Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
O presidente do PMDB, Michel Temer (SP), vice de Dilma Rousseff (PT), está como aquele sujeito da piada politicamente incorreta que perdeu a mulher e a sogra num desastre de automóvel e foi engessado da cabeça aos pés. Perguntado se estava muito machucado, respondeu ao amigo: "Não, é que não posso rir". Ontem, com pompa e circunstância, em uma reunião com os correligionários, Temer anunciou que o PMDB vai ampliar a sua participação na campanha, inclusive no programa de televisão de Dilma.
É surreal. Temer - o mais importante aliado do PT, que conseguiu articular ampla maioria da legenda para a coligação com Dilma - não apareceu nenhuma vez no programa eleitoral da presidenciável durante o primeiro turno. Não se falou da sua biografia de jurista respeitado e de parlamentar que por três vezes presidiu a Câmara, não houve uma só gravação dele conclamando os correligionários nos estados a cerrarem fileiras em torno de Dilma. Não se deu o menor destaque às inúmeras viagens que ele fez para apagar incêndios na aliança do PMDB com o PT.
Ontem, a cúpula do PMDB tocou reunir. No encontro em Brasília, houve reclamações generalizadas de que, nos estados, muitos candidatos proporcionais foram tratorados pelo PT, empenhado em fazer a maior bancada na Câmara. Mas, com o segundo turno - avaliam -, o partido terá que ser levado mais em conta. Que o digam os dois grandes derrotados da legenda, o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa e o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima, candidatos batidos aos governos de Minas e da Bahia.
Zangado
O ex-ministro Hélio Costa chegou ao encontro dos peemedebistas mudo e saiu calado, evitou dar entrevistas. Teve uma conversa com o presidente Lula sobre o segundo turno em Minas Gerais. Para o PT, Costa não pode se queixar da legenda, que deixou de lançar a candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel ao governo do estado e escalou o ex-ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias para vice. O PT sofreu seu maior retrocesso eleitoral no estado.
Cabrito
Geddel Vieira Lima foi uma das estrelas do encontro do PMDB. Aliado de primeira hora de Michel Temer, ele deixou de lado as veleidades e decidiu apoiar a candidata petista Dilma Rousseff . Apesar de se sentir traído, foi bom cabrito. Além do apoio intenso do presidente Lula à reeleição do governador Jaques Wagner (PT), Geddel foi desidratado pela participação ostensiva de Dilma na campanha petista. O combinado era a existência de dois palanques na Bahia.
Diagnóstico
Por que faltaram os 3% de votos que garantiriam a vitória de Dilma? A cúpula petista já tem a resposta: o confronto entre a mídia e o governo; a boataria contra a candidata na internet; a propaganda eleitoral insossa na reta final; os elevados índices de abstenção entre os seus eleitores de mais baixa renda, principalmente no Nordeste; a falta de sintonia fina da campanha com o presidente Lula na reta final; e ainda o corpo mole do PMDB e outros aliados .
Minérios
O ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, deve entregar ao presidente Lula o modelo final do novo código de mineração até o fim da semana. Exigirá mais contrapartidas da Vale e outras mineradoras, principalmente mais valor agregado nos produtos exportados.
Caixa
A Polícia Federal em Roraima cogita pedir a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico do senador reeleito Romero Jucá (PMDB), que é líder do governo no Senado. A PF investiga a origem e o destino da grana que aprendeu, no estado, durante a campanha: R$ 1,8 milhão.
Feridas
O presidente de honra do DEM, Jorge Bornhausen, e os ministrosdo Tribunal de Contas da União Guilherme Palmeira e José Jorge lambiam as feridas do senador Marco Maciel (foto), do DEM-PE, ontem, durante almoço no Piantella, tradicional reduto dos políticos em Brasília. O ex-vice-presidente da República de Fernando Henrique Cardoso perdeu a reeleição em Pernambuco com a elegância de sempre.
Pegadinha
O tucano José Serra está de olho nos votos da família Roriz no Distrito Federal. Weslian Roriz, candidata do PSC no segundo turno das eleições do Distrito federal, foi das mais cortejadas durante reunião da cúpula da oposição em Brasília. Perguntado se o candidato iria pedir votos ao lado de Weslian Roriz, o presidente do partido e coordenador da campanha, Sérgio Guerra, buscou a tangente: "isso é pegadinha, né!?"
Ofensiva
Dilma ainda é a favorita, mas o otimismo eleitoral parece que migrou do PT para a oposição. Ontem, durante o encontro dos eleitos da coalizão PSDB, DEM e PPS, o clima era de faca nos dentes para o combate corpo a corpo do segundo turno em busca dos votosde Marina Silva (PV).
Voto nulo
Toninho do PSol agradeceu os quase 200 mil votos "pela mudança, pela ética e pela honestidade" conquistados em Brasília e anunciou a posição de seu partido sobre o segundo turno das eleições no Distrito federal: voto nulo.
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