domingo, 21 de novembro de 2010

Bye bye, Meirelles

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Desde antes do primeiro turno das eleições presidenciais, Dilma Rousseff não troca uma palavra com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, com quem deve se encontrar na próxima quarta-feira. Meirelles não deve permanecer na pasta, mas pode ser convidado para algum ministério em razão dos serviços prestados ao presidente Lula. O problema é que ele aparentemente tomou a iniciativa de se desconvidar ao impor condições para permanecer no Banco Central quando já sabia que essa hipótese está descartada.

O nome de preferência do ministro da Fazenda, Guido Mantega, é o do diretor de Normas e Organização do Sistema Financeiro do Banco Central, Alexandre Antônio Tombini, considerado prata da casa. Nunca foi um desenvolvimentista, foi levado para a equipe econômica do governo pelo ex-secretário do Tesouro Murilo Portugal, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso.

Na manhã de sexta-feira, seu nome era dado como certo: à tarde, estava na frigideira do mercado financeiro, que tem outra preferência. O nome em alta é o do economista-chefe do Bradesco, professor Otávio de Barros, que contaria com o apoio do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e do banqueiro Lázaro Brandão. A crescente parceria entre o Banco do Brasil e o Bradesco, que inclusive tem gerado especulações no mercado sobre a possibilidade de fusão dos dois bancos, reforça o lobby a favor de Otávio de Barros.

Arribação

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tenta convencer dois de seus principais assessores a continuar prestando serviços ao governo: o secretário do Tesouro, Arno Hugo Augustin Filho, e o secretário de Política Econômica, Nelson Gonçalves. O primeiro já estava mesmo arrumando as gavetas. O segundo era cotado para o Ministério do Planejamento.

Jaula

Por enquanto, é apenas uma gaiola, mas depois da posse, a presidente eleita, Dilma Rousseff, vai virar prisioneira de uma ´jaula de cristal`. A expressão foi utilizada pelo economista chileno Carlos Matus - ex-ministro do governo de Salvador Allende, que foi deposto por golpe militar - para designar a situação de líder isolado, prisioneiro da corte, sem vida privada, mas sempre na vitrine da opinião pública. Dilma fez gracinha com a história dos três porquinhos para agradar a plateia de uma reunião do PT. Esqueceu-se de que, para a opinião pública, definia o perfil do seu estado-maior: o presidente do PT, Eduardo Dutra; o ex-ministro da Fazenda AntonioPalocci; e o deputado José Eduardo Cardozo.

Efeito Orloff

O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci correu da raia. Disse ao presidente Lula e à presidente eleita, Dilma Rousseff, que não aceita a árdua e nobre tarefa de ser ministro da Saúde de jeito nenhum. Teme repetir o desempenho do atual titular da pasta, José Gomes Temporão. Encerra a gestão com a crise hospitalar pior do que quando entrou.

Missão

A Marinha se prepara para a criação e o envio de uma Força de Paz para o Líbano a partir de abril de 2011, com efetivos do Corpo de Fuzileiros Navais . A decisão ainda não foi oficializada, mas os treinamentos para o desembarque no Oriente Médio já foram iniciados. Recentemente, em Formosa (GO), foram realizadas manobras com 2.200 fuzileiros navais, 165 veículos blindados, tanques, caminhões e viaturas leves, além de artilharia e defesa antiárea. O maior desafio foi logístico: deslocar do litoral fluminense para o cerrado goiano tantos homens e equipamentos.

Apreensão

Os procuradores da República no Pará foram pegos de surpresa com a retirada da pauta de mais uma ação que pedia a suspensão da construção da usina de Belo Monte. O julgamento estava previsto para acontecer amanhã na 5ª Turma do Tribunal Regional da 1ª Região. Os procuradores questionavam o projeto porque desrespeitava o artigo 231 da Constituição Federal, que diz que em construções em terras indígenas, é obrigada a realização de audiência pública na Câmara dos Deputados.

sábado, 20 de novembro de 2010

Três porquinhos

Por Luiz Carlos Carlos
Com Leonardo Santos


Um velho amigo, excelente diagramador de jornal, quando pôs os pés numa redação, foi vítima do preconceito racial: ´Frango de macumba`, apelido dado por ser negro retinto. Na época, isso não dava cadeia. Os mais próximos o chamavam simplesmente de ´Frango`, uma forma de abrandar a alcunha. Um dia, o jornalista resolveu reverter a situação. ´Xará, por favor, não me chame de Frango. Meu nome agora é Chester`, disparou. E passou a distribuir um cartão de visitas com o novo nome de guerra, pelo qual hoje é apresentador a todos. Um verdadeiro case de mudança de marca.

É mais ou menos o que resta a fazer aos três principais coordenadores da transição de governo, o presidente do PT, José Eduardo Dutra; o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci; e o deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP), chamados de ´os três porquinhos` por suposta maldade de um dos caciques do PMDB, segundo a jornalista que pôs o apelido no ventilador. E que assim passaram a ser tratados, ´carinhosamente`, pela presidente eleita, Dilma Rousseff.

Ontem, na reunião do PT, Dilma oficializou o apelido, para delírio da cúpula petista. Os dirigentes do partido também se queixam da excessiva centralização das negociações políticas nas mãos desses três caciques. Foi um duplo recado: primeiro, de que os três líderes partidários estão mesmo por cima da carne seca; segundo, de que não aceita a tutela de nenhum deles. O problema agora será encontrar um jeito de mudar a marca da troyka. É muito chato ser chamado de porquinho. Que tal chamá-los de ´Three Little Pigs`?

Quem são?

José Eduardo Dutra, o operoso presidente do PT, foi o primeiro a levar o apelido na esportiva. Tratou de escolher o melhor dos três personagens da história eternizada por um desenho animado da Disney em 1933. Considera-se o Prático (Homero, no original), que, para se proteger do Lobo Mau, construiu uma casa de tijolos e cimento. Pura malandragem. Cícero, o mais preguiçoso, construiu uma cabana de palha; e Heitor, uma casa de madeira. Como a sua casa demorou mais tempo para ser construída, Prático muitas vezes via os irmãos divertindo-se enquanto se matava de trabalhar. A construção foi a única que resistiu ao bafo do lobo. Por causa da história, Palocci e Cardozo também disputam o melhor dos personagens.

Missão

Do ponto de vista da montagem do governo, dificilmente Dutra terá um lugar em algum ministério. Sua missão é a mesma que teve o deputado José Genoino no primeiro governo Lula: tomar conta do PT. O ex-guerrilheiro do Araguaia, apesar de uma vida reconhecidamente austera, foi tragado pelacrise do mensalão e, na última eleição, não conseguiu se reeleger, apesar da brilhante carreira parlamentar. A missão de Dutra é evitar que a história se repita.

Fora

De tanto falar que não pretende ficar no governo, o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, acabou mesmo de fora das especulações sobre a formação dos novos ministérios. Apesar do lobby contra ele, continua sendo um dos ministros de mais prestígio junto a Dilma. Franklin queimou os navios ao propor um novo marco regulatório da comunicação. Pretende entregar o projeto e pegar o boné quando o presidente Lula transmitir o cargo.

Líder

Os senadores eleitos Jorge Viana (AC), Humberto Costa (PE) e Wellington Dias (PI) disputam a liderança da bancada do PT no Senado. O cearense José Pimentel (foto), que seria a quarta opção, prefere a Primeira Secretaria, um cargo tradicionalmente destinado a um político do Nordeste. Marta Suplicy (PT), cotada para o novo ministério, reivindica a presidência da poderosa Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

Preferência

Tradicionalmente, a maior bancada do Senado indica o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), porém, está na dúvida se a legenda deve ocupar essa posição. Alguns senadores da bancada preferem a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) por causa das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Não será surpresa se oferecer a CCJ aos petistas.

Nomes de Lula

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Onde estará a continuidade no governo de Dilma Rousseff? Em primeiro lugar, nas indicações do presidente Lula para o ministério; em segundo, nos ministros que a presidente eleita mantiver no governo, mesmo trocando de cargo. Simples assim. Parece, mas não é. Por exemplo, Lula está muito satisfeito com a manutenção de Guido Mantega no Ministério da Fazenda, confirmada ontem, mas não convenceu Dilma de que Henrique Meirelles deve permanecer à frente do Banco Central. Ela procura alguém do mercado financeiro com cabeça política para o cargo. Isso daria cara nova à equipe econômica.

Mudança semelhante está para acontecer no Palácio do Planalto. Homem forte da campanha de Dilma, o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci é o interlocutor da transição no mundo dos negócios. Em todas as reuniões importantes, como a conversa com Lula sobre a formação do governo, o petista é companhia obrigatória da presidente eleita. Isso significa que Palocci irá para a Casa Civil? Não necessariamente.

Dilma pretende dar à pasta um caráter técnico e não político. O cargo está mais para o atual ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Palocci será ministro forte pela própria natureza. Qualquer cargo no Palácio do Planalto mudará de status com a sua presença. Fala-se agora na Secretaria-Geral da Presidência da República, que teria atribuições de articulação política. O ex-ministro da Fazenda virou o curinga das especulações.

Dentro

O senador Aloizio Mercadante anda rindo à toa. O petista paulista dá como certa a sua ida para o governo numa função importante. É um dos nomes do presidente Lula para o novo governo. Desistiu de uma reeleição tranquila, que lhe garantiria mais oito anos de mandado. É cotado para os ministérios do Planejamento ou das Cidades. Se não for aproveitado no governo, será a primeira vítima de ingratidão política da presidente eleita.

Mulheres

Onze mulheres serão escaladas para o ministério, segundo intenção anunciada da presidente eleita. Dilma não tem muitas opções para ocupar o posto de modo a preencher a cota feminina e contemplar partidos da base. Uma delas é a senadora Marta Suplicy que resolveria os problemas do PT de São Paulo. Fala-se na possibilidade de Marta ser indicada para o Ministério das Cidades. Seu concorrente é o tesoureiro da campanha de Dilma, o deputado federal José De Filippi, ex-prefeito de Diadema(SP).

Paradigma

Dilma Rousseff pretende estabelecer os termos de sua relação com o PT como presidente da República na reunião de hoje do diretório nacional. É grata ao apoio entusiasmado da legenda e conta com o partido como principal força de sustentação do governo. Fará um apelo para que a legenda não crie problemas com o PMDB na Câmara, o que só atrapalha a formação do governo.

