domingo, 14 de fevereiro de 2010

Nada será como antes

Por Luiz Carlos Azedo
com Norma moura
luizazedo.df@dabr.com.br


Uma coisa é certa, nada será como antes no Distrito Federal depois da prisão do governador José Roberto Arruda (sem partido), por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), referendando liminar do ministro Fernando Gonçalves. E, ainda, da rejeição do pedido de habeas corpus do governador pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, contrariando muitas expectativas.

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Dificilmente Arruda voltará ao cargo. Especula-se que renunciará ao mandato para sair da cadeia e responder em liberdade ao processo criminal, pois assim não poderia utilizar o poder de governador para embaralhar e obstruir a ação da Justiça no escândalo do Distrito Federal, razão pela qual passará o carnaval em cana.

Nevoeiro

“Ninguém sabe que coisa quer./Ninguém conhece que alma tem/nem o que é o mal nem o que é o bem./(Que ânsia distante perto chora?)/Tudo é incerto e derradeiro/tudo é disperso, nada é inteiro”, Fernando Pessoa, em Mensagem.

Na vontade

O governador em exercício, Paulo Octávio (DEM), quer permanecer no cargo, mas enfrenta quatro pedidos de impeachment e um de intervenção federal no GDF feito pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Sinal de que a crise continua firme e forte.

Liberou

A base governista na Câmara Legislativa, acuada pela prisão de Arruda, resolveu votar a admissibilidade do pedido de impeachment do governador na próxima quinta-feira, na expectativa de que com isso se evite uma intervenção federal. Beneficiado por essa linha de atuação, Paulo Octávio largou a mão de Arruda.

Interventor

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu o tom das declarações sobre Brasília, mas não está convencido de que a intervenção federal seja a melhor solução para o GDF. É uma engenharia muito complicada às vésperas das eleições. Porém, se prepara para a eventualidade de ter que montar uma equipe de governo.

Nomes

A intervenção federal no GDF só deve ser decidida em março, mas já começaram as especulações sobre o nome do possível interventor. O PSB defende o nome do ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence. Os petistas começam a falar do ex-deputado federal e advogado Sigmaringa Seixas.

Embate

O deputado federal Geraldo Magela se prepara para disputar a vaga de candidato a governador do Distrito Federal pelo PT nas prévias da legenda, pressionado pela militância petista. Sem tradição na legenda, o ex-ministro Agnelo Queiroz, egresso do PCdoB, sofre um ataque especulativo dos adversários, mas não desiste da candidatura.

Corda/ O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), reforçou a segurança do camarote do governo na avenida Marquês de Sapucaí. O presidente Lula e Dona Marisa não irão mais, mas Cabral receberá a visita de Madonna no desfile de hoje.

Pesquisa/ O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, que luta para ser o pré-candidato do PT ao governo de Minas, não esconde que prefere uma pesquisa na base aliada para decidir quem será o candidato do PT ao governo de Minas. O ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, prefere as prévias.

Teimosia/O deputado distrital José Antônio Reguffe está sendo pressionado pela cúpula do PDT a concorrer a uma vaga de deputado federal, mas pretende lançar sua pré-candidatura a governador depois do carnaval. Cristovam Buarque bateu o martelo: é candidato ao Senado, não quer saber do GDF.

Bandeira

Engavetado no fim do ano passado, o projeto Ficha Limpa deve enfrentar novo bombardeio quando for a votação na Câmara. O projeto recebeu 1,3 milhão de assinaturas

Descanso

Entro em férias. Nesse período, a coluna será assinada pela colega Samanta Sallum, com a colaboração de Norma Moura.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

FHC topa ser candidato

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


Uma pesquisa ainda não divulgada, mas que chegou ao conhecimento da cúpula tucana, confirma o crescimento da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), e seu empate técnico com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), nas intenções de voto para presidente da República. A informação provocou grande estresse no Palácio dos Bandeirantes e alimentou novas especulações de que Serra pode desistir da candidatura à Presidência e concorrer à reeleição.

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Muito criticado nos bastidores tucanos por suas últimas declarações contra Lula e Dilma, o presidente Fernando Henrique Cardoso não se faz de rogado. Diz para quem quiser ouvir — meio na gozação, mas falando sério — que está pronto para enfrentar nova disputa eleitoral contra Lula, que considera seu freguês de carteirinha (derrotou-o em 1994 e 1998), concorrendo contra Dilma, a quem chama de reflexo do líder petista. Isto é, caso Serra jogue a toalha. O ex-ministro da Educação Paulo Renato (PSDB-SP) foi um dos que ouviu da boca de FHC essa disposição para o confronto eleitoral com Lula e o PT.

Erro

Há certa dose de irritação na atitude de Fernando Henrique Cardoso com a estratégia de José Serra para ganhar a eleição, que é se fingir de morto até a hora de deixar o cargo para ser candidato. E, mesmo depois, evitar um confronto aberto com o presidente Lula, optando por comparar sua capacidade política e administrativa com a de Dilma na propaganda eleitoral de rádio e tevê. FHC avalia que é um erro de conceito, que pode levar os tucanos à nova derrota eleitoral, sem falar que deixa no ar a possibilidade de desistir da candidatura.


Projetos

Por isso, FHC subiu o tom das críticas ao governo Lula e à candidata petista. E não pretende baixá-lo. Segundo o ex-presidente da República, é preciso enfrentar o debate político com Lula e o PT, pois o lulismo representaria uma ameaça ao avanço institucional do país, descambando para o velho populismo latino-americano. Além disso, Dilma representaria uma guinada do país para o capitalismo de Estado e a xenofobia nacionalista.

Alternativa

Enquanto os tucanos de São Paulo estão sem saber muito bem o que fazer, em Minas o governador tucano Aécio Neves (foto), do PSDB, intensifica a campanha para viabilizar a eleição de seu vice, o também tucano Antônio Anastasia, e observa o quadro. Candidato ao Senado, entre aliados do governo Lula o nome de Aécio não foi descartado como alternativa à radicalização PSDB versus PT. Nesta semana, quem ligou para Aécio acenando com a possibilidade de apoiá-lo caso isso aconteça foi o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, presidente licenciado do PDT.

Canudo

O Ministério da Educação divulga hoje o resultado da primeira etapa de inscrições no Programa Universidade para Todos (Prouni). Cerca de 822 mil candidatos disputam 165 mil bolsas de estudo

Apoiado

Os presidentes do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), Henrique Maués, e de mais de 15 seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), inclusive Rio de Janeiro e São Paulo, enviaram mensagens de congratulação ao presidente nacional da entidade, Ophir Cavalcante (foto), por ter requerido à Procuradoria- Geral da República a tomada de medidas judiciais que acabaram levando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) a decretar a prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda.

Convergências

O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) embarca hoje para Recife, onde pode se encontrar com a ministra Dilma Rousseff. Sem esconder que gostaria que Ciro encerrasse a fase de franco-atirador, o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pode selar a paz promovendo um encontro entre os dois.

