Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
Está explicada a agressividade da candidata do PT a presidente da República, Dilma Rousseff, no debate com o candidato do PSDB, José Serra, na TV Bandeirantes, domingo à noite. Seus melhores momentos - segundo as imagens escolhidas pelo marqueteiro João Santana - serviram de roteiro e conteúdo para o programa eleitoral exibido ontem na tevê. Foi uma guinada na estratégia de campanha da petista no segundo turno.
Quem não viu o debate e assistiu ao programa eleitoral chega à conclusão de que Serra levou uma surra de cipó de aroeira da petista. Foram duras cobranças sobre seu desempenho durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, seja como ministro do Planejamento, seja como ministro da Saúde. Dilma, finalmente, topou um confronto de personalidades com Serra, aceitou a disputa no terreno proposto pelo tucano, sem o manto protetor da imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O programa de Serra no horário eleitoral ignorou o debate. Tratou principalmente do meio ambiente e da educação, num esforço de aproximação com os eleitores verdes da candidata do PV, Marina Silva, cujos votos levaram a disputa para segundo turno. Como seu programa antecedeu o de Dilma, escapou de passar a ideia de que está deixando as acusações sem resposta deliberadamente. À noite, no entanto, foram apresentados trechos do debate, editado de forma a favorecer o tucano, que tentava reverter as seis horas e 50 minutos que separam os programs eleitorais da tarde e da noite.
Gana
Dilma mostrou as garras. Sua campanha estava precisando disso: desde a proclamação de que haveria segundo turno, a petista vinha aparentando certo assombramento. As pesquisas é que dirão se a nova estratégia renderá bons dividendos eleitorais, embora sirvam para pôr pilha na militância do PT e dar mais segurança aos aliados, que sentiram o abatimento da candidata oficial.
Criancinhas
Os tucanos vão exigir direito de resposta para rebater as críticas de Dilma no horário eleitoral. Acreditam que ganharão facilmente na Justiça Eleitoral, inclusive pelas referências à esposa de José Serra, Mônica Serra, acusada de ter dito em entrevista que a petista é favor da morte de criancinhas.
Dois pesos
Em recente entrevista ao portal IG, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, comentando o debate do segundo turno de sua reeleição, foi categórico ao afirmar que Geraldo Alckmin (PSDB) perdeu muitos votos pela agressividade com que se apresentou na ocasião. À época, o fato foi registrado pelