do Distrito Federal enquadrado na Lei da Ficha Limpa por ter renunciado ao mandato de senador para evitar a cassação. A defesa de Roriz acredita num placar favorável por 6 a 4.

Título

Termina amanhã o prazo final para os eleitores procurarem os tribunais regionais eleitorais para fazer a reimpressão do título eleitoral. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, participarão destas eleições 135,8 milhões de eleitores.

Cnfusão /

Os candidatos proporcionais da chapa de Geraldo Alckmin (PSDB) decidiram manter o nome do ex-governador paulista Orestes Quércia nos panfletos eleitorais. Temem que o voto do peemedebista que desistiu da candidatura acabe migrando para o apresentador Netinho de Paula (PCdoB), que já lidera a disputa pelas vagas do Senado.

Bancada / A cúpula do PCdoB acredita na possibilidade de eleger três senadores - além de Netinho de Paula (SP), Vanessa Grazziotin (AM) e Edvaldo Magalhães (AC) - e de 15 a 18 deputados federais. Uma das apostas é o advogado Messias de Souza, no Distrito Federal.

Petróleo / O presidente Lula pretende visitar, em 29 de setembro, dia do Petróleo, a empresa Landulfo Alves, uma refinaria histórica da Bahia. Na ocasião, a empresa também comemora 60 anos de existência. Quer passar o rodo nos desafetos da política baiana.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Caveira de burro

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Contra todas as expectativas da oposição, que aposta na queda de Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas em razão do escândalo que derrubou Erenice Guerra da Casa Civil, a cúpula petista acredita na possibilidade de alavancar a candidatura de Aloizio Mercadante (PT) ao Palácio dos Bandeirantes e levar a disputa pelo governo paulista para o segundo turno.

O PT tem uma caveira de burro enterrada no interior paulista. Desde 1982, quando o próprio presidente Lula foi candidato, nunca ganhou uma eleição para governador. Venceu o pleito na capital de São Paulo por duas vezes, com Luiza Erundina e Marta Suplicy, e tem redutos importantes no interior paulista: Araçatuba, Cubatão, Diadema, Guarulhos, Osasco, São Bernardo do Campo e São Carlos, entre outras prefeituras que controla. Mas nunca chegou nem perto do Palácio dos Bandeirantes.

Na disputa para a Presidência da República, Dilma está derrotando o tucano José Serra em São Paulo. A vantagem estratégica animou o presidente Lula, que resolver dar prioridade à campanha paulista com o propósito não só de consolidar a vitória de Dilma no primeiro turno, mas também impedir a eleição do tucano Geraldo Alckmin na instância inicial. Se isso ocorrer, a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes será mais dramática do que a própria sucessão presidencial.

Firmes

O ex-governador tucano Geraldo Alckmin agarrou a candidatura de José Serra a presidente da República com as duas mãos. O empenho em sustentar a candidatura do aliado - do qual está descolado nas pesquisas de opinião - é tamanho que alguns temem até que Serra puxe Alckmin para baixo, numa espécie de abraço de afogado. Domingo, na favela de Paraisópolis, os dois tucanos desfilaram de braços dados. Destaca-se a presença no evento do prefeito Gilberto Kassab (DEM), que não move uma pedra por Alckmin, a quem derrotou na disputa pela Prefeitura de São Paulo.

Nem mexe

Analistas de pesquisas avaliam que a crise que abateu Erenice Guerra não abalou Dilma Rousseff nas pesquisas de opinião. Haveria um desgaste das denúncias contra ela junto aos eleitores porque a petista já consolidou seu favoritismo e surfa no prestígio do presidente Lula. A prova dos nove dessa tese será a rodada de pesquisas da semana. Amanhã, será divulgada a Vox Populi/TV Bandeirantes sobre a sucessão presidencial; na quinta-feira, nova pesquisa Datafolha - TV Globo; e na sexta, sondagem do Ibope encomendada para a TV Globo e o Estado de S. Paulo.

Sobrevivente

O senador Marco Maciel (DEM-PE) é mais um cacique da oposição ameaçado de derrota eleitoral. Líder absoluto nas pesquisas de opinião, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSDB),que tenta a reeleição, agora se dedica à campanha dos dois senadores de sua chapa, Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro (PTB). Seu adversário, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), está sendo derrotado para o governo do estado, mas tem mais quatro anos de mandato no Senado, ao contrário do deputado Raul Jungmann (PPS) e de Maciel, candidatos a senador da oposição.

Cotadíssimo

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, suspendeu a licença ontem para um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Cotado para o lugar de Erenice Guerra, deve permanecer no cargo atual até o fim do governo. Está cotadíssimo para ser o novo ministro da Casa Civil, mas no futuro governo Dilma Rousseff.

Pré-pago

Com uma população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 192 milhões, o número de brasileiros assinantes da telefonia celular chegou a 189 milhões de usuários em agosto, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A maioria dos usuários de celular tem assinatura pré-paga: 82,20%

Festa / O governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), candidato à reeleição, e o ex-governador e candidato ao Senado Waldez Góes (PDT), retornaram a Macapá depois de oito dias na cadeia em razão da Operação Mãos Limpas. Viajaram para Belém em avião da carreira e depois pegaram um jatinho. Foram recebidos por correligionários no aeroporto local e seguiram em carreata para o palácio de governo.

Ataque / A oposição na Câmara dos Deputados reagiu às declarações de Lula no último sábado, quando o presidente disse que "nós somos a opinião pública", subindo ainda mais o tom das críticas à imprensa. Segundo o líder do PSDB, João Almeida (BA), esse tipo de declaração em ano eleitoral mostra o presidente Lula cada vez mais como "discípulo e liderado de Hugo Chávez".

Julgamento / O senador Pedro Simon (PMDB-RS) suspendeu sua participação na campanha de José Fogaça (PMDB) no Rio Grande do Sul para fazer um discurso hoje, no Senado, contra os chamados candidatos ficha suja. É que o Supremo Tribunal Federal (STF), a propósito da impugnação da candidatura a governador de Joaquim Roriz (PSC-DF), deve julgar amanhã se a aplicação da Lei da Ficha Limpa nesta eleição é constitucional ou não.

Censura / O deputado Domingos Dutra, candidato à reeleição pelo PT do Maranhão, entrou com uma representação contra a direção do seu partido porque seu programa de televisão no horário eleitoral da legenda foi censurado. Rebelde, Dutra apoia o candidato do PCdoB a governador do Maranhão, Flávio Dino, e não a reeleição da peemedebista Roseana Sarney, que tem o apoio do presidente Lula, de Dilma Rousseff e do PT.

domingo, 19 de setembro de 2010

Antígona e Creonte

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


O compositor Chico Buarque, com bom humor e argúcia política, certa vez sugeriu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva criar o "Ministério do Vai dar Merda". Talvez tenha se inspirado em seu falecido pai, Sérgio Buarque de Holanda, um dos fundadores do PT e autor da tese de que o brasileiro é um "homem cordial". Buarque atribuiu ao velho patriarcado nacional a existência de um nefasto personagem da vida brasileira: o funcionário "patrimonial", aquele que não separa o público do privado e se distingue do que deve ser um burocrata moderno.

"O Estado não é uma ampliação do círculo familiar e, ainda menos, uma integração de certos agrupamentos, de certas vontades particularistas de que a família é o melhor exemplo. Não existe entre o círculo familiar e o Estado uma gradação, mas antes uma descontinuidade e até uma oposição", afirma em Raízes do Brasil. Escrito há quase 75 anos, seu livro ainda hoje é leitura obrigatória nas escolas de administração pública do país.

Segundo Buarque, a oposição entre os dois princípios existe desde a Grécia de Sófocles, na qual a cólera do Creonte contra a sobrinha Antígona encarna a luta "abstrata e impessoal" da cidade de Tebas contra a "realidade concreta e tangível que é família" dos descendentes de Édipo.

Tradução

"O conflito entre Antígona e Creonte é de todas as épocas e preserva-se sua veemência ainda em nossos dias", advertia Buarque de Holanda, o pai. "Em todas as culturas, o processo pelo qual a lei geral suplanta a lei particular faz-se acompanhar de crises mais ou menos graves e prolongadas, que podem afetar profundamente a estrutura da sociedade." A oposição tentou pôr esse tema no eixo da campanha, sem sucesso, pois nada abalava o prestígio da candidata de Lula, ainda mais um tema tão abstrato. Até que a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra transformou a questão num caso concreto e deu de bandeja para o tucano José Serra um discurso de campanha mais inteligível para o eleitor. O problema é que Serra não pode encarnar Creonte sem parecer cruel, nem atribuir a Dilma o papel de Antígona sem transformá-la em vítima.

Volátil

O que mais chama a atenção no tracking dos programas eleitorais é a volatilidade da opinião dos que só agora começam a acompanhar o horário eleitoral. É aí que mora o perigo para a campanha de Dilma Rousseff (PT) e também as esperanças da oposição, tanto do tucano José Serra como de Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSol), que esperam herdar votos perdidos pela petista.

Ficha limpa

Na próxima quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) deve decidir o destino político do candidato ao Governo do Distrito Federal, Joaquim Roriz. Dois pontos importantes serão definidos pela Corte. O primeiro é sobre a retroatividade da Lei da Ficha Limpa. Em caso afirmativo, os ministros terão que definir quais situações de inelegibilidade podem retroagir à lei. O caso de Roriz foi a renúncia ao mandato de senador.

Destinos

Ao decidir o caso Roriz, o Supremo balizará os destinos de Maria de Lourdes Abadia (PSDB-DF), Jader Barbalho (PMDB-PA), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Marcelo Miranda (PMDB-TO) e Paulo Rocha (PT-PA), candidatos ao Senado. E dos candidatos a governador Expedito Júnior (PSDB-RO), Roseana Sarney (PMDB-MA) e Jackson Lago (PDT-MA).

Finalmente

O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Aldir Passarinho Júnior, relator do processo que pode resultar na cassação do governador de Sergipe, o petista Marcelo Déda pediu a inclusão do caso na pauta de julgamentos. A previsão é que a matéria seja julgada já na semana que vem. O petista é acusado de abuso de poder político e econômico nas eleições de 2006. Absurdamente, disputa o segundo mandato sem saber se a eleição para o primeiro legalmente valeu. Na prática, não resta dúvida.

Manhoso

Depois de fazer cera, o deputado Paulo Maluf, candidato à reeleição pelo PP-SP, recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar garantir a sua candidatura. Maluf teve o registro cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral paulista após ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa. O candidato foi condenado pela Justiça por compra irregular de mais de uma tonelada de frango enquanto era prefeito de São Paulo. O relator do caso de Maluf no TSE é o ministro Marco Aurélio Mello.

De menos

O segundo repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) de setembro não repetirá os valores de agosto passado. No acumulado do ano, está 1% abaixo do que foi repassado em 2009. Amanhã, descontado o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), serão creditados nas contas das prefeituras o valor total de R$ 304.429,335

Boca de urna / O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), candidato à reeleição, mandou imprimir, às pressas, novo material de campanha para os candidatos ao Senado Lindberg Farias (PT) e Jorge Piccianni (PMDB). Os dois passaram a campanha se digladiando e não havia nenhum panfleto com a chapa completa da coligação majoritária.

Tangente / O filho de um importante senador justificou a entrada de US$ 54 milhões na Suíça como fruto de comissão de uma obra realizada em um estado brasileiro. Naquele país não é considerado crime, mas o Ministério Público está investigando se o montante é fruto de corrupção passiva aqui no Brasil.

Chacina / Chega hoje ao México uma equipe da Polícia Federal para fazer o reconhecimento de dois corpos que devem ser de brasileiros mortos numa chacina ocorrida há três semanas. O governo brasileiro havia firmado um acordo de cooperação técnica com o México para a identificação de parte dos 72 mortos, mas não houve interesse das autoridades mexicanas.

sábado, 18 de setembro de 2010

O jabuti tem dono

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
Um velho ditado mineiro diz que não se deve mexer com um jabuti em cima da árvore. Quem o pôs lá "foi enchente ou mão de gente". Erenice Guerra era um jabuti no Palácio do Planalto, por suas relações de confiança com a candidata petista Dilma Rousseff. Foi arrancada do cargo de ministra por uma onda de denúncias contra seus familiares mais próximos - o filho, o marido e o irmão, entre outros - que desaguou na Casa Civil da Presidência da República.

Virou um jabuti com dono em plena campanha eleitoral. Foi defenestrada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, punida pela Comissão de Ética Pública e os parentes aboletados na Administração Pública foram sumariamente afastados. O governo se esforça para mostrar que a gestão de Lula não brinca em serviço quanto ao seu caráter republicano, mas nada disso resolve o problema.

O estrago está feito. Pela primeira vez, a oposição conseguiu tirar o presidente Lula do debate eleitoral e por em xeque Dilma Rousseff como gestora competente do bem comum. Dilma é Lula ou Erenice? Eis a dúvida que se instalou. A oposição tenta provar que Dilma é Erenice. Afinal, foi a petista que cevou o jabuti.

Euforia

Pela primeira vez desde que Dilma ultrapassou José Serra (PSDB), a euforia toma conta da campanha tucana. Todos sabem que é muito difícil derrotar a petista, mas a tese de que o caso Erenice Guerra vai levar a campanha para o segundo turno tomou conta dos corações e mentes oposicionistas. O clima de virada não será abalado pelo resultado das pesquisas de ontem e de hoje.

Mais uma

O Datafolha registrou nova pesquisa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o governo Lula e a sucessão presidencial, contratada pela Folha de S. Paulo e pela TV Globo, com 12.130 eleitores, entre os dias 21 e 22. Os resultados poderão ser divulgados a partir de quinta-feira à noite.

Corta essa

Candidato ao Senado, o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (foto) não gostou das especulações de que está de saída do PSDB. "Essa informação não tem qualquer fundamento. É mais uma especulação infundada, sem qualquer relação com a realidade, a exemplo dos mesmos boatos que, ano passado, davam como certa minha saída do PSDB.O PSDB é minha casa e, não apenas vou permanecer nele, como estou lutando para dar ao partido uma bela vitória em Minas."

Troco

O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, do Rio Grande do Norte, criticou as declarações do petista José Dirceu sobre o futuro governo Dilma, que, segundo Alves, só atrapalham as relações entre o PT e seus aliados. O líder petista é um dos que defendem que o PT não deve ceder a Presidência da Câmara para o PMDB.

Aeroportos

A superlotação nos aeroportos tem como agravante o número de novos passageiros no Brasil. Levantamento do Ministério do Turismo mostra um aumento significativo de pessoas que viajaram pela primeira vez nos últimos nove anos. Segundo dados da pasta, foram 15 milhões

Secreto

A Polícia Federal já designou uma equipe que será responsável pela investigação do suposto tráfico de influência cometido por familiares de Erenice Guerra na Casa Civil. O delegado responsável pelo caso exigiu tanta discrição que sequer seu nome foi divulgado.

Coeficientes

A coligação PT-PSB-PDT-PPS no Distrito Federal deve eleger quatro deputados federais, com possibilidade de mais um. Os favoritos: Reguffe (PDT), Magela (PT), Paulo Tadeu (PT), Erika Kokay (PT), Augusto Carvalho (PPS), Gastão Ramos (PSB) e Policarpo (PT). O PSC-PMN-DEM-PSDB deve eleger de dois a três. Brigam pelas vagas Jaqueline Roriz (PMN), Izalci Lucas (PR), Laerte Bessa (PSC) e Adelmir Santana (DEM). PMDB-PTB-PCdoB farão apenas um deputado. A briga é feia entre Pitiman (PMDB), Ricardo Quirino (PRB) e Georgios (PTB).

Sério / O líder do PSDB na Câmara, deputado João Almeida (BA), não entende o que está acontecendo. "Se o país fosse sério, a candidatura de Dilma Rousseff (PT) estaria no mínimo arruinada por conta das denúncias de irregularidades do braço direito dela, Erenice Guerra."

Emergência / Os funcionários terceirizados do Senado perderam o direito ao atendimento no serviço médico da Casa mesmo em caso de emergência. A ordem é chamar o Samu se um deles passar mal em serviço. Procurados porum grupo de terceirizados, policiais do Senado, que tem status de Polícia Federal, orientou-os a dar queixa do servidor que se recusar a atendê-los, pois será preso na hora.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Morreu

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Não existe batalha sem defuntos de ambos os lados. A ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra não suportou o bombardeio da oposição e da mídia. Mas a bala que atingiu seu coração partiu das trincheiras governistas. Não se sabe ainda se o "fogo amigo" foi de algum petista interessado em removê-la da posição no futuro governo ou de algum peemedebista inconformado com suas mexidas na diretoria dos Correios (estatal que virou casa de marimbondos no governo Lula).

O atestado de óbito de Erenice registra suicídio. Na versão oficial, a ministra chamou os colegas Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Lula, e Franklin Martins, ministro da Comunicação Social, a sua casa, ontem pela manhã, e lhes disse que estava deixando o cargo. Não teria aguentado a pressão sobre os familiares, a começar pelo filho Israel, pivô do caso que revelou suas relações de clientela e nepotismo.

Porém, a morte de Erenice - politicamente falando, é claro - ocorreu na quarta-feira à noite, quando sua protetora no governo, Dilma Rousseff (PT), cancelou a viagem que faria ao Ceará e também não foi ao jantar de adesão à candidatura do petista Agnelo Queiroz, em Brasília. Foi convocada pelo presidente Lula ao Palácio da Alvorada para uma conversa na qual decidiram defenestrar Erenice. Coube a Dilma mandar o recado para que a ministra apresentasse o pedido de demissão.

Couraça

No governo ainda há quem avalie que Erenice Guerra deveria ter resistido no cargo de ministra-chefe da Casa Civil. As denúncias contra seu filho, seu marido e outros envolvidos são consideradas inconsistentes. Nas famílias de funcionários públicos, argumentam, de cada três parentes, dois trabalham na União ou no GDF ou prestam algum serviço para o Estado. Se um deles for ministro e outro fizer uma trapalhada, o caso vira escândalo nacional.

Sangue

Os tucanos lamentam que a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra tenha caído cedo demais. A avaliação é que sua demissão estancou um sangramento eleitoral na campanha da petista Dilma Rousseff que poderia ser decisivo para levar as eleições presidenciais ao segundo turno.


Ciclo

A oposição aproveitou as denúncias contra a ex-ministra Chefe da Casa Civil Erenice Guerra para atacar Dilma Rousseff. Para o líder do DEM na Câmara, o deputado catarinense Paulo Bornhausen, a Casa Civil se transformou em cérebro da corrupção do governo Lula. Na avaliação de Bornhausen "É um ciclo: começou com o Zé Dirceu, terminou com a Erenice. Resta saber se a Dilma não é um hiato", diz.

Sabia

Na avaliação do líder do PSDB na Câmara, o baiano João Almeida (foto), Dilma seria no mínimo incompetente se não soubesse das irregularidades que se passavam na sala de sua secretária executiva enquanto era ministra. Para Almeida, "é muito parecido com a relação de Lula e Zé Dirceu quando explodiu o escândalo do mensalão".

Solidário

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, de São Paulo, procurou minimizar as denúncias contra Erenice Guerra. Para o petista, os fatos são referentes ao filho dela, Israel Guerra. O deputado acusa a oposição de fazer uso eleitoreiro do caso.

Há vagas

Em agosto, foram gerados no Brasil 299.415 novos empregos com carteira assinada, recorde absoluto para o período, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. Somente neste ano, foram criados 1.954.531 empregos

Extinto

O ex-deputado federal José Janene (PP), falecido na madrugada da última terça-feira, em São Paulo, teve a punibilidade extinta na ação penal do mensalão, que corre no Supremo Tribunal Federal (STF). Na semana passada, o ministro Gilmar Mendes havia pedido vista em um pedido do parlamentar de inclusão de testemunhas no processo. Dos 40 denunciados, restam 38 a serem julgados. O ex-secretário geral do PT Sílvio Pereira teve a ação suspensa para cumprir pena alternativa.

Cadê?

O senador José Sarney (PMDB-AP) até hoje não apareceu no programa da filha Roseana, candidata à reeleição ao governo do Maranhão. Desafeto do clã, o ex-governador José Reinaldo (PSB), que concorre ao Senado, desafia o ex-presidente da República a gravar um depoimento na tevê pedindo votos para a filha.

Pobreza / O Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (CIP-CI-Pnud) promove hoje a mesa redonda "O desafio da redução da pobreza: compartilhando experiências internacionais". É parte da campanha mundial Levante-se e faça suaparte contra a pobreza, cujo objetivo é mobilizar os jovens.

Programa / O programa de José Serra será debatido hoje na Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil por seu coordenador, Xico Graziano. O governador Alberto Goldman (PSDB) e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), confirmaram presença.