Rendeira

Ao tomar posse como presidenta regional do PT, a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, deixou clara sua prioridade: derrotar o tucano Tasso Jereissati, que chamou a ministra Dilma Rousseff de liderança de “silicone”. A prefeita vai apoiar as candidaturas do deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE) e do ministro da Previdência Social, José Pimentel (PT-CE), ao Senado.

Fôlego

O novo líder tucano na Câmara, deputado João Almeida (PSDB-BA), vai aproveitar o carnaval para desfilar em vários blocos de Salvador. Folião convicto, Almeida não perde a Mudança do Garcia, tradicional bloco dos anticarlistas.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Retaliação duvidosa

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


É duvidosa a eficácia da retaliação imposta pelo Brasil ao comércio com os Estados Unidos por causa do subsídio agrícola ao algodão norte-americano, porque o país é um parceiro comercial mais vantajoso para o desenvolvimento nacional do que a China, pela pauta de nossas exportações. Enquanto os chineses compram commodities — minério de ferro e soja, principalmente —, os norte-americanos compram nossos produtos industrializados, com maior valor agregado: calçados e aviões, por exemplo.

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Medida provisória do presidente Luiz Inácio lula da Silva publicada ontem no Diário Oficial da União relaciona os itens da nossa pauta de importações sujeitos a sanções: obras literárias, artísticas e científicas; artistas, produtores de fonograma e organismos de rádio difusão; programas de computador; marcas; indicações geográficas; desenhos industriais, patentes de invenção e modelos de utilidade; topografias de circuitos integrados; informações confidenciais ou não divulgadas; e direitos de propriedade intelectual. Ou seja, tudo o que serve para agregar valor à produção nacional.


Dura Lex//

Quem pode mais, pode menos. Depois da prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), outros envolvidos no vídeoescândalo de Brasília — podem chegar a 15 — deverão ser presos. Na alta magistratura do país forma-se um consenso de que é preciso uma faxina exemplar na política local.

Parece

Ontem, na nota Emirado, a coluna publicou a foto do deputado Flávio Dino (PCdoB-MA), quando o personagem citado na mesma era o deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (foto), do PSDB-ES, que critica a adoção do regime de partilha para exploração do petróleo da camada pré-sal. “É um erro estratégico do tamanho da antiga reserva de mercado da informática, cuja adoção pelo regime militar também foi muito comemorada pela oposição”, dispara.

Vaia

Segundo sua assessoria, o senador Cristovam Buarque “não foi vaiado pelos grupos do Magela e do Agnelo na posse do novo presidente do PT, Roberto Policarpo. Na verdade, a vaia partiu de uma minoria absoluta que foi repreendida pelas principais lideranças, tais como Zunga, Paulo Tadeu, Chico Vigilante, Roberto Policarpo, Rejane Pitanga, Agnelo Queiroz e o próprio deputado federal Magela”.

Trincheira

O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) foi comedido ao comentar a convocação da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Comissão de Constituição e Justiça para explicar o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos. “Virou proeza o que deveria ser natural”, disse o líder tucano. Mas a oposição comemora a vitória sobre os governistas e se prepara para encurralar a petista nos pontos polêmicos do plano, como os que irritam os militares.

Freio de mão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou enxugar a agenda de eventos com participação da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Não é por causa da hipertensão, nem da gritaria da oposição. Lula teme que a petista ultrapasse o governador de São Paulo, José Serra (foto), do PSDB, até o fim de março e ele resolva se candidatar à reeleição.

Ofensiva

O grupo de trabalho que analisa o projeto Ficha Limpa — que torna inelegíveis políticos condenados em primeira instância — aguardará o carnaval para solicitar aos tribunais de Justiça uma lista com as decisões contra agentes públicos julgados por improbidade. Caso não consigam o levantamento dentro do prazo para encerrar os trabalhos, os parlamentares pedirão aos desembargadores sensíveis à causa pareceres sobre o assunto.

Prudência

De hoje até a meia-noite da quarta-feira de Cinzas, a Polícia Rodoviária Federal contará com 9 mil policiais, 2 mil bafômetros e 400 radares para fiscalizar 66 mil km de rodovias federais. O objetivo é reduzir o número de mortes registradas no período de carnaval de 2009, quando morreram nas estradas 127 pessoas

Quizomba/ Vinte estados participarão da pré-Conferência Nacional de Cultura Afro-brasileira, a ser realizada em Brasília em 24 e 25 de fevereiro. Dos nomes escolhidos sairão os 15 delegados e 15 suplentes que representarão a cultura afro na plenária geral da 2ª Conferência Nacional de Cultura (CNC).

Racha/ O grupo do presidente do senado, José Sarney (PMDB-AP), no Amapá está à beira da implosão. O vice-governador Pedro Paulo (PP) e o presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Amanajás (PSDB), querem concorrer ao governo local. Sarney tenta acomodar Pedro Paulo no TCE, para Amanajás assumir o governo e se candidatar à reeleição. A fórmula fracassou.

Blindado/ A Usiminas, em Ipatinga, no Vale do Aço mineiro, pesquisa a produção do aço blindado genuinamente brasileiro para a indústria de defesa nacional e exportação. É uma encomenda do Exército, que pretende aumentar a produção e reduzir os custos de fabricação dos seus carros de combate. A Usiminas já gastou em pesquisa e inovação R$ 28,9 milhões.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Cortina de fumaça

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


Há muito mais do que uma mera manobra de obstrução no adiamento da votação dos projetos do novo marco regulatório de exploração de petróleo da camada pré-sal para depois do carnaval. A oposição usa como argumento a votação dos vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao bloqueio de obras da Petrobras sob suspeita de irregularidades no Orçamento da União aprovado pelo Congresso, mas o que se pretende mesmo é inviabilizar a aprovação do regime de partilha de petróleo antes das eleições. Seria um assunto para o novo governo resolver.

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Por quê? A razão é o conjunto da obra: a Petrobras estaria virando uma espécie de PDVSA, a companhia de petróleo da Venezuela comandada por Hugo Chávez, acima de qualquer controle. Não presta contas ao Tribunal de Contas da União, não dá satisfações à Comissão Mista de Orçamento, não respeita a Lei de Licitações. E com o novo regime de partilha, que na prática restabelece o monopólio de exploração de petróleo pela empresa, dará as cartas em todo e qualquer negócio na área de petróleo.

Emirado

O veto ao bloqueio das obras pelo Congresso acendeu uma luz vermelha para a oposição. Segundo o deputado federal Luiz Paulo Vellozo Lucas, do PSDB-ES, crítico do regime de partilha do petróleo da camada pré-sal, a Petrobras se comporta como um Emirado, no qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mais ninguém toma decisões. Uma empresa acima do Estado brasileiro, que pode movimentar algo em torno de 40% do PIB.

