sábado, 13 de novembro de 2010

O DEM à deriva

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


O DEM emergiu das urnas com dois governos estaduais: o de Santa Catarina e o do Rio Grande do Norte. Não deixa de ser uma proeza, depois do vexame que passou com a cassação do mandato do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (sem partido), o único eleito em 2006. Entretanto, hoje a legenda está à deriva. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, atropela seus velhos caciques e negocia com o vice-presidente da República eleito, Michel Temer (PMDB), a incorporação do DEM ao PMDB.

A força do DEM (ex-PFL), que surgiu como dissidência do antigo PDS na articulação que elegeu Tancredo Neves presidente da República em 1985, sempre foi grande nos dois estados, mas já foi muito maior na Bahia e em Pernambuco, onde o partido definha. Marco Maciel (PE), orgulho dos democratas, não se reelegeu para o Senado. E o ex-governador Paulo Souto foi derrotado na disputa pelo Executivo baiano.

Durante duas décadas, os caciques do DEM se jactaram de serem PHD em política. Na verdade, eram catedráticos na capacidadede transformar o exercício do poder numa máquina de votos. Vem daí a crise pela qual passa a sigla. Seus velhos expoentes estão cansados de ser oposição, não sabem fazê-la com competência para ganhar votos. É muito mais fácil para eles perdê-los.

Renovação

A renovação do DEM foi patrocinada por seu principal patriarca, o ex-senador Jorge Bornhausen que alçou ao comando da legenda jovens políticos de sobrenomes famosos. O principal é Rodrigo Maia, presidente do DEM, filho do ex-prefeito carioca Cesar Maia. Bornhausen conseguiu eleger Raimundo Colombo governador em Santa Catarina, porém, estaria apoiando as articulações de Kassab. Curioso é que seu filho Paulo Bornhausen (SC), líder da bancada na Câmara, desce o sarrafo no governo um dia sim e o outro também.

Baldeação

O DEM nunca sentou praça em São Paulo, onde a disputa pelo poder se deu até agora entre três forças: o PSDB, o PT e o PMDB (que entrou em declínio na medida em que o ex-governador Orestes Quércia teve seu prestígio eleitoral desidratado). A conquista da Prefeitura de São Paulo, com a reeleição de Kassab - que derrotou Geraldo Alckmin (PSDB) e Marta Suplicy (PT) em 2006 e venceu de novo este ano -, parecia transformar o DEM na força que iria ocupar o espaço aberto pelo PMDB. Eis que Kassab resolveu liderar a incorporação do DEM ao PMDB. Alguma coisa não se encaixa.

Em blocos

Dilma Rousseff pretende mesmo nomear seu ministério em blocos mais ou menos homogêneos. A previsão é que a nova equipe econômica seja anunciada antes do dia 20 caso seja confirmada a permanência de Guido Mantega no Ministério da Fazenda.

Record

O presidente da Itaipu Binacional, Jorge Samek, garante que sobra energia no país para sustentar o crescimento econômico. Só Itaipu deve produzir, este ano, entre 82 milhões e 84 milhões de megawatts-hora (MWh).

Fora do jogo

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) foi escanteado das negociações para a formação do secretariado do governador eleito do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). As articulações estão sendo conduzidas pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que comanda a legenda com mão de ferro. Com exceção das seções do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, nenhum diretório do PDT tem autonomia para negociar com aliados sem o aval de Lupi.

Nem vem

Não há a menor possibilidade de o ex-presidente da Assembleia Legislativa fluminense Jorge Picciani (PMDB) vir a ocupar um ministério no governo Dilma Rousseff. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez tudo o que pôde e mais alguma coisa para não deixar que o peemedebista se elegesse ao Senado. O governador Sérgio Cabral (PMDB) terá que acomodar o aliado no seu secretariado.

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