domingo, 31 de outubro de 2010

O povo escolhe

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) encerram, hoje, a primeira eleição à Presidência da República sem o nome de Luiz Inácio Lula da Silva na lista de votação. Pautada por projetos e ações do governo Lula, a campanha de Dilma apostou na continuidade dos programas Bolsa Família; Minha Casa, Minha Vida; Aceleração do Crescimento e no novo marco regulatório de exploração da camada de pré-sal como divisor de águas com a oposição.

O tucano José Serra, em constante desvantagem na disputa, evitou caracterizar o seu projeto como uma ruptura com o governo Lula. Para se aproximar dos mais pobres, lançou propostas como o salário mínimo de R$ 600, o aumento de 10% das aposentadorias, o 13º do Bolsa Família e programas sociais como o Mãe Brasileira, além das duras críticas ao aparelhamento do Estado pelo PT e à corrupção no governo.

Dilma e Serra tangenciaram a agenda dos desequilíbrios da economia, como a valorização excessiva do real frente o dólar, a jornada de trabalho de 40 horas, o crônico deficit da Previdência.E protagonizaram um debate regressivo sobre a religião e o aborto. Porém o eleitor está em plenas condições de escolher o novo presidente da República. Não precisa conhecer anatomia para distinguir um tigre de um elefante.

Passeio

As pesquisas mostram uma vitória tranquila do petista Agnelo Queiroz no Distrito Federal. O ex-governador Joaquim Roriz (PSC), segundo seus aliados, errou de candidato ao optar pela candidatura da mulher, Weslian Roriz (PSC), em vez da de Jofran Frejat (PR), o vice.

Segundo turno

Dos 135.804.433 de eleitores que participam, domingo, do pleito, 14,34 % escolhem, em segundo turno, o governador em oito estados e no Distrito Federal. São 19.476.363

Coalizão 

O tucano Teotônio Vilela (PSDB) tem chances de vencer a eleição em Alagoas neste domingo, mas enfrenta uma coalizão poderosa. Os senadores Renan Calheiros (PMDB) e Fernando Mello (PTB), que disputou o governo e ficou fora do segundo turno, apoiam o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), da base de apoio de Dilma.

Declínio 

O senador José Sarney, (foto) do PMDB-AP, acompanha ao largo as eleições no Amapá. Seu candidato a governador, Lucas Barreto (PRB), está perdendo a eleição para Camilo Capiberibe (PSB), filho de seu arqui-inimigo João Capiberibe(PSB). O governador Pedro Dias (PP), que apoia Barreto, foi preso durante uma operação da Polícia Federal um mês antes do primeiro turno.

Diversão

A disputa entre Marconi Perillo (PSDB) e Iris Rezende (PMDB) em Goiás virou um duelo entre dois astros da televisão: Nerso da Capitinga personagem dos programas do tucano desde a sua primeira eleição, e o apresentador Jorge Kajuru, desafeto de Perillo, se digladiam na telinha. De longe, foi a campanha mais divertida.

Voltando

O ex-governador tucano Simão Jatene já encomendou o terno da posse. Deve derrotar a governadora petista Ana Júlia Carepa (PT), que repete o fracasso da governadora gaúcha Yeda Crusius (PSDB). O estado protagonizou a confirmação da Lei da Ficha Limpa para as eleições deste ano com o julgamento do senador Jáder Barbalho, cuja candidatura foi impugnada depois de eleito com 1, 7 milhão de votos.

Dose dupla

Ricardo Coutinho (PSB) é o mais cotado na disputa pelo governo da Paraíba, na qual o governador José Maranhão (PMDB) tenta a reeleição. Recebeu oapoio do ex-governador tucano Cássio Cunha Lima, cassado duas vezes: primeiro, no governo do estado e, agora, ao ter a sua candidatura impugnada depois de eleito por causa da ficha suja.

Reeleição

Wilson Martins (PSB)deve ser reeleito hoje, no Piauí, depois de uma disputa acirrada com o tucano Sílvio Mendes (PSDB). Nas eleições do estado, no primeiro turno, foram derrotados dois caciques da oposição, os senadores Heráclito Fortes (DEM) e Mão Santa (PMDB), candidatos à reeleição.

Tiroteio

Confúcio Moura (PMDB) e João Cahulla (PPS) se digladiam nas eleições de Rondônia, onde o clima anda quente por causa do último debate entre os dois. O governador Cahulla, candidato à reeleição, acusou o adversário de se aliar com envolvidos no desvio R$ 70 milhões da Assembleia Legislativa. Pesquisas indicam vitória de Confúcio.

Apertado

Neudo Campos (PP) deve vencer o governador tucano Anchieta Júnior em Roraima, onde a Polícia Federal investiga a origem de R$ 5 milhões apreendidos com cabos eleitorais do líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB), reeleito no primeiro turno. O clima é tenso no estado.

sábado, 30 de outubro de 2010

Go home

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


A campanha eleitoral chega aos finalmentes com um viés político nacionalista resgatado dos anos 1960. Do ponto de vista econômico, seu viés está mais próximo do projeto desenvolvimentista dos anos 1970. O primeiro era marca registrada do nosso populismo trabalhista; o segundo, do autoritarismo de caserna. Nenhum dos dois deu certo.

Agora, na reta final, a campanha eleitoral envereda por esse caminho por pura esperteza do marqueteiro de Dilma Rousseff (PT). O de José Serra (PSDB) aceitou o trololó e resolveu disputar o campeonato de nacionalismo chauvinista para ver quem é mais entreguista e privatista. Nem a Petrobras correu risco de privatização nas eleições, nem o pré-sal será mais brasileiro porque mudamos o modelo de exploração do petróleo do regime de concessões para o sistema de parceria. Isso é pura mistificação.

Desde a Independência, felizmente, o Brasil sofre forte influência da democracia americana. Na proclamação da República, nos autodenominamos Estados Unidos do Brasil. No final do Estado Novo,com a entrada do Brasil na guerra contra o Eixo - Alemanha, Itália e Japão -, o americanismo tornou-se definitivamente hegemônico no Brasil. Sem ele, não haveria industrialização, consumismo e cultura pop. Isso não tem nada a ver com falta de patriotismo, mas com capitalismo e estilo de vida Ocidental. Simples assim.

Pelo mundo


Nosso ponto de referência do Oriente é Lisboa, que mira o Ocidente nos versos de Fernando Pessoa. Para a esmagadora maioria dos brasileiros, nunca foi Moscou, muito menos Pequim. Nenhum brasileiro tampouco gosta de se ver comparado aos demais países latino-americanos, nem mesmo à Argentina, o mais metido a europeu dos nossos vizinhos. Nossa classe média gosta de Nova York e de Miami; a elite prefere Paris e Roma. A esquerda ainda curte o charme caribenho de Havana.

O cara e o negão

É uma idiossincrasia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não gosta de Barack Obama , o presidente dos Estados Unidos. Tinha um relacionamento melhor com George W. Bush, o senhor da guerra que pôs os ianques na enrascada do Iraque e levou o império à maior crise econômica desde 1929. Não perde uma oportunidade de fazer contraponto com Obama, a quem não perdoa por causa do episódio do acordo com o Irã, cuja negociação foi iniciada a pedido do colega norte-americano. Lula acabou desautorizado pela Casa Branca. O brasileiro considera Obama refém da secretária de Estado, Hillary Clinton e do ex-presidente democrata Bill Clinton.

Vamos votar

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Ricardo Lewandowski, fará hoje à noite seu último pronunciamento antes da realização do segundo turno. Em cadeia nacional, pedirá aos eleitores para não viajar no feriado e participar do pleito.

Estrangeiros

Mais de 200 mil brasileiros foram cadastrados pelo Tribunal Superior Eleitoral para votar fora do Brasil. A maior parte deles está nos Estados Unidos, onde o número de eleitores é de 66 mil

Exterior

A eleição presidencial aqui no Brasil começa pela Nova Zelândia, às 17h de sábado. O primeiro lugar a registrar o voto de brasileiros será o município de Wellington. Em seguida, será a vez da Austrália, do Japão e da China. O processo de votação será finalizado em São Francisco, nos Estados Unidos, às 22h do horário de Brasília.

Estilos

Nos bastidores da campanha de Dilma Rousseff, começou uma disputa entre o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, principal interlocutor da candidata petista no mercado, e o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa (foto), porta-voz da equipe econômica no grupo que elabora o programa de governo. Em linguagem futebolística, um joga para a arquibancada e o outro para o time. A polêmica sobre a meta de redução da dívida pública líquida para 30% f az parte do jogo.

Quer ficar


O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, ganhou o apoio dos governadores da Bahia, Jaques Wagner (PT), reeleito, e do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), recém-eleito, para permanecer na pasta, onde integra a cota do PMDB, caso Dilma Rousseff seja eleita. O secretário de Saúde do Rio de Janeiro, Sérgio Cortes, está de olho no cargo. Temporão foi indicado para o cargo pelo governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB).

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Dedos cruzados

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Ao contrário do que ocorreu no primeiro turno, desta vez a cúpula da campanha de Dilma Rousseff (PT) não pretende baixar a guarda em função das pesquisas favoráveis na véspera da eleição. No momento, a situação é muito mais confortável do que a da primeira semana do segundo turno, quando tracking do marqueteiro João Santana, mantido a sete chaves, chegou a registrar apenas cinco pontos de diferença em relação a José Serra (PSDB). Agora, as pesquisas apontam uma vantagem de 11 a 15 pontos para a petista, o quem seria mais do que o suficiente para começar a comemoração antecipada.

Do outro lado do campo de batalha, os comandantes da campanha tucana tentam manter o ânimo da tropa. Há dois tipos de desmobilização que podem tirar Serra da disputa pela Presidência da República antes do dia de votação: o desânimo de militantes e de aliados derrotados nos estados e a dispersão dos eleitores por causa do feriadão de Finados. Ambos podem ser ampliados pelo resultado das pesquisas de opinião que estão sendo divulgadas diariamente.

Tendo por base as pesquisas oficiais, o favoritismo de Dilma é inequívoco. As variáveis principais da disputa eleitoral - situação da economia, indicadores sociais, alianças políticas, mobilização social - trabalham a seu favor. A oposição, porém, venceu as eleições em estados muito importantes das regiões Sul e Sudeste - São Paulo, Minas e Paraná, principalmente -, e disputa o segundo turno em unidades da Federação do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste, como Alagoas, Pará e Goiás, respectivamente, com boas chances de vitória. Pode ser que a eleição já esteja decidida, mas cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Para os petistas, Serra não está morto na eleição, ainda mais porque o grande confronto com Dilma, para os eleitores indecisos, será o debate de hoje na tevê.

Pesquisas

A cúpula tucana faz um esforço enorme para convencer os militantes de que a eleição está em aberto. Argumenta que as pesquisas GPP - instituto de Campinas que trabalha para o PSDB - acertaram mais do que as demais no primeiro turno e apontariam uma diferença de apenas cinco pontos entre Dilma e Serra. A margem de erro das pesquisas dos demais institutos no primeiro turno chegou a 10%. A eleição do tucano Aloysio Nunes Ferreira ao Senado, como o mais votado no país, e a própria vitória de Serra em São Paulo, não foram captadas nem na véspera da eleição pelas demais pesquisas.

Burrice

Há um zunzunzum na Câmara dos Deputados de que a fusão do DEM com o PMDB estaria sendo negociada entre o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e o presidente do PMDB, Michel Temer, vice de Dilma Rousseff. O ex-prefeito carioca Cesar Maia (DEM) fulminou a tese: "Se Serra vencer, a fusão, criando o maior partido na Câmara, poderia até ser prática. Mas nada que um bloco DEM-PSDB, com base programática e de sustentação dogoverno, não pudesse resolver. Mas se a Dilma vencer, a fusão seria uma burrice".

Paternidade

Estrela em ascensão do projeto de Dilma Rousseff, o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) repeliu as acusações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes de que teria feito uma emenda ao projeto da Lei da Ficha Limpa para favorecer Agnelo Queiroz (PT) na disputa pelo Governo do Distrito Federal. Segundo Mendes, a lei alcançaria outros candidatos, inclusive alguns petistas. Cardozo é cotado para ministro da Justiça, caso Dilma vença as eleições, e também para a vaga do ex-ministro Eros Grau no STF.

