Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
Recado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o comando de campanha de Dilma Rousseff (PT) na reta final do segundo turno: não se fiem nas pesquisas, nada de salto alto. Para dar o exemplo, o próprio pretende utilizar todo o tempo disponível para fazer a campanha da petista. Teme que se repita o que ocorreu no primeiro turno, quando o clima de "já ganhou" se instalou na campanha. Na coordenação, a avaliação é que o confronto entre os projetos do governo Lula e os do tucano José Serra deve ser o eixo do programa eleitoral até o dia da votação.
Episódios como o da polêmica agressão ao candidato de oposição e o suposto dossiê contra o PSDB, que deram o tom da campanha esta semana, seriam desvios de rota que não devem voltar à pauta. Parte-se da ideia de que os eleitores serão obrigados a optar entre a continuidade do governo Lula, com a eleição de Dilma, ou a ruptura representada por Serra.
No primeiro turno, Serra teria conseguido diluir essas diferenças, prometendo manter os programas sociais do atual governo. Agora, no segundo turno, Dilma protagonizou esse confronto e saiu da defensiva. Com a participação intensa do presidente Lula na campanha, a petista conseguiu estancar o crescimento do tucano e evitou nova sangria de votos. Só precisa se manter na posição de favorita.
Vai melhor
As eleições de 2010 e de 2006 estão cada vez menos parecidas nos números do Datafolha. Lula começou o segundo turno há quatro anos com 50%, e Geraldo Alckmin, candidato do PSDB, com 43%. Dilma largou com 48% e Serra com 41%. Agora, Dilma tem 56% (Lula, na mesma época, tinha 57%) e Serra está com 44% (Alckmin tinha 38%).
De chegar
Segundo o Datafolha, a vantagem de Dilma sobre Serra cresceu de 6% para 10% nos votos totais e de 8% para 12% nos votos válidos. Brancos e nulos somam 4% (mesmo índice da semana passada) e os indecisos caíram de 8% para 6%. Como a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, a petista pode ter entre 48% e 52% nos votos totais; ou seja, entre 54% e 58% dos votos válidos. Serra teria de 38% a 42% nos votos totais; isto é, de 42% e 46% dos votos válidos. Considerando-se a margem de erro, a distância entre os dois seria de 8% a 16%. Na primeira hipótese, que é a mais otimista e se justifica pelas discrepâncias das pesquisas do primeiro turno, Serra teria que conquistar pelo menos 5% de indecisos para derrotar Dilma.
Por um triz
Eleito deputado federal pelo PCdoB, o delegado Protógenes Queiroz foi salvo pelo gongo. O Ministério Público Federal pediu ontem a sua condenação por fraude processual e vazamento de informações durante a investigação da Operação Satiagraha. O processo está na 7ª Vara Federal de São Paulo, mas subirá para o Supremo Tribunal federal (STF) após a diplomação de Protógenes. Os procuradores da República Fábio Elizeu Gaspar, Roberto Antonio Dassié Diana, Ana Carolina Previtalli e Cristiane Bacha Canzian Casagrande acusam o delegado de três crimes: dois vazamentos de informações para a Rede Globo e fraude processual.
Anistia
A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça julga hoje o processo do jornalista e líder comunista Joaquim Câmara Ferreira, também conhecido como Toledo, um dos dissidentes do antigo PCB que acompanhou Carlos Marighella na formação da Ação Libertadora Nacional (ALN). O evento será no Memorial da Resistência, em São Paulo. Câmara Ferreira comandou o sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, trocado por 15 prisioneiros políticos, em 1969. Preso em 23 de outubro de 1970, foi assassinado pelo delgado Sérgio Fleury, que o torturou até a morte.
Gravou
A matriarca da família Veloso, dona Canô, gravou um vídeo declarando apoio à candidata Dilma. No primeiro turno, ela se queixou da falta de um telefonema de Lula. Mas agora, o presidente não só ligou para dona Canô, como o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), também fez um "dengo". Caetano Veloso, que apoiou Marina Silva (PV) no primeiro turno, continua em cima do muro.
Como um raio
Em menos de um minuto, ontem, o senador Pedro Simon, do PMDB-RS, sozinho no plenário, abriu, presidiu, falou e fechou a sessão para anunciar que o Supremo Tribunal Federal (STF) finalmente decidiu colocar em julgamento a validade da Lei da Ficha Limpa. Será na quarta-feira, quando o STF analisará o recurso de Jader Barbalho (PMDB-PA), candidato que obteve votos suficientes para o Senado, mas que está com a candidatura sub judice. Durante toda a semana, Simon discursou no Senado pedindo a votação.
Abriu
Repercutiram muito no mercado financeiro as declarações do presidente do Banco Itaú, Roberto Setúbal, que rasgou elogios à política econômica do governo Lula e disse que o país não precisa de reformas. Com as atuais taxas de juros, mesmo os banqueiros tradicionalmente ligados aos tucanos estão rindo à toa.
Processos
Nos três meses de período eleitoral, 24,17% dos processos distribuídos na Procuradoria-Geral da República foram encaminhados à Procuradoria-Geral Eleitoral. Dos 33.987 casos examinados pela PGR, os processos eleitorais representam 8.214
Indenização / Uma passageira da TAM ganhou uma ação de indenização no valor de R$ 4.424 na Justiça de Macapá (AP) em razão de um incidente quando viajava pela companhia: uma bagagem de mão caiu na sua cabeça, quebrou os seus óculos e feriu o seu rosto.
Campanha / O governador reeleito de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), comandou ontem o ato político em apoio à candidatura do tucano José Serra à Presidência da República. Reuniu lideranças do Vale do Jequitinhonha, de Governador Valadares e de Ipatinga.
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