Intercâmbio / Presidente da Comissão Especial de Segurança Pública da Copa de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, o secretário executivo do Ministério da Justiça, Rafael Favetti, está em Londres a convite da New Scotland Yard ao governo brasileiro para participar de uma série de programas com especialistas em segurança de grandes eventos.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Continuidade ou ruptura?

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Do ponto de vista político-eleitoral, não há dúvida de que as eleições deste ano estão pautadas pela continuidade. Vale para o Palácio do Planalto, que comemora antecipadamente a provável vitória da petista Dilma Rousseff no primeiro turno, e para a maioria dos governadores, sobretudo àqueles que apoiam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No plano político-institucional, porém, na medida em que se fortalece o atual projeto de poder, cada vez mais ganha força no futuro governo a ideia de ruptura. Este é o verdadeiro conteúdo do discurso de Dilma quando fala em continuar as mudanças e, para isso, convocar uma Constituinte exclusiva.

A coalizão PT-PMDB e seus aliados, pelo andar da carruagem, poderá eleger mais de 308 deputados e 54 senadores, o suficiente para aprovar emendas à atual Constituição. Estará dado o passo decisivo para a ruptura, com a convocação de uma Constituinte exclusiva, na qual as mudanças político-institucionais não precisariam do apoio de 3/5 dos deputados e senadores, mas apenas da maioria absoluta: 50% mais um.

Mudança

Quando a oposição denuncia os riscos de "mexicanização" ou de implantação de um "regime chavista" no Brasil, as acusações estão no plano da retórica eleitoral. Atiram no que não viram, mas acertam no que está à vista dos que acompanham os bastidores do Legislativo e do Executivo. A agenda pós-Lula passa pela reestruturação dos partidos (fusões e incorporações) e a mudança do sistema eleitoral (voto em lista, distritos eleitorais e financiamento público dos partidos); pelos novos marcos regulatórios de exploração de petróleo, minérios e radiodifusão; e pela reestruturação das agências reguladoras das concessões públicas.

Dostoiésvski

O romance Crime e castigo, do russo Fiódor Mikháilovitch Dostoiésvski, não sai da cabeça da petista Dilma Rousseff, em cuja campanha a ordem é manter distância máxima da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra. Publicado em 1866, o livro relata a angústia e o sofrimento vividos por Ródion Románovitch Raskólnikov, um jovem estudante de direito. Ninguém sabe que ele assassinou duas mulheres, mas ele sabe.

Amapá

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Ricardo Lewandowski, viaja na próxima segunda-feira para o Macapá, capital do Amapá, onde, na última sexta-feira, a Polícia Federal prendeu o governador do estado, Pedro Paulo Dias (PP), o ex-governador Waldez Góes (PDT), candidato ao Senado, e outras autoridades. Lewandowski quer conferir de perto a situação política no estado e avaliar os impactos que a operação da PF causou no processo eleitoral.

Suplentes

A candidata do PSDB ao Senado pelo Distrito Federal, Maria de Lourdes Abadia deu sinais de estar ciente de que não terá vida fácil na Justiça. No programa eleitoral de ontem, Abadia apresentou o suplente ao cargo, Osório Adriano Filho (DEM), caso a cassação do registro de sua candidatura seja confirmada no Supremo Tribunal Federal (STF). Abadia também aproveitou a oportunidade para apresentar o segundo suplente, Pasto Egmar (PTdoB), já que Osório tem 81 anos e o mandato de senador é de oito anos.

Ainda não

Geddel Vieira Lima, candidato do PMDB ao governo da Bahia, atribuiu ontem a um ti-ti-ti de campanha as informações de que poderia apoiar Paulo Souto (DEM-BA) caso a eleição para governador da Bahia vá para o segundo turno e fique entre Souto e o atual governador, que tenta a reeleição, Jaques Wagner (PT). "Estou trabalhando para ir ao segundo turno e qualquer discussão sobre apoio nessa etapa é só especulação. Não tenho definição nenhuma ainda", reagiu Geddel. O parlamentar reclamou da postura do PT local, a quem faz oposição. "Sou adversário do governador, é uma posição lógica que eu critique sua administração."

Fogo

José Serra (PSDB) não se deu por vencido. Vai bater ainda mais duro na petista Dilma Rousseff e no governo Lula. O marqueteiro Luiz González, munido de seu tracking, convenceu o candidato tucano à Presidência da República e seus assessores de que está no caminho certo e haverá segundo turno. Candidato que é candidato acredita na vitória até o dia da eleição.

Multas

A candidata Dilma Rousseff já pagou duas multas aplicadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no valor de R$ 11 mil. Para a petista, ainda falta o pagamento de R$ 37 mil em penalizações aplicadas pelo TSE. Já o tucano José Serra ainda não pagou nenhuma das multas aplicadas contra a campanha dele. Essas penalidades somam R$ 35 mil

Atletas / O governo federal deve editar, na semana que vem, uma Medida Provisória (MP) ampliando o valor do Bolsa Atleta. A MP também deve estendê-la para atletas que já tenham patrocínio - hoje, só é beneficiado aqueles que não têm apoio institucional. Tudo isso visando as Olimpíadas de 2016, no Rio.

Mercado / Presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi desembarca hoje em Brasília para um encontro com analistas de mercado sobre os rumos da economia. A grande incógnita é a política monetária do futuro governo.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Última carga

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


A oposição está como uma brigada de cavalaria diante de uma divisão blindada: lança-se contra as tropas inimigas, mas não tem a menor chance de vitória. Foi o que fez ontem ao protocolar uma representação na Procuradoria-Geral da República - assinada pelo PPS e pelo PSDB -, na qual solicita que o Ministério Público investigue o possível envolvimento da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, num esquema de lobby no governo federal.

Os deputados Raul Jungmann (PPS-PE), João Almeida (PSDB-BA), Gustavo Fruet (PSDB-PR), Duarte Nogueira (PSDB-SP) e o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) acusam a ex-auxiliar de Dilma de tráfico de influência, formação de quadrilha, concussão, prevaricação e improbidade administrativa. Seu filho Israel Guerra supostamente teria recebido propina para viabilizar negócios na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) "sob a intermediação da ministra", sua mãe.

A carga de cavalaria pode derrubar Erenice do cargo que ocupa, mas não tem força para mudar o rumo da eleição. Dilma Rousseff já disse com todas as letras que não tem nada a ver com o que aconteceu e está blindada. O presidente Lula observa de longe o campo de batalha. Ainda não demitiu a ministra. Mas se ela pedir, sua saída será aceita sem choro nem vela.

Inabalável

Foi divulgada ontem uma nova pesquisa CNT/Sensus sobre sucessão presidencial. Dilma Rousseff (PT) aparece com 50,5% das intenções de voto. José Serra (PSDB) tem 26,4% e Marina Silva (PV), 8,9%. Resumo da ópera: Dilma seria eleita já no primeiro turno. Destacam-se a elevação dos índices de aprovação do governo Lula, que subiu de 77,5% para 78,4%; e do presidente da República, que também está mais elevada: saiu de 80,5% para 81,4%.

Saltos

A estratégia de marketing do tucano José Serra foi redirecionada, mas não surtiu o efeito desejado. A vantagem de Dilma em relação a Serra cresce aos saltos: em julho, era de 10%; em agosto, de 17,9%; agora, chegou a 24,1%.

Missão

Para haver segundo turno, considerando os números da pesquisa CNT/Sensus, Dilma Rousseff (PT) precisaria perder para os candidatos adversários, até o dia da eleição, a média de 1 milhão de votos por dia

Xilindró

Se depender do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, que ontem negou o pedido de habeas corpus feito pelos advogados de Waldez Góes (PDT), o ex-governador do Amapá vai disputar a eleição ao Senado da cadeia. A ex-primeira dama do Amapá Marília Xavier também continuará presa. O processo corre em segredo de Justiça.

Gravou

O presidente Lula gravou um depoimento ontem pedindo votos para os cearenses Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT), e cobrou do governador Cid Gomes (PSB), candidato à reeleição, que o coloque em seu programa eleitoral. Objetivo: derrotar o senador Tasso Jereissati (foto) nas eleições para o Senado no Ceará. O tucano faz parte da lista de desafetos que Lula pretende ver fora do Senado, mas até agora não deu sinais de que perderá a eleição.

À vera

O ex-senador Jorge Bornhausen rebateu ontem, em Santa Catarina, as declarações de Lula de que é preciso "extirpar" o DEM da política brasileira. "Aconselho o presidente Lula a não faltar com a verdade, a não inaugurar obras inacabadas e a não ingerir bebida alcoólica antes dos comícios", alfinetou o ex-parlamentar do DEM.

Preparados / Somente no Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional conta com 10 procuradores, todos com mestrado. Já no Superior Tribunal de Justiça (STJ), são outros 20. Mesmo assim, a União passa sufoco para enfrentar os grandes escritórios privados do país.

Redoma / Dilma Rousseff evita cada vez mais os contatos com a imprensa. Ontem, os jornalistas ficaram duas horas sob o sol, com 10% de umidade relativa do ar, aguardando a candidata do PT participar de uma solenidade voltada para a proteção à criança e aos adolescentes, que foi reservada.

Previsão / Antes de assumir a Casa Civil, Erenice Guerra já previa que teria dificuldades com a mídia. Ela chegou a se submeter a um intensivo treinamento de mídia com uma agência de comunicação de São Paulo. Deu muito trabalho.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Fora do baralho

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

O favoritismo de Dilma Rousseff (PT), que gera exacerbada expectativa de poder na base governista, instalou uma bolsa de apostas sobre o futuro da política econômica e a natureza política do novo governo. Ela gravita em torno do papel que o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci vier a ocupar no Executivo caso a petista vença as eleições. Sua presença no governo Dilma é vista como garantia de que haverá respeito aos contratos, ao livre mercado e à liberdade de imprensa. Isso significa que voltará ao Ministério da Fazenda? Longe disso.

No segundo governo Lula, a política econômica foi balizada pela queda de braço entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, mas o primeiro levou vantagem a partir da crise mundial. Artífice do programa Minha casa, minha vida, menina dos olhos da política anticíclica defendida por Dilma, Mantega é visto quase como "imexível" na Esplanada. O único nome que o ameaçou de fato foi o do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, hoje um ás de espadas fora do baralho de ministeriáveis.

Em contrapartida, Palocci é um coringa no jogo de poder. Interlocutor do grande empresariado junto à campanha de Dilma, o lobby para que ocupe o lugar da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, é poderoso. Colaboradora de Dilma, a ministra acaba de ser expelida do baralho como uma dama de paus. Caiu em desgraça por causa das denúncias contra o seu filho Israel, acusado de usar o prestígio e a proteção da mãe para intermediar negócios com o governo.

Agenda

Palocci é visto como a garantia de que Dilma não meteria os pés pelas mãos ao encaminhar sua agenda ao Congresso, que tende a reforçar o papel do Estado em setores estratégicos da economia. Assuntos em pauta: renovação das concessões do setor elétrico, o novo marco regulatório para o setor de mineração e de fertilizantes, reestruturação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), das agências reguladoras e implantação do chamado cadastro positivo.

Moeda

O governo estuda um plano de contingência para impedir que o real caia para R$ 1,70 frente ao dólar. Uma delas será o uso do Fundo Soberano para comprar a moeda norte-americana. Por ora, o Banco Central continuará a intervir para evitar que o real caia para abaixo do patamar estabelecido. A prova de fogo será durante o plano de capitalização da Petrobras, que começou ontem e tem previsão de atrair uma enxurrada de dólares a partir de quinta-feira.

Imposto

O governo estuda a restruturação dos mecanismos de cobrança do Imposto Territorial Rural (ITR) na proposta de reforma tributária. O total arrecadado de ITR em todo o território nacional é de apenas R$ 420 milhões. Para se ter uma comparação, o total arrecadado de IPTU apenas no município de São Paulo é R$ 4 bilhões

Pelo gongo

Salvos pelo gongo, candidatos impugnados pela Justiça Eleitoral nos estados com base na Lei da Ficha Limpa cujos recursos ainda não foram julgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE): Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Expedito Júnior (PSDB-RR), Jackson Lago (PDT-MA), Marcelo Miranda (PMDB-TO) e Paulo Rocha (PT-PA). Mas correm risco de cassação após o pleito

Já ganhou

Em 17 estados já há partidos comemorando antecipadamente a vitória no primeiro turno. O PMDB espera vencer no Maranhão (Roseana Sarney), em Mato Grosso (Sinval Barbosa), em Mato Grosso do Sul (André Puccinelli), na Paraíba (José Maranhão) e no Rio de Janeiro (Sérgio Cabral); o PSDB está forte no Pará (Simão Jatene), em Roraima (José Anchieta) e em São Paulo (Geraldo Alckmin); já o PT, no Acre (Tião Viana), naBahia (Jaques Wagner), no Distrito Federal (Agnelo Queiroz) e em Sergipe (Marcelo Déda); o PSB mira no Ceará (Cid Gomes), no Espírito Santo (Renato Casagrande) e em Pernambuco (Eduardo Campos); enquanto o PMN aposta no Amazonas (Omar Azis); e o DEM no Rio Grande do Norte, com Rosalba Ciarlini (foto). A conferir.

Micou

Contra a maré continuísta nas eleições, dois governadores tucanos candidatos à reeleição estão pagando o mico de perderem no primeiro turno. Em Alagoas, Teotônio Vilela Filho (foto) está sendo batido por Fernando Collor (PTB) e Ronaldo Lessa (PDT). No Rio Grande do Sul, Yeda Crusius perde para Tarso Genro (PT) e José Fogaça (PMDB), mas o petista pode levar já no primeiro turno.

Mamãe / A oposição anda estranhando a blindagem em torno da presidenciável Dilma Rousseff (PT) com relação aos bons e aos maus feitos do governo. "Dilma só aceita ser mãe dos filhos bonitos de governo, já dos filhos feios ela não quer nem ser madrasta", dispara o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

Recurso / Deve chegar hoje ao Supremo Tribunal Federal (STF) um recurso extraordinário contra a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que cassou o registro de candidatura do postulante ao Governo do Distrito Federal Joaquim Roriz. O recurso deve ser julgado pelo ministro Carlos Ayres Britto, que já negou uma liminar contra o candidato.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Nada de novo

O debate entre presidenciáveis de ontem, na Rede TV, não acrescentou nada de importante à campanha sucessória. Foi apenas a síntese do confronto da última semana entre o tucano José Serra e a petista Dilma Roussff, com Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) tirando casquinhas.
Serra bateu duro em Dilma por causa do suposto dossiê do PT contra o PSDB. Dilma rechaçou as acusações: nem pré-candidata era quando houve a violação de sigilos da filha de Serra na Receita Federal, argumentou
O tucano tentou ligar o escândalo envolvendo o filho da ministra da casa Cicil, Erenice Guerra, acusado de intermediação de negócios junto ao governo, à candidata petista. Dilma disse que o problema não era dela, mas de Israel e desua mãe Erenice.Ficou por aí. Chubo trocado, ninguém morreu.
Os demais assuntos, seja pela superfiaciliade das respostas, seja pela exiguidade de tempo, passaram batidos.

domingo, 12 de setembro de 2010

Tête-à-tête

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Hoje, na Rede TV!, José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), coadjuvados por Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSol), estarão frente a frente novamente. Desta vez, não será um debate como o da TV Bandeirantes, no qual os candidatos estavam de salto alto - com exceção de Plínio - e ainda se estudavam. Será um confronto de verdade, o primeiro de uma série que inclui os da CNBB, da Record e da Globo.

Serra acusa Dilma de "terceirizar" a própria campanha eleitoral, deixando a cargo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a responsabilidade de rebater as duras críticas que tem feito à candidata oficial. Dilma já subiu o tom contra Serra pelo menos oito vezes, mas a avisou que não pretende encampar a agenda do tucano. Veremos como a petista se sairá num confronto de verdade com o rival.

Em situações anteriores, como no bate-boca com o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), que a acusou de mentir quando era presa política, Dilma mostrou que cresce na adversidade, ao dizer que mentiu na tortura, durante o regime militar, para preservar a vida de seus companheiros. Quanto à participação de Marina e Plínio, o falecido Jamelão, grande sambista da Mangueira, diria que vão ao debate alegres como pintos no lixo. Eles não têm nada a perder com a radicalização PT versus PSDB.

Explodiu

Sem Marta Suplicy, José Dirceu e Antônio Palocci na chapa de candidatos a deputado federal, surpreendentemente o PT espera eleger de 20 a 21 deputados federais, dos 70 que comporão a bancada paulista na Câmara. A explicação para o fenômeno não é a votação de outros caciques da legenda, como o líder do governo, Cândido Vaccarezza, ou os ex-presidentes da Câmara Arlindo Chinaglia e João Paulo. É o humorista Tiririca que deve encabeçar a lista dos mais votados, com 1 milhão de votos, segundo as estimativas petistas. Sete deputados serão eleitos somente graças a ele - cinco do PT e dois do PR.

Subiu

Euforia no Partido Verde com o fato de Marina Silva, com 11% de intenções de voto, ter roubado um ponto do tucano José Serra, que caiu de 28% para 27% na última pesquisa DataFolha/TV Globo. Como Dilma, com 50% de intenções de votos, aparentemente parou de crescer, a campanha dos verdes sonha com a ultrapassagem de Serra e reforça o discurso de que Marina vai para o segundo turno nessa reta final.

Vermelho

Candidato à reeleição em Pernambuco, o senador Marco Maciel, do DEM, resolveu fazer campanha solo, desgarrando-se de Jarbas Vasconcelos (PMDB), candidato ao governo do estado, e do tucano José Serra. Catapultado pelo governador Eduardo Campos (PSB), que deve se eleger no primeiro turno, Armando Monteiro (PTB) ameaça a permanência do ex-vice-presidente da República no Senado. Para neutralizar as acusações de candidato da direita, Maciel chegou a exibir na tevê um depoimento do arquiteto comunista Oscar Niemeyer em seu apoio. O ex-ministro da Saúde Humberto Costa (PT) lidera a disputa pelas vagas do Senado.

Lá pode

Com 268 leitos, será inaugurado amanhã, em Salvador, pelo secretário de Saúde Jorge Solla, o primeiro hospital em parceria público-privada do país, com atendimento aos casos de urgência e emergência clínica, cirúrgica e traumato-ortopédica - neste último caso para adultos e crianças. O investimento, em torno de R$ 45 milhões, vai gerar 1,6 mil empregos e será administrado pelo consórcio Prodal Saúde S.A., vencedor da licitação.

Desvio

Há mais de 3 mil funcionários do Serpro trabalhando na Receita Federal, a maioria auxiliares e técnicos sem nível superior, com mais de 20 anos de empresa. Ganham muito menos do que os funcionários da Fazenda, embora muitas vezes executem, em desvio de função, tarefas de atribuição dos analistas e até dos auditores do Fisco. É aí que mora o perigo.

Gastança

Segundo o Orçamento da União, o gasto com o funcionalismo público federal mais que dobrou desde o início do governo Lula. Nos oito anos da administração petista, o aumento foi de 133%. O gasto com servidores, que era de R$ 79 bilhões em 2003, subirá, em 2011, para R$ 184,4 bilhões

Prisões / Com a prisão do governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), é a segunda vez que o chefe de um poder Executivo estadual vai para a cadeia em menos de um ano. Na outra ocasião, José Roberto Arruda (ex-DEM) foi preso durante a Operação Caixa de Pandora, em novembro do ano passado. O caso de Arruda já foi concluído pela PF e entregue para o Ministério Público Federal oferecer denúncia, mas, por enquanto, não há previsão para o caso ser denunciado à Justiça.

Odara / Artistas e produtores culturais de São Paulo terão um encontro com Marina Silva, amanhã à noite, no Studio SP Alê Youssef, Alex Atala, Anderson Camorra, André Fischer, Bel Coelho, Beto Ricardo, Bob Wolfenson, Carlos Rennó, Claudia Jaguaribe e Fernando Meirelles lideram a mobilização.

Dissidente / Antonio Neto, presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e membro da Executiva do PMDB em São Paulo, lidera dissidência entre os peemedebistas que apoiavam a candidatura de Orestes Quércia ao Senado. Ao invés de apoiar o tucano Aloysio Nunes Ferreira, pedirão votos para Marta Suplicy (PT) e Netinho (PCdoB).

sábado, 11 de setembro de 2010

Barra dos tribunais

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

O ex-governador Joaquim Roriz (PSC), que tenta voltar ao cargo, criou ontem o maior constrangimento para o Supremo Tribunal Federal (STF). Exibiu no horário eleitoral trechos de uma entrevista do ex-ministro do STF Eros Grau e a gravação do voto do ministro do STF Marco Aurélio Mello em seu julgamento pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas quais a impugnação de sua candidatura é contestada.