Ministeriável

Excelente gestor público, o governador Paulo Hartung, do PMDB capixaba, é considerado um de seus ministeriáveis pela cúpula do PMDB, qualquer que seja o resultado da eleição. O ex-tucano, foi líder de José Serra na Câmara, com quem mantém boa relações. Na eleição, porém, marchou com Dilma Rousseff e viabilizou a eleição de Renato Casagrande (PSB), que venceu a disputa pelo governo do Espírito Santo no primeiro turno.

Paixões

A TV Globo promove hoje, às 22h, após a novela Passione, o momento mais eletrizante do segundo turno das eleições: o debate entre os candidatos à Presidência da República, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Mediador do encontro, desta vez o jornalista William Bonner não fará perguntas. Será um confronto histórico.

Resultado

As estimativas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o próximo domingo é que a divulgação dos resultados seja mais rápida do que na primeira etapa. De acordo com técnicos da Corte, 90% das urnas já terão sido apuradas por volta das 20h30. O TSE estima que Dilma Rousseff ou José Serra poderão iniciar a festa ou amargar a derrota já a partir das 21h.

Mais ciência

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) encaminharam carta aos candidatos a presidente da República solicitando apoio para que a revisão do Código Florestal Brasileiro seja feita com base em parâmetros científicos. Assinada pelos presidentes Marco Antônio Raupp, da SBPC, e Jacob Palis, da ABC, o documento afirma que a comunidade científica brasileira deseja contribuir com "informações confiáveis que embasem a modernização do Código Florestal brasileiro". Há muita política e pouca ciência no projeto.

Máquina

Militantes do PT usam a máquina do governo federal no limite da irresponsabilidade para fazer campanha. A ponto de o Serviço do Patrimônio da União (SPU), órgão do Ministério do Planejamento, ter distribuído uma mensagem pelo correio eletrônico corporativo a todos os funcionários do órgão, comparando indicadores dos governos FHC e Lula, supostamente publicados pelo jornal britânico The Economist, com a seguinte conclamação: "Acorda Brasil, PSDB outra vez, não!".

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O voto da mágoa

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

O veterano senador Pedro Simon (PMDB-RS) anunciou ontem, em discurso no Senado, que não se sente em condição de orientar seus eleitores no segundo turno das eleições. Segundo ele, pela primeira vez desde a eleição de Getúlio Vargas, em 1950, encontra-se nessa situação. Queixa-se do disse me disse da campanha eleitoral e da troca de acusações entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). E de que os candidatos não estão discutindo uma agenda de verdade para o país.

"Hoje eu me pergunto: como uma pessoa que nem eu pode orientar o que fazer e como fazer? Qual é o programa de um, qual é o programa do outro, qual é a convicção que eu tenho de um lado e qual é a convicção que eu tenho do outro lado? E, se olhar as companhias, eu fico a me perguntar: com quem um governará e com quem o outro governará? Por isso, eu não tenho a coragem de falar e orientar os meus irmãos em quem devem votar."

Simon é uma espécie de biruta de aeroporto, fareja os vento que vêm do Sul e segue o rumo do Minuano na política nacional. "Vou votar, mas não falo aqui, porque não quero orientar ninguém, não quero ter a responsabilidade de nenhum voto a favor de 'a' ou a favor de 'b'. Cada um faça o que eu vou fazer. Vou votar com muita mágoa. Vou votar já dizendo que, no ano que vem, aqui, serei um senador independente, ganhe um ou ganhe outro".

Petróleo

Tendo como porta-voz o deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) do Espírito Santo, um dos criadores do bem sucedido Programa Brasileiro de Qualidade e Produtuvidade (PBQP) e funcionário de carreira do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os tucanos resolveram finalmente encarar o debate sobre o regime de exploração de petróleo e o desempenho da Petrobras após a quebra do monopólio. Instituída em 1997, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, a Lei do Petróleo alavancou de forma "extraordinária e espetacular" a Petrobras: "Em 10 anos, a produção de petróleo do Brasil dobrou", destacou o tucano, presidente do Instituto Teotônio Vilela, órgão de estudos do PSDB.

Sucesso

Segundo Vellozo Lucas, que é funcionário de carreira do BNDES, no período a capacidade de investimento da Petrobras saltou de R$ 4 bilhões para R$ 30 bilhões

Modelo

Para a cúpula do PT, a polêmica sobre o novo marco regulatório da Petrobras é a melhor oportunidade oferecida a Dilma Rousseff para estabelecer uma linha divisória entre seu projeto de governo e o do tucano José Serra com um viés nacionalista. Todas as vezes em que isso aconteceu, a oposição ficou na defensiva. No debate de segunda-feira, na TV Record, porém, Serra acusou a petista de ter realizado o maior número de concessões para exploração de petróleo do pós-sal a empresas estrangeiras da história. O próximo round entre os dois será na sexta-feira, no debate da TV Globo.

Feriadão

Cresce a apreensão na campanha de Serra com o feriado de terça, 2 de novembro (Finados), principalmente nos estados governistas, onde a abstenção tende a ser maior entre os eleitores do tucano. No Rio de Janeiro, o governador Sérgio Cabral (foto), do PMDB, adiou de hoje para segunda-feira a comemoração do Dia do Servidor Público no estado. O governo de Goiás foi pelo mesmo caminho. No Distrito Federal, porém, o feriadão pode prejudicar o petista Agnelo Queiroz.

Maratona

O ex-governador Aécio Neves e o governador Anastasia tentam alavancar a candidatura de José Serra em Minas promovendo dois eventos de campanha hoje, um em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e outro em Montes Claros, no Norte do estado. Durante a semana, Aécio fez campanha para Serra em Feira de Santana (BA), Salvador, Goiânia, Teresina, Belém, Maceió e Rio de Janeiro.

Castelo de areia

Circula na campanha tucana a informação de que José Serra guardou para o último debate, promovido pela TV Globo, as respostas referentes à Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal. No debate da Record, Dilma Rousseff provocou Serra ao citar a participação de Paulo Preto no escândalo desbaratado pela PF. A promessa é que o tucano parta para o ataque contra Dilma.

Concorrência / O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), vinculado ao Ministério da Justiça, deve julgar na semana que vem mais um caso da cervejaria Ambev. Os conselheiros analisarão a mudança do tamanho das embalagens das cervejas vendidas no Brasil de 600ml para 630ml.

Pesquisas / Vem mais pesquisas por aí: hoje serão divulgadoslevantamentos do Ibope (25 a 28/10) e do Datafolha (28/10); na sexta-feira será a vez da Sensus (28 a 29/10) e, no sábado, do Ibope (27 a 30/10), do Datafolha (29 a 30/10) e da Vox Populi (30/10).

Jornalista / A diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, condenou o assassinato do jornalista Francisco Gomes de Medeiros, em Caicó, no Rio Grande de Norte, no último dia 18, e pediu uma investigação completa sobre o crime.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Bateu, levou

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

O debate na TV Record de segunda-feira noite, com audiência que surpreendeu por atingir 10 pontos, deu o tom da agressividade dos candidatos a presidente da República na reta final deste segundo turno: tanto Dilma Rousseff (PT) quanto José Serra (PSDB) adotaram a tática do bateu, levou.

Em desvantagem nas pesquisas, quem primeiro subiu o tom foi Serra, numa tentativa de "desconstruir" a imagem de Dilma, única maneira de fazer com que a petista caia alguns pontos nas pesquisas. Como era de se esperar, trouxe à baila a agenda negativa da rival: os escândalos na Casa Civil, as relações com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o atraso em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Serra ainda se defendeu das acusações de privatista, atribuindo a Dilma as maiores privatizações do pós-sal, que é o petróleo mais fácil de ser explorado.

Essa tática é perigosa, seja porque o eleitor não gosta de baixaria na campanha, seja porque a petista não é de levar desaforo para casa. No debate, Dilma retrucou e trouxe novamente à cena eleitoral o caso do ex-diretor da paulista Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa) Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, assunto constrangedor que irrita o tucano. Para resumir a ópera, Serra impôs a Dilma um jogo de perde-perde na hora em que estão em disputa os votos dos indecisos e vacilantes. Difícil saber quem teve mais prejuízo.

Cansou

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), desistiu de mobilizar tucanos e aliados nos estados onde não há segundo turno e a oposição perdeu no primeiro round, a começar por Pernambuco. Avalia que isso somente é possível com o apoio dos governadores eleitos e, ainda assim, se os prefeitos forem bastante motivados. A turma da oposição só se mexe na presença do candidato. Depois que ele vai embora, a maioria cruza os braços.

Mandando

Os petistas José Eduardo Dutra, Antônio Palocci e José Eduardo Cardozo continuam centralizando as decisões de campanha de Dilma Rousseff. Moreira Franco (PMDB) e Ciro Gomes (PSB), representantes dos aliados, viraram bibelôs. Quando alguém quer contornar o triunvirato petista, o único caminho é conversar com o vice na chapa de Dilma, Michel Temer (PMDB), que ainda tem acesso direto à candidata, ou com o presidente Lula, se tiver cacife para isso.

Trincheiras

Os presidentes do DEM, Rodrigo Maia (RJ), e do PPS, Roberto Freire (SP), vão comandar a oposição na Câmara, caso Dilma vença as eleições, com Sérgio Guerra (PE), que se elegeu deputado federal e deixará o Senado. Nesta Casa, aliás, a oposição será comandada pelo ex-governador tucano Aécio Neves, que fará ala com José Agripino (DEM-RN), Itamar Franco (PPS-MG) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Caso Serra vença as eleições, os caciques da oposição vão ter de ceder espaço para os cardeais de sempre do PMDB.

Julgamento

Nos bastidores do Supremo Tribunal Federal (STF), a expectativa para o julgamento do recurso de Jader Barbalho (PMDB), que teve votos suficientes para ser eleito senador pelo Pará, contra a impugnação de sua candidatura com base na Lei da Ficha Limpa, é de que será uma sessão mais breve do que aquela que apreciou o caso Joaquim Roriz (PSC-DF). Naquela ocasião, houve impasse entre os ministros, com cinco votos a favor da aplicação da norma e cinco contra. A inclusão do tema na pauta de hoje não era desejada por alguns ministros.

Desempate

Um novo impasse no julgamento do caso Barbalho somente será evitado se algum ministro mudar de entendimento sobre a aplicabilidade da lei ou o presidente do STF, Cezar Peluso, invocar o voto de minerva, que lhe dá o direito de desempatar o julgamento. Outra hipótese seria o entendimento de que, havendo empate, que se mantenha a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que era pela aplicação da Lei da Ficha Limpa.

Melhores

O Prêmio Congresso em Foco encerra no próximo domingo a votação popular para a escolha dos melhores parlamentares do Congresso Nacional. Para participar, basta acessar o site congressoemfoco.uol.com.br. Participe!

Apagão

A hotelaria carioca entrou em colapso nesta semana. Na terça-feira, sem nenhum megaevento na cidade, os hotéis estavam lotados. Houve um overbooking generalizado de reservas. Quem quiser passar Natal e Ano Novo na Cidade Maravilhosa, é bom fazer logo as reservas. Carnaval, então, nem se fala. Quanto à Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, é melhor deixar pra lá.

Leitos

A cidade do Rio de Janeiro tem a mesma quantidade de leitos de hotéis que o estado do Rio Grande do Norte, que explora o turismo de forma organizada: 46 mil

Velinha / O presidente Lula comparece hoje à abertura do 27º Salão Internacional do Automóvel, no Anhembi, em São Paulo. Depois, comemora o seu 65º aniversário com a família.

MSC / Um dos problemas de Agnelo Queiroz (PT) na reta final da disputa para o Governo do Distrito Federal é o Movimento dos Sem Canetas. São candidatos derrotados que fazem parte da coligação do petista, mas que no primeiro turno namoravam uma aliança com o então candidato ao GDF Joaquim Roriz (PSC).