Máquina

A bancada do PT no Senado decidiu apoiar a reeleição do senador José Sarney (PMDB-AP) à Presidência da Casa. Está satisfeita com a ocupação da primeira-secretaria da Mesa, o segundo cargo mais poderoso, que caberá à segunda maior bancada. O ex-ministro da Previdência José Pimentel, eleito senador pelo Ceará, é mais interessado no posto.

Lá e cá

O líder do DEM na Câmara, deputado Paulo Bornhausen, ironizou a crise criada com o anúncio do bloco formado pelo PMDB e outros quatro partidos para disputar a Presidência da Casa e que não chegou a se consolidar. Para o deputado, ´essa é uma mania de grandeza de quem faz parte do governo Lula: querem ocupar o governo e o espaço da oposição`.

Hino

O governopode ressuscitar a antiga disciplina moral e cívica, que era obrigatória nas escolas públicas do país durante o regime militar. Porém a matéria teria outro nome: ética e cidadania, cujo objetivo seria ensinar valores aos alunos do ensino fundamental. A ideia é da Controladoria-Geral da União (CGU).

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Troca de guarda

Por Luiz Carlos Azedo
Com LeonardoSantos


A maior dificuldade enfrentada pela presidente eleita, Dilma Rousseff, na atual transição de governo é a sua continuidade. Motivo: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o grande patrono da vitória da petista, mas não venceu sozinho. Todo o governo e os partidos da base se empenharam na eleição. Como garantir uma cara nova sem a ruptura com os partidos da base? Ora, defenestrando os atuais ministros sem abalar as alianças com os partidos que eles representam. Esse é o pepino.

É uma situação inédita, pois em todas as sucessões anteriores houve uma ruptura. Um determinado grupo político assumia o lugar do outro e ponto. Com a ressalva dos raros anfíbios que transitaram de um governo para outro. É o caso, por exemplo, do atual ministro da Defesa, Nelson Jobim, que foi ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso.

A sensação de ganhar e não levar é generalizada na Esplanada dos Ministérios. Quais as consequências disso? Primeiro, alguns ministros mobilizam grupos de pressão para continuar no cargo, como Juca Ferreira, na Cultura, e Fernando Haddad, na Educação, que o fazem ostensivamente. Segundo, os partidos lutam para manter as posições que já ocupam mesmo trocando o ministro, o que acontece principalmente com o PMDB. Terceiro, digladiam-se internamente para promover a troca de guarda, característica sobretudo do PT, que abriga tendências organizadas.

Agenda

Dilma Rousseff opera uma agenda negativa na transição: a PEC 300, que representa um aumento de despesas de R$ 43 bilhões para os estados; o reajuste do Judiciário, que representa mais R$ 7 bilhões; e a legalização da jogatina dos bingos. Em circunstâncias normais, o governo contaria com os votos da oposição para barrar os setores da própria base que defendem essas propostas. Desta vez, porém, os oposicionistas vão assistir à batalha do alto da colina.

Chantagem

Para parlamentares da base, pegou mal a atuação dos peemedebistas na formação de um blocão entre PMDB, PP, PR, PTB e PSC com o propósito de disputar a Presidência da Câmara. A tese é de que, a partir do momento que o PMDB passa a ocupar a vice-presidência da República, o partido deixa de ser da base aliada para se tornar governo. Ao formar um blocão para disputar a Presidência da Câmara e forçar a negociação de cargos no Executivo, o PMDB estaria chantageando o PT e a si próprio.

Rebeldia

Também avaliam que a formação do blocão na Câmarapara disputar a Presidência da Casa expõe o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP). Queixam-se de que o deputado perdeu o controle da base quando passou a articular o próprio nome como o candidato do PT ao posto para o próximo ano.

Manhosos

A bancada do PTB rediscutirá a participação no blocão formado na Câmara dos Deputados com o PMDB, o PTB, o PP, o PR e o PSC para disputar a Presidência da Casa. Alguns deputados alegam que o bloco foi formado sem ampla discussão na bancada.

Forte

Cada vez mais próximo da presente eleita, o deputado petista José Eduardo Cardozo já é tratado como futuro ministro da Justiça nos meios jurídicos, principalmente de Brasília e São Paulo. Cresce a cotação do delegado federal Roberto Troncon Filho para a diretoria-geral da Polícia Federal, no lugar de Luiz Fernando Corrêa.

Novato

O ex-jogador de futebol e hoje deputado federal eleito Danrlei de Deus (PTB-RS), já desfila como parlamentar pelo Congresso. Ele tem comparecido a reuniões na Casa e anda fazendo alguns contatos para atuar como liderança política no esporte visando a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, que acontecem no Brasil.

Luz cara

O Impostômetro do Setor Elétrico, desenvolvido pelo Instituto Acende Brasil em parceria com a Pricewaterhouse Coopers, mostra o quanto os consumidores brasileiros pagam de impostos em suas contas de luz desde 1º de janeiro até hoje. São R$ 5,3 milhões por hora

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O bumerangue

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

A proposta de formação de uma Frente Ampla no Congresso, nos moldes de sua congênere do Uruguai, virou um bumerangue contra o PT. A ideia partiu de ninguém menos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda no primeiro turno das eleições, como uma maneira de garantir uma base parlamentar mais orgânica e com capilaridade no país. Porém, nasceu já vítima de um mal congênito: a exclusão do PMDB.


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Com o segundo turno, a tese deixou de ser motivo de conversas entre os aliados e ficou perdida no espaço. Mesmo assim, assustou o PMDB, que viu na proposta a intenção de o PT buscar apoio nos partidos da esquerda governista para impor sua hegemonia no Congresso. O pior é que o PSB também ficou desconfiado. Não descartou formalmente a proposta, mas se movimentou para manter a autonomia do “bloquinho” com o PDT e o PCdoB. Além disso, com seis governadores eleitos, passou a exigir mais participação no governo.

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E o bumerangue? Foi a reação contrária dos “patinhos feios” da base governista: PR, PP, PTB e PSC, que fecharam um compromisso com o PMDB na Câmara para a formação de um blocão partidário de 202 deputados. O artífice desse frentão, o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), desconversa quanto às suas reais intenções. Está na cara que é garantir a Presidência da Câmara e os nacos de poder na Esplanada que esses partidos já controlam.

Bom cabrito


Do líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), ao comentar a formação de um superbloco com 202 deputados para disputar a Presidência da Câmara: “O nosso bloco hoje é aliado do PT e não dará nenhum passo antes de ouvir a presidente eleita, Dilma Rousseff”. O líder do PT, deputado Cândido Vacarezza (SP), minimiza a articulação. Não vê a iniciativa como um sinal de hostilidade ou ameaça de o PMDB deixar a base.

Governança

Dono do melhor desempenho nas eleições regionais, nas quais duplicou o número de governadores, o PSB fará um encontro para troca de experiência entre os governadores eleitos no início de dezembro. Pretende criar uma marca de gestão socialista no Amapá, no Ceará, em Espírito Santo, em Pernambuco, no Piauí e na Paraíba. Será organizado pela Fundação João Mangabeira.

Carona

O deputado Sílvio Costa (PTB-PE) intensificou o lobby em favor dos bingos no Brasil. Ele disse ter encontrado a solução do problema de falta de verbas para a saúde: aprovar um projeto de lei que regulamenta o jogo e destinar todos os impostos provenientes da prática para a Saúde. De acordo com o parlamentar, os recursos anuais seriam da ordem de R$ 10 bilhões.

Forças ocultas

Ninguém sabe de onde vem a força do ministro das Cidades, Márcio Fortes (foto), que luta para permanecer no cargo e enfrenta a maior oposição na bancada federal do PP. Seu próprio partido articula a indicação do deputado Mário Negromonte (BA) para a pasta. O presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ), é o principal interlocutor de Fortes na legenda e não aceita a indicação, pelo PMDB, do ex-governador Moreira Franco para o posto, como foi ventilado, mas não decide tudo sozinho. A força do ministro vem é da Casa Civil, que controla os investimentos e a liberação das verbas da pasta.

Agenda

A senadora oposicionista Lúcia Vânia (PSDB-GO) aproveitou a ida do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ao Congresso para cobrar um horário na agenda do ministro. Questionou o fato de sempre ser encaminhada para assessores quando solicita audiência com Bernardo. No fim da tarde, o ministro, enfim, ligou para a senadora.

Tabagismo

O “Relógio da Morte”, em Montevidéu, no Uruguai, registra as mortes ocorridas por causa do consumo do tabaco desde 25 de outubro de 1999, quando as negociações para a Convenção Quadro para o Controle do Tabaco começaram. Segundo o relógio, em todo o mundo morreram mais de 50 milhões de pessoas.

Trabalhadores

Na próxima quinta-feira, o presidente Lula inaugura em Brasília o Centro de Referência do Trabalhador. O local levará o nome do ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, político que fez história pelo antigo PTB e fundou o PDT, ao perder o controle da legenda para Ivete Vargas, em 1989. O centro foi criado pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, discípulo do político gaúcho, e funcionará como um espaço sobre a história do trabalho e dos trabalhadores do Brasil. Terá museu, biblioteca, acesso à internet e espaços para exposições temporárias.

Agenda// O novo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, toma posse hoje, em lugar do deputado Armando Monteiro Filho (PTB-PE). Ele pretende anunciar a agenda da indústria para os próximos quatro anos.

Placa/ Procuradores de Justiça do Mercosul discutirão amanhã, em Brasília, a adoção de uma placa única para todos os veículos na região. A principal vantagem seria dificultar o roubo e contrabando de automóveis e cargas nos países que compõem o Mercosul. Outra iniciativa que também será estudada durante o encontro é o emplacamento eletrônico. Atualmente só Brasil, Chile e Colômbia usam o recurso.

Jurisprudência/ O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, participam da abertura do seminário Repercussão geral em evolução, a partir das 9h de hoje, no ministério. O instituto jurídico filtra os recursos extraordinários a serem examinados pela Suprema Corte.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Quem é o chefe?

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos



O balanço da campanha eleitoral de José Serra tem uma unanimidade: foi muito paulista, decidida monocraticamente por um marqueteiro que é craque na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, Luiz Gonzáles, mas não conseguiu reverter o sentimento antipaulista do Norte, do Nordeste e de Minas.

De onde vem esse sentimento? De longe, muito longe. Das crueldades de Domingo Jorge Velho, das ideias centralizadoras do santista José Bonifácio na Independência, da repressão à oposição no período regencial, da Campanha Civilista, da Revolução de 1930 e por aí vai. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que é carioca e conhece de trás pra frente os grandes intérpretes do Brasil " Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Oliveira Vianna, Sérgio Buarque de Holanda, Joaquim Nabuco ", soube lidar com o problema até certo ponto de seu governo. Pernambucano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva explora esses sentimentos desde as caravanas da cidadania.

Influenciada por Caio Prado Júnior, falta à elite tucana uma dimensão menos economicista e mais humana do país. E o reconhecimento de que a política nacional entrou em novo ciclo. Também falta alguém que a desafie no PSDB. Como o fez o jagunços Riobaldo, de faca em punho, naquela passagem de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, na qual encara os demais jagunço e assume a liderança do bando com uma interpelação: "Quem é o chefe?". Hoje, o grande problema do PSDB é não ter um candidato a presidente da República em 2014 desde já reconhecido pelos demais.

Deu corda

Presidente de honra do DEM, o ex-senador Jorge Bornhausen deu corda a Gilberto Kassab nas conversas com o vice-presidente da República eleito Michel Temer porque estava no exterior e queria ver no que os entendimentos iriam dar. Na volta ao Brasil, alinhou-se aos demais caciques da legenda e sepultou a possibilidade de fusão entre os dois partidos. Agora, trabalha para Kassab permanecer no DEM.

Infidelidade

Segundo levantamento feito pela Arko Análise Política, a média de apoio ao governo na Câmara foi de apenas 45,41% após as eleições. Embora um pouco acima da média do ano, ficou abaixo do registrado em 2008 e 2009. Por isso, o governo pode adiar a votação do Orçamento da União de 2011, pré-sal e recriação da CPMF para o próximo ano, quando a base governista será renovada. Na Câmara, serão 371 deputados (contra 350 hoje) e no Senado, 60 (atualmente são 50).

Matroca

A base governista na Câmara está desgovernada. A única chance de acertar o passo é o PMDB e o PT entrarem logo num acordo para composição da Mesa, o que significa definir quem será o novo presidente da Casa. No PMDB, o líder da bancada Henrique Eduardo Alves (RN) continua reivindicando precedência no rodízio entre os dois partidos, quando nada porque é o parlamentar mais antigo. O maior problema, porém, é a disputa interna do PT, que impede a realização do acordo como uma operação casada com a montagem do ministério.

Imexíveis

Profissional da arte de ocupar espaços no poder, a cúpula do PMDB resolveu retirar seus ministeriáveis do tiroteio pela ocupação da Esplanada dos Ministérios. A posição levada à presidente eleita Dilma Rousseff (PMDB) pelo vice-presidente Michel Temer é de que a legenda quer permanecer onde já está: Agricultura, Comunicação, Defesa, Integração Nacional, Minas e Energia, e Saúde. O único nome citado por Temer foi o do senador maranhense Edison Lobão para Minas e Energia, tudo o que Dilma gostaria de ouvir.

Flores

Não passaram de flores pós-eleitorais as articulações para fusão do DEM com o PMDB, liderada pelo prefeito democrata de São Paulo, Gilberto Kassab, e para incorporação do PPS ao PSDB, articulada pelo senador eleito Aloysio Nunes Ferreira (PSDB). Faltou combinar com os aliados. Os dois estão sempre tentando a construção de um novo projeto em São Paulo. De todas as ambições, a mais factível é o apoio de Kassab à candidatura de Nunes Ferreira a prefeito da capital.

Troca-troca/ Ninguém banca a permanência de José Gomes Temporão no Ministério da Saúde, apesar dos relevantes serviços prestados à eleição de Dilma Rousseff. A cúpula do PMDB não quer brigar por ele, a bancada quer pôr em ser lugar um dos seus e o governador fluminense Sérgio Cabral (PMDB) já indicou seu secretário de Saúde, Sérgio Cortes, para o posto.

Calote/ O Supremo Tribunal Federal (STF) julgará amanhã a Ação Direta de Constitucionalidade (ADC nº 16/DF) que trata da responsabilidade subsidiária da União nos casos de descumprimento das obrigações trabalhistas de empresas terceirizadas. De acordo com o Tribunal Superior do Trabalho (TST), a União deve arcar com os prejuízos dos calotes. O governo quer cair fora desse passivo.

Salários

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, será sabatinado hoje em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento. Na pauta, o novo aumento do salário mínimo e outros reajustes salariais do funcionalismo que arrombam o caixa do Tesouro. O governo bateu o martelo num salário mínimo de R$ 550,00

Parada

A pauta da Câmara tem 14 medidas provisórias. A primeira a ser votada hoje é a MP 495/10, que cria regras para estimular o desenvolvimento científico e tecnológico do país e estabelece preferência por produtos e serviços brasileiros com preço até 25% maior que os estrangeiros.

domingo, 14 de novembro de 2010

Bancada biônica

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Há uma disputa no Congresso por vagas no Parlamento do Mercosul. Até 2013, cada país membro terá direito a indicar 18 representantes para um mandato-tampão. Por enquanto, somente o Paraguai elegeu seus representantes. Os da Argentina, do Brasil e do Uruguai serão indicados por seus respectivos Congressos. Só depois elegerão parlamentares pelo voto direto, como os paraguaios, em número proporcional à população.

O Brasil pode ter uma bancada expressiva no Parlamento do Mercosul, apesar de biônica. As articulações no Congresso para indicar alguns parlamentares que deixaram ou estarão deixando o Congresso em dezembro já começaram. Os nomes estão sendo escolhidos pelos partidos.

Estão cotados para a tarefa o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), se não virar ministro de Estado; os ex-deputados Ricardo Zarattini (PT-SP) e Delfim Neto (PP-SP); os deputados Gustavo Fruet (PSDB-PR), Raul Jungmann (PPS-PE) e Eliseu Padilha (PMDB-RS); e os senadores Heráclito Fortes (DEM-PI) e Osmar Dias (PDT-PR). Detalhe: o salário é igual ao do deputado federal do respectivo país.

Novela

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve julgar na próxima semana os recursos contra a cassação de registros de Paulo Maluf (PP-SP), com votação suficiente para se reeleger deputado federal; e Marcelo Miranda (PMDB-TO), que conseguiria uma cadeira no Senado. Ambos foram enquadrados na Lei da Ficha Limpa. Maluf, por irregularidades que teriam sido cometidas na Prefeitura de São Paulo; e Miranda, por ter sido cassado do cargo de governador. Se forem impugnados, ainda poderão recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Retaliação

Derrotados nas urnas, o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) e o senador Fernando Collor de Mello (PTB), que disputaram e perderam as eleições para o governo de Alagoas, articulam-se com o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), para pedir a cassação do governador reeleito Teotônio Vilela Filho. Acusam o tucano de abuso de poder econômico.

Ano velho

Para o líder do DEM na Câmara, deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC), a semana que se passou pode ser resumida em uma frase: ´Bem-vindo ao ano velho`. Segundo ele, bastou passar a corrida eleitoral para aparecer a sujeira sob o tapete. ´Banco que quebra, nomeação de sanguessuga, turbina rachada trazendo o risco do apagão de volta, Enem que não dá certo e dengue que dobra o número de doentes.`

Muito forte

O lobby a favor da indicação do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci para a Casa Civil do novo governo é tão forte que a presidente eleita, Dilma Rousseff, resolveu esvaziar as atribuições da pasta. Não quer um superministro dentro do Palácio do Planalto.

Digitais

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) analisa as prestações de contas dos partidos. Verifica possíveis divergências entre as informações prestadas pelos candidatos com os registros de doações feitas por pessoas físicas e jurídicas. Voluntariamente, foram registradas 117.410 doações

Do contra

Campeão de votos do Distrito Federal, o deputado eleito José Antônio Reguffe (PDT) não pretende votar a favor da recriação da CPMF ou de qualquer outro imposto que venha a ser proposto pelo governo. ´O problema da administração pública é muito mais a falta de qualidade do gasto do que de dinheiro para gastar`, dispara. O PDT, entretanto, apoia a recriação do imposto do cheque para financiar a saúde.

Transição

O ministro interino da Casa Civil, Carlos Eduardo Esteves Lima, apresentará ao presidente Lula, na terça-feira, o novo Portal da Transição. Será um espaço virtual com informações de governo para facilitar os trabalhos de quem entra e de quem sai. Deve ficar no ar até 31 de dezembro. O presidente Lula decidirá se será aberto ao público ou não.

sábado, 13 de novembro de 2010

O DEM à deriva

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


O DEM emergiu das urnas com dois governos estaduais: o de Santa Catarina e o do Rio Grande do Norte. Não deixa de ser uma proeza, depois do vexame que passou com a cassação do mandato do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (sem partido), o único eleito em 2006. Entretanto, hoje a legenda está à deriva. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, atropela seus velhos caciques e negocia com o vice-presidente da República eleito, Michel Temer (PMDB), a incorporação do DEM ao PMDB.

A força do DEM (ex-PFL), que surgiu como dissidência do antigo PDS na articulação que elegeu Tancredo Neves presidente da República em 1985, sempre foi grande nos dois estados, mas já foi muito maior na Bahia e em Pernambuco, onde o partido definha. Marco Maciel (PE), orgulho dos democratas, não se reelegeu para o Senado. E o ex-governador Paulo Souto foi derrotado na disputa pelo Executivo baiano.

Durante duas décadas, os caciques do DEM se jactaram de serem PHD em política. Na verdade, eram catedráticos na capacidadede transformar o exercício do poder numa máquina de votos. Vem daí a crise pela qual passa a sigla. Seus velhos expoentes estão cansados de ser oposição, não sabem fazê-la com competência para ganhar votos. É muito mais fácil para eles perdê-los.

Renovação

A renovação do DEM foi patrocinada por seu principal patriarca, o ex-senador Jorge Bornhausen que alçou ao comando da legenda jovens políticos de sobrenomes famosos. O principal é Rodrigo Maia, presidente do DEM, filho do ex-prefeito carioca Cesar Maia. Bornhausen conseguiu eleger Raimundo Colombo governador em Santa Catarina, porém, estaria apoiando as articulações de Kassab. Curioso é que seu filho Paulo Bornhausen (SC), líder da bancada na Câmara, desce o sarrafo no governo um dia sim e o outro também.