Prévias

O ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias (foto), não descarta a realização de prévias para a escolha do candidato do PT em Minas. Diz que não tem compromisso com o ex-prefeito Fernando Pimentel para decidir em março qual dos dois será candidato, tendo em conta uma pesquisa de opinião encomendada pela cúpula da legenda. “Não sou candidato de mim mesmo, represento um projeto da militância partidária para o governo de Minas”, dispara.

Unanimidade

Deu a louca no PT de Brasília. No encontro da legenda realizado na terça-feira à noite, os grupos do ex-ministro do Esporte Agnello Queiroz e do deputado federal Geraldo Magela se digladiaram, pois ambos disputam a vaga de candidato a governador. A única unanimidade na reunião foi o senador Cristovam Buarque, do PDT, ex-governador do Distrito Federal eleito pela legenda, que não foi à reunião mas enviou uma carta saudando os petistas. Levou uma vaia dos dois grupos.

Perigo

O senador César Borges (PR) pôs os pés em duas canoas: ao mesmo tempo em que conversa com o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), circula pelo estado na comitiva do ex-governador Paulo Souto (DEM), candidato ao Palácio de Ondina. Na chapa de Wagner, Borges terá que enfrentar o senador ACM Júnior como candidato à reeleição apoiado pelos carlistas.

Marcado

Foi uma demissão anunciada. Desde o quebra-pau na reunião do Alto Comando do Exército que discutiu a reestruturação da comissão de compras para reaparelhamento das Forças Armadas que o general Maynard Marques de Santa Rosa, chefe do Departamento Geral do Pessoal do Exército, remanescente dos serviços de informação do regime militar, estava na alça de mira do ministro da Defesa, Nelson Jobim. No primeiro gesto de insubordinação, seria exonerado. Para o general, a Comissão da Verdade — criada para investigar crimes contra direitos humanos durante a ditadura (1964-1985) — seria formada por “fanáticos” e acabaria se transformando em uma “comissão da calúnia”.

Rombo

A oposição atribui o saldo negativo de US$ 24,3 bilhões nas contas externas à paralisação dos investimentos estrangeiros na exploração de petróleo, provocada pela suspensão dos leilões dos blocos de petróleo das bacias de Santos, Campos e Espírito Santo. As projeções apontam para um deficit, em 2010, de US$ 47,5 bilhões

Tensões

O adiamento da decisão sobre a partilha das comissões na Câmara — remarcada para 23 de fevereiro — servirá para que os partidos façam um grande acordo. O problema, apontam parlamentares de diferentes legendas, seria a disputa entre o PMDB e o PT.

Omissão/ O depoimento, ontem, da mãe de um adolescente de 14 anos raptado em Brasília no mês passado à CPI que investiga o desaparecimento de crianças e adolescentes, lançou suspeitas de negligência sobre a atuação da polícia do DF. Os parlamentares convocaram imediatamente o delegado responsável pelo caso, que disse que a solução do sequestro é questão de horas.

Azebudsman/ Ao contrário do que publicamos ontem, o senador Adelmir Santana (DEM-DF) era suplente do vice-governador Paulo Octávio (DEM), que renunciou ao mandato no Senado para assumir o cargo, e não do governador José Roberto Arruda (sem partido), que era deputado federal.

Alencar, a missão

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br

Com Norma Moura

O vice-presidente da República, José Alencar, deve deixar o cargo em abril. E se lançar candidato ao Senado por Minas Gerais, para ajudar a alavancar a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, no segundo colégio eleitoral do país. Apesar da posição contrária da família, Alencar quer mesmo disputar mais uma eleição. Diz que está à disposição do presidente Lula para qualquer missão. Lula prefere que ele concorra ao Senado, para emular com o governador mineiro, Aécio Neves.

O boato de que seria candidato a governador para unir o PT e o PMDB em Minas não passou de balão de ensaio para assustar a oposição. Mesmo assim, o governador de São Paulo, José Serra, candidato do PSDB, tem motivos de sobra para se assombrar com um palanque no qual Alencar vire cabo eleitoral de Dilma. Não pode perder a eleição em Minas, se quiser vencer o pleito, até porque a disputa em São Paulo pode não ser o passeio que imaginava.


Sabadão


O presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), queria aproveitar o ano eleitoral para emplacar a redução da jornada de trabalho para 40 horas, reivindicação da CUT e da Força Sindical. Trombou com o setor produtivo. Como o governo admite a redução progressiva até 2016, Temer propôs 42 horas no próximo ano.

Moita


Sem muito alarde, ao contrário de outras corporações que ocupam a Câmara desde o fim do recesso, os servidores do Ministério Público estão cada vez mais próximos de verem aprovado o projeto de lei que estabelece o plano de carreira e salários da categoria. O requerimento de urgência para a votação do PL recebeu ontem as assinaturas que faltavam.


Dúvida

O governador Jaques Wagner (PT) e o senador César Borges (foto) estão conversando sobre uma eventual aliança. Na posse da desembargadora Telma Brito na presidência do Tribunal de Justiça da Bahia, terça-feira, o clima entre os dois era de entrosamento. Não será surpresa se o senador do PR, ex-carlista, for candidato à reeleição na chapa de Wagner, em dobradinha com a ex-prefeita de Salvador Lídice Da Matta (PSB). Acerto

O ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias (PT), e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel fizeram um pacto para evitar a realização de prévias no PT. O partido fará uma pesquisa em março, e quem estiver melhor será o candidato. A hipótese de apoio à candidatura a governador do ministro das Comunicações, Hélio Costa, do PMDB, é cada vez mais remota. A vice de Dilma nem tanto.

Olho vivo

O Portal da Transparência bateu recorde de acessos em janeiro. Foram 195.659 visitas em um único mês. A média mensal do Portal — que permite o controle dos gastos públicos pelos cidadãos — é de 142 mil acessos. O número de páginas consultadas chegou a
2,1 milhões

Basta

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso resolveu rebater as críticas do PT porque o PSDB se finge de morto enquanto seus oito anos de governo são “desconstruídos”. Na muda, Serra não gostou, mas não pode reclamar.

Pânico/ A denúncia de arapongagem na Câmara Legislativa do Distrito Federal assombrou os deputados distritais. É corda em casa de enforcado.

Tapete/ O deputado Mendes Ribeiro
(PMDB-RS) anda preocupado. Quando tudo parecia certo para, finalmente, presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), conterrâneos e fluminenses cresceram o olho naquele que é um dos principais postos da Casa.

Twitter/ O senador Adelmir Santana (DEM-DF) resolveu aderir ao Twitter como ferramenta de comunicação com o eleitor. Ex-suplente do governador José Roberto Arruda e dono de uma rede de drogarias, é candidato à reeleição no vácuo criado pela crise política do Distrito Federal.

Traduções/ A professora Elena Beliakova (da Universidade de Tcherepovets/Rússia) participará, amanhã, às 10h, na Sala Papirus da Faculdade de Educação da UnB, da mesa redonda “O estranho em nós: a literatura brasileira na Rússia e a literatura russa no Brasil”. Traduziu Jorge Amado, Clarice Lispector, Machado de Assis e Moacyr Scliar.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Pré-sal virou novela

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


O governo quer concluir a votação do regime de partilha da camada pré-sal, viga mestra do novo marco regulatório do petróleo, no próximo dia 24. É a prioridade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo o novo líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP). O problema é que o novo líder do PSDB, João Almeida (SP), para aceitar a votação, quer mexer no relatório do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), fruto de um difícil acordo entre a União e os governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Os dois protagonizaram um confronto entre os estados do Sudeste e do Nordeste por causa dos royalties de petróleo da camada pré-sal.

Como o governo é maioria, em tese, não haveria dificuldade para a aprovação do relatório. Ocorre que a base governista rachou por causa de uma emenda do deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), que propõe um regime de partilha igual ao dos fundos constitucionais de Participação dos Estados e o de Municípios. A emenda incendiou o plenário da Câmara, pois recebeu a adesão maciça do chamado baixo clero, que nem sempre aceita os acordos de líderes. O governo preferiu adiar a decisão para este ano e evitar a derrota em plenário.

Obras

Ano eleitoral fomenta inaugurações e obras vistosas. Projetos referentes à execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) — espinha dorsal da campanha da ministra Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto —, mudanças nas leis de licitações e de licenciamento ambiental encabeçam a lista de prioridades para votação. Lula quer atropelar a burocracia que atrasa as obras.

Veto

O governo tenta convencer a oposição de que a proposta de Ibsen Pinheiro é inviável, pois implica em perda de receitas para a União e os estados. Financiamentos concedidos ao governo do estado do Rio de Janeiro têm como garantia de pagamento a arrecadação dos royalties. Se o governo for derrotado, é certo que o presidente Lula vetará a emenda Ibsen.

Morcegão

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, se encantou com os VANT’s (Veículos Aéreos Não-Tripulados) da Elbit Systems, grupo israelense do setor de defesa do qual faz parte a brasileira Aeroeletrônica, de Porto Alegre. O aparelho, com pouco mais de 12kg, foi utilizado no Haiti para fazer buscas de sobreviventes e rastrear vias bloqueadas a altitudes de 5.200 pés

Argamassa

A chamada Consolidação das Leis Sociais, que está sendo elaborada sob coordenação do secretário-geral da Presidência da República, ministro Luiz Dulci, deve ser encaminhada ao Congresso em março. Mobiliza a Casa Civil, a Secretaria de Relações Institucionais, o Ministério da Justiça e, principalmente, o Ministério do Desenvolvimento Social. Tudo para anabolizar a candidatura de Dilma.

Brincadeira

No Palácio do Planalto, ninguém leva muito a sério a candidatura do vice-presidente José Alencar (PR-MG) ao Palácio da Liberdade. Ao contrário do que parece, a proposta acirraria a disputa entre o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias. Lula quer Alencar como candidato ao Senado.

Camarote A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) colocou o bloco na rua. Vai desfilar com 50 empresários de 20 países por fábricas e polos produtivos para convencê-los de que o comércio com o Brasil dá samba. Como não podia deixar de ser, os estrangeiros vão acompanhar também os desfiles no camarote da agência na Marquês de Sapucaí.

Firme O ex-ministro do Esporte Agnello Queiroz pretende cobrar da cúpula do PT o acordo firmado em 22 de novembro com o deputado federal Geraldo Magella (PT-DF), no qual o parlamentar petista optou por disputar uma vaga ao Senado. Segundo assessores de Agnello, Magela só voltou a pensar na candidatura ao governo por causa da crise do GDF.

Retaliação A Câmara de Comércio Exterior (Camex) se reúne hoje para discutir retaliações comerciais aos Estados Unidos. Na pauta, a lista de produtos ianques que poderão ter aumento do Imposto de Importação em virtude do contencioso do algodão na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Fica O diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, será mantido no cargo pelo novo ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, que assume o posto amanhã. Também não mexerá nos demais integrantes da cúpula da PF.

Desafio O Tribunal de Justiça de Santa Catarina entrou em rota de colisão com o ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal. O ministro suspendeu, por liminar, a posse dos novos donos de cartórios no estado, por causa da suspeita de irregularidades no concurso. Juízes catarinenses passaram por cima da decisão e deram posse aos novos titulares.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Jardim Pantanal

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br
Com Norma Moura


O nome do bairro já diz tudo. O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e o prefeito da capital, Gilberto Kassab (DEM), debaixo de chuvas torrenciais, travam um combate inglório com o PT e seus aliados no Jardim Pantanal. O bairro da periferia da capital é um péssimo campo de batalha, virou símbolo das enchentes e a trincheira da oposição aos tucanos e democratas em São Paulo. Enquanto não viabiliza o assentamento dos seus moradores em outro local, Serra oferece R$ 500 para que aluguem moradias provisórias; Kassab oferece mais R$ 300. A oposição vai lá e diz que ninguém deve sair, que a solução é o governo realizar obras de drenagem e saneamento para evitar que o bairro fique debaixo d’água.

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A maioria dos moradores prefere garantir o pedaço de chão, mesmo no sufoco dos alagamentos, sonhando com soluções à holandesa. É assim há mais de duas décadas. Lutam por direito à moradia no local e melhores condições desde 1986, quando invadiram a área. Em 1998, o governo decretou que a região era área de proteção ambiental, mas eles fincaram o pé. A maioria está desempregada ou trabalha precariamente como catadores, camelôs e empregadas domésticas.

Remoções

As enchentes na várzea do Rio Tietê na Zona Leste de São Paulo vão completar dois meses amanhã. O prefeito Gilberto Kassab quer erradicar os bairros que surgiram irregularmente na região. Além do Jardim Pantanal, submergiram o Jardim Romano e a Chácara Três Meninas, que também ficam em São Miguel Paulista, a 30km do centro de São Paulo.

Miséria

Tudo começou quando o então governador de São Paulo, Orestes Quércia, hoje candidato ao Senado pelo PMDB, reintegrou uma área ocupada no Itaim Paulista. Levou duzentas famílias que ocupam o local para as proximidades do Pantanal, na várzea esquerda do Rio Tietê. Os movimentos de moradia (sem-teto) levaram 3 mil pessoas para a região. Hoje, em oito quilômetros quadrados, há 25 mil famílias, ou seja, cerca de 100 mil pessoas

Zona Leste

A Zona Leste de São Paulo é legendária pela volatilidade de seus eleitores. Em 1985, derrotou Fernando Henrique Cardoso , à epoca no PMDB, quando a eleição parecia ganha. Votou em Jânio Quadros (PTB). Elegeu Luiza Erundina(PT) em 1989, mas preferiu Paulo Maluf (PSD) em vez de Eduardo Suplicy (PT) em 1992. Em 1996, votou em Celso Pitta (PP); depois, em 2000, elegeu Marta Suplicy (PT), cuja reeleição rejeitou. Optou por José Serra (PSDB) em 2004; em 2008, consagrou o prefeito Gilberto Kassab, que agora caiu em desgraça.

Mobilização

Desde 2002, os moradores do Jardim Pantanal estão organizados no Movimento por Urbanização e Legalização do Pantanal (Mulp). Quem comanda a entidade é o Movimento Terra Livre, do Coletivo Liberdade Socialista, ligado ao PSol. Formado por representantes de comissões de ruas, as bandeiras do Mulp são: respeito à vida, ao bem estar, a relação democrática, a liberdade, a solidariedade, a união e a responsabilidade ética em relação à comunidade.

Candidatíssima

Nem Ciro Gomes (PSB) nem Aloizio Mercadante (PT), quem quer concorrer ao Palácio dos Bandeirantes é a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (foto). Por causa das enchentes, está animada com o desgaste de Serra e Kassab na capital, seus algozes nas duas últimas eleições municipais. Se o partido quiser, será candidata.

Rendição

Novo líder do DEM na Câmara, o deputado Paulo Bornhausen (SC) liberou a bancada para a votação do regime de partilha do pré-sal. Seu antecessor, Ronaldo Caiado (GO), fez feroz obstrução ao projeto, com um discurso ideológico contra a Petrobras.

Mérito/Luiz Paulo Barreto, o 222º ministro da Justiça, é o primeiro funcionário de carreira a assumir a pasta, desde o ministro Caetano Pinto, nomeado por D. Pedro I em 3 de junho de 1923. Com 46 anos, ingressou na carreira em 1986 como agente administrativo. Chegou a secretário-executivo na gestão do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, que o escolheu por mérito.

Bomba-relógio/Após a revelação da tentativa de suborno do jornalista Edmilson Edson dos Santos, o Sombra, uma nova diligência da Polícia Federal é aguardada para o meio da semana, o que pode aprofundar a crise no governo do DF

Campanha/A ministra Dilma Rousseff será a estrela do encerramento do Encontro Nacional da Juventude do PT, hoje, em Brasília. Ela será recebida pela jovem militância como candidata, sob o jingle que repete “ela é a mãe do PAC. É a Dilma, é a Dilma”.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Linha de sucessão

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


Foi para o fundo da última gaveta do novo presidente da Câmara Legislativa, deputado Wilson Lima (PR), a consulta feita pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o artigo da Lei Orgânica do Distrito Federal que condiciona o processo contra o governador José Roberto Arruda à licença prévia dos distritais. A resposta subsidiará o ministro José Antônio Toffoli na decisão sobre a sua constitucionalidade. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, autor da consulta ao STF, considera o dispositivo da Lei Orgânica inconstitucional. A crise do Distrito Federal só entrará em pauta no plenário da Suprema Corte depois do
parecer de Toffoli.

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Por trás das manobras regimentais que paralisam as atividades da Câmara Legislativa, em que pese a gravidade das denúncias contra 10 dos seus 25 integrantes, está o fato de que a linha de sucessão do governador José Roberto Arruda (sem partido) embaralha o jogo. Quem faz oposição ao governador do Distrito Federal não quer o vice Paulo Octávio (DEM) no poder, muito menos (PR) o deputado Wilson Lima. Os caciques da oposição, em silêncio obsequioso, empurram a solução da crise para as eleições de outubro.

Pressões

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, presidente licenciado do PDT, tenta convencer o deputado distrital José Antônio Reguffe (foto) a desistir da candidatura ao Governo do Distrito Federal. A prioridade da legenda é reeleger o senador Cristovam Buarque e ampliar a bancada federal. Reguffe só desiste da candidatura se o ex-governador do Distrito Federal for candidato a governador.

Jogo

De fora da chapa majoritária articulada pela cúpula do PT como palanque da ministra Dilma Rousseff (PT) em Brasília — Agnelo, governador; Cristovam e Magela, senadores —, o deputado Rodrigo Rollemberg (PSB) tenta lançar o próprio nome como candidato ao Governo do Distrito Federal. O PT deve lhe oferecer a vaga de vice; não abre mão de uma das vagas ao Senado.

Mergulho

O pré-candidato do PT ao Governo do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (foto), submergiu. Opera nos bastidores para consolidar sua candidatura na legenda, depois do desgaste de um fraco desempenho nas pesquisas e das notícias de que teria tomado conhecimento prévio dos vídeos divulgados pelo ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa. No PT, o nome do deputado federal Geraldo Magela, candidato ao Senado, volta a ser considerado como boa alternativa ao Buriti.

Minoria

Está quase no fim a dança de cadeiras nas lideranças da Câmara. Só falta o PSDB e o DEM, que se revezam no cargo, chegarem um acordo com o PPS, que pleiteia a indicação do novo líder da minoria. Os novos líderes escolhidos pelas bancadas são: Fernando Ferro (PE), do PT; Paulo Bornhausen (SC), do DEM; João Almeida (BA), do PSDB; João Pizzolatti (SC), do PP; e Vanessa Grazziotin (AM), do PCdoB. O Bloco PSB, PCdoB, PMN, PRB passou a ser liderado pelo deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA); Candido Vaccarezza (PT-SP), indicado pelo presidente Lula, assumiu a liderança do governo no lugar de Henrique Fontana (PT-RS).

Ficam

Foram reconduzidos os seguintes líderes de bancada: Henrique Eduardo Alves (RN), do PMDB; Fernando Coruja (SC), do PPS; Miguel Martini (MG), do PHS; Vinícius Carvalho (RJ), do PTdoB; Sandro Mabel (GO), do PR; Jovair Arantes (GO), do PTB; Hugo Leal (RJ), do PSC; Dagoberto (MS), do PDT; Edson Duarte (BA), do PV; Ivan Valente (SP), do PSol; Rodrigo Rollemberg (DF), do PSB; Cleber verde (MA), do PRB; Fabio faria (RN), do PMN; e Carlos Willian(MG), do PTC.

Puxadinho

O governo federal resolveu pôr mais tijolos na autoconstrução de moradias. A Caixa Econômica Federal lançou uma linha de crédito de R$ 1 bilhão para a compra de materiais de construção em lojas de varejo. O prazo de financiamento é de até 24 meses e o valor máximo de cada compra é de R$ 10 mil


Boicote/ A convenção nacional do PMDB, que acontece hoje, em Brasília, será realizada sem a participação de sete diretórios regionais (SP, PR, SC, RS, PE, MS e AC). Depois de ter negado pela Justiça o pedido de cancelamento da antecipação da convenção, a ala oposicionista resolveu fingir que o encontro não existe. Não quer legitimar o diretório montado por Michel Temer para apoiar a candidata petista Dilma Rousseff.

Rota/ São Luís (MA) espera um aumento de 5% na taxa de ocupação da rede hoteleira este ano, graças ao investimento de R$ 220 mil — metade saída dos cofres do governo do Maranhão — na escola de samba Acadêmicos do Tucuruvi, de São Paulo. Com o samba-enredo São Luís – Universo da música e da magia, a escola vai desfilar a cultura maranhense no estado que é o maior emissor de passagens aéreas do país.

Média/ No Encontro Nacional da Juventude Petista, em Brasília, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, fez rasgados elogios à parceria do governo federal com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). Padilha saiu chamuscado do encontro reservado da petista Dilma Rousseff com o ex-governador fluminense Anthony Garotinho, do qual participou.

Bandeiras

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara promoverá uma nova rodada de discussões sobre o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos. O debate, contudo, deve emperrar. O PT não abre mão da criação da comissão da verdade e da comissão arbitral, para julgar os crimes da ditadura e os cometidos no campo.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Morte por afogamento

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


A estratégia do governo para remover a candidatura a presidente da República do deputado Ciro Gomes (PSB) é não responder às críticas do ex-ministro da Integração Nacional e pressionar os demais líderes do seu partido para que não aprovem a candidatura. Assim, Ciro morreria na beira da praia. Essa linha está sendo adotada em Pernambuco, onde o PT ameaça lançar a candidatura do ex-prefeito de Recife João Paulo contra o governador Eduardo Campos, presidente do PSB, que é candidato à reeleição; e no Ceará, onde a opção petista seria lançar a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, contra o governador Cid Gomes (PSB), irmão de Ciro, candidato à reeleição. No Espírito Santo, o senador Renato Casagrande (PSB), que aparece nas pesquisas como um candidato muito competitivo, foi isolado pelo PT. A situação se repete em outros estados.

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O presidente Lula aposta que até março haverá ampla maioria de parlamentares do PSB interessados em coligar com o PT nos estados e se incorporar à coalizão encabeçada por Dilma Rousseff (PT). As recentes declarações de Ciro de que pretende aceitar a decisão do partido não seriam mera retórica, mas o reconhecimento de que seu isolamento pode obrigá-lo a desistir da disputa por falta de apoio do próprio partido. Ciro já respira de snorkel, aquele canudo usado pelos mergulhadores para nadar com a cabeça debaixo d’água.


Patrimônio//

A Igreja Ordem Terceira de Nossa Senhora da Conceição do Boqueirão acaba de ser restaurada pelo governador baiano Jaques Wagner, com a recuperação estrutural dos elementos de pedra, cal e madeira. Também está sendo recuperada a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, localizada no Pelourinho. O patrimônio histórico agradece.

Concorrência

O vice-líder do PPS, Arnaldo Jardim, requereu a realização de audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara para discutir a aquisição do controle da petroquímica Quattor pela Braskem. A intenção é fixar regras que permitam o negócio mas preservem garantias de concorrência na cadeia de fornecimento. Segundo o parlamentar paulista, recentes fusões e aquisições de grandes empresas, com a bênção do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Secretaria de Direito Econômico, abrem caminho para a formação de trustes.

Saúde

Desde ontem, entrou em vigor o piso salarial para agentes comunitários de saúde (ACS) e para os agentes de combate às endemias (ACE), no valor de R$ 930. Segundo a Confederação Nacional de Municípios (CNM), o impacto da nova lei nos cofres municipais será de R$ 858,5 milhões por ano. São 238 mil agentes

Conspiração

Na cúpula do PSDB, é grande a torcida para que o líder da legenda no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), passe o bastão para seu colega Álvaro Dias, operação casada com a montagem do palanque do candidato tucano ao governo do Paraná, o prefeito Beto Richa.

Sem terra

O novo presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, critica o MST e a política de reforma agrária do governo Lula. “Não há reforma agrária. O que existe é distribuição de lotes e assentamentos sem que haja uma política consistente de apoio ao assentado, à produção e ao acompanhamento dos resultados”. Para ele, o MST “afastou-se de sua origem e perde progressivamente legitimidade ao partir para a violência, como tem mostrado na invasão de propriedades produtivas e na destruição de plantações e laboratórios, fatos inadmissíveis”.

Pressão

O delegado que cuida do caso dos adolescentes desaparecidos em Luziânia, Rosivaldo Linhares Rosa, disse a membros da Comissão de Direitos Humanos da Câmara que cada caso é investigado separadamente pela polícia. Para o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), o sumiço dos meninos também é assunto para a Polícia Federal.

Pipoca

À boca pequena, membros da base do governo na Câmara criticam o ministro da Justiça, Tarso Genro, que está de saída do governo para ser candidato a governador do Rio Grande do Sul. Com o time ganhando, resolveu ajudar o adversário. A irritação se deve à entrevista na qual creditou a escolha de Dilma como candidata do PT a um “vazio” na legenda.

Bolo/ A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) ignorou a reunião da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, convocada para ouvir as entidades contrárias ao novo Programa Nacional de Direitos Humanos. Presidente da CNA e líder dos ruralistas, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) não apareceu nem mandou representante.

Haiti/ A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores, construirão um centro de formação profissional em Porto Príncipe. Inicialmente, formará mão de obra para a construção civil.

Cidades/ Trânsito caótico, falta de estrutura viária, enchentes, poluição e até modelos de gestão de administração pública são alguns dos temas da Conferência de Cidades Inovadoras, de 10 a 13 de março, em Curitiba. A iniciativa é da Federação das Indústrias do Paraná.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Cavaleiro andante

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br
Com Norma Moura


De lança em punho, Ciro Gomes (PSB) vestiu a armadura de Dom Quixote e retomou o velho discurso contra as coisas preestabelecidas da política, seus velhos moinhos e demônios. Isolado politicamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é o meio que encontrou para manter sua candidatura a presidente da República. “Sou o candidato do futuro. Não tenho compromisso com as privatizações do governo de Fernando Henrique Cardoso, nem sou obrigado a defender o que está errado no governo Lula”, resume. Tenta, assim, distinguir sua candidatura das do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), respectivamente.

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Cercado de jornalistas, ontem, na Câmara, Ciro reafirmou sua lealdade ao presidente Lula, mas deixou claro que sua candidatura não depende dele, mas somente do PSB, cujo presidente, o governador Eduardo Campos, elogia muito. Atacou velhos desafetos políticos, a começar por José Serra e o presidente do PPS, Roberto Freire. Mas alfinetou a candidata petista Dilma Rousseff (PT), ao criticar sua aliança com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e com o líder do PMDB naquela Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Os dois são líderes políticos que demoniza, ao atacar a aliança do PT com o PMDB. É por essas e outras que o presidente Lula teme a candidatura de Ciro no primeiro turno.

Nova estampa

As novas cédulas de real, que começam a circular a partir de abril, vão apartar definitivamente a moeda da imagem do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.Em três anos, serão substituídas 4,2 bilhões de notas

Derrota

Caciques do PMDB, os governadores do Paraná, Roberto Requião (foto), de Santa Catarina, Luiz Henrique, e o ex-governador Orestes Quércia (SP), que defendem a candidatura própria da legenda, chegarão derrotados à convenção do PMDB, no sábado. Ontem, perderam na Justiça a ação na qual pediam a suspensão da convenção. Requião pleiteia a vaga de candidato a presidente da República pelo PMDB.

Salomônico

Para facilitar a composição da nova Executiva do PMDB, o presidente da Câmara, Michel Temer (SP), que será reconduzido ao comando da legenda, redistribuiu as atribuições da primeira vice-presidência, que fará a articulação com o Norte e o Nordeste, com a segunda vice (Centro-Oeste) e a terceira (Sul e Sudeste). Os senadores Romero Jucá (RR), líder do governo, e Valdir Raupp (RO), indicado por Renan Calheiros, disputam a primeira vice. Iris Araujo (GO) e Rocha Loures (PR) ocuparão a segunda e a terceira.

Chapa

O PV resolveu lançar candidato em Brasília, onde pesquisas internas apontam que a senadora acreana Marina Silva , candidata a presidente da República, contaria com 20% das intenções de votos. O presidente do PV no Distrito Federal, Eduardo Brandão, é o nome escolhido pela cúpula, mesmo tendo participado do atual governo do GDF. A propósito, hoje à noite Marina Silva será a estrela do programa de tevê do PV.

Fechado

O governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), que disputa a reeleição, fechou sua chapa de candidatos ao Senado. Serão o deputado Eunício de Oliveira (PMDB) e o senador Tasso Jereissati (PSDB). O ministro da Previdência, Fernando Pimentel (PT), sobrou na coalizão. A vaga de vice deve ficar com Valdemir Catanho (PT), atual secretário de governo. A prefeita de Fortaleza, Luiziane Lins (PT), estrila.

Diapasão

Em rota de colisão com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, aguarda a ata do Copom que será divulgada hoje para afinar o discurso contra a taxa de juros. Em relação ao câmbio, os dois estão mais acertados.

Fiel/ O documentário Perdão, Mister Fiel, de Jorge Oliveira, venceu o festival de Cinema de Campo Grande no voto popular e ainda recebeu menção honrosa do Júri Oficial. Hotel Atlântico, de Suzana Amaral, recebeu o prêmio Glauce Rocha de melhor longa-metragem do júri oficial.

Recesso/ Indicado para presidir a Comissão Especial do Sistema Nacional de Cultura, o sorridente deputado Maurício Hands (PT-PE) ficou bravo ontem com a falta de quorum para a instalação da comissão. Após uma hora e meia de espera, deixou o plenário pisando duro. Só apareceram seis deputados.

Ruídos/ A cúpula do PSDB concluiu que o partido é ruim de bico. Com a mídia e sobretudo com a base, comunica-se muito mal. A ideia é unificar o discurso nos palanques estaduais e municipais e com os veículos de comunicação para melhorar a imagem.

Fogueira/ Capitão Assumpção (PSB-ES) levou um pito ontem do presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP), que reprovou o tom com que o deputado se pronunciou na reunião que tratava do apensamento da PEC 300, que estabelece piso salarial para policiais e bombeiros militares, à PEC 41. De autoria do senador Renan Calheiros, a PEC 41 está no Senado e prevê, além de piso salarial nacional, carreira única para praças e oficiais.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Triângulo das Bermudas

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


Depois da candidatura presidencial do deputado Ciro Gomes (PSB), o maior problema do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para alavancar a candidatura da ministra Dilma Rousseff(PT) é fechar o sistema de alianças que pretende montar no chamado Triângulo das Bermudas — região do Caribe famosa pelo sumiço de embarcações e aeronaves —, os estados de São Paulo, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro.
O lançamento da candidatura de Dilma por cima dos partidos da base facilita a vida do presidente Lula junto aos eleitores, mas não resolve o problema das alianças políticas. É incrível a capacidade de o PT se embaralhar nas próprias pernas, o que explica, em parte, a decisão do presidente Lula de apartar seu projeto de sucessão dos projetos petistas nos estados. Ao lado, confira o que acontece nos três maiores colégios eleitorais do país.

São Paulo

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) é nome mais competitivo do PT ao governo de São Paulo, mas não aceita a missão, prefere a reeleição. A alternativa é a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT), que aceita a tarefa. A máquina petista, principalmente os sindicalistas, prefere o prefeito de Osasco, Emídio de Souza. E não quer saber do senador Eduardo Suplicy (PT), que tenta viabilizar sua candidatura, mas os dirigentes fingem que ele não existe. O presidente Lula se empenha para acomodar o deputado Ciro Gomes na disputa pelo governo de São Paulo, o que o PT não quer, apesar de fingir o contrário. Resultado: o ex-governador tucano Geraldo Alckmin (foto), candidato ao Palácio dos Bandeirantes, apesar das enchentes, nada de braçada.

Rio

Pressionado por Lula, o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Faria (PT), desistiu da candidatura a governador, mas não abre mão da vaga ao Senado, pleiteada também pela ex-governadora Benedita da Silva. O partido está alinhado com o governador Sérgio Cabral (PMDB), cujo candidato ao Senado é o presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani (PMDB), que o PT rejeita. Espirrou da aliança o senador Marcelo Crivella (PRB), que articula a candidatura a governador do apresentador Wagner Montes (PDT) para viabilizar a própria reeleição. Enquanto isso, a oposição trabalha para levar o deputado Fernando Gabeira (PV) ao segundo turno.

Minas

O PT está dividido entre dois candidatos ao governo, o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel. O PMDB lidera a disputa eleitoral com o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), mas o PT se recusa a apoiá-lo, embora queira a aliança com o PMDB. Prefere vê-lo na vice da ministra Dilma Rousseff (PT), no lugar do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), escolhido pela legenda. Enquanto isso, o governador Aécio Neves (PSDB), que será candidato ao Senado, fortalece a candidatura do vice Antônio Anastasia (foto), que assumirá o governo e concorrerá à reeleição.

Palanque//

Correndo por fora, a ex-ministra Marina Silva (PV-AC) garantiu mais um palanque para disputar a Presidência da República. Vai discursar em Minas Gerais — segundo maior colégio eleitoral do país — ao lado do candidato verde ao governo do estado, José Fernandes. Ele é filho do ex-governador de Brasília José Aparecido.

Guarani

Mais de 600 índios da etnia Guarani, de sete estados brasileiros e da Bolívia, do Paraguai e da Argentina, começam hoje um encontro na aldeia indígena Tekoha Añetete, em Diamante D’Oeste, Paraná. O Aty Guasu Ñande Reko Resakã Yvy Rupa, Encontro dos Povos Guarani da América do Sul (http://blogs.cultura.gov.br/encontroguarani), é patrocinado pelo Ministério da Cultura. No Brasil, vivem no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Hoje, são apenas 65 mil

Colateral

A queda de braço entre o PT e o PSB contaminou o Ceará. A troca de farpas administrativas entre a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT-CE), e o governador do estado, Cid Gomes (PSB-CE) — que batem boca publicamente por causa da construção do estaleiro de Titanzinho — tem motivação política. Cid é o maior incentivador da manutenção da candidatura do irmão, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), à Presidência da República.

Pesquisa/ O resultado da pesquisa CNT/Sensus, divulgada na segunda-feira, reforçou a tese, dentro do PSB, da importância da presença de Ciro Gomes na disputa presidencial. Mas a decisão só sai mesmo em março, depois do resultado de uma pesquisa qualitativa encomendada pela legenda.

Surdo/ O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), não quis nem ouvir falar em 40 horas semanais ou reajuste de aposentados e pensionistas. Cancelou a reunião marcada com os deputados Vicentinho (PT-SP) e Paulinho da Força (PDT-SP).

Pajelança/ Lideranças indígenas de 10 estados brasileiros, de cocar e pintados para a guerra, desfilaram pelos corredores da Câmara ontem. Ao novo líder do PT na Casa, Fernando Ferro (PT-PE), o líder dos pankararu em Pernambuco, Carlos Pankararu, pediu apoio para apear Márcio Meira da presidência da Funai.

Central/ A União Geral dos Trabalhadores (UGT), que surgiu de uma dissidência da Força Sindical, abre hoje seu escritório em Brasília, com a presença do ministro do Trabalho, Carlos Lupi. “Além de ser um ponto de apoio para as ações e mobilizações em Brasília”, explica Ricardo Patah, presidente da UGT. Bom credor.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Biruta de aeroporto

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br
Com Norma Moura


Pesquisas eleitorais são como biruta de aeroporto. Servem para os marqueteiros e analistas políticos avaliarem o cenário eleitoral e servem também para orientar o pouso ou a decolagem de quem quer transitar em segurança de um governo para o outro. Por isso, quase sempre, determinam a direção e o ritmo do realinhamento das forças políticas que normalmente ocorre nas eleições. Quando divulgadas, são lidas e interpretadas de diferentes maneiras, não importam os números, de acordo com a conveniência de cada um.

Por exemplo, no caso da pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem, uma margem de erro para mais ou para menos de 3% coloca a ministra Dilma Rousseff (PT), com 27,8%, em empate técnico com o líder da disputa, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que tem 33,2%. Liquida o favoritismo absoluto do candidato tucano e joga uma pá de cal nas pretensões de Ciro Gomes (PSB), com 11,9%. Marina Silva (PV), com 6,8%, se consolida como candidata exótica.

Margem

Porém, considerando a margem de erro no sentido inverso, Serra pode subir para 36,2%; ou Dilma cair para 24,8%; ou Ciro alcançar 14,9%; ou Marina (foto) cair para 3,8%, alterando todo o cenário. Se essa possibilidade existe estatisticamente, como devemos proceder? Como no caso de um exame de Aids que deu positivo com margem de erro de 1/1000. A chance de ser um falso positivo leva o suposto portador do vírus HIV a fazer um novo exame. A repetição confirmará ou não o diagnóstico. É o que acontece com as pesquisas de opinião, com margem de erro muito maior. As últimas mostram que Serra oscila ao manter a liderança (novembro/31,8%, janeiro/33,2%), enquanto Dilma, inequivocamente, consolida-se como sua principal adversária (novembro/21,7%, janeiro/27,8%). Ciro está cada vez mais em segundo plano (novembro/17,5%, janeiro/11,9%). E Marina cresce (novembro/5,9%, janeiro/6,8%).


Expectativa

Qual é o efeito biruta de aeroporto? A maior expectativa de poder em torno de Dilma Rousseff, o que facilita o esforço de Lula no sentido de coesionar a base do governo em torno da candidata petista. Por isso, Dilma comemora, mesmo sabendo que Serra , como na pesquisa anterior, ganharia no primeiro turno com Ciro fora da disputa. O tucano teria 40,7% dos votos, mais do que a soma dos votos de Dilma (28,5%) e Marina (9,5%).


Fricção

Na cozinha da ministra Dilma, assessores avaliam que Ciro cumpriu o papel de neutralizar a expectativa de poder que o favoritismo de Serra havia gerado. Agora, é preciso esperar até março e torcer para que ele desista da disputa. Companheiro de viagem, Ciro é a maior fricção na estratégia de transferência de votos de Lula para Dilma, pois não poderia ser atacado. Nesse caso, o fenômeno de transferência de votos de Ciro para Serra poderia se repetir no segundo turno.

Transferência

A oposição e analistas independentes não concordam com esta interpretação, mas a avaliação do Palácio do Planalto é de que a eleição está polarizada e marcha para se tornar um plebiscito sobre o governo Lula. Sem Ciro na disputa, Dilma acabaria beneficiada pelo peso da aprovação do atual governo (71,4%) e do apoio popular ao presidente Lula (81,7%).

Sombra

O problema da biruta de aeroporto é que ela aponta o rumo do vento, mas não elimina a sombra do futuro. Atores importantes no processo, como Ciro Gomes e o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), dentre outros, se movimentam não apenas em função de 2010. Eles têm estratégias próprias, que miram o pós-Lula, com Serra ou Dilma no poder. Por exemplo, se Dilma ganhar as eleições, será candidata à reeleição ou apoiará a volta de Lula. Se perder, Serra vai querer governar por oito anos. Aparentemente não faz diferença, mas tanto Ciro como Aécio viverão contingências diferentes em qualquer dos dois governos. Por isso, são parceiros de uma estratégia do tipo “viva e deixe viver”.

Corredor

A Força Sindical calcula que cerca de mil sindicalistas estarão em Brasília hoje para recepcionar os deputados. Cem deles darão as boas vindas aos parlamentares ainda no aeroporto. E a ofensiva continua com 100 banners no caminho até o Congresso, onde os militantes ficarão em vigília pela redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais

Perigo/ O Ministério Público Federal no Maranhão investiga o que levou a Secretaria de Saúde a deixar faltar medicamentos de alto custo nos postos do estado, mesmo tendo recebido os repasses do governo federal. Entre 2007 e 2009, o imunossupressor sirolimus sumiu das prateleiras dos postos três vezes. O remédio — que não é vendido em drogarias — é vital para os transplantados.

Hamlet/ Mesmo tendo sido sondado como alternativa para a sucessão do governador José Roberto Arruda (sem partido), o ex-secretário do Trabalho do GDF deputado Bispo Rodovalho (PP-DF) vai deixar a vida pública. Foi decisão dos bispos da Igreja Sara Nossa Terra.

Azebudsman/ O leitor Paulo Cesar Batista contesta a nota intitulada Refluxo, publicada sábado passado, na qual comparamos o Fórum Social Mundial, realizado semana passada, em Porto Alegre, com os anteriores. Argumenta que participaram 30 mil ativistas porque este ano o evento foi descentralizado. É, pode ser.

Imperdível/ Invictus, de Clint Eastwood, com Morgan Freeman no papel do ex-presidente sulafricano Nelson Mandela, é uma lição de marketing político e esportivo por uma causa justa.