Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
O escândalo que derrubou do Palácio do Planalto a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra tirou mais votos de Dilma Rousseff (PT) na reta final do primeiro turno da eleição à Presidência da República do que a polêmica sobre a legalização do aborto, segundo a pesquisa Datafolha. Foi por essa razão que a candidata petista resolveu jogar um balde de lama no seu adversário no segundo turno, o tucano José Serra.
Durante o debate de domingo à noite, na Tevê Bandeirante, Dilma indagou Serra sobre o sumiço de um ex-colaborador da campanha, o engenheiro Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa (órgão do governo de São Paulo encarregado das obras viárias), exonerado em abril passado. Serra se fez de desentendido, mas a imprensa foi atrás da história.
O assunto recebeu destaque na TV Record, na imprensa paulista e bombou na internet. Até o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, apontado como um dos responsáveis pelo mensalão, tirou um sarro dos tucanos no Twitter. Serra, em Aparecida do Norte, questionado por repórteres, minimizou o caso e saiu em defesa do engenheiro, também conhecido como Paulo Preto: "A acusação contra ele é injusta. Não houve desvio de dinheiro de campanha por parte de ninguém, nem do Paulo Souza".
Carvão
Paulo Vieira de Souza nunca foi da cozinha de José Serra, mas é muito amigo do senador eleito Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). Considerado um executivo competente, está com o filme queimado. Em junho passado foi preso ao pedir a avaliação de um bracelete de brilhantes na loja da Gucci em São Paulo. A jóia era roubada. Agora, responde a processo por suposta receptação de material ilícito. Ele se diz vítima de uma "armação".
Igreja
Ao contrário de Dilma Rousseff (PT), que optou por visitar o santuário na véspera, Serra foi à missa solene em homenagem à padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. O governador eleito de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, e o vice de Serra, Índio da Costa (DEM), também acompanharam a missa. Ao lado da mulher, Mônica, Serra foi citado no início do sermão do cardeal arcebispo de Belo Horizonte, dom Serafim Fernandes Araújo, que celebrou a missa, acompanhada por cerca de 35 mil fieis.
Manifesto
Circula na internet o manifesto de intelectuais e artistas em apoio a Dilma Rousseff, uma resposta governista ao manifesto de juristas e intelectuais em defesa de liberdade de imprensa lançado logo após as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula contra a mídia. "Nós, que no primeiro turno votamos em distintos candidatos e em diferentes partidos, nos unimos para apoiar Dilma Rousseff", proclama no primeiro parágrafo o texto subscrito por Chico Buarque, Leonardo Boff, Fernando Moraes, Emir Sader e Eric Nepomuceno.
Contrabando
O Sindicato Nacional dos Analistas Tributários da Receita Federal produziu um estudo sobre a fragilidade de nossas fronteiras. Durante 10 meses uma equipe de fiscais percorreu 15 mil quilômetros de rodovias federais e estaduais, estradas vicinais e rios nas fronteiras do Brasil com Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Caminhões carregados de mercadorias entram no Brasil diariamente, sem passar por nenhuma fiscalização. Os rios Uruguai, Paraná, Paraguai, Oiapoque, Mamoré e Solimões servem de rota para traficantes e contrabandistas que utilizam portos clandestinos para ingressar no Brasil sem serem incomodados.
Fronteiras
A Receita Federal tem apenas 596 funcionários, 245 auditores fiscais e 351 analistas tributários que controlam o acesso de mercadorias ao território nacional por terra. O Brasil tem uma fronteira seca de 16,8 mil quilômetros.
Pesquisas
Quatro pesquisas eleitorais à vista. Hoje, o instituto Sensus divulga levantamento encomendado pela Confederação Nacional dos Transportes, depois de ouvir 2 mil eleitores. Também está no forno a nova pesquisa Vox Populi, com 3 mil eleitores. Amanhã pode ser divulgada uma pesquisa Ibope/TV Globo com 3010 eleitores. E no sábado, o Datafolha, contratado pela TV Globo e pela Folha de São Paulo, divulgará novo levantamento, com 3220 entrevistas.
Reforço / O candidato a vice de Dilma Rousseff, deputado Michel Temer, viaja amanhã para o Rio Grande do Sul na tentativa de juntar os cacos da campanha do ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça (PMDB) e reforçar a campanha da petista no estado. Temer se reúne com o governador eleito Tarso Genro (PT) e com prefeitos do PMDB. O encontro ainda pode ser reforçado com a presença de Dilma Rousseff.
Festa / O líder do DEM na Câmara, deputado Paulo Bornhausen (SC), avalia que a postura agressiva de Dilma Rousseff no debate da Tevê Bandeirantes e no programa de tevê de sua campanha mostra o despreparo da candidata para atuar sob pressão: "Dilma não está calejada eleitoralmente. Nunca venceu e nem perdeu e está tendo dificuldades em lidar com o risco de derrota".
Pajelança / O vice Índio da Costa reúne hoje, no Tijuca Tênis Clube, no Rio de Janeiro, a partir de 10h30, os líderes da oposição no estado para definir as ações do segundo turno da campanha de José Serra no estado.
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