Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
A semana promete. A reta final da campanha eleitoral parece um thriller cinematográfico, com aqueles ingredientes que garantem o sucesso do gênero: suspense, espionagem, intriga, dissimulação e traição. Tudo isso com a divulgação diária de pesquisas de intenção de voto que mexem com corações e mentes dos militantes das campanhas, embora os eleitores aparentemente não estejam nem aí para o que acontece nos bastidores da eleição.
Ontem, por exemplo, o instituto Vox Populi divulgou uma pesquisa na contramão do senso comum: a candidata do PT ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff, mantém a dianteira sobre o tucano José Serra na corrida presidencial, mas oscilou dois pontos para baixo em relação à pesquisa anterior, realizada entre 15 e 17 de outubro. Ela teria 49% das intenções de voto. Isso significa que Serra subiu? Não, ele também caiu e aparece com 38%. A diferença entre os dois, portanto, seria de 11 pontos.
Repete-se o fenômeno que ocorreu às vésperas do primeiro turno: a volatilidade do eleitor que só se liga na eleição nos últimos dias de campanha, troca de candidato a cada programa eleitoral e permanece indeciso praticamente até a hora da votação. Por que essa conclusão? Ora, porque a mesma pesquisa mostra que o eleitor emburrado com a eleição, que pretende votar nulo ou branco, permanece na faixa dos 6%, mas o número de indecisos subiu de 4% para 7%. Ou seja, o suspense é cinematográfico, com direito a imagens dignas de thriller político - tanto no noticiário eleitoral, quanto na propaganda dos candidatos na tevê.
A fórmula
O ex-prefeito Cesar Maia resolveu simplificar a análise das pesquisas com uma fórmula salomônica. "Dilma vencerá no Nordeste e Serra, no Sul e no Sudeste. Para simplificar, use a relação 1 para 2. Ou seja, a diferença de Dilma no Nordeste é compensada por uma diferença que seja a metade dessa no Sudeste. Se a diferença de Dilma no Nordeste for de 2, no Sudeste Serra terá que vencer por 1 para empatar".
A conta
Segundo a conta de Maia, das mais otimistas, como Dilma no Nordeste tem uma diferença de 30 pontos, Serra teria que ter, no Sudeste e no Sul, 15 pontos de diferença. No Sul, caminha para isso. Em São Paulo, teria 20 pontos de diferença. O eleitorado paulista é de 2,6 vezes o do Rio de Janeiro. Com isso, a diferença pró-Dilma no Rio de 10 pontos é coberta por São Paulo e ainda sobram 5 pontos para Minas Gerais. Se Serra vencer em Minas Gerais por 10 pontos, a eleição estará empatada. Só falta combinar com o eleitor.
Perdeu
A polêmica sobre o aborto foi assimilada pela campanha de Dilma Rousseff (PT) e virou um bumerangue contra José Serra (PSDB). Segundo a pesquisa Vox Populi, a candidata petista à Presidência da República venceria o candidato tucano José Serra entre eleitores católicos (51% a 39%), católicos não praticantes (53% a 35%) e evangélicos (44% a 41%). Entre os eleitores que não têm religião, a vantagem da petista é de 46%, contra 38% do tucano.
Se mancou
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva finalmente baixou a bola nos discursos oficiais. Ontem, nas inaugurações que realizou no Rio de janeiro, praticamente não falou das eleições. Deixou os comentários sobre a campanha para a conversa com os jornalistas depois que concluiu a agenda.
No barro
O governador eleito Geraldo Alckmin resolveu pisar no barro como se estivesse, no segundo turno, em campanha pela própria eleição. Viaja por todo o estado e acompanha a agenda de Serra onde o candidato tucano precisa de ajuda, como ocorreu no domingo, no Rio de janeiro. Alckmin quer ampliar a vantagem de Serra em São Paulo.
Só depois
A propósito, segundo o deputado José Aníbal (PSDB-SP), por enquanto Alckmin não quer nem ouvir falar em transição. Prestigia o governador tucano Alberto Goldman, que assumiu no lugar de Serra, e rechaça qualquer conversa sobre o seu futuro governo. Seu argumento é óbvio: caso Serra seja eleito presidente da República, tudo será mais fácil na hora de escolher o secretariado. Se houver derrota, muitos tucanos cairão do ninho.
Estancou
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), está convencido de que a candidata Dilma Rousseff estancou a queda em São Paulo e ainda conteve o crescimento de José Serra no estado. Baseia-se em números de pesquisas internas que apontam um crescimento de quatro pontos para a petista. Hoje, serão divulgadas pesquisas dos institutos Datafolha e Sensus. A conferir.
Saudades
O ex-presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) quer voltar ao posto e pretende disputar a indicação da bancada petista. Avalia que tem mais apoio externo do que os colegas Marco Maia (PT-RS), João Paulo (PT-SP) e o líder do governo, Cândido Vaccarezza. Quem gosta muito dessa disputa é o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), que se prepara para bater chapa com os petistas.
Despedida / O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSDB), prestigia hoje o jantar de despedida do empresário Armando Monteiro Neto da presidência da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O empresário Robson Andrade, ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), assumirá o lugar do senador eleito.
Cartões / O Banco Central enviou proposta de regulamentação do setor de cartões de crédito ao Conselho Monetário Nacional. Quer padronizar e dar transparência às tarifas cobradas pelas operadoras de cartões de crédito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário