Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
Contra todas as expectativas da oposição, que aposta na queda de Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas em razão do escândalo que derrubou Erenice Guerra da Casa Civil, a cúpula petista acredita na possibilidade de alavancar a candidatura de Aloizio Mercadante (PT) ao Palácio dos Bandeirantes e levar a disputa pelo governo paulista para o segundo turno.
O PT tem uma caveira de burro enterrada no interior paulista. Desde 1982, quando o próprio presidente Lula foi candidato, nunca ganhou uma eleição para governador. Venceu o pleito na capital de São Paulo por duas vezes, com Luiza Erundina e Marta Suplicy, e tem redutos importantes no interior paulista: Araçatuba, Cubatão, Diadema, Guarulhos, Osasco, São Bernardo do Campo e São Carlos, entre outras prefeituras que controla. Mas nunca chegou nem perto do Palácio dos Bandeirantes.
Na disputa para a Presidência da República, Dilma está derrotando o tucano José Serra em São Paulo. A vantagem estratégica animou o presidente Lula, que resolver dar prioridade à campanha paulista com o propósito não só de consolidar a vitória de Dilma no primeiro turno, mas também impedir a eleição do tucano Geraldo Alckmin na instância inicial. Se isso ocorrer, a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes será mais dramática do que a própria sucessão presidencial.
Firmes
O ex-governador tucano Geraldo Alckmin agarrou a candidatura de José Serra a presidente da República com as duas mãos. O empenho em sustentar a candidatura do aliado - do qual está descolado nas pesquisas de opinião - é tamanho que alguns temem até que Serra puxe Alckmin para baixo, numa espécie de abraço de afogado. Domingo, na favela de Paraisópolis, os dois tucanos desfilaram de braços dados. Destaca-se a presença no evento do prefeito Gilberto Kassab (DEM), que não move uma pedra por Alckmin, a quem derrotou na disputa pela Prefeitura de São Paulo.
Nem mexe
Analistas de pesquisas avaliam que a crise que abateu Erenice Guerra não abalou Dilma Rousseff nas pesquisas de opinião. Haveria um desgaste das denúncias contra ela junto aos eleitores porque a petista já consolidou seu favoritismo e surfa no prestígio do presidente Lula. A prova dos nove dessa tese será a rodada de pesquisas da semana. Amanhã, será divulgada a Vox Populi/TV Bandeirantes sobre a sucessão presidencial; na quinta-feira, nova pesquisa Datafolha - TV Globo; e na sexta, sondagem do Ibope encomendada para a TV Globo e o Estado de S. Paulo.
Sobrevivente
O senador Marco Maciel (DEM-PE) é mais um cacique da oposição ameaçado de derrota eleitoral. Líder absoluto nas pesquisas de opinião, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSDB),que tenta a reeleição, agora se dedica à campanha dos dois senadores de sua chapa, Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro (PTB). Seu adversário, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), está sendo derrotado para o governo do estado, mas tem mais quatro anos de mandato no Senado, ao contrário do deputado Raul Jungmann (PPS) e de Maciel, candidatos a senador da oposição.
Cotadíssimo
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, suspendeu a licença ontem para um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Cotado para o lugar de Erenice Guerra, deve permanecer no cargo atual até o fim do governo. Está cotadíssimo para ser o novo ministro da Casa Civil, mas no futuro governo Dilma Rousseff.
Pré-pago
Com uma população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 192 milhões, o número de brasileiros assinantes da telefonia celular chegou a 189 milhões de usuários em agosto, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A maioria dos usuários de celular tem assinatura pré-paga: 82,20%
Festa / O governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), candidato à reeleição, e o ex-governador e candidato ao Senado Waldez Góes (PDT), retornaram a Macapá depois de oito dias na cadeia em razão da Operação Mãos Limpas. Viajaram para Belém em avião da carreira e depois pegaram um jatinho. Foram recebidos por correligionários no aeroporto local e seguiram em carreata para o palácio de governo.
Ataque / A oposição na Câmara dos Deputados reagiu às declarações de Lula no último sábado, quando o presidente disse que "nós somos a opinião pública", subindo ainda mais o tom das críticas à imprensa. Segundo o líder do PSDB, João Almeida (BA), esse tipo de declaração em ano eleitoral mostra o presidente Lula cada vez mais como "discípulo e liderado de Hugo Chávez".
Julgamento / O senador Pedro Simon (PMDB-RS) suspendeu sua participação na campanha de José Fogaça (PMDB) no Rio Grande do Sul para fazer um discurso hoje, no Senado, contra os chamados candidatos ficha suja. É que o Supremo Tribunal Federal (STF), a propósito da impugnação da candidatura a governador de Joaquim Roriz (PSC-DF), deve julgar amanhã se a aplicação da Lei da Ficha Limpa nesta eleição é constitucional ou não.
Censura / O deputado Domingos Dutra, candidato à reeleição pelo PT do Maranhão, entrou com uma representação contra a direção do seu partido porque seu programa de televisão no horário eleitoral da legenda foi censurado. Rebelde, Dutra apoia o candidato do PCdoB a governador do Maranhão, Flávio Dino, e não a reeleição da peemedebista Roseana Sarney, que tem o apoio do presidente Lula, de Dilma Rousseff e do PT.
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