Baldeação

O DEM nunca sentou praça em São Paulo, onde a disputa pelo poder se deu até agora entre três forças: o PSDB, o PT e o PMDB (que entrou em declínio na medida em que o ex-governador Orestes Quércia teve seu prestígio eleitoral desidratado). A conquista da Prefeitura de São Paulo, com a reeleição de Kassab - que derrotou Geraldo Alckmin (PSDB) e Marta Suplicy (PT) em 2006 e venceu de novo este ano -, parecia transformar o DEM na força que iria ocupar o espaço aberto pelo PMDB. Eis que Kassab resolveu liderar a incorporação do DEM ao PMDB. Alguma coisa não se encaixa.

Em blocos

Dilma Rousseff pretende mesmo nomear seu ministério em blocos mais ou menos homogêneos. A previsão é que a nova equipe econômica seja anunciada antes do dia 20 caso seja confirmada a permanência de Guido Mantega no Ministério da Fazenda.

Record

O presidente da Itaipu Binacional, Jorge Samek, garante que sobra energia no país para sustentar o crescimento econômico. Só Itaipu deve produzir, este ano, entre 82 milhões e 84 milhões de megawatts-hora (MWh).

Fora do jogo

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) foi escanteado das negociações para a formação do secretariado do governador eleito do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). As articulações estão sendo conduzidas pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que comanda a legenda com mão de ferro. Com exceção das seções do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, nenhum diretório do PDT tem autonomia para negociar com aliados sem o aval de Lupi.

Nem vem

Não há a menor possibilidade de o ex-presidente da Assembleia Legislativa fluminense Jorge Picciani (PMDB) vir a ocupar um ministério no governo Dilma Rousseff. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez tudo o que pôde e mais alguma coisa para não deixar que o peemedebista se elegesse ao Senado. O governador Sérgio Cabral (PMDB) terá que acomodar o aliado no seu secretariado.

Não tem jeito

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


O PSDB emergiu das urnas como um partido robusto, de caráter nacional e nomes de projeção para liderar a oposição em 2014. Além disso, dispõe de dois aliados que demonstraram lealdade no duro embate da sucessão do presidente Luís Inácio Lula da Silva: o DEM e o PPS. Com eles, os tucanos podem construir uma alternativa de poder à reeleição da presidente eleita, Dilma Rousseff, certo? Não, errado.

O PSDB caminha para um ajuste interno de contas e um novo impasse em relação ao seu futuro. O candidato tucano José Serra (PSDB) foi derrotado pela segunda vez, mas não desistiu de concorrer novamente à Presidência da República. E não será surpresa se for o candidato a prefeito de São Paulo, cargo que já ocupou por dois anos e utilizou como trampolim para disputar o Palácio dos Bandeirantes. Não abre mão, espontaneamente, de uma revanche com Dilma.

O senador Aécio Neves é a bola da vez no PSDB para concorrer à Presidência da República, mas outra vez a fila não anda. Foi o maior vitorioso entre os tucanos ¿ conseguiu reeleger Antônio Anastasia (PSDB) como governador de Minas Gerais e ainda conta com o apoio do ex-presidente Itamar Franco (PPS-MG), mas não tem força para assumir o comando do Senado. Já enfrenta uma oposição organizada entre os tucanos paulistas que o responsabilizam pela vitória de Dilma em Minas.

O fiador

O governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, será o cacique mais poderoso do PSDB na máquina partidária em 2014. Se quiser concorrer novamente à Presidência da República, dificilmente haverá alguém com mais poder político do que ele na legenda, como ocorreu em 2006. Está nas suas mãos a unidade da legenda e ou a divisão do partido. Se resolver apoiar a candidatura de Aécio Neves, Serra terá que aceitá-la. Mas também pode apoiar o nome de Serra ou se lançar candidato.

Desistiu

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), desistiu de um velho projeto: a formação de um novo partido que servisse de tábua de salvação para os políticos de oposição que quisessem aderir ao governo. Espécie de linha auxiliar do PT, serviria de contrapeso para a legenda enfrentar o PMDB. Motivo: como os governistas conseguiram eleger mais de 350 deputados, estimular o adesismo seria aumentar a disputa por cargos no novo governo.

Como sempre

Partiu do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que está deixando o Senado, a proposta de rodízio na Presidência da Casa entre o PT e o PMDB. Velho desafeto do presidente do Senado, senador José Sarney (PMDB-AP), o petista deixa uma bomba de efeito retardado no colo dos colegas da bancada do PMDB, que pode perder a disputa se os tucanos novamente se unirem ao PT.

Furada

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, assumiu mesmo a liderança do movimento contra a aprovação do novo imposto do cheque. Por meio de carta, pediu ao presidente da Câmara dos Deputados e vice-presidente da República eleito, Michel Temer (PMDB-SP), que impeça a tramitação da ¿ injustificável proposta de oneração tributária¿ que recria a CPMF.

O arisco

Entre os aliados do PSDB, o mais arisco é o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que está de mala e cuia para trocar a legenda pelo PMDB. Seu acordo com o vice-presidente da República eleito, Michel Temer, foi praticamente fechado. A fusão do DEM com o PMDB ¿ rejeitada por cariocas e baianos ¿ estaria sendo articulada por Kassab com apoio de outros caciques da legenda. Porém não passa de cortina de fumaça para a baldeação.

Terra boa

O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, revelou ontem que o Brasil acolhe refugiados de 76 nacionalidades diferentes. Atribui o fato ao caráter acolhedor dos brasileiros. ¿Todos aqueles que aqui chegam ¿ sejam palestinos, judeus, muçulmanos ¿ têm a liberdade de continuar a exercer seus cultos religiosos sem medo de serem perseguidos¿, destaca. Hoje, vivem no Brasil 4.311 refugiados

Despedida/ Na semana que vem, está prevista mais uma reunião de Conselho Político do governo federal. Talvez, essa seja a última realizada no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Esperança/ O deputado José Genoino (PT-SP) deve assumir o mandato, mesmo com a liberação do palhaço Tiririca (PR-SP) para tomar posse na Câmara a partir do ano que vem. É forte o lobby para que um dos deputados paulistas do PT vire ministro de Estado.

Espaço/ Partidos nanicos terão que se esforçar para conseguir gabinetes extras de representação partidária na Casa. A Câmara destina 20 salas para os representantes dos partidos e lideranças. Reivindicam o mesmo direto ao aparato do PTdoB, que elegeu três deputados; do PHS, do PRP e do PRTB, com dois deputados; e do PSL, com um parlamentar.

Orçamento

O relatório preliminar do Orçamento da União de 2011 deve ser apresentado ainda hoje. O governo quer votar o projeto na próxima semana. Se deixar para o próximo ano, terá que negociar com parlamentares vitoriosos e não com os derrotados.

Coluna Brasília/DF do Correio Braziliense em 12 de novembro de 2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Cartada de Mantega

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu sua cartada decisiva ontem para continuar à frente da pasta. De comum acordo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chega hoje para a reunião do G-20 a Seul, na Coreia, e com a presidente eleita, Dilma Rousseff, com quem viajou para o país asiático, apresentou a proposta de substituir o dólar como principal moeda de valor por uma cesta de seis moedas fortes: o dólar, o euro, o iene japonês, a libra esterlina, o yuan chinês e o real. A cesta já existe na contabilidade do Fundo Monetário Internacional (FMI), mas sem o yuan e o real.


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Em 2008, Mantega ocupou a presidência rotativa do G-20 no auge da crise econômica mundial e goza de prestígio internacional. O desempenho econômico do Brasil de lá pra cá reforça sua posição. Desde então, o G-20 passou a ser o principal foro de lideranças mundiais para assuntos econômicos, sepultando o chamado G-8, que marginalizava os países emergentes, principalmente o Brasil, a Rússia, a Índia e a África do Sul.

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A decisão dos Estados Unidos de irrigar sua economia com US$ 600 bilhões pode levar os norte-americanos a um certo isolamento no G-20. Dificilmente aceitarão a proposta, pois seriam o grande derrotado no encontro. O governo brasileiro também critica a política de desvalorização do yuan praticada pela China, mas beneficia a potência asiática ao incluir o yuan na cesta de moedas. Esse protagonismo do Brasil no encontro é um lance calculado. Se tudo der errado, o Brasil estará livre para tomar as medidas protecionistas que julgar necessárias.

Bons amigos

Ao contrário do que dizem seus desafetos, o presidente da Vale, Roger Agnelli (foto), cumpriu todos os compromissos que havia assumido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva com relação aos investimentos da empresa em atividades produtivas, como a siderúrgica do Pará. Agora, a Vale faz dobradinha com a Petrobras no esforço do governo para aumentar sua presença na África. Agnelli acompanhou Lula na viagem a Moçambique.

Não disse!

O debate atual sobre a regulação da imprensa, abençoada por uns e demonizada por outros, foi antecipado pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS) no livro Rádio e TV no Brasil – Diagnósticos e Perspectivas, lançado em 1998. É resultado do trabalho de uma comissão criada em 1995, no Senado, para discutir o assunto, da qual Simon foi relator. Entre os participantes estavam o dramaturgo Dias Gomes, o senador Arthur da Távola e a juíza Denise Frossard.

Baianos

Entre os nomes da cota do governador da Bahia, o petista Jaques Wagner , com chances de assumir um ministério da presidente eleita, Dilma Rousseff, destaca-se Rui Costa (PT-BA), eleito deputado federal, que foi seu secretário de Relações Institucionais. Os deputados reeleitos Nelson Pelegrino (PT) e Zezéu Ribeiro (PT) correm por fora. Mário Negromonte (PP-BA) reivindica apoio de Wagner para ser ministro das Cidades.

Promessa

Para aumentar a pressão sobre o governo na discussão do Orçamento de 2011, o líder do Democratas na Câmara, deputado Paulo Bornhausen, apresentou um projeto de lei que aumenta o salário mínimo para R$ 600, uma das principais promessas de campanha de José Serra (PSDB) à Presidência da República. Também quer aprovar uma emenda na lei orçamentária que destina os R$ 17 bilhões a mais de receita no Orçamento para bancar o aumento. O governo fixou o reajuste em R$ 538,15, mas discute arredondar o valor para R$ 540

In loco

O deputado Domingos Dutra (PT-MA) cobrou mais atuação da Comissão de Direitos Humanos da Câmara para verificar a real situação dos presídios brasileiros. Ao comentar o massacre no complexo penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, o deputado pediu que a comissão fosse aos estados realizar vistorias nas prisões.