Grau sustenta que ninguém é "ficha suja" enquanto seu caso não transitar em julgado, ou seja, sem se esgotarem todos os recursos judiciais. Já Marco Aurélio, que foi voto vencido no TSE, diz que o ex-governador não pode ter a candidatura impugnada por ter renunciado ao mandato antes de a Lei da Ficha Limpa ter sido aprovada.

Roriz pôs o pé na porta do Supremo para forçar um julgamento considerado dos mais polêmicos da história. O tribunal estaria muito dividido. Os ministros Celso de Mello, Gilmar Mendes e José Antônio Dias Toffoli teriam o mesmo entendimento de Marco Aurélio. Votariam com o presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski, a favor da impugnação, os ministros Carlos Ayres Britto, Joaquim Barbosa e Cármem Lúcia. O voto da ministra Ellen Gracie ainda é uma incógnita, e o presidente do STF, Cezar Peluso, só vota em caso de empate. Esse é o impasse.

Saia justa

Quem está na maior saia justa não é a ministra Ellen Gracie (foto), é o presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, que comandou a impugnação de Roriz por 6 a 1. Uma reviravolta no caso Roriz, quando ainda há dezenas de recursos dependendo de julgamento, seria um Deus nos acuda na Justiça Eleitoral. Lewandowski prefere que o caso seja julgado no Supremo depois das eleições, porém, antes da diplomação, o que daria aos eleitores a chance de resolver o assunto pelo voto. O presidente do STF, ministro Cezar Peluso, prefere que o julgamento de Roriz ocorra antes das eleições, conforme revelou à repórter Izabelle Torres, que me substituiu na coluna interinamente no último 7 de setembro.

Ousadia

O candidato Levy Fidelix (PRTB) resolver investir no ABC paulista, reduto histórico do PT. Hoje lidera uma carreata pela região, com direito a comícios em Diadema, São Bernardo do Campo, Santo André e São Caetano do Sul. Sua principal proposta de governo é o trem de alta velocidade que ligaria São Paulo ao Rio de Janeiro.

Auditoria

O Tribunal de Contas da União (TCU) está de olho em obras realizadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em estradas brasileiras. O TCU vai fazer uma auditoria para verificar o motivo da quantidade excessiva de multas aplicadas pelo Ibama ao órgão, que chegaram a R$ 9 milhões no período de 2005 a 2009.

Viúva

O Banco do Brasil será o maior financiador da Hidrelétrica de Belo Monte. A participação deve chegar a quase 30% do projeto: R$ 5,5 bilhões

Distância

Ausente do debate da TV Gazeta, o prefeito de São Paulo, o democrata Gilberto Kassab anda cada vez mais distante do candidato tucano a presidente da República, José Serra. Os rumores de que pretende trocar o DEM pelo PMDB, como antecipamos na coluna, são cada vez mais fortes.

Marcado

Foi batido o martelo: o último comício de Dilma Rousseff (PT) será mesmo na Praça da Sé, em São Paulo, em 27 de setembro. Terá a presença do presidente Luiz Inácio lula da Silva, que não só aposta na vitória de Dilma em São Paulo como acredita que, se a campanha estadual for nacionalizada, o petista Aloizio Mercadante poderá levar a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes para o segundo turno.

Autocrítica

O líder do PSDB na Câmara, deputado João Almeida (BA), anda entusiasmado com uma possível recuperação do tucano José Serra nos 15 dias que antecedem o primeiro turno das eleições. Ele atribui o avanço de Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas eleitorais a uma estratégia equivocada do marqueteiro de Serra, Luiz González. Segundo Almeida, os ajustes foram feitos a tempo.

Mutirão / Todos os Tribunais Regionais Eleitorais do país realizarão neste fim de semana mutirões para emitir os documentos necessários para os eleitores votarem em 3 de outubro. Serão feitos em parceria com as Secretarias de Segurança Pública nos estados para que possam ser emitidas, além do título de eleitor, as carteiras de identidade. No Distrito Federal, a força tarefa será em 18 e 19 de setembro.

Não deu / Fracassou a ofensiva do presidente Lula em Minas Gerais. O tucano Antonio Anastasia continua em ascensão e Hélio Costa (PMDB), em queda. Lula, porém, pretende visitar o estado mais duas vezes, até o fim da campanha, para apoiar o aliado. Amanhã, aparecerá na TV pedindo votos para Hélio Costa, Patrus Ananias (vice) e Fernando Pimentel, candidato ao Senado.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A cara do Brasil

Por Luiz Carlos Azedo

Com Leonardo Santos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu uma entrevista ontem à prestigiosa revista The Economist e, depois, despachou com o chanceler Celso Amorim. Está de olho nas repercussões na opinião pública mundial de sua participação na campanha eleitoral no exterior, principalmente depois das denúncias da oposição contra o PT e sua candidata a presidente da República, Dilma Rousseff.

"Feio é perder", esse era o lema da antiga oligarquia perrepista. Não é bem assim. Ulysses Guimarães remendou a frase com um epíteto famoso: "Feio era perder para o MDB". Como a participação do presidente da República na própria sucessão costuma ser contida na maioria dos países da Europa e até nos Estados Unidos, o noticiário internacional sobre as eleições no Brasil, por incrível que pareça, começa a ganhar conotações negativas.

A imprensa mundial reproduz matérias e editoriais dos jornais brasileiros, passando a ideia de um vale-tudo nas eleições. É tudo o que o Itamaraty não gostaria que ocorresse numa eventual transição de governo. Seria como realizar um esforço de Sísifo, depois de dois presidentes que governaram o Brasil com muito prestígio internacional, anterior à própria ascensão ao cargo. Não é o caso de Dilma Rousseff, cuja popularidade por enquanto só bomba mesmo na Bulgária, país de seus ancestrais paternos.

Agastamento

A propósito das relações internacionais, o presidente Lula e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, continuam se estranhando. A decepção entre ambos é recíproca. Obama se queixa de críticas públicas do presidente brasileiro ao governo dos Estados Unidos. Lula não esconde seu descontentamento com o colega do Norte, a quem faltaria a "a audácia dos seus eleitores". Ao contrário da opinião pública mundial, Lula parece ter saudades do ex-presidente George W. Bush.

Cicuta

O ex-prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia (DEM), candidato ao Senado, destila veneno no seu ex-blog: "No time de Dilma, é Lula quem arma, ataca e defende. Pode-se argumentar que, nas atuais condições de jogo, ninguém faria melhor. Sem dúvida, mas sempre que ele aparece em todo o seu tamanho, ela, apesar do favoritismo eleitoral inconteste, fica pequena. Não por acaso, a candidata teve de vir ontem a público afirmar, na contramão dos gestos de seu criador, que é perfeitamente capaz de se defender sozinha".

Maldade

Líder nas pesquisas no Pará, o ex-governador Simão Jatene (PSDB) tripudia da governadora petista Ana Júlia Carepa, que está perdendo a reeleição. Em seu programa na televisão, Jatene faz uma comparação do que foi feito em sua gestão (2003-2006) e na da adversária (2007-2010). E dispara: "Se o Lula ajudou, ela trapalhou". Os dois governaram com o petista na Presidência da República.

Fama

O IBGE abalou a fama do Espírito Santo e de Santa Catarina entre os homens. Capixabas e catarinenses continuam lindas, mas os homens estão sobrando nos dois estados: em Santa Catarina, para cada 100 solteiras, existem 122 homens; no Espírito Santo, são 105 homens para cada 100 mulheres.

Emprego

Embora sejam maioria na população, as mulheres continuam com mais dificuldades de colocação no mercado de trabalho. Cerca de 17% são empregadas domésticas e 16,7% trabalham na área de educação, saúde e serviços sociais - de um total de 39,5 milhões de trabalhadoras

Ciúmes

Candidato a deputado federal pelo PDT, José Antônio Reguffe caminha paraser o campeão de votos nas eleições proporcionais do Distrito Federal, despertando ciúmes entre os concorrentes da coligação de Agnelo Queiroz (PT) por causa das dobradinhas com distritais do PT e do PPS que abandonaram Geraldo Magela (PT) e Augusto Carvalho (PPS), cabeças de chapa das duas legendas. A coligação deve eleger de três a quatro deputados, numa bancada de oito parlamentares federais.

Venceu / O senador Delcídio Amaral (PT-MS) comemorou ontem no Twitter o fato de o Ministério da Fazenda ter desistido de criar a Empresa Brasileira de Seguro, que enfrentava restrições na subscrição de risco das operações com grandes empreendimentos públicos de infraestrutura. O governo agora pretende criar a Agência Brasileira de Garantias, que ficaria responsável pela administração dos sete fundos garantidores existentes, com patrimônio líquido total de R$ 3,064 bilhões.

Teimoso / Internado na UTI do Hospital Sírio-Libanês, o senador Romeu Tuma (PTB-SP) resolveu manter a candidatura ao Senado. Afamília quer que ele desista. O presidente do PTB paulista, Campos Machado, reivindica o apoio do candidato tucano ao governo do estado, Geraldo Alckmin, ao petebista, que no plano nacional apoia o governo Lula.

Padrão / O Ministério da Justiça atualizou a Norma Técnica de Padronização das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams). Será lançada na próxima segunda-feira, em Brasília, em parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) da Presidência da República e com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). O objetivo é uniformizar estruturas e procedimentos de combate à violência contra a mulher.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Bastiões da oposição

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos 
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenciável petista, Dilma Rousseff, saíram ontem em socorro do candidato do PMDB a governador de Minas, Hélio Costa, ameaçado de perder a eleição para o governador tucano Antonio Anastasia, que concorre à reeleição. A presença de Lula na campanha do peemedebista é uma tentativa de evitar que o estado continue na esfera do PSDB, ainda mais com a eleição de dois senadores de oposição: o ex-governador tucano Aécio Neves e o ex-presidente Itamar Franco (PPS).

Com o mesmo objetivo, Lula desembarca hoje à noite em Ribeirão Preto (SP), com Dilma, para um comício do petista Aloizio Mercadante, que perde feio para Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa pelo governo. A vantagem do tucano continua robusta o suficiente para lhe garantir uma vitória no primeiro turno. A campanha governista está melhor, porém, na disputa pelo Senado, com Marta Suplicy (PT) na liderança e Netinho (PCdoB) favorecido pela desistência do ex-governador Orestes Quércia (PMDB) - que estava coligado com ostucanos em São Paulo.

As chances de Dilma vencer no primeiro turno continuam grandes, mas isso não significa que a oposição será varrida do mapa. Por enquanto, os adversários do presidente Lula têm possibilidades efetivas de vitória em 10 estados: Goiás, Pará, Paraná, Rio Grande do Norte, Piauí, Rondônia, Mato Grosso do Sul e Roraima, além de Minas e São Paulo.

Defesa

Os petistas ficaram animados com a intervenção do presidente Lula no programa eleitoral da candidata do partido ao Planalto, Dilma Rousseff. De acordo com integrantes da campanha, essa participação era uma questão de honra para a candidata, para o partido e para o próprio presidente. A oposição, porém, critica duramente a ostensiva presença de Lula como presidente da República na campanha. "Ele abandonou a liturgia do cargo e virou um cabo eleitoral", dispara o presidente do PPS, Roberto Freire.

Bateu, levou

Levantamento feito por integrantes da campanha de Dilma Rousseff aponta que a candidata subiu o tom contra o adversário José Serra (PSDB) oito vezes. Em pelo menos quatro ocasiões, Dilma acusou o tucano de fazer "jogo sujo", de praticar "calúnia", estar "desesperado" e "tentar enganar o eleitor".

Cacife

A Justiça Eleitoral autorizou o senador Marcelo Crivella (PRB) a exibir, na TV, o depoimento do presidente Lula pedindo votos para ele. A decisão complica a vida do peemedebista Jorge Picciani, candidato preferencial do governador do Rio, Sérgio Cabral, ao Senado. Eles disputam as duas vagas do Senado com os ex-prefeitos Cesar Maia (DEM) e Lindberg Faria (PT), do Rio de Janeiro e Nova Iguaçu, respectivamente, as duas cidades mais populosas do estado.



Mudança A Advocacia-Geral da União (AGU) está preparando a mudança da sede da Imprensa Oficial, onde está instalada sem ônus para a União. Alugou um imóvel sem estacionamento para os contribuintes no Setor de Autarquias Sul. O novo endereço custará por mês R$ 900 mil

Mão de obra

Falta mão de obra especializa no país. A importação de pessoal qualificado tende a aumentar. Nos últimos cinco anos, mais de 180 mil trabalhadores estrangeiros foram atraídos pelo Brasil, 90% deles com formação técnica, curso médio ou superior.

Capitalização

A Petrobras e um pool de sete bancos iniciaram uma campanha junto aos investidores globais a fim de "vender" a capitalização da companhia, propagandeada como a maior da história do capitalismo: R$ 128 bilhões. O mercado está nervoso. Ontem, na Bovespa, as ações preferenciais caíram 4,33 pontos e as ordinárias, 4,44 pontos.

Diamantes / O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e a Polícia Federal vão implantar um banco de dados para identificar a origem dos diamantes brutos produzidos no Brasil e coibir o comércio ilegal. A cerimônia de assinatura do acordo será hoje, no Departamento de Polícia Federal, no Setor de Autarquias Sul, com a presença do diretor-geral do DNPM, Miguel Antônio Cedraz Nery, e do diretor da PF, Luiz Fernando Corrêa.

Julgamento / O Supremo Tribunal Federal (STF) julga hoje o recurso de acusados de participarem da realização de empréstimos irregulares no esquema do mensalão do PT para não serem julgados pelo Supremo. Alegam que apenas José Genoino deve responder perante o STF por ser o único detentor de foro privilegiado - é deputado federal. O ministro Joaquim Barbosa negou-lhes o pedido para desmembrar o processo.

Monólogo / Dilma Rousseff está cada vez mais arredia com a imprensa. Ontem, ao chegar para uma entrevista coletiva, impôs o tema a ser abordado: a divulgação do relatório do Pnad. Ao ser questionada sobre outros assuntos, a candidata desconversou e encerrou a entrevista.