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Thriller eleitoral

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

A semana promete. A reta final da campanha eleitoral parece um thriller cinematográfico, com aqueles ingredientes que garantem o sucesso do gênero: suspense, espionagem, intriga, dissimulação e traição. Tudo isso com a divulgação diária de pesquisas de intenção de voto que mexem com corações e mentes dos militantes das campanhas, embora os eleitores aparentemente não estejam nem aí para o que acontece nos bastidores da eleição.

Ontem, por exemplo, o instituto Vox Populi divulgou uma pesquisa na contramão do senso comum: a candidata do PT ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff, mantém a dianteira sobre o tucano José Serra na corrida presidencial, mas oscilou dois pontos para baixo em relação à pesquisa anterior, realizada entre 15 e 17 de outubro. Ela teria 49% das intenções de voto. Isso significa que Serra subiu? Não, ele também caiu e aparece com 38%. A diferença entre os dois, portanto, seria de 11 pontos.

Repete-se o fenômeno que ocorreu às vésperas do primeiro turno: a volatilidade do eleitor que só se liga na eleição nos últimos dias de campanha, troca de candidato a cada programa eleitoral e permanece indeciso praticamente até a hora da votação. Por que essa conclusão? Ora, porque a mesma pesquisa mostra que o eleitor emburrado com a eleição, que pretende votar nulo ou branco, permanece na faixa dos 6%, mas o número de indecisos subiu de 4% para 7%. Ou seja, o suspense é cinematográfico, com direito a imagens dignas de thriller político - tanto no noticiário eleitoral, quanto na propaganda dos candidatos na tevê.

A fórmula

O ex-prefeito Cesar Maia resolveu simplificar a análise das pesquisas com uma fórmula salomônica. "Dilma vencerá no Nordeste e Serra, no Sul e no Sudeste. Para simplificar, use a relação 1 para 2. Ou seja, a diferença de Dilma no Nordeste é compensada por uma diferença que seja a metade dessa no Sudeste. Se a diferença de Dilma no Nordeste for de 2, no Sudeste Serra terá que vencer por 1 para empatar".

A conta

Segundo a conta de Maia, das mais otimistas, como Dilma no Nordeste tem uma diferença de 30 pontos, Serra teria que ter, no Sudeste e no Sul, 15 pontos de diferença. No Sul, caminha para isso. Em São Paulo, teria 20 pontos de diferença. O eleitorado paulista é de 2,6 vezes o do Rio de Janeiro. Com isso, a diferença pró-Dilma no Rio de 10 pontos é coberta por São Paulo e ainda sobram 5 pontos para Minas Gerais. Se Serra vencer em Minas Gerais por 10 pontos, a eleição estará empatada. Só falta combinar com o eleitor.

Perdeu

A polêmica sobre o aborto foi assimilada pela campanha de Dilma Rousseff (PT) e virou um bumerangue contra José Serra (PSDB). Segundo a pesquisa Vox Populi, a candidata petista à Presidência da República venceria o candidato tucano José Serra entre eleitores católicos (51% a 39%), católicos não praticantes (53% a 35%) e evangélicos (44% a 41%). Entre os eleitores que não têm religião, a vantagem da petista é de 46%, contra 38% do tucano.

Se mancou

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva finalmente baixou a bola nos discursos oficiais. Ontem, nas inaugurações que realizou no Rio de janeiro, praticamente não falou das eleições. Deixou os comentários sobre a campanha para a conversa com os jornalistas depois que concluiu a agenda.

No barro

O governador eleito Geraldo Alckmin resolveu pisar no barro como se estivesse, no segundo turno, em campanha pela própria eleição. Viaja por todo o estado e acompanha a agenda de Serra onde o candidato tucano precisa de ajuda, como ocorreu no domingo, no Rio de janeiro. Alckmin quer ampliar a vantagem de Serra em São Paulo.

Só depois

A propósito, segundo o deputado José Aníbal (PSDB-SP), por enquanto Alckmin não quer nem ouvir falar em transição. Prestigia o governador tucano Alberto Goldman, que assumiu no lugar de Serra, e rechaça qualquer conversa sobre o seu futuro governo. Seu argumento é óbvio: caso Serra seja eleito presidente da República, tudo será mais fácil na hora de escolher o secretariado. Se houver derrota, muitos tucanos cairão do ninho.

Estancou

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), está convencido de que a candidata Dilma Rousseff estancou a queda em São Paulo e ainda conteve o crescimento de José Serra no estado. Baseia-se em números de pesquisas internas que apontam um crescimento de quatro pontos para a petista. Hoje, serão divulgadas pesquisas dos institutos Datafolha e Sensus. A conferir.

Saudades

O ex-presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) quer voltar ao posto e pretende disputar a indicação da bancada petista. Avalia que tem mais apoio externo do que os colegas Marco Maia (PT-RS), João Paulo (PT-SP) e o líder do governo, Cândido Vaccarezza. Quem gosta muito dessa disputa é o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), que se prepara para bater chapa com os petistas.

Despedida / O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSDB), prestigia hoje o jantar de despedida do empresário Armando Monteiro Neto da presidência da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O empresário Robson Andrade, ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), assumirá o lugar do senador eleito.

Cartões / O Banco Central enviou proposta de regulamentação do setor de cartões de crédito ao Conselho Monetário Nacional. Quer padronizar e dar transparência às tarifas cobradas pelas operadoras de cartões de crédito.

domingo, 24 de outubro de 2010

Ajuda federal

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Depois do vazamento de informações sobre as investigações do caso do suposto dossiê contra o PSDB, que alimentou o debate eleitoral na semana passada, a Polícia Federal volta ao centro dos acontecimentos eleitorais. Manteve para amanhã o depoimento da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, acusada de nepotismo e de tráfico de influência no Palácio do Planalto.

A defesa bem que tentou empurrar o assunto com a barriga, mas o delegado que investiga o caso, Roberval Vicalvi, manteve o depoimento marcado para antes de 31 de outubro. Se adiasse, poderia prevaricar. É mel na sopa para o presidenciável tucano José Serra, que surfou na onda do caso Erenice no primeiro turno. Simplesmente porque um candidato que está perdendo a eleição não tem alternativa a não ser atacar.

Não adianta Serra prometer mundos e fundos na eleição, como salário mínimo de R$ 600, 13º benefício do Bolsa Família e 10% de aumento para os aposentados. Nem anunciar que vai "acelerar" as obras do governo federal que estão longe de serem concluídas. Para vencer Dilma Rousseff (PT), missão que hoje parece impossível, Serra precisa "desconstruir" a imagem da petista e tirar uns bons pontinhos dela. De preferência, com a ajuda da Polícia Federal.

Capacetes


A oposição no Rio de Janeiro perde a eleição, mas não o bom humor. Hoje, na caminhada de José Serra (PSDB) programada para Copacabana, a ordem era todo mundo comparecer de capacete. Só faltou um gaiato organizar uma chuva de bolinha de papel para animar a passeata.


Apelou, perdeu


A coordenação de campanha de Dilma Rousseff (PT) constatou um ganho de 4% nas intenções de votos da petista graças à guerra de versões sobre o episódio da bolinha de papel. Já o deputado João Almeida (BA), líder do PSDB na Câmara, só acredita nas pesquisas internas do partido, que apontam uma diferença mínima entre José Serra e Dilma Rousseff.

 Solução final


Ao convocar o julgamento do recurso contra a Lei da Ficha Limpa feito pelo candidato ao Senado Jader Barbalho (PMDB), cuja votação no Pará até hoje não foi divulgada oficialmente, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, deu o sinal de que o impasse em torno da questão está chegando ao fim. Na última vez que o assunto esteve na pauta, em 23 de setembro, no julgamento do pedido de impugnação do ex-governador Joaquim Roriz (PSC-DF), os ministros discutiram durante 11 horas e não chegaram a uma decisão. Houve um empate de 5 x 5 na votação.

Salvação

O teólogo Leonardo Boff acaba de lançar mais um livro, intitulado Como evitar o fim do mundo. Um dos principais representantes da teologia da libertação, o ex-franciscano cada vez mais se dedica aos temas ecológicos. Já escreveu mais de 60 obras, entre elas Igreja: carisma e poder, que lhe valeu uma condenação a um ano de "silêncio obsequioso" pelo Vaticano, em 1985. Largou a batina e se casou.

Charanga

O secretário executivo do Ministério do Planejamento, João Bernardo, foi notificado na sexta-feira pela Justiça do Trabalho porque não liberou os servidores da Saúde, do Trabalho e da Previdência no Rio de Janeiro em dia de jogo do Brasil na Copa da África do Sul. A partida foi às 11h e a galera não queria voltar para o batente. O sindicato, ligado à CUT, entrou com a ação.

Prancheta

Os estádios da Copa do Mundo de 2014 serão as estrelas do Brazil World Cup Architectural Summit, em Nova York, em 18 e 19 de novembro, com a participação dos arquitetos das arenas de Manaus, de Fortaleza, do Recife, de Salvador, do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte, de Curitiba, de Porto Alegre, de Brasília, de Cuiabá e de Natal. Todas as reformas ainda estão nas maquetes, mas a saia justa mesmo, quem vestirá é o representante de São Paulo, o prestigiado arquiteto Ruy Ohtake, autor do projeto do Morumbi, estádio rejeitado pela CBF e pela Fifa.

sábado, 23 de outubro de 2010

Nada de salto alto

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
Recado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o comando de campanha de Dilma Rousseff (PT) na reta final do segundo turno: não se fiem nas pesquisas, nada de salto alto. Para dar o exemplo, o próprio pretende utilizar todo o tempo disponível para fazer a campanha da petista. Teme que se repita o que ocorreu no primeiro turno, quando o clima de "já ganhou" se instalou na campanha. Na coordenação, a avaliação é que o confronto entre os projetos do governo Lula e os do tucano José Serra deve ser o eixo do programa eleitoral até o dia da votação.

Episódios como o da polêmica agressão ao candidato de oposição e o suposto dossiê contra o PSDB, que deram o tom da campanha esta semana, seriam desvios de rota que não devem voltar à pauta. Parte-se da ideia de que os eleitores serão obrigados a optar entre a continuidade do governo Lula, com a eleição de Dilma, ou a ruptura representada por Serra.

No primeiro turno, Serra teria conseguido diluir essas diferenças, prometendo manter os programas sociais do atual governo. Agora, no segundo turno, Dilma protagonizou esse confronto e saiu da defensiva. Com a participação intensa do presidente Lula na campanha, a petista conseguiu estancar o crescimento do tucano e evitou nova sangria de votos. Só precisa se manter na posição de favorita.

Vai melhor

As eleições de 2010 e de 2006 estão cada vez menos parecidas nos números do Datafolha. Lula começou o segundo turno há quatro anos com 50%, e Geraldo Alckmin, candidato do PSDB, com 43%. Dilma largou com 48% e Serra com 41%. Agora, Dilma tem 56% (Lula, na mesma época, tinha 57%) e Serra está com 44% (Alckmin tinha 38%).

De chegar

Segundo o Datafolha, a vantagem de Dilma sobre Serra cresceu de 6% para 10% nos votos totais e de 8% para 12% nos votos válidos. Brancos e nulos somam 4% (mesmo índice da semana passada) e os indecisos caíram de 8% para 6%. Como a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, a petista pode ter entre 48% e 52% nos votos totais; ou seja, entre 54% e 58% dos votos válidos. Serra teria de 38% a 42% nos votos totais; isto é, de 42% e 46% dos votos válidos. Considerando-se a margem de erro, a distância entre os dois seria de 8% a 16%. Na primeira hipótese, que é a mais otimista e se justifica pelas discrepâncias das pesquisas do primeiro turno, Serra teria que conquistar pelo menos 5% de indecisos para derrotar Dilma.

Por um triz

Eleito deputado federal pelo PCdoB, o delegado Protógenes Queiroz foi salvo pelo gongo. O Ministério Público Federal pediu ontem a sua condenação por fraude processual e vazamento de informações durante a investigação da Operação Satiagraha. O processo está na 7ª Vara Federal de São Paulo, mas subirá para o Supremo Tribunal federal (STF) após a diplomação de Protógenes. Os procuradores da República Fábio Elizeu Gaspar, Roberto Antonio Dassié Diana, Ana Carolina Previtalli e Cristiane Bacha Canzian Casagrande acusam o delegado de três crimes: dois vazamentos de informações para a Rede Globo e fraude processual.

Anistia

A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça julga hoje o processo do jornalista e líder comunista Joaquim Câmara Ferreira, também conhecido como Toledo, um dos dissidentes do antigo PCB que acompanhou Carlos Marighella na formação da Ação Libertadora Nacional (ALN). O evento será no Memorial da Resistência, em São Paulo. Câmara Ferreira comandou o sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, trocado por 15 prisioneiros políticos, em 1969. Preso em 23 de outubro de 1970, foi assassinado pelo delgado Sérgio Fleury, que o torturou até a morte.

Gravou

 A matriarca da família Veloso, dona Canô, gravou um vídeo declarando apoio à candidata Dilma. No primeiro turno, ela se queixou da falta de um telefonema de Lula. Mas agora, o presidente não só ligou para dona Canô, como o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), também fez um "dengo". Caetano Veloso, que apoiou Marina Silva (PV) no primeiro turno, continua em cima do muro.

Como um raio

Em menos de um minuto, ontem, o senador Pedro Simon, do PMDB-RS, sozinho no plenário, abriu, presidiu, falou e fechou a sessão para anunciar que o Supremo Tribunal Federal (STF) finalmente decidiu colocar em julgamento a validade da Lei da Ficha Limpa. Será na quarta-feira, quando o STF analisará o recurso de Jader Barbalho (PMDB-PA), candidato que obteve votos suficientes para o Senado, mas que está com a candidatura sub judice. Durante toda a semana, Simon discursou no Senado pedindo a votação.

Abriu

Repercutiram muito no mercado financeiro as declarações do presidente do Banco Itaú, Roberto Setúbal, que rasgou elogios à política econômica do governo Lula e disse que o país não precisa de reformas. Com as atuais taxas de juros, mesmo os banqueiros tradicionalmente ligados aos tucanos estão rindo à toa.

Processos

Nos três meses de período eleitoral, 24,17% dos processos distribuídos na Procuradoria-Geral da República foram encaminhados à Procuradoria-Geral Eleitoral. Dos 33.987 casos examinados pela PGR, os processos eleitorais representam 8.214

Indenização / Uma passageira da TAM ganhou uma ação de indenização no valor de R$ 4.424 na Justiça de Macapá (AP) em razão de um incidente quando viajava pela companhia: uma bagagem de mão caiu na sua cabeça, quebrou os seus óculos e feriu o seu rosto.

Campanha / O governador reeleito de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), comandou ontem o ato político em apoio à candidatura do tucano José Serra à Presidência da República. Reuniu lideranças do Vale do Jequitinhonha, de Governador Valadares e de Ipatinga.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Guerra de versões

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Na política, com o predomínio da mídia eletrônica como meio de campanha, a construção da imagem é resultado cada vez mais do choque de versões, e não do debate de ideias, como muitos gostariam que fosse. No segundo turno da disputa eleitoral, essa guerra se intensificou ainda mais. Ontem, certamente, registrou um de seus melhores momentos, com a divulgação de imagens sobre a agressão ao tucano José Serra (PSDB) por militantes da campanha de Dilma Rousseff (PT) em Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro, com base em duas reportagens, uma da TV Globo e outra do SBT.

Segundo a TV Globo, Serra teria sido agredido na cabeça por um objeto lançado por militantes do PT e foi obrigado a interromper a campanha e a fazer um exame médico. Já o SBT mostra a imagem de uma bola de papel que atinge o candidato tucano, que teria simulado uma agressão mais grave depois de um telefonema de origem não identificada. No horário eleitoral de Serra, o episódio é comparado a uma agressão sofrida pelo ex-governador de São Paulo Mauro Covas, que levou uma paulada de um manifestante. A reação da campanha de Dilma ao programa de Serra foi dura, a ponto de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificar a veiculação da reportagem da TV Globo como uma "farsa vergonhosa" e exigir um pedido de desculpas de Serra.

A guerra de versões não para por aí. Na internet, vale tudo: números e mais números sobre os governos Lula e Fernando Henrique Cardoso, calúnias sobre a vida pessoal de Dilma e de Serra e toda sorte de comentários sobre suas convicções religiosas e políticas. O eleitor escolhe a versão que quiser, numa guerra na qual a verdade quase sempre é a grande vítima. No rumo que tomou a campanha, o número de abstenções deve aumentar. Muita gente vai aproveitar o Dia de Finados para viajar.

Pesquisas

A guerra de versões também ocorre na interpretação das pesquisas de intenções de votos. Na noite de quarta-feira, foram divulgadas uma do Ibope e outra do CNT/Sensus. Na primeira, Dilma Rousseff (PT) tem 51%, contra 40% de José Serra (PSDB). Brancos e nulos somam 5%, e os indecisos, 4%. Considerando os votos válidos, Dilma tem 56% e Serra, 44% . No mesmo dia, o Instituto Sensus apontou a possibilidade de um empate técnico no limite da margem de erro (2,2 pontos percentuais para mais ou para menos) entre Dilma e Serra. Nessa sondagem, Dilma aparece com 46,8% das intenções de voto, contra 41,8% de Serra. Brancos, nulos e indecisos somaram 11,3%. Considerando os votos válidos, a petista teria 52,8% e o tucano, 47,2%.

Polêmica

A pesquisa Sensus seria liberada na manhã de quarta-feira, mas o instituto alegou problemas na aplicação dos questionários e sustou a divulgação, com o argumento de que a chuva comprometeu a pesquisa nas regiões Norte e Nordeste. À noite, sem alarde, divulgou o resultado na internet. As pesquisas Sensus, que nunca foram vistas com bons olhos pelos tucanos, andam discrepando dos resultados dos institutos Vox Populi e Ibope. Como todos erraram em relação aos resultados do primeiro turno, a polêmica sobre a qualidade dos levantamentos só aumenta. A propósito, hoje deve ser divulgada uma pesquisa grande do Datafolha.

Feliz da vida

O deputado cassado José Dirceu, na quarta-feira à noite, foi um dos últimos a deixar o restaurante Piantella, tradicional reduto dos políticos de Brasília, onde jantou com o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, seu amigo. Depois, jogou conversa fora com um grupo de jornalistas, dos quais quase sempre mantém distância regulamentar. Avalia que a eleição ainda não está definida e considera o tucano José Serra um osso duro de roer. Porém, não tem dúvida de que Dilma Rousseff acabará eleita, porque encarnaria a aprovação do governo e o prestígio do presidente Lula.

Ferroviários

O Departamento de Administração de Pessoal de Órgãos Extintos (Derap),responsável pelos empregados das estatais liquidadas pelo governo, mandou sustar os benefícios de 90 mil ferroviários (a maioria aposentados e com mais de 70 anos) e de suas famílias. São mais de 270 mil dependentes. Os ferroviários são pagos de acordo com a CLT, e não pelo Estatuto do Funcionário Público.

Contra-ataque

A campanha do tucano José Serra está preparando um contra-ataque caso os petistas invoquem a "pasta preta" do delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz no próximo debate eleitoral da TV Globo. Protógenes foi eleito deputado federal pelo PCdoB de São Paulo e tem acompanhado os petistas nos debates entre Serra e Dilma Rousseff. Os documentos teriam sido obtidos ilegalmente.

Pelo telefone

O PT protocolou um pedido para investigar a existência de um telemarketing agressivo contra Dilma Rousseff. Segundo o partido, nas ligações há mensagens caluniando a imagem de Dilma.

Tiroteio

O número de pedidos de direitos de respostas entre os candidatos que disputam a Presidência da República quase que dobrou no segundo turno em comparação com a primeira etapa do pleito. Foram 33 até o primeiro turno; agora, já são 63.

Guarda-provas / A Superintendência da Polícia Federal no Mato Grosso do Sul inaugura, em 19 de novembro, o primeiro Centro de Custódia de Provas. As salas substituirão as carceragens que a PF tinha nos estados. Elas serão codificadas e servirão para armazenar todo o conteúdo de provas colhidas nas investigações.

Justiça /Dois acordos de cooperação internacional para a modernização da Justiça brasileira serão assinados durante a 16ªConferência de Ministros da Justiça de Países Iberoamericanos (Comjib), nos próximos dias 21 e 22, na Cidade do México. O secretário executivo do Ministério da Justiça, Rafael Favetti, representará o Brasil no encontro. O primeiro acordo prevê a troca de experiências entre Brasil e Portugal sobre o monitoramento eletrônico de presos.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Os profissionais

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Finalmente a campanha de Dilma Rousseff (PT) mostrou no programa de tevê o seu candidato a vice-presidente da República, o deputado Michel Temer (SP), que é o presidente do PMDB e da Câmara dos Deputados. Político de poucos votos em São Paulo, o peemedebista é, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o grande artífice da coligação governista, e desempenha com eficiência o papel de bombeiro nos conflitos que ameaçaram incendiar a aliança.

Há no PMDB uma legião de descontentes com os resultados do primeiro turno, a começar pelos ex-ministros das Comunicações Hélio Costa (MG) e da Integração Nacional Geddel Vieira Lima (BA). A insatisfação é resultado da atuação do presidente Lula onde houve disputa entre o PMDB e o PT, a favor dos petistas, é claro - casos do Rio Grande do Sul e da Bahia. E também da ação da cúpula do PT onde as duas legendas estavam coligadas, como aconteceu em Minas e no Ceará. Costa e Geddel são bons cabritos e dão exemplo de comportamento: nenhuma queixa pública contra Dilma.

Os caciques peemedebistas não passam recibo das mágoas, anotam no caderninho. São profissionais da política e, por isso, acompanham o desenrolar do segundo turno com um Plano B . Caso Dilma confirme o favoritismo e vença as eleições, serão fiadores de sua governabilidade, tanto na Câmara quanto no Senado. Se o vencedor for José Serra, a situação talvez seja até melhor para a legenda, pois o tucano precisará do PMDB muito mais do que a petista.

Bom cabrito

Michel Temer faturou a língua solta de Ciro Gomes, cuja passagem pelo comando da campanha de Dilma Rousseff serviu apenas para ele dar mais uma canelada no PMDB, principal aliado do PT. Também faturou a falta de solidariedade de Dilma ao ser questionada sobre Ciro Gomes numa entrevista para a TV Globo, na qual tentou minimizar as declarações do político cearense e não defendeu claramente o PMDB das acusações de que seria um "partido de bandidos".

Sangue frio

O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) considerado uma ovelha negra no rebanho peemedebista pelo presidente Lula, está mais fortalecido na bancada de seu partido do que nunca. É o principal articulador da candidatura do líder Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para a presidência da Câmara.

Dilmolândia

A radicalização da campanha do PT está reeditando a formação de grupos de ativistas de rua no Rio de Janeiro dispostos a impedir a realização da campanha de José Serra (PSDB) no estado. Uma espécie de nova "Brizolândia", grupo de militantes fanáticos do PDT que se reunia na Cinelândia e não hesitava em usar a força física para impedir a campanha de rua dos adversários. Foi o que aconteceu ontem, em Campo Grande, Zona Oeste, quando o tucano José Serra foi agredido.

Virada

Os senadores eleitos Aécio Neves (PSDB) e Itamar Franco (PPS) e o governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), iniciaram ontem, em Juiz de Fora, a agenda de encontros com prefeitos e lideranças municipais de Minas Gerais em favor da eleição de José Serra. Foram recebidos por cerca de 100 prefeitos das regiões da Zona da Mata e de Campo das Vertentes.

Reforma

Às vésperas da votação do segundo turno, a Reforma Eleitoral será um dos temas da programação do 13º Congresso Brasiliense de Direito Constitucional, de 28 a 30 de outubro, no Centro de Convenções. O painel contará com a participação do ministro do STF José Antônio Dias Toffoli e do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Mário da Silva Velloso, com mediação do especialista em direito eleitoral José Eduardo Alckmin. O evento é organizado pelo Instituto Brasileiro de Direito Público (IDP), escola de direito do ministro do STF Gilmar Mendes e dos juristas Inocêncio Mártires e Paulo Gonet.

Piso

Os prefeitos continuam sem saber quando vão começar a receber a ajuda do governo federal para o pagamento do piso salarial dos professores. Segundo o presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, o Ministério da Educação (MEC) até hoje também não divulgou como vai repassar o auxílio.

Na dúvida

O Instituto Sensus postou na internet o resultado da pesquisa de intenções de voto realizada na segunda e na terça-feira, com 2.000 entrevistas e margem de erro de 2,2% , registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número 36.192/2010, sob encomenda da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Dilma tem 46, 8% dos votos totais e Serra, 42,7%. Nulos e brancos somam 4%. O percentual de indecisos é de 6,6%.

Fora dessa / O coordenador de Comunicação da campanha de Weslian Roriz (PSC), jornalista Paulo Fona, não é mais o responsável pelo programa eleitoral de rádio e de televisão da esposa do ex-governador Joaquim Roriz. Dimas Thomas, Franklin Oliveira e Marco Antônio Rocha pilotam a empreitada.

Parabéns / No aniversário do presidente Lula, no próximo dia 27, a comemoração pública será marcada pela austeridade: bolo, refrigerante e sessão de fotos. Às vésperas do segundo turno, Lula tem explorado o tema nos comícios. Foi assim em Goiânia, no Pará e no Piauí.

Magnatas / Além de Abílio Diniz, empresário dono do grupo Pão de Açúcar, que já manifestou voto a favor de Dilma Rousseff, Roberto Setúbal, dono do banco Itaú, tem dado declarações elogiando a política econômica do governo Lula. Ao contrário de Diniz, Setúbal não abriu o voto.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Labirinto partidário

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


O ex-prefeito Cesar Maia, que perdeu a eleição para o Senado, está sem mandato, mas manteve a argúcia. Ontem, no seu ex-blog, o político fluminense reabriu uma discussão que havia sido iniciada às vésperas do primeiro turno, quando a aliança entre o PT e o PMDB parecia imbatível, e a tropa de elite governista começava uma articulação para a reestruturação dos partidos numa futura reforma política. O assunto está sendo retomado, mas é um labirinto político para o governo e para a oposição.

Maia destaca que o quadro partidário emergiu das urnas mais fragmentado do que nunca, principalmente na Câmara dos Deputados, estruturada da seguinte forma: PT, 17,2%; PMDB, 15,4% ; PSDB, 10,3%; DEM, 8,4% ; PR, 8%; PP, 8%; PSB, 6,6%; PDT, 5,5%; PTB, 4,1%; PSC, 3,3%; PCdoB, 2,9%; PV, 2,9%; PPS, 2,3%; PRB, 1,6%; PMN, 0,8%; PTdoB, 0,6%; PSol, 0,6%; PRTB, 0,4%; PHS, 0,4%; PRP, 0,4%; PSL, 0,2% e PTC, 0,2%. "Portanto, será uma Câmara de Deputados com 22 partidos políticos. A maior pulverização de todos os tempos", assinala o ex-prefeito carioca. "Se valesse a cláusula de barreira de 4%, teríamos menos 13 partidos", argumenta.

Vale acrescentar a essas observações o fato de que o PT, partido de Dilma Rousseff, tem 17,2% dos deputados, e o PSDB, de José Serra, 10,3%. O PV, de Marina Silva, cujos votos são os mais cobiçados no segundo turno, reúne apenas 2,9% dos deputados. Ou seja, o futuro presidente eleito terá que matar 10 minotauros para montar a sua base na Câmara.

Os blocos

Não é à toa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discute com o PT e com aliados a formação de uma frente partidária para dar sustentação ao eventual governo Dilma Rousseff (PT). Se conseguir juntar PT, PSB, PDT, PCdoB, PSol e PV, terá um bloco de esquerda com 35,7% dos votos da Câmara. Os partidos de centro - PMDB, PP, PR, PTB e PSC -, que podem apoiar tanto o governo de Dilma como o de José Serra, somam 38,8% das cadeiras. O bloco oposicionista - PSDB, DEM e PPS -, que comporia o núcleo duro de um eventual governo Serra, representa 21%. Os demais partidos somam apenas 4,5% das cadeiras e tendem a se agregar ao bloco majoritário.

O governo

A montagem do novo governo será um xadrez político. Mesmo para Dilma Rousseff (PT), que larga em vantagem por contar com mais de 351 deputados eleitos na campanha. Ela terá dificuldades para formar o governo com ministros apenas pela escolha pessoal. É impossível compor um governo sem a participação de políticos indicados por seus partidos e com o apoio das respectivas bancadas na Câmara. A dificuldade será maior para José Serra caso vença as eleições.

Ministeriáveis

O cacife do PMDB cresce quanto mais a disputa entre Dilma e Serra fica acirrada. Sobram nomes da legenda para ocupar ministérios importantes no novo governo, seja ele qual for. Exemplos: os senadores Eduardo Braga (AM), Edison Lobão (MA), Eunício Oliveira (CE) e Jarbas Vasconcelos (PE); o governador Paulo Hartung (ES), que ficará sem mandato, e o ex-governador Moreira Franco (RJ). Nenhum deles, porém, resolve o problema da bancada na Câmara, cujos principais caciques são o líder Henrique Eduardo Alves, do RN, e o deputado Eduardo Cunha, do RJ, além de Michel Temer (SP), vice de Dilma.

Sobrecarga

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) José Antônio Dias Toffoli, apesar de novo na Corte, é um dos que acumula mais processos em seu gabinete. É o "herdeiro" de mais de 10 mil processos que o ex-ministro Carlos Alberto Menezes Direito, morto em 2009, não pôde despachar por causa de sua enfermidade.

Carteira

O Brasil continua batendo recordes de geração de emprego com carteira assinada. O número de trabalhadores empregados chegou, neste ano, a mais 2.201.406.

Compensação

Durante julgamento no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que discutia a autonomia do Tribunal de Justiça de Pernambuco para descontar os dias de greve dos servidores, o placar estava em 7x6 para dar a opção aos funcionários de compensar os dias parados quando chegou a vez do voto do presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso. "Aqui, eu não vou empatar de novo", disse o ministro. O julgamento do STF sobre a validade da Lei da Ficha Limpa está empatado porque Peluso se recusou a usar o voto de minerva.

Imagem / Estreia, amanhã, no Cine Brasília o filme Federal, todo ele rodado em Brasília, com a participação de Carlos Alberto Riccelli, Selton Mello, Carolina Gómezs, Michael Madsen, entre outros. Eduardo Dussek faz o papel de um chefão que comanda o tráfico de drogas no país a partir do Distrito Federal. O filme teve cenas gravadas na sede do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal, que, nos últimos meses, serviu de prisão para o ex-governador do DF José Roberto Arruda e para o governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP).

Controle / O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem um sistema para que os doadores de campanha registrem voluntariamente as doações feitas aos candidatos. No pleito de 2008, o TSE registrou menos de 200 doações. Neste ano, o número subiu para 3.665.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Repetir e simplificar

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


É meio inevitável o maniqueísmo dos candidatos à Presidência da República neste segundo turno das eleições. Tanto Dilma Rousseff (PT) quanto José Serra (PSDB) disputam o voto de um universo de 8% de indecisos e sabe-se lá quantos eleitores vacilantes, que viram a casaca a cada debate ou programa eleitoral. Há, sem dúvida, aqueles que estão assaltados pelas dúvidas do que seria melhor para o Brasil e querem aprofundar os debates, mas não é para essa parcela que os candidatos estão falando.

A petista e o tucano estão à caça dos votos do eleitor mais "despolitizado", que não gosta ou é indiferente à política, mas que considera o voto uma obrigação - o que é de fato, embora seja possível justificar a abstenção. Para atingir esses eleitores perdidos no meio da multidão, o caminho escolhido é simplificar as propostas e repeti-las à exaustão. Os marqueteiros gostam de reduzir os debates às palavras-chave e ideias-força.

O problema é que essa estratégia - repetir e simplificar - acaba resultando nas mistificações, nas fórmulas fáceis e em falsos antagonismos que dividem a sociedade brasileira em temas nos quais a tolerância e a convivência sempre foram a marca registrada de nossa identidade nacional. O debate religioso sobre o aborto, que supostamente opõe bons e maus cristãos (sem falar nos ateus), e o discurso "pobres contra os ricos", que está se traduzindo num corte étnico do tipo negros e pardos contra brancos, são exemplos do que acontece. Repetir e simplificar apenas não resolve os complexos problemas do país.

Devagar

A cúpula do PT não quer marola na campanha até a eleição. Avalia que basta sustentar as posições atuais para vencer o pleito, uma vez que Dilma, segundo a última pesquisa Datafolha, ainda mantém seis pontos de vantagem em relação ao tucano José Serra. Dilma pretende insistir nas comparações entre os governos Lula e Fernando Henrique Cardoso, criticar a gestão de Serra como governador de São Paulo e carimbá-lo como privatista por causa de sua atuação como ministro do Planejamento de FHC.

Cama de gato

O PT não gostou da pesquisa qualitativa encomendada pela Rede TV! para avaliar o debate entre Dilma e Serra. O grupo de 27 eleitores convidados para a análise no início dos debates se dividia assim: 23 indecisos, dois dispostos a votar em Serra e outros dois em Dilma. Ao fim do debate, o tucano tinha 14 votos, a petista contava outros seis, e sete eleitores permaneciam indecisos. O resultado da pesquisa foi parar no programa eleitoral de tevê. De Serra, é claro.

Extraordinária

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ricardo Lewandowski, convocou sessões extraordinárias da Corte para amanhã e a quarta-feira seguinte, 27 de outubro. Quer limpar a pauta em relação aos fichas sujas.

O que será?

O programa de Dilma Rousseff, que será divulgado nesta semana, afasta a possibilidade de ingerência na mídia, mas propõe a expansão da democracia política, econômica e social. Como já vivemos numa democracia de massas, embora de caráter liberal, o significado desse entendimento certamente demandará muita polêmica. Por exemplo, qual a relação entre a democracia econômica e a propriedade privada?

Roupa suja

O pau quebrou ontem na reunião dos governistas de São Paulo que discutiu o que fazer no segundo turno. O senador Aloizio Mercadante (PT), candidato derrotado ao governo paulista, e o pagodeiro Netinho (PCdoB), ao lado do vice Michel Temer (PMDB), e do deputado Paulinho da Força (PDT), debateram muito mais a derrota do primeiro turno do que a retomada da campanha de Dilma. O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), preocupado com o rumo da prosa, questionou a conversa de derrotados. Vitoriosa mesmo, na mesa do encontro, só a ex-prefeita petista de São Paulo Marta Suplicy que se elegeu ao Senado.

E aí?

O tempo está fechando para o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, por causa da política cambial. O governo não consegue segurar a queda do dólar e a valorização do real dificulta as exportações. Resultado: invasão de produtos chineses e a perda crescente de competitividade da indústria nacional. Hoje e amanhã tem reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central.

Juros

A expectativa é que o Banco Central, apesar da enxurrada de dólares atraída pelos títulos públicos, mantenha a taxa básica de juros. Hoje, é de 10,75% ao ano

Na telinha / Estão programados mais dois debates entre Dilma Rousseff e José Serra, um na TV Record (dia 25) e outro na TV Globo (dia 29). No comando da campanha de Dilma, em razão de seu desempenho no debate da Rede TV!, no domingo, cresce a pressão para queela cancele o debate da Record e compareça apenas ao da TV Globo, na véspera da eleição. Dilma, porém, quer ir aos dois.

Gabinetes / Começou a corrida aos gabinetes dos senadores que não se reelegeram. Os mais cobiçados, pela localização, são os de Heráclito Fortes (DEM-PI), próximo ao Restaurante do Senado; de Antônio Carlos Magalhães Junior (DEM-BA), junto à Presidência; e de Aloizio Mercadante (PT-SP), com uma saída independente para os fundos do Congresso. O senador eleito Eunício de Oliveira (PMDB-CE), no alto de seus 2,6 milhões de votos, quer o de ACM Junior.

domingo, 17 de outubro de 2010

Feto eleitoral

Por Luiz Carlos Azedo
Da equipe do Correio


A legalização do aborto no Brasil foi sepultada na campanha eleitoral. Ironicamente, o tema deveria ser objeto de um plebiscito no novo governo, na ótica da ex-presidenciável do Partido Verde, Marina Silva, que é contra a prática e, por isso, herdou a maior parte dos votos dos eleitores católicos e evangélicos que repudiam a proposta de feministas e sanitaristas. Em busca desses votos, a petista Dilma Rousseff e o tucano José Serra transformaram a polêmica sobre a legalização do aborto num feto eleitoral. Ambos defendem a manutenção da atual legislação sobre o assunto, que é anacrônica. Está em contradição com a realidade social.

O Código Penal tipifica como crime de homicídio o aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento. Pena: detenção de um a três anos. Para quem provoca o aborto com o consentimento da gestante, a pena é de reclusão de um a quatro anos. No caso de "menor de 14 anos, alienada ou débil mental", ou se o consentimento para o aborto é obtido "por meio de fraude, grave ameaça ou violência", quem provoca o aborto pode ser condenado de três a 10 anos de reclusão.

O aborto só não é crime quando praticado por médico nos seguintes casos: se não há outro meio de salvar a vida da gestante e em gravidez resultante de estupro (desde que com o consentimento da própria ou de seu representante legal, em caso de pessoa incapaz). O que acontece na prática? Somente no ano passado, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou 183,6 mil curetagens em casos de abortos, a maioria provocados. Dos previstos na lei, foram apenas 1.850. Obviamente, os abortos realizados clandestinamente em clínicas e consultórios médicos particulares não são computados. No ano passado, dos 1.513 óbitos notificados de gestantes, 153 mortes foram causadas por abortos, a maioria provocados.

Foi pior

Os números são impressionantes, mas a situação já foi pior. Nos últimos cinco anos, as curetagens realizadas pelo SUS caíram progressivamente. Em 2004, foram 243,9 mil; em 2006, 223,3 mil; e, em 2008, 201,1 mil. O número de abortos realizados legalmente havia subido no período de 1.600, em 2004; para 2.072, em 2006; e 3.285, em 2008. Voltou a cair no ano passado. O fato é atribuído à política de planejamento familiar.

Esterilização

Sem muito alarde, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, chancela uma política de controle de natalidade e esterilização em massa de mulheres pobres do país, responsável pela redução das taxas de nascimento. Essa mudança do perfil demográfico da população deve permanecer estável nos próximos 20 anos. Vasectomias, laqueaduras, distribuição de preservativos e ampliação do acesso a métodos contraceptivos (o SUS oferece oito opções) ajudam as mulheres férteis a evitar a gravidez. Os mais procurados são o Dispositivo Intrauterino (DIU) e a pílula anticoncepcional.

Pílulas

 Em 2003, o SUS distribuiu 8 milhões de cartelas de pílulas anticoncepcionais em 4.920 municípios; em 2010, o governo comprou 50 milhões de cartelas, ao custo de R$ 72,2 milhões

Corrupção

O Ministério Público Federal (MPF) promove, a partir de segunda-feira, um encontro nacional da Câmara Criminal do órgão. A coordenação será da subprocuradora Raquel Dodge, responsável do MPF na operação Caixa de Pandora, que resultou na prisão do então governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM). O foco dos procuradores é transferir a experiência da atuação na esfera criminal para o combate à corrupção nos municípios. O MPF já tem um cronograma de ações voltadas para a prevenção e a repressão de crimes em licitações em dezenas de municípios para os próximos meses.

Basta

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dará um basta às postagens de vídeos ofensivos em redes sociais da internet. Os ministros já recusaram um pedido feito pela coligação de Dilma Rousseff (PT) contra a coligação de José Serra (PSDB). Na ocasião, foi postado um vídeo no YouTube em que o PT é comparado a um cachorro da raça Rottweiler. Embora tenham negado o pedido da coligação petista, os ministros deixaram a entender que atenderão aos próximos se forem feitos contra as redes sociais.

Nada

Os familiares dos militares brasileiros mortos no terremoto do Haiti até hoje não receberam o que o governo prometeu. As viúvas reclamam também as indenizações dos respectivos seguros. Segundo o Ministério da Defesa, o auxílio especial de R$ 500 mil e a bolsa de educação de R$ 510 mensais para cada dependente aguardam a aprovação de crédito especial de R$ 9,1 milhões pelo Congresso Nacional.

Voltou / O servidor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Estevan Knezevic só voltou ao trabalho na última quarta-feira. Ele é um dos investigados no inquérito da Polícia Federal que apura suposta prática de lobby na Casa Civil. Desde o início do escândalo, estava afastado por conta de um atestado médico. Agora, está à disposição dos recursos humanos da Anac.

Baldeação / A cúpula da campanha de Dilma Rousseff (PT) começa a monitorar a movimentação de caciques do PMDB que resolveram subir no muro no segundo turno. Ou seja, estão tucanando.

Cara a cara / Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) estarão frente a frente neste domingo na Rede TV!, a partir das 21h10. O debate será transmitido pela TV Brasília.

sábado, 16 de outubro de 2010

Dois projetos

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Dilma Rousseff (PT) resolveu apostar todas as suas fichas no confronto entre dois projetos políticos supostamente antagônicos: o petista, já em curso, e o tucano, interrompido pelo governo Lula. Seria uma maneira de resolver, no atacado, a disputa com José Serra (PSDB) pela Presidência da República. Uma espécie de batalha final entre dois grandes exércitos, cujo vencedor depois aniquilaria os eventuais bolsões de resistência do adversário.

Brandindo as bandeiras do pré-sal e da Petrobras, símbolos do nacional-desenvolvimentismo governista, Dilma foi para a televisão acusar o tucano de ser um lesa-pátria. Supostamente, Serra estaria interessado em retomar o programa de privatizações do governo FHC para liquidar com o patrimônio nacional. O petróleo da camada do pré-sal, nas profundezas do nosso mar territorial, e a nossa principal empresa estatal seriam entregues ao capital estrangeiro. Acusação frontal, essa denúncia política se somou às promessas de mais crescimento econômico e à distribuição de renda que pautam a campanha eleitoral da petista.

As pesquisas dirão se o ataque de Dilma será capaz de pôr o tucano na defensiva. Durante o exílio, Serra foi discípulo do economista argentino Raúl Prebisch na Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL), centro irradiador da teoria da dependência e do desenvolvimentismo latino-americano. Até agora, o tucano mitigou as divergências com o governo Lula no plano econômico e social, principalmente em relação às políticas monetária e industrial. Preferiu deslocar a disputa do terreno da economia para a política, onde a luta do seu ponto de vista seria menos desigual. Pois bem, Dilma resolveu levar a política para o plano ideológico.

Guerrilha

Como a situação da economia e os programas sociais alavancam a avaliação do governo e a popularidade do presidente Lula, sustentáculos da candidatura de Dilma, o tucano Serra foge do confronto sobre esses temas. Prefere minimizar as diferenças existentes e propor ajustes nas políticas públicas, programas governamentais e planos de investimentos do governo Lula. Ao mesmo tempo, bate duro no que chama de aparelhamento do Estado pelo PT e explora politicamente os escândalos envolvendo integrantes do governo, como ocorreu durante a crise que abateu a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra. Aparentemente, essa tática pôs a petista na defensiva.

Baixaria

Os petistas, porém, avaliam que o tucano vai muito além do que fala nas entrevistas e propõe nos programas eleitorais. Setores conservadores, principalmente clericais, teriam organizado uma guerra suja, exploram preconceitos e disseminam calúnias contra a petista. Essa estratégia seria a principal causa das dificuldades de Dilma e, por isso, a única resposta possível é politizar ao máximo o debate com o tucano a fim de evitar a desconstrução da imagem da petista e do governo federal. É aí que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva volta com tudo para a campanha na tevê.

Estancou

Aparentemente, Dilma conseguiu estancar a sangria de votos que registrava desde a reta final do segundo turno. Segundo o Datafolha divulgado ontem, manteve 54% dos votos válidos, contra 46% de seu oponente, José Serra (PSDB). Em contrapartida, o índice de indecisos subiu para 8%. Ou seja, continua ameaçada por Serra.

Impugnações

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve julgar, na semana que vem, o recurso contra a impugnação dos candidatos Cassio Cunha Lima (PSDB), que conseguiria uma das vagas no Senado pela Paraíba, e Paulo Maluf (PP), que teria uma das vagas de deputado federal por São Paulo. Em jogo, estarão nas mãos do TSE os votos de 1.501.386 eleitores

Difícil

Em passagem pelo Pará, o presidente Lula tentou intermediar um acordo entre a governadora petista Ana Júlia Carepa e o cacique peemedebista Jader Barbalho, candidato ao Senado sub júdice. Do lado petista, o interlocutor foi Paulo Rocha (PT), candidato ao Senado na mesma situação de Jader no Supremo Tribunal federal (STF). Helder Barbalho, prefeito de Ananideua, representou o pai. Não houve acordo.

Fácil

O ex-governador Almir Gabriel, fundador do PSDB no Pará, declarou apoio à reeleição de Ana Júlia Carepa (PT) para o governo do Pará e à eleição de Dilma Rousseff (PT) para a Presidência da República. Ontem, ao lado de Ana Júlia, desceu o sarrafo no candidato tucano ao governo do estado, Simão Jatene (PSDB), chamando- o de "preguiçoso", e em José Serra, a quem chamou de "ególatra".

Mudança / Um empresário baiano relatou ao líder do PSDB na Câmara, deputado João Almeida (BA), a mudança de voto da empregada doméstica. Curioso, o empresário quis saber o motivo da troca. "No primeiro turno, eu votei na Dilma, mas, como todo mundo no meu bairro tá votando no Serra, eu também resolvi mudar", revelou. Na avaliação deAlmeida, que perdeu a reeleição, a eleição já está decidida para os políticos baianos.

Intervenção / O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, descarta intervenção política na investigação sobre a existência de loby na Casa Civil durante a gestão da ex-ministra Erenice Guerra. Segundo o ministro, o delegado responsável pelo inquérito, Roberval Vicalvi, pode pedir quantas prorrogações achar necessárias até concluir o caso.

Apuração / A divulgação dos resultados da eleição presidencial no próximo dia 31 de outubro só acontecerá a partir das 19h. É que o horário de verão começa a partir de hoje (sábado) e aumenta em mais uma hora o fuso horário de Brasília em relação às cidades mais a oeste do país.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Alguns pontos

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


A sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está aberta. E assim será até o último dia do mês, na votação do segundo turno. A distância entre a candidata oficial, Dilma Rousseff (PT), e o postulante da oposição, José Serra (PSDB), gravita entre 4% e 8%, dependendo do instituto de pesquisa. O número de indecisos seria de 3% a 7%. Considerando-se os votos válidos, Dilma teria uma vantagem entre 10% e 5% em relação a Serra, mas ela estaria caindo e o tucano, em ascensão. Ou seja, na prática, de cinco a dois pontos e meio os separa.

É por essa razão que assuntos como aborto, casamento homossexual, código florestal, acessibilidade para portadores de necessidades especiais, cotas raciais e outros temas polêmicos podem fazer uma grande diferença na eleição. A lógica de uma disputa dos pobres contra os ricos, simplificada, como Lula tenta estabelecer no debate eleitoral, é uma forma de evitar que temas transversais, complexos e subjetivos como esses possam provocar uma alteração no desfecho da eleição. O mesmovale para o corte eleitoral do tipo "candidato do bem contra o do mal" que a oposição pretende impor.

O tracking das campanhas eleitorais, que monitora os programas dos candidatos na tevê, costuma revelar grande volatilidade na opinião do eleitor em função desses assuntos. A segmentação do eleitorado por faixa de renda, escolaridade e sexo não é suficiente para captar essas tendências, é preciso pesquisas específicas.