Berlinda/ O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, participa de reunião conjunta das comissões Mista de Orçamento; de Finanças e Tributação; de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; e de Fiscalização Financeira e Controle, da Câmara; e das de Assuntos Econômicos; e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle, do Senado.

Reforço/ A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) deu apoio ontem à mobilização da Confederação Nacional da Indústria (CNI) contra a recriação da CPMF, a Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira. O apoio foi manifestado ao presidente da CNI, Robson Andrade, pelo presidente da CBIC, Paulo Safady Simão, na reunião do Conselho de Administração da Câmara, em Brasília.

Companheiros/O senador Marco Maciel, ex-vice-presidente da República, e o vice-presidente eleito, Michel Temer, embarcaram juntos em um avião da FAB que os levou, na tarde de ontem, para Buenos Aires. Os dois permanecerão na capital argentina até amanhã, onde participarão do VI Fórum Parlamentar Ibero-Americano.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Prova de fogo

Por Luiz carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Desde segunda-feira, uma guerra simulada nos céus do Nordeste representa mais um ponto de interrogação na opção de compra dos novos caças da Força Aérea Brasileira. Na quinta edição, o Cruzex mobiliza 92 aeronaves e dezenas de pilotos de seis países: Brasil, Argentina, Chile, Estados Unidos, França e Uruguai. Nesta quinta edição da Operação Cruzex, sediada em Natal (RN), militares bolivianos, canadenses, colombianos, equatorianos, ingleses e paraguaios também acompanham os exercícios.

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As estrelas do evento são os quatro caças Rafale, da francesa Dassault, que a França enviou para o exercício militar. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negocia com o presidente francês Nicolas Sarkozy a compra de 36 aviões desse modelo, sob fortes pressões dos concorrentes da Suécia e dos Estados Unidos. É possível que o negócio seja fechado na próxima conversa entre os dois, na reunião do G20 em Seul, na Coreia do Sul, da qual participará também a presente eleita, Dilma Rousseff. Há expectativa de que a compra dos caças seja anunciada no encerramento do evento, previsto para 19 de novembro, pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim.

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O Cruzex é o maior exercício aéreo de caça da América do Sul. Os franceses participaram das duas edições anteriores com os caças Mirage-2000 que estão baseados na Guiana, semelhantes aos que vendeu ao Brasil. Levaram um baile dos pilotos do Esquadrão Pampa, baseado em Canoas (RS), que utiliza os cinco F-5 EM recauchutados que a FAB deseja substituir como principal força de ataque. Os norte-americanos também estão participando das operações, mas não enviaram os F/A 18 que querem vender ao Brasil e são operados pela Marinha. Vão usar os caças F-16 de sua Força Aérea, que são mais antigos.

Cristão novo

O deputado federal Gabriel Chalita (PSB-SP), que deixou o ninho tucano para entrar de cabeça na campanha da presidente eleita, Dilma Rousseff, mal consegue disfarçar a satisfação com que acompanha as agruras do ministro da Educação, o petista Fernando Haddad. Ainda assim, o ex-secretário de Educação do estado de São Paulo dificilmente será indicado para a pasta pela cúpula do PSB. É cristão novo na legenda.

Pé de ouvido

Foram 11 horas e meia de conversa no voo de carreira do Brasil até Frankfurt e mais outro tanto da cidade alemã até Seul, na Coreia do Sul. A presidente eleita, Dilma Rousseff, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nunca conversaram tanto como nessa viagem para a reunião do G20. Apesar de todas as indicações serem de que Mantega deverá continuar na Fazenda, Dilma ainda não se pronunciou sobre a formação de sua equipe econômica. Ou seja, o mercado continua na expectativa.

Feliz/ A PEC da Felicidade, que pretende incluir o direito à busca da felicidade na Constituição, está na pauta da reunião de hoje da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado. De autoria do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), recebeu parecer favorável do relator, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM).

Pó de arroz/ Virou baixaria a disputa pela Presidência do tradicional e aristocrático Fluminense Football Club. Digladiam-se Peter Siemsen, presidente da chapa Novo Fluminense, de situação; e Júlio Bueno, que encabeça a chapa de oposição, Transforma Flu. Bueno é secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços.

Acha pouco

O deputado federal eleito pelo Rio de Janeiro (PP) Anthony Garotinho circulava pelo salão verde da Câmara quando foi cumprimentado pelo líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que o parabenizou pelo retorno ao Congresso. Garotinho agradeceu, mas retrucou: “Tive 700 mil votos, foi pouco. Eu queria conseguir mais”. O ex-governador fluminense corre o risco de não tomar posse caso seja enquadrado na Lei da Ficha Limpa.

Conta outra

Entre os 10 aeroportos mais movimentados do Brasil, Santos Dumont, no Rio de Janeiro; Confins, em Belo Horizonte; e Salgado Filho, em Porto Alegre, apresentaram os melhores índices de pontualidade em 2009, mais de 90%. Os aeroportos de São Paulo, Congonhas e Guarulhos, tiveram índices de pontualidade próximos a 85%. Os dados são do Anuário do Transporte Aéreo, publicado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) com dados estatísticos e econômicos do setor.

Duplo sentido

O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vacarezza (PT-SP), explicava ontem que PT e PMDB farão um revezamento na Presidência da Casa. “Temos que aguardar para saber qual será a indicação do PT. Acredito que o nome indicado pelo partido será o meu”, disse. Segundo o petista, é possível um consenso entre as legendas para que a Mesa seja formada por indicação dos partidos, com base no critério de proporcionalidade das bancadas. Se prevalecer esse entendimento, o PT indicará o presidente por ter a maior bancada.

E agora? // Subiu no telhado a nomeação do ministro do Esporte, Orlando Silva, do PCdoB-SP, para o posto maior na Autoridade Esportiva, entidade encarregada da preparação das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. A criação da agência encarregada de cuidar do evento dificilmente ocorrerá neste ano.

A menor

O primeiro repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) de novembro entra na conta das prefeituras nesta quarta-feira. Com o desconto do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), será 6,9% menor do que no ano passado: R$ 2,356 bilhões

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Segunda classe

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Na coalizão governista há dois tipos de aliados do PT, os que embarcam de primeira classe — categoria à qual pertenceriam o PMDB e o PSB, com 79 e 37 deputados, respectivamente — e os de segunda, representados principalmente pelo PP e o PR, que elegeram 41 deputados cada. A classificação leva mais em conta o número de governadores eleitos por cada partido, mas é na Câmara onde essa divisão pode criar problemas para o governo.


Enquanto o PT e o PMDB mantêm uma queda de braço pela Presidência da Câmara, os demais aliados começam a se articular para tirar proveito da situação. O PP e o PR já estão formando um bloco com 82 deputados, maior portanto que o PMDB. O PT elegeu 88 deputados federais. Os cargos na Mesa da Câmara e nas comissões são distribuídos de acordo com o tamanho dos blocos ou bancadas.

O PSB, que elegeu seis governadores, prefere manter o “bloquinho” com o PDT, que tem 28 deputados, e o PCdoB, que elegeu 15 representantes. Refuga a proposta da Frente Ampla com o PT e os demais aliados de esquerda, nos moldes da existente no Uruguai, um velho sonho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa divisão da base em quatro bancadas amplia o poder de barganha do PTB, com 21 parlamentares, e do PRB, que tem oito. Não será surpresa se a turma que embarcou na segunda classe da base governista lançar um candidato avulso à Presidência da Câmara.

Trancada

Das17 medidas provisórias (MPs) em tramitação na Câmara, 12 estão trancando a pauta. A apreciação das MPs condicionará a votação do projeto de lei que cria o Fundo Social com recursos do petróleo da camada pré-sal. O projeto foi alterado pelo Senado para incluir o regime de partilha e a distribuição igualitária dos royalties entre estados e municípios. O presidente Lula deverá vetar o dispositivo de distribuição
dos royalties se este não for derrubado pela base aliada na Câmara

Do contra

O deputado Ibsen Pinheiro (foto) — que não concorreu à reeleição —, do PMDB gaúcho, avalia que o governo será derrotado novamente na votação da emenda que redistribui os royalties. A base aliada tentará derrubar a alteração. Caso não consiga, a expectativa é que o presidente Lula vete o dispositivo, conforme prometeu ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). A votação da matéria ainda depende de acordo entre os líderes.

Trocado

Por incrível que pareça, a bancada ruralista é a mais mobilizada para a aprovação do novo Código Florestal, velha bandeira dos ambientalistas. O código autoriza os estados e o Distrito Federal a regular a utilização das áreas de floresta ou outra formas de vegetação situadas nas margens de rios, lagos, lagoas ou reservatórios d’água naturais ou artificiais quando se tratar de áreas urbanas. Os verdes são contra as mudanças apresentadas pelo relator, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

Mínimo

O governo não quer muita marola na discussão do Orçamento, mas está numa sinuca de bico em relação ao aumento do salário mínimo. Havia proposto R$ 538, mas já acertou com o relator do projeto, senador Gim Argello (PTB-DF), dois reais a mais. A oposição pressiona com a proposta de salário mínimo de R$ 600 que o tucano José Serra havia apresentado na campanha eleitoral. As centrais sindicais, porém, aceitam um mínimo de R$ 580

Repeteco

O ministro da Educação, Fernando Haddad, foi orientado pelo presidente Lula a pôr a cara na reta e resolver os problemas dos estudantes prejudicados por erros na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizada no fim de semana. O pior dos mundos para o governo é ter que fazer outra prova, como quer o Ministério Público. O episódio complica a permanência do ministro petista no governo Dilma.

Patroa

Engana-se quem acredita que o presidente do Senado, José Sarney, do PMDB-AP, não deseja permanecer no cargo na próxima legislatura. Corre o risco de cometer o mesmo erro do então senador Tião Viana (PT-AC), recém-eleito governador do Acre, que se lançou candidato com apoio dos tucanos e perdeu. Mais uma vez, o ex-presidente da República finge-se de morto. Quem não quer que Sarney seja candidato é dona Marly, sua esposa.

Proclames/ O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve proclamar hoje o resultado oficial da eleição presidencial deste ano. O anúncio deve ser feito pelo presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski, na sessão de hoje. O TSE tem até a próxima quinta-feira para fazer a proclamação.

Mar de samba/ A Marinha resolveu dar toda força à escola de samba Portela, cujo enredo de 2011 é “Rio, azul da cor do mar”, para dar maior divulgação ao conceito de Amazônia Azul adotado pela Força. Ontem, o diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha, almirante Farias Alves, visitou o barracão da Portela na Cidade do Samba, em companhia do presidente da escola, Nilo Figueiredo, ex-oficial da Armada.

Marco/ Começa hoje, em Brasília, o Seminário Internacional das Comunicações Eletrônicas e Convergências de Mídias, com a participação de entidades da sociedade civil, e órgãos governamentais, de parlamentares, de acadêmicos, de especialistas e da imprensa. Debaterá a regulação no setor de comunicações eletrônicas de vários países, como Argentina, Espanha e Estados Unidos.

Maria da Penha// O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) deve julgar hoje o caso de um juiz de Minas Gerais que foi enquadrado na Lei Maria da Penha. O processo chegou até o conselho porque o magistrado mantinha uma página na internet com declarações ofensivas às mulheres. Os conselheiros vão analisar a atuação do juiz nos casos em que mulheres são parte dos processos.

domingo, 7 de novembro de 2010

O Itamaraty

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Há uma crise de consenso em relação à política externa brasileira, que se agravou após o episódio do acordo nuclear com o Irã. Os diplomatas descontentes com a política externa atribuem tal fato ao discurso de ruptura do ´nunca antes neste país` aplicado à nossa diplomacia, à autossuficiência do grupo do chanceler Celso Amorim, à ´diplomacia paralela` do PT e ao ´excesso de protagonismo` do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A sucessão de Celso Amorim na Chancelaria será o sinal para gregos e baianos dos rumos do Itamaraty pós-Lula. O Brasil, queira ou não a oposição, adquiriu grande prestígio internacional durante o atual governo. Isso se deve ao peso crescente da economia nacional, à atual política externa e ao protagonismo internacional do presidente Lula. A ampliação da influência do Brasil no G-20, que se reunirá no fim da semana em Seul (Coréia do Sul), é uma demonstração desse avanço.

Essa projeção, porém, esbarrou nas limitações do Brasil como país em desenvolvimento e em alguns desacertos da política externa. Isso ficou evidente em dois episódios: o fracasso da Rodada de Doha, aposta brasileira para repactuar suas relações comerciais com os Estados Unidos e a Comunidade Europeia (em vez dos acordos bilaterais); e a aproximação com o Irã, que esvaziou as pretensões brasileiras de conquistar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Onipresente

O diplomata Antonio Patriota, ex-embaixador do Brasil em Washington e secretário-geral do Itamaraty, é apontado como o preferido de Dilma Rousseff para o cargo de ministro das Relações Exteriores no lugar de Celso Amorim. Seria uma troca menos traumática por já pertencer à cúpula do Itamaraty, e teria a vantagem de melhorar as relações com os Estados Unidos. Mas as especulações são tantas que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e até o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci surgem como candidatos à Chancelaria.

Missão

O Brasil formalizou sua candidatura à diretoria-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) sem indicar um nome. A inédita decisão de não apresentar um candidato se deve ao fato de que o presidente Lula ainda não decidiu se irá concorrer ao cargo ou se vai deixar a candidatura para o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

Fome

Lula quer desempenhar um papel na política mundial após encerrar o mandato, porém não pode correr o risco de perder uma eleição na ONU. Precisaria do apoio norte-americano para ser candidato a diretor-geral da FAO sem maiores riscos. O cargo não é o de maior visibilidade da ONU, mas a simples presença de Lula no comando do esforço internacional contra a fome, principalmente na África, daria maior projeção ao posto.

Tietes

Ao participar de mais uma formatura de diplomatas brasileiros, a última de seu governo, na última sexta-feira, o presidente Lula testou seu prestígio entre os jovens diplomatas. Encerradas as formalidades, os itamaratecas deixaram a etiqueta de lado e partiram para cima de Lula para serem fotografados ao lado do presidente da República, que gostou do assédio da elite.

Guardião

O jornalista Andrei Meirelles, da revista Época, um dos mais premiados do país, foi avisado por um integrante do Ministério Público Federal de que se tornou alvo de monitoramento telefônico pela Polícia Federal. O grampo, segundo o procurador, teria sido autorizado pela Justiça com o objetivo de identificar uma fonte.

Oposição

O ex-presidenciável José Serra (foto) continua em ritmo de campanha. Sexta-feira em Biarritz, no sul da França, durante seminário sobre as relações entre América Latina e União Europeia (UE), acusou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de desindustrializar o país e fazer ´populismo` em matéria econômica. Serra criticou ´a fraqueza` dos investimentos do governo e a elevada carga tributária`.

A Casa Civil

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Há controvérsias sobre o que pesou mais na campanha eleitoral para levar ao segundo turno a disputa pela Presidência da República. O senso comum é de que o voto religioso a favor de Marina Silva (PV) foi decisivo. Na campanha petista, internamente, a equação é mais complexa. Mesmo que a questão do aborto tenha tirado votos de Dilma, sua vitória estaria assegurada se não houvesse o escândalo envolvendo Erenice Guerra, a ex-ministra da Casa Civil defenestrada por causa das denúncias de nepotismo e de tráfico de influência.

Braço direito de Dilma na era Lula, Erenice ocupou o cargo politicamente mais importante do governo. Mais até do que os ministérios da Defesa, da Fazenda e da Justiça. Tão importante que seu primeiro ocupante, o ex-deputado petista José Dirceu, foi carbonizado pela oposição no exercício da função e teve o mandato cassado por causa do escândalo do “mensalão”. Sua substituta, Dilma Rousseff, depois de pôr ordem na Casa, se tornou a ministra mais poderosa de Lula e, candidata à sucessão, foi eleita presidente da República.

As especulações sobre o futuro ministro da Casa Civil do governo Dilma partem do modelo construído ao longo do segundo mandato do presidente Lula. A maioria converge para o nome do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, que coordenou a campanha de Dilma. Ele tem perfil político para exercer o cargo e seria o nome de preferência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O poder da pasta, porém, depende também das características do ministro. Talvez, Dilma tenha opinião diferente sobre o modelo de Casa Civil adotado por Lula.

O curinga

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, depois de Antônio Palocci, é o nome mais cotado para o cargo de ministro da Casa Civil. A continuidade administrativa entre os dois governos o favorece. Conhece como ninguém o Orçamento da União e os lobbies que atuam no Congresso. Acompanha a execução dos projetos do governo Lula, a começar pelas obras da segunda etapa do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), e conhece as demandas administrativas dos demais ministérios. Hábil e bem relacionado, Paulo Bernardo consegue dizer não sem romper com os interlocutores.

A amiga
Outro nome lembrado para a Casa Civil é o de Maria das Graças Foster, diretora de Gás e Energia da Petrobras. Trabalhou com Dilma no Ministério de Minas e Energia e, por indicação dela, presidiu a BR Distribuidora. Tem o mesmo estilo “durona” da presidente eleita. “Trabalho por resultados e nada mais”, costuma dizer quando o assunto é política. Sua indicação seria a opção de Dilma para blindar a Casa Civil de qualquer ingerência partidária ou ambição política pessoal.


Bancada

O empresário Eike Batista, o homem mais rico do Brasil, financiou a campanha eleitoral de apenas três senadores: Delcídio Amaral (PT-MS), contemplado com R$ 500 mil; Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), a quem Eike doou R$ 200 mil; e Cristovam Buarque (PT-DF), que recebeu doação de R$ 100 mil.

Do contra 

 A Confederação Nacional da Indústria (CNI) anunciou ontem que é “completamente contra” a recriação da CPMF, que seria repaginada como Contribuição Social da Saúde (CSS), com alíquota de 0,1%. O presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, disse que a ideia está na “contramão de tudo aquilo que o próprio governo do presidente Lula e a presidente eleita, Dilma Rousseff, têm falado sobre a redução da carga tributária”.


Flechada

No Parque Nacional do Xingu, a maioria dos índios votou em José Serra (PSDB) para presidente da República. Motivo: o descaso da Norte Energia/Eletrobras com o cumprimento das exigências prévias de mitigação de danos no projeto da Hidrelétrica de Belo Monte. Os índios avaliam que o governo está cedendo à pressão do consórcio para agilizar o início da construção sem cumprir as exigências apontadas pelo Ibama.

Solista

Candidato derrotado ao Senado, o deputado José Carlos Aleluia (DEM) não jogou a toalha e já se prepara para disputar a prefeitura de Salvador (BA). Se depender de seu ponto de vista, o DEM deve lançar candidatos próprios em todas as capitais do país e buscar um caminho independente do PSDB. “Os tucanos são de esquerda, nós somos um partido de centro. Continuar a reboque do PSDB nos levará à extinção”, argumenta.

Diplomatas
 A Turma Zilda Arns é a maior  da história do Instituto Rio Branco. Formou 115 diplomatas.

Educação/O deputado Rogério Marinho (PSDB-RN) contestou as declarações da presidente eleita, Dilma Rousseff, de que a educação nacional está bem encaminhada e há muitos recursos para o setor. O tucano destacou que o país tem um contingente de mais de 3 milhões de crianças e jovens fora da escola. Cobrou uma reforma no ensino público, pois 70% da atual mão de obra nacional não têm a qualificação adequada.

Abstenção/Nas vésperas das eleições, o presidente Lula aproveitou a agenda em São Paulo para visitar o vice, José Alencar, que deixou de votar porque estava internado no Hospital
Sírio-Libanês. Alencar demonstrou insatisfação com a equipe médica que o havia proibido de votar. O presidente Lula, que se deparou com outros dois pacientes com as mesmas reclamações, tratou de ligar para o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Ricardo Lewandowski, questionando: “Se presidiário vota, por que não pode ter votação no hospital?”

Obs: Coluna Brasília/DF publicada em 6 de novembro no Correio Braziliense

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A Fazenda

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


De todas as equações da montagem do novo ministério, a mais complexa para Dilma Rousseff é a escolha do ministro da Fazenda. O "mercado" gostaria muito que o ex-ministro Antônio Palocci voltasse à pasta, mas sabe que o caseiro Francenildo dos Santos assombra o petista até hoje.

O "mercado" não cruza com Guido Mantega e teme um saco de maldades para enfrentar o problema do câmbio. Não exatamente aquele castigo que os ajustes fiscais costumam impor aos assalariados, mas um conjunto de medidas no sentido de conter ainda mais o entra e sai do capital especulativo. E que teria o objetivo de reduzir a dívida pública a 30% do PIB e promover uma trajetória descendente da taxa Selic (até que chegue a juros de 2% ao ano).

Os investidores estrangeiros estão insatisfeitos com a elevação do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) para 6% e temem que outras medidas do gênero sejam adotadas após a reunião do G-20 em Seul, que deve discutir a chamada guerra cambial. Quem é do ramo já sabe que nem os Estados Unidos deixarão de emitir dólares, nem a China permitirá a livre flutuação do yuan. Nesse cenário, o Brasil terá que adotar sozinho medidas para proteger a própria economia. O timoneiro dessa operação é Guido Mantega, que viajará com Dilma e o presidente Lula para Seul.

Substitutos


Há dois nomes cotados para substituir Mantega no Ministério da Fazenda que sofrem restrições. O secretário de Política Econômica, Nelson Barbosa, goza da confiança da presente eleita, mas tem apenas 40 anos e não teria cancha política para administrar um ministério com estrutura tão grande. A outra opção é o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o nome de preferência de Palocci e do "mercado"", que já foi adotado pelo PMDB. Entre os três, Mantega seria a solução mais robusta diante da questão cambial.

Imposto

A oposição não se entende em relação à criação de um novo imposto para financiar o Sistema Único de Saúde (SUS), cuja cadeia arrebenta nos hospitais estaduais. Governadores como Antonio Anatasia, de Minas Gerais, defendem a proposta anunciada pela presidente eleita Dilma Rousseff. Para o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), porém, a proposta é desnecessária, pois o governo petista aumentou diversos impostos e contribuições para compensar a queda da CPMF.

Leão


A Receita Federal aumentou a arrecadação do Imposto sobre Operações Financeiras " IOF " (R$ 12 bilhões), do Imposto de Renda (R$ 23 bilhões), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social " Cofins " (R$ 12 bilhões), da Contribuição sobre Lucro Líquido " CSLL " (R$ 7,5 bilhões), do Imposto sobre Produtos Industrializados " IPI " (R$ 4 bilhões), do PIS/Pasep (R$ 3 bilhões) e das demais receitas (R$ 7 bilhões). Só em 2008, primeiro ano sem a CPMF, o aumento de arrecadação foi de R$ 50 bilhões

Trindade

O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, do Rio Grande do Norte, não poupa elogios ao vice-presidente eleito, Michel Temer, que comanda o PMDB e a Casa. "Hoje, ele representa todo o PMDB e desempenha um papel só equiparável ao de Tancredo Neves e ao de Ulisses Guimarães", exagera. Alves é candidato a presidente da Câmara.

Castigo

Heráclito Fortes, do DEM-PI, tem uma explicação para o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter usado todo o seu poder para derrotá-lo, assim como os senadores de oposição Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Marco Maciel (DEM-PE), que também ficarão sem mandato. "Nós barramos a proposta de terceiro mandato. Quando começou a onda de continuísta, com aquela campanha do Banco do Brasil, nós a denunciamos", explica.

Overbook

O Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, o Salão do Automóvel e os shows do Black Eyed Peas e do Eminem esgotaram a ocupação dos hotéis de São Paulo. É mais um gargalo para a realização da Copa do Mundo de 2014 somado ao congestionamento dos aeroportos de Congonhas e de Cumbica e à falta de um estádio para os jogos.


Taxação

Nova medida provisória prorroga até março o prazo da mudança na forma de cobrança da Cofins sobre diversos produtos industrializados. A alteração no método de taxação estava prevista no artigo 22 da MP nº 497. A nova medida gera impacto financeiro na indústria de cosméticos. Entre as prejudicadas está a Natura, de Guilherme Leal, o vice na chapa de Marina Silva (PV) na disputa presidencial.

Marcada/ O Tribunal de Contas da União (TCU) divulgará, na semana que vem, o relatório sobre a fiscalização das obras tocadas com recursos federais. Uma das áreas em que o TCU está de olho é a licitação da Valec para contratar as empresas responsáveis pela construção da ferrovia Oeste-Leste, que beneficiará a Bahia.

Gastança/ O TCU também pediu a suspensão imediata dos contratos da Embratur com quatro empresas responsáveis pela divulgação da imagem do Brasil no exterior como destino turístico, visando principalmente a Copa do Mundo de 2014. Três empresas formam os consórcios vencedores dos quatro lotes. O valor do contrato é de R$ 40 milhões.

Palmadas/ O senador Magno Malta (PR-ES), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia no Senado, que está prestes a ser concluída, já tem uma nova comissão engatilhada para a próxima legislatura. A CPI dos Maus-Tratos Infantis. Malta quer centrar fogo nos abrigos infantis, dificultar a adoção internacional e combater o trabalho infantil.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A sombra de Serra

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

A presidente eleita, Dilma Rousseff, pretende chegar a um acordo com as centrais sindicais para que o salário mínimo ultrapasse os R$ 600 no próximo ano. A proposta de um mínimo nesse patamar foi uma pedra na bota ortopédica da petista na reta final da campanha eleitoral, pois foi apresentada pelo principal adversário na corrida eleitoral, José Serra (PSDB), e já virou bandeira da oposição na discussão do Orçamento de 2011, em curso no Congresso.

Ontem, o presidente Luiz Inácio lula da Silva voltou a classificar a proposta de Serra como demagógica. Tem autoridade para isso. Primeiro, por causa da trajetória de sindicalista, desde a luta pela recuperação da defasagem salarial de 1973, que desaguou nas greves do ABC de 1978 que o projetaram nacionalmente. Segundo, porque em seu governo houve uma progressiva recuperação do valor real do mínimo "principal fator da ampliação do mercado interno " e do prestígio de Lula entre os trabalhadores assalariados e aposentados.

Com Dilma é diferente. Ela ainda precisa mostrar a que veio aos trabalhadores. Não é um bom sinal bater de frente com as centrais sindicais que a apoiaram antes mesmo da posse, ainda mais num assunto no qual o candidato de oposição apresentou uma proposta de muita densidade eleitoral. Por essa razão, a promessa de aumento do salário mínimo para R$ 538,15 está sendo reavaliada. De quebra, Dilma também quer conceder um aumento ao Bolsa Família, bandeira da petista que o tucano José Serra tentou neutralizar ao propor uma 13º bolsa no fim do ano.

Antecipação

A política vigente de aumento do salário mínimo é a reposição da inflação anual mais um percentual equivalente ao crescimento do PIB do ano anterior. Trata-se de uma estratégia aprovada no Congresso para recuperar o seu valor original até 2023. Como a crise econômica mundial afetou o PIB de 2009, fazendo com os números se aproximassem de zero, Dilma está avaliando uma forma de compensação. Segundo o presidente do PT, José Eduardo Dutra, a saída seria antecipar uma parte do aumento projetado para 2012 (a inflação mais o crescimento do PIB deste ano, que pode ficar em torno dos 7,5%). É uma saída salomônica.

Interlocutor


Presidente da Câmara e vice-presidente da República eleito, Michel Temer (PMDB-SP) já é o interlocutor natural de Dilma Rousseff com os congressistas. Os líderes de partidos aliados preferem conversar com o peemedebista sobre a formação dos ministérios. Além de bom trânsito na Casa, Temer despacha do seu gabinete na Câmara.

Gênero

Vai ser difícil para Dilma Rousseff manter o mesmo relacionamento que Lula tem com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Ontem, a petista disse que é "radicalmente contra" o apedrejamento da iraniana Sakineh Ashtiani, acusada de adultério e de homicídio em seu país. Depois de se pronunciar como campeã da luta pela igualdade de oportunidades entre homens e mulheres no Brasil, fica meio difícil não manifestar contrariedade com a discriminação às mulheres que ocorre no Irã.

Tarefeira

Indagada se estaria disposta a assumir um ministério no governo Dilma, a líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), levou o assunto na gozação: "Estou sendo muito cotada para o ministério da liturgia, mas tem gente querendo que eu vá para o da eucaristia". A missão da petista é entregar o Orçamento da União "exequível" para Dilma até o fim do ano. "Depois disso, estarei à disposição para a tarefa a que me for atribuída."

Martelo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente eleita, Dilma Rousseff. fecharão a compra de 36 aviões de caça para a Força Aérea Brasileira na conversa com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, na próxima semana, durante a reunião do G-20 em Seul, Coreia do Sul. A opção pelo modelo Rafale, da companhia francesa Dassault, ainda depende de uma redução nos preços. É um negócio que pode chegar a 4 bilhões de euros.

Balanço

A Comissão Executiva Nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB) realiza hoje uma avaliação do resultado das eleições de 2010. A sigla elegeu seis governadores, 35 deputados federais e quatro senadores, que estarão presentes na reunião. "Será um importante momento para avaliarmos todo o êxito alcançado tanto em primeiro quanto em segundo turno nas eleições deste ano", afirmou o primeiro-secretário Nacional do PSB, Carlos Siqueira. Trocando em miúdos, o PSB quer mais participação na Esplanada. Governará mais estados do que o PMDB e o PT.

Cadeiras/ O diretor executivo da Polícia Federal, delegado Luiz Pontel, segundo na hierarquia da instituição, substituirá, a partir de janeiro, o delegado Paulo Lacerda, adido policial do Brasil em Portugal. Já aposentado, Lacerda foi enviado para Lisboa logo após deixar a direção-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Na época, a agência foi acusada de participar de forma clandestina da Operação Satiagraha, comandada pelo delegado Protógenes Queiroz, recém-eleito deputado federal pelo PCdoB paulista.

O eleito


O senador Cristovam Buarque, do PDT do Distrito Federal, com 4.218 votos, foi o grande vencedor do prêmio Congresso em Foco, no qual jornalistas e internautas escolheram os parlamentares mais atuantes no Senado. Disputou com Marina Silva (PV-AC), que obteve 3.801 votos, e Eduardo Suplicy (PT-SP), que recebeu 3.317 indicações. Na Câmara, o mais votado foi o deputado Chico Alencar (PSol-RJ), com 3.075 sufrágios, seguido de Gustavo Fruet (PSDB-PR), com 2.534, e Luciana Genro (PSol-RS), com 2.502.

Menos mal/ A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulga hoje os indicadores industriais de setembro. A pesquisa mensal revela a evolução do faturamento, das horas trabalhadas, do emprego, da remuneração paga e do nível de utilização da capacidade instalada na indústria brasileira. Foram analisados 19 setores da indústria de transformação.

Fugaz/ Depois de uma passagem meteórica pela equipe de transição, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel voltou para a geladeira petista. O presidente do PT, José Eduardo Dutra, porém, minimiza sua saída da equipe de transição: "Vamos discutir medidas administrativas imediatas, não têm nada a ver com a participação no futuro governo".

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Sinais exteriores

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Na primeira entrevista que deu aos telejornais, a presidente eleita Dilma Rousseff fez questão de sinalizar que pretende melhorar as relações econômicas com os Estados Unidos e reavaliar o comércio com a China, os dois protagonistas do que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chamou de "guerra cambial". Não chega a ser uma mudança na política externa brasileira, mas é um sinal de que o ciclo do chanceler Celso Amorim está próximo do fim.

A ênfase com que Dilma relatou sua conversa com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, não deixa de ser alvissareira. Desde a 2ª Guerra Mundial, nunca houve uma oportunidade como a atual para negociar novos acordos comerciais com os Estados Unidos, que já foi o principal destino de nossas exportações e não é mais. Além disso, as relações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com seu colega norte-americano estão estremecidas desde o episódio do acordo com o Irã, que desgastou o Brasil no Ocidente.

Uma das grandes dificuldades enfrentadas por Dilma durante a campanha eleitoral foi o problema cambial, que prejudica o setor industrial. A outra face da valorização do real em relação ao dólar é a desvalorização artificial da moeda chinesa, o yuan. A consequência imediata é a perda de competitividade dos produtos brasileiros frente aos chineses no nosso mercado interno. Dilma pretende enfrentar esse problema no começo de seu governo.

Agastados

Não convidem para a mesma mesa de jantar a secretária de Estado dos Estados, Unidos, Hillary Clinton, e o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim. Os dois só conversam por mera formalidade e falam mal um do outro nos eventos internacionais. A torcida no Itamaraty para que o novo chanceler brasileiro seja o secretário-geral do Itamaraty, embaixador Antônio de Aguiar Patriota, não é pequena. Ele foi embaixador em Washington.

Paciência

O embaixador da China no Brasil, Qiu Xiaoqi, minimiza as críticas aos padrões das relações comerciais do seu país com o Brasil. Argumenta que o governo chinês executa uma reforma monetária com o objetivo de valorizar gradativamente o yuan e que os desequilíbrios cambiais da economia mundial são provocados pela crise econômica de alguns países. Não os cita, mas está falando dos Estados Unidos e da Comunidade Europeia. Segundo ele, a parceria comercial entre o Brasil e a China enfrenta problemas normais nas relações de troca entre dois países em desenvolvimento e que podem ser superado pelas vias do diálogo e da negociação.

Diplomação

O Tribunal Superior Eleitoral programa a diplomação de Dilma Rousseff como presidente da República para 15 de dezembro. Na sessão, o presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski, entregará a Dilma o diploma com o mandato eleitoral de quatro anos. A Procuradoria-Geral Eleitoral terá prazo de 180 dias para questionar as doações de Dilma Rousseff. O presidente Lula deve comparecer à diplomação.

Papagaio

Muita gente estranhou a presença do ator José de Abreu ao lado de Dilma Rousseff na primeira entrevista que concedeu após as eleições. O que pouca gente sabe é que o artista é amigo da presidente eleita desde os tempos da clandestinidade - reza a lenda que transportava o dinheiro da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Abreu participou ativamente da campanha de Dilma na internet. Funcionário da TV Globo desde a década de 1970, tem liberdade para estar em eventos políticos quando não faz parte do elenco denovelas.

Agenda

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reúne hoje a coordenação de governo para discutir a agenda pós-eleição. Na pauta estão os projetos que precisam de aprovação no Congresso, como a conclusão da votação das emendas do novo marco regulatório do petróleo, e algumas decisões polêmicas que ficaram para o fim do mandato: a anistia do ex-terrorista italiano Cesare Battisti, a compra de novos caças para a Força Aérea Brasileira e a nomeação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que ocupará a vaga de Eros Grau.

Mínimo

As centrais sindicais vão cobrar sua contribuição à vitória de Dilma Rousseff: querem 12,9% de aumento do salário mínimo. O relator do Orçamento para 2011, senador Gim Argello (PTB-DF), projeta um mínimo de R$ 575,80, ou seja, um aumento real de 7%. O previsto pelo governo era R$ 538,15. A equipe econômica veta a reivindicação dos sindicalistas.

Leão

O relatório de receitas do Orçamento da União, que pode ser votado hoje na Câmara, prevê um aumento de R$ 17,68 bilhões naarrecadação durante o primeiro ano do governo Dilma Rousseff. As receitas poderão ultrapassar R$ 967,63 bilhões

Estabanado / Coordenador do programa de governo de José Serra, Xico Graziano - protagonista da primeira crise pós-eleitoral do PSDB, ao responsabilizar no Twitter o senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG) pela derrota do tucano nas eleições presidenciais -, sempre foi um macaco em casa de louça na luta interna da legenda. No governo Fernando Henrique Cardoso, de quem foi secretário particular, foi um dos responsáveis pela crise que afastou do governo seu porta-voz, o embaixador Sérgio Amaral.

Moderno / O comandante do Exército, general Enzo Peri, lança hoje um novo portal na internet, com jogos e até acesso para crianças. Também terá Twitter, Facebook e YouTube, além de notícias em tempo real.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Strike na Esplanada

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


O salve-se-quem-puder na Esplanada começou no dia seguinte à eleição de Dilma Rousseff. A maioria dos ministros até gostaria de ficar, mas o ambiente na cúpula petista é de que ninguém tem cadeira cativa na equipe do próximo governo, nem mesmo aqueles que apresentam o melhor desempenho. Não será surpresa se Dilma fizer um strike e substituir todos os ministros para dar ao novo governo a sua cara.

Por incrível que pareça, os mais preparados para isso são os petistas, acostumados a fazer a fila andar desde quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou a presidência da sigla. Os que já estão praticamente fora do ministério são os interinos, de fácil remoção, como o atual chefe da Casa Civil, ministro Carlos Eduardo Esteves. O mais cotado para a pasta é o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, que assumiu a coordenação técnica da transição. Fala-se também no nome do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que deixará a pasta.

Os secretários-executivos que viraram ministros quando o titular saiu para disputar as eleições já podem arrumar as gavetas. É o que acontece com o atual ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, que substituiu Tarso Genro - agora governador eleito do Rio Grande do Sul -, apesar da boa atuação como bombeiro nas crises da campanha. O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), outro coordenador de Dilma, de quem virou uma sombra, é o mais cotado para a pasta, a não ser que seja nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Lula.

Mobília

Quem faz parte da mobília no Palácio do Planalto é o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, um dos quadros mais afáveis da cúpula petista. Hoje, é o único que entra na sala do presidente da República sem ser anunciado, e é o interlocutor preferido de nove entre 10 governadores de estado pela boa vontade com que lida com os seus pedidos. As apostas são de que será o novo secretário-geral da Presidência da República, por sugestão do presidente Lula.

Comandante

Dilma não tem um nome para o lugar do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que foi o mais bem-sucedido na pasta desde a sua criação. Graças à experiência política do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), todos os conflitos do governo com as Forças Armadas foram resolvidos ou neutralizados. Ex-integrante de uma organização guerrilheira, Dilma foi torturada e passou três anos na prisão. Agora virou comandante suprema do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Não vai querer agitação na caserna.

Das cinzas

Dilma nomeou o ex-prefeito petista de Belo Horizonte Fernando Pimentel um dos seis integrantes de sua equipe de transição. Ficou assim: o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci e Pimentel cuidarão das relações com os ministros; o presidente do PT, José Eduardo Dutra, e o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), dos políticos; o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia, das relações internacionais; e Clara Ant, dos compromissos de campanha.

Padrinho

Durante a campanha, quando decidiu continuar na Presidência do Banco Central, Henrique Meirelles acabou se cacifando. A permanência no governo, mesmo podendo disputar o governo de Goiás, foi um gesto importante. Hoje, acredita que Lula será seu padrinho nas pretensões políticas.

Derrubada

Os "imexíveis" também estão na berlinda. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, por exemplo, depende de um pedido do presidente Lula a Dilma para permanecer no cargo. É muito forte o lobby a favor de que o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, ocupe a pasta. Um dos que supostamente defendem a mudança seria Palocci, homem forte do mercado junto à campanha. Coutinho é um dos maiores especialistas em política industrial do país.

Fortalecido

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, elo de ligação entre o Ministério da Fazenda e a campanha de Dilma, é outro nome cotado para o lugar de Guido Mantega. Nos bastidores do PT, é apontado como homem de confiança de Dilma e uma espécie de curinga para a área econômica, pois também poderia ocupar o lugar de Coutinho no BNDES.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O resto é conseqüência

Luiz Carlos Azedo

Aconteceu o que já era esperado: a petista Dilma Rousseff foi eleita presidente da República. Durante todo o segundo turno, apesar do susto inicial, manteve sua dianteira na disputa com José Serra (PSDB).
Como conseguiu abrir uma vantagem estratégica na última semana de campanha, foi beneficiada também pela desmobilização de eleitores de oposição que preferiram ir à praia ou curtir outras paragens.
A causa já estava perdida.
Quem ganhou a eleição foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com elevados índices de popularidade e de aprovação de sua administração. Esse prestígio foi transferido maciçamente à petista, que nunca antes disputara uma eleição.
Lula ganhou, quem leva é Dilma - legitimamente, pelo voto nas urnas.
Dilma superou todos os obstáculos que surgiram no caminho. Enfrentou o experiente candidato tucano em vários debates sem baixar a guarda. Curou-se de um câncer que quase a tirou da eleição.
Por que venceu? Ora, a correlação de forças lhe era mais favorável: economia em expansão, renda em alta, governo bem avaliado, amplo apoio de forças políticas e movimentos sociais. Fez campanha em céu de prigadeiro, apesar do bombardeio que sofreu.
À oposição restava apenas a bandeira da ética.
E agora, o que fará?
Primeiro, precisa montar sua equipe ministerial sem lotear a Esplanada. O PT, o PMDB, o PSB e os demais aliados estão de goela aberta.
Segundo, organizar de forma satisfatória a sua base no Congresso, o que depende do perfil da coalizão de governo.
Terceiro, realizar ajustes na política econômica para enfrentar o problema cambial, o déficit nas contas públicas e manter a inflação sob controle.
O resto é conseqüência.