Vacilantes

Quando o tracking de campanha aponta uma vantagem de cinco a 10 pontos na avaliação de um determinado programa eleitoral, muitas vezes isso é o saldo de um intenso troca-troca de preferências dos eleitores por um o outro candidato - o que não raro ocorre com quase a metade dos telespectadores entre o começo e o fim da propaganda gratuita. Isso significa que, além dos indecisos, que simplesmente não sabe em quem votar, existe um eleitor muito vacilante, que troca várias vezes de candidato até a hora da votação. É esse eleitor que Serra e Dilma estão disputando agora.

Nervosismo

Esse troca-troca de preferência captado pelos marqueteiros gera o nervosismo da cúpula da campanha e torna as decisões cada vez mais difíceis. É aí que os candidatos começam a, cada vez mais, agir por conta e risco, sem ouvir os coordenadores e os respectivos profissionais do marketing. Ninguém chega à Presidência da República de mão beijada, sem correr riscos e tomar decisões solitárias, contra tudo e contra todos.

Pesquisas

As pesquisas de opinião perderam um pouco de credibilidade nesta eleição. Erraram nas previsões do resultado do primeiro turno, em muitas disputas estaduais e na maioria das apostas para o Senado. Na melhor das hipóteses, não conseguiram captar a volatilidade do voto na véspera do pleito. Certos críticos culpam a metodologia adotada nas pesquisas, considerada ultrapassada, mas que continua sendo adotada para evitar custos mais altos. O fato é que nem mesmo os candidatos estão acreditando muito nos levantamentos. É a hora de ouvir o coração, apostar na intuição e não nas fórmulas feitas e acabadas.

Duelo

Marcado para domingo, o debate entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) na Rede TV!, com mediação do jornalista Kennedy Alencar, será pautado por um confronto aberto entre os dois candidatos, que farão 10 perguntas diretas um ao outro.

Do nosso

Prevista inicialmente para ser um projeto executado com recursos privados, a reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014 será mesmo financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que ontem liberou para o empreendimento um crédito de R$ 400 milhões

Minado

O presidente do PT, José Eduardo Dutra desembarcou ontem em Belo Horizonte para pôr ordem na casa, onde o ex-ministro Patrus Ananias e o ex-prefeito Fernando Pimentel se digladiam. Unir o PT é a primeira condição para evitar uma derrocada, depois da debandada dos peemedebistas ressentidos com a derrota de Hélio Costa (PMDB) na disputa pelo governo de Minas. Dutra prepara a visita de Dilma Rousseff e do presidente Lula a Belo Horizonte no sábado.

Precursores

Para esquentar a visita de José Serra (PSDB) a Curitiba prevista para hoje, o presidentes do DEM, Rodrigo Maia, e do PPS, Roberto Freire, estão desde ontem na capital paranaense, com o presidente do PSDB, Sérgio Guerra. A eleição do tucano Beto Richa para o governo local já no primeiro turno embalou a campanha serrista no Paraná.

Baixaria / Há certa desorientação na campanha de Dilma Rousseff em relação a como responder aos ataques à petista na internet. A cúpula avalia que Dilma começou bem o segundo turno, destacou-se no debate e nos programas de tevê, mas não encontrou o caminho para rebater a investida virtual e atribuí-la a José Serra. "Precisamos fugir da baixaria e não entrar no jogo dele", explica o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).

Dobradinha / Derrotado na disputa pelo governo de São Paulo, o senador Aloizio Mercadante (PT) se movimenta no segundo turno como quem já prepara a própria candidatura a prefeito da capital paulista. Trabalha para que o apresentador Netinho (PCdoB-SP), também derrotado na disputa por uma das vagas do Senado, seja o seu vice na chapa.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Os Brasis

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

A disputa eleitoral nos diversos estados do país está mais desconectada do que foi mostrado na campanha de Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno, na qual um truque de montagem interligava as diferentes regiões do país com a sua candidatura. Há vários Brasis, com opiniões diferenciadas sobre um mesmo assunto, ou melhor, sobre o que deve ser o futuro governo pós-Lula.

O melhor exemplo do que ocorre talvez não esteja no confronto dos resultados eleitorais do Rio Grande do Sul - onde venceu o petista Tarso Genro, contrariando a maré serrista que varre os estados meridionais - com os do Rio Grande do Norte, onde se elegeu Rosalba Carlini (DEM), na contramão da onda governista do Nordeste. Está na região Sudeste, onde o pleito pode estar sendo decidido.

São Paulo é o estado que menos depende dos recursos da União. Desde os tempos dos bandeirantes, o paulista avalia que o poder central atrapalha mais do que ajuda. Exceto quando um paulista é o presidente da República. O Rio de Janeiro, ao contrário, tem mais funcionários federais do que Brasília e abriga as sedes de empresas e órgãos que controlam os investimentos na economia fluminense, como a Petrobras e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Minas, onde Dilma venceu o primeiro turno, fica no meio termo e costuma virar a mesa na política nacional. Foi assim na Revolução de 1930, no golpe militar de 1964 e na eleição de Tancredo Neves, em 1985.

Cartada

O resultado da eleição em Minas Gerais, com a reeleição do governador tucano Antonio Anastasia e a vitória da dupla Aécio Neves (PSDB) e Itamar Franco (PPS) na disputa pelo Senado, foi o maior revés governista em nível regional. As derrotas de Hélio Costa (PMDB) e de Fernando Pimentel (PT), candidatos ao governo estadual e ao Senado, respectivamente, implodiram a aliança PMDB-PT no estado. Uma nova correlação de forças se estabeleceu em Minas. Resta saber se seus protagonistas estão dispostos a virar a eleição a favor de Serra. Anastasia, Aécio e Itamar darão as cartas do segundo turno.

Fechado

É muito difícil para o tucano José Serra reverter a situação no Nordeste. A frente formada pelos governadores da Bahia, Jaques Wagner (PT); de Sergipe, Marcelo Déda (PT); de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB); e do Ceará, Cid Gomes (PSB), todos eleitos no primeiro turno, é avassaladora nos respectivos estados. Onde há segundo turno, mesmo os aliados leais, como o governador tucano de Alagoas, Teotônio Vilela Filho, candidato à reeleição, estão em dificuldade para fazer a campanha a favor de José Serra.

Cobrança

O senador Pedro Simon (foto), do PMDB-RS, ontem, no Senado, apelou ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que vote com urgência os recursos contra a Lei da Ficha Limpa. "Nunca, na história do Brasil, a sociedade aguardou com tanto interesse uma decisão do STF. O tribunal não pode cassar a esperança de 180 milhões de brasileiros", afirmou Simon. Os candidatos fichas sujas barrados pela Justiça Eleitoral receberam 8,7 milhões de votos.

Mordomia

A Câmara reservou 750 diárias em hotéis de Brasília para hospedar por três dias (de 30 de janeiro a 2 de fevereiro) parlamentares recém-eleitos. Cada um terá direito a quatro acompanhantes. A posse será em 1° de fevereiro e o custo estimado da mordomia é de R$ 223 mil

Controle

Os municípios que realizam obras voltadas para a Copa do Mundo de 2014 e para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 terão que enviar balancetes mensais da execução orçamentária para a Secretaria de Tesouro Nacional. A medida foi solicitada pelo grupo de trabalho do Ministério Público Federal que monitora os gastos.

Programa

A cúpula do PV quer saber como Dilma e Serra receberam o programa de Marina Silva (PV). Na semana passada, a ex-adversária, que obteve 19 milhões de votos, recebeu um telefonema de Fernando Henrique Cardoso manifestando o interesse de chegar a um acordo. Ontem, Dilma Rousseff telefonou para Marina e pôs o ministro Marco Aurélio Garcia à disposição do PV para fechar um acordo programático.

Naufrágio / O Ministério Público Federal quer que a ação penal sobre o envolvimento de magistrados capixabas em esquemas de venda de sentenças seja julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Com aposentadoria compulsória dos envolvidos na Operação Naufrágio, o caso sai do STF e volta para o Tribunal de Justiça do estado.

Programa / A cúpula da campanha petista pretende divulgar a versão final do programa de governo de Dilma Rousseff na próxima semana, com 13 capítulos. Segundo seu coordenador, ministro Marco Aurélio Garcia, o tema número um do programa será a democracia e o compromisso com as liberdades de expressão e religiosa.

Dez mais / O filme Perdão, mister Fiel, documentário do jornalista Jorge Oliveira, que está entre os 10 melhores filmes nacionais de 2009, abre a 5ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, que vai percorrer várias cidades brasileiras e de países vizinhos. No domingo, emocionou a plateia no Memorial da Resistência, antigo Deops de São Paulo.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Baldes de lama

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


O escândalo que derrubou do Palácio do Planalto a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra tirou mais votos de Dilma Rousseff (PT) na reta final do primeiro turno da eleição à Presidência da República do que a polêmica sobre a legalização do aborto, segundo a pesquisa Datafolha. Foi por essa razão que a candidata petista resolveu jogar um balde de lama no seu adversário no segundo turno, o tucano José Serra.

Durante o debate de domingo à noite, na Tevê Bandeirante, Dilma indagou Serra sobre o sumiço de um ex-colaborador da campanha, o engenheiro Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa (órgão do governo de São Paulo encarregado das obras viárias), exonerado em abril passado. Serra se fez de desentendido, mas a imprensa foi atrás da história.

O assunto recebeu destaque na TV Record, na imprensa paulista e bombou na internet. Até o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, apontado como um dos responsáveis pelo mensalão, tirou um sarro dos tucanos no Twitter. Serra, em Aparecida do Norte, questionado por repórteres, minimizou o caso e saiu em defesa do engenheiro, também conhecido como Paulo Preto: "A acusação contra ele é injusta. Não houve desvio de dinheiro de campanha por parte de ninguém, nem do Paulo Souza".

Carvão

Paulo Vieira de Souza nunca foi da cozinha de José Serra, mas é muito amigo do senador eleito Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). Considerado um executivo competente, está com o filme queimado. Em junho passado foi preso ao pedir a avaliação de um bracelete de brilhantes na loja da Gucci em São Paulo. A jóia era roubada. Agora, responde a processo por suposta receptação de material ilícito. Ele se diz vítima de uma "armação".

Igreja

 Ao contrário de Dilma Rousseff (PT), que optou por visitar o santuário na véspera, Serra foi à missa solene em homenagem à padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. O governador eleito de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, e o vice de Serra, Índio da Costa (DEM), também acompanharam a missa. Ao lado da mulher, Mônica, Serra foi citado no início do sermão do cardeal arcebispo de Belo Horizonte, dom Serafim Fernandes Araújo, que celebrou a missa, acompanhada por cerca de 35 mil fieis.

Manifesto

Circula na internet o manifesto de intelectuais e artistas em apoio a Dilma Rousseff, uma resposta governista ao manifesto de juristas e intelectuais em defesa de liberdade de imprensa lançado logo após as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula contra a mídia. "Nós, que no primeiro turno votamos em distintos candidatos e em diferentes partidos, nos unimos para apoiar Dilma Rousseff", proclama no primeiro parágrafo o texto subscrito por Chico Buarque, Leonardo Boff, Fernando Moraes, Emir Sader e Eric Nepomuceno.

Contrabando 

O Sindicato Nacional dos Analistas Tributários da Receita Federal produziu um estudo sobre a fragilidade de nossas fronteiras. Durante 10 meses uma equipe de fiscais percorreu 15 mil quilômetros de rodovias federais e estaduais, estradas vicinais e rios nas fronteiras do Brasil com Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Caminhões carregados de mercadorias entram no Brasil diariamente, sem passar por nenhuma fiscalização. Os rios Uruguai, Paraná, Paraguai, Oiapoque, Mamoré e Solimões servem de rota para traficantes e contrabandistas que utilizam portos clandestinos para ingressar no Brasil sem serem incomodados.

Fronteiras

 A Receita Federal tem apenas 596 funcionários, 245 auditores fiscais e 351 analistas tributários que controlam o acesso de mercadorias ao território nacional por terra. O Brasil tem uma fronteira seca de 16,8 mil quilômetros.

Pesquisas

Quatro pesquisas eleitorais à vista. Hoje, o instituto Sensus divulga levantamento encomendado pela Confederação Nacional dos Transportes, depois de ouvir 2 mil eleitores. Também está no forno a nova pesquisa Vox Populi, com 3 mil eleitores. Amanhã pode ser divulgada uma pesquisa Ibope/TV Globo com 3010 eleitores. E no sábado, o Datafolha, contratado pela TV Globo e pela Folha de São Paulo, divulgará novo levantamento, com 3220 entrevistas.

Reforço / O candidato a vice de Dilma Rousseff, deputado Michel Temer, viaja amanhã para o Rio Grande do Sul na tentativa de juntar os cacos da campanha do ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça (PMDB) e reforçar a campanha da petista no estado. Temer se reúne com o governador eleito Tarso Genro (PT) e com prefeitos do PMDB. O encontro ainda pode ser reforçado com a presença de Dilma Rousseff.

Festa / O líder do DEM na Câmara, deputado Paulo Bornhausen (SC), avalia que a postura agressiva de Dilma Rousseff no debate da Tevê Bandeirantes e no programa de tevê de sua campanha mostra o despreparo da candidata para atuar sob pressão: "Dilma não está calejada eleitoralmente. Nunca venceu e nem perdeu e está tendo dificuldades em lidar com o risco de derrota".

Pajelança / O vice Índio da Costa reúne hoje, no Tijuca Tênis Clube, no Rio de Janeiro, a partir de 10h30, os líderes da oposição no estado para definir as ações do segundo turno da campanha de José Serra no estado.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Aroeira

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Está explicada a agressividade da candidata do PT a presidente da República, Dilma Rousseff, no debate com o candidato do PSDB, José Serra, na TV Bandeirantes, domingo à noite. Seus melhores momentos - segundo as imagens escolhidas pelo marqueteiro João Santana - serviram de roteiro e conteúdo para o programa eleitoral exibido ontem na tevê. Foi uma guinada na estratégia de campanha da petista no segundo turno.

Quem não viu o debate e assistiu ao programa eleitoral chega à conclusão de que Serra levou uma surra de cipó de aroeira da petista. Foram duras cobranças sobre seu desempenho durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, seja como ministro do Planejamento, seja como ministro da Saúde. Dilma, finalmente, topou um confronto de personalidades com Serra, aceitou a disputa no terreno proposto pelo tucano, sem o manto protetor da imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O programa de Serra no horário eleitoral ignorou o debate. Tratou principalmente do meio ambiente e da educação, num esforço de aproximação com os eleitores verdes da candidata do PV, Marina Silva, cujos votos levaram a disputa para segundo turno. Como seu programa antecedeu o de Dilma, escapou de passar a ideia de que está deixando as acusações sem resposta deliberadamente. À noite, no entanto, foram apresentados trechos do debate, editado de forma a favorecer o tucano, que tentava reverter as seis horas e 50 minutos que separam os programs eleitorais da tarde e da noite.

Gana

Dilma mostrou as garras. Sua campanha estava precisando disso: desde a proclamação de que haveria segundo turno, a petista vinha aparentando certo assombramento. As pesquisas é que dirão se a nova estratégia renderá bons dividendos eleitorais, embora sirvam para pôr pilha na militância do PT e dar mais segurança aos aliados, que sentiram o abatimento da candidata oficial.

Criancinhas

Os tucanos vão exigir direito de resposta para rebater as críticas de Dilma no horário eleitoral. Acreditam que ganharão facilmente na Justiça Eleitoral, inclusive pelas referências à esposa de José Serra, Mônica Serra, acusada de ter dito em entrevista que a petista é favor da morte de criancinhas.

Dois pesos

Em recente entrevista ao portal IG, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, comentando o debate do segundo turno de sua reeleição, foi categórico ao afirmar que Geraldo Alckmin (PSDB) perdeu muitos votos pela agressividade com que se apresentou na ocasião. À época, o fato foi registrado pelo tracking de sua campanha. E agora? Parece que o marqueteiro João Santana gostou da agressividade de Dilma no debate. Resta saber se o mesmo acontecerá com o eleitor.

É comigo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou à campanha com tudo ontem, no comício de Agnelo Queiroz (PT) e Dilma Rousseff em Ceilândia. Amanhã, embarca para Teresina para mais um comício. Na quinta-feira, vai a Belém em socorro à governadora Ana Júlia Carepa (PT), que está perdendo a eleição para o tucano Simão Jatene. Na sexta-feira e no sábado, corre atrás do prejuízo. Primeiro em Santa Catarina, onde inaugurará uma usina hidrelétrica em Chapecó; depois, no Paraná, onde fará corpo a corpo na Boca Maldita, tradicional reduto dos políticos de Curitiba.

Rombo

Nem Padre Cícero foi mais generoso que o Banco do Nordeste nos últimos anos. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), 29 mil clientes muito bem relacionados deram um rombo no banco de R$ 2 bilhões

Quer ficar

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (foto), entrou em campanha aberta parapermanecer no governo caso Dilma vença as eleições. Ontem, em Nova York, desceu o sarrafo nos Estados Unidos pela emissão desenfreada de dólares e responsabilizou o governo de Barack Obama pela suposta guerra cambial com a China. O dólar continua em queda no Brasil.

Quem será?

Bombou no fim de semana o filme Tropa de elite 2, exibido em 696 cinemas de todo o país. Já são quase 2 milhões de espectadores. O capitão Nascimento - agora coronel -, interpretado por Wagner Moura, atira na corrupção policial e no envolvimento de políticos do Rio de Janeiro com o crime organizado. Todos os personagens são inspirados em alguém de carne e osso da polícia ou da política fluminenses, mas um deles gera muitas especulações no Congresso: o ex-secretário de Segurança Pública que patrocinou a milícia e virou deputado federal.

Afastamento / Há entre os tucanos uma torcida para que, durante o segundo turno, Dilma Rousseff descole sua imagem do presidente Lula. A avaliação de Luiz González, marqueteiro de Serra, é de que toda a vez que isso ocorre a candidata petista perde pontos nas pesquisas eleitorais.

Armário / Os tucanos da Bahia estão animados com o segundo turno das eleições presidenciais. Amanhã haverá uma reunião de prefeitos, vices, vereadores e lideranças políticas para discutir uma aliança com peemedebistas chefes de Executivo municipal que têm manifestado apoio informal ao candidato José Serra. O tucano esteve em Feira de Santana (BA) na semana passada.

Futurologia / O ex-ministro da Educação Paulo Renato (PSDB) parece manter a velha rixa com José Serra. "Ele (Serra) não vai ganhar, ela (Dilma) é que vai perder", disse o tucano durante encontro de empreendedores de São Paulo. Na plateia, Verônica Serra, filha do candidato tucano, registrou o ato falho.

domingo, 10 de outubro de 2010

Medo do Dragão

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


O Brasil está como aquele rabo que balança o cachorro, para usar a velha expressão do ex-ministro da Fazenda Pedro Malan. Por quê? É simples: o governo está comprando dólares a rodo, em troca de títulos do Tesouro que fazem a festa dos investidores estrangeiros, para impedir que a moeda ianque continue se desvalorizando. Mesmo assim, a competitividade da indústria brasileira foi para o beleléu.

Na campanha eleitoral, ninguém fala do assunto. O consumo aquecido é um trunfo eleitoral do governo e intimida a oposição na hora de debater o assunto. Afinal, a valorização do real ajuda a conter a inflação, apesar do aumento dos gastos públicos, e a manter supermercados, lojas de eletrodomésticos e grandes magazines abastecidos de toda sorte de produtos importados, principalmente manufaturas chinesas, de roupas baratas a celulares de última geração.

Nos voos domésticos, há cada vez mais executivos chineses entre os passageiros. Eles chegaram, depois dos seus vendedores ambulantes, para fazer negócios da China no Brasil. Expulsaram os produtos brasileiros da América Latina e da África e agora estão ocupando o terreno por aqui. Literalmente, porque também investem em áreas de cultivo de soja e de mineração. O governo brasileiro, porém, não questiona a cotação artificial do iuan, graças ao trabalho compulsório e aos salários baixíssimos pagos nas fábricas chinesas. O nome disso é dumping. O Brasil considera a China uma economia de mercado e tem medo de comprar uma briga comercial com o Dragão.

Fora de pauta

A oposição também não quer discutir o futuro da economia. Salário mínimo reajustado acima da inflação. Recuperação das pensões e aposentadorias. Bolsa Família. Geração empregos . Poder de compra. Crédito fácil. Mais consumo. Viagens ao exterior. Tudo graças ao câmbio flutuante. É fria pôr na pauta eleitoral o problema cambial.

Xis do problema

A crise cambial é uma corrida contra o relógio. Na última semana, o dólar ficou abaixo de R$ 1,70, principalmente em razão da taxa Selic de 10,75% que remunera os títulos públicos. A enxurrada de dólares provocada pela capitalização da Petrobras reforçou essa tendência. O governo elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 2% para 4% para segurar a onda, mas o problema continua. Alguma medida mais forte precisa ser tomada, mas essa é uma surpresa guardada a sete chaves para depois da eleição, tanto por Dilma Rousseff (PT) quanto por José Serra (PSDB).

Cara ou coroa

O governo paga o preço da desvalorização do dólar nos centros mais dinâmicos daeconomia industrial - São Paulo, Minas, Paraná e Santa Catarina -, onde a oposição venceu as eleições graças ao forte apoio dos setores produtivos. Em contrapartida, fatura votos nas demais regiões graças à exportação de commodities e ao consumo popular, que se beneficiam do comércio com a China.

Risco

Sob comando do governador eleito Geraldo Alckmin (PSDB), os tucanos paulistas preparam a visita de José Serra ao santuário de Nossa Senhora da Aparecida, em 12 de outubro, dia da Padroeira, um dos maiores eventos religiosos do país. Apesar do convite do arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis, que organiza o evento, essa agenda é um programa de alto risco. É muito fácil organizar uma vaia entre os milhares de fiéis. A petista Dilma Rousseff também foi convidada, mas está em dúvida se vai comparecer.

Guerra cambial

Os Estados Unidos e a Comunidade Europeia pressionam o governo da China para que acabe com a desvalorização artificial do iuan, mas o governo brasileiro prefere discutir uma suposta guerra cambial global. Considera a China um parceiro; já os Estados Unidos, não se sabe ao certo.

Copa de 2014

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não vai liberar os recursos para a construção da Arena Amazônia enquanto houver indícios de irregularidade na obra. Valor do empréstimo para o complexo esportivo: R$ 400 milhões

Bismarck

Como se sabe, o encouraçado da oposição no Senado foi a pique. Naufragaram os almirantes Heráclito Fortes (PI), Marco Maciel (PE), Efraim Morais (PB), do DEM; Arthur Virgílio (AM), Tasso Jereissati (CE) e Papaléo Paes (AP), do PSDB; e Mão Santa (PI), do PSC.

Titanic

Também foi de grandes proporções o naufrágio da oposição nas eleições para a Câmara. Ficarão sem mandato, entre outros, João Almeida (BA), Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES), Rita Camata (ES), Raquel Teixeira (GO), Bonifácio de Andrade (MG), Affonso Camargo (PR), Gustavo Fruet (PR), Marcelo Itajiba (RJ), Sílvio Lopes (SP), Albano Franco (SE), Antonio Carlos Pannunzio (SP), Arnaldo Madeira (SP), Silvio Torres (SP), Walter Feldman (SP), do PSDB; José Carlos Aleluia, da Bahia, Alberto Fraga (DF), Alceni Guerra (PR), Cassio Taniguchi (PR) e Márcio Junqueira (RR), do DEM; Augusto Carvalho (DF), Humberto Souto (MG), Raul Jungmann (PE), Fernando Coruja (SC) e Nelson Proença (RS), do PPS. Eram comandantes da oposição.

Socorro / O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltará ao Pará na quinta-feira para um grande comício com Dilma Rousseff (PT)e a petista Ana Júlia Carepa, candidata à reeleição. Considera fundamental para o PT vencer as eleições no estado, onde a disputa é com o ex-governador Simão Jatene (PSDB).

Encontro / Lula recebe, nesta semana, Armando Monteiro Filho, pai do senador eleito pelo PTB em Pernambuco, Armando Monteiro Neto, que faz parte da ala dilmista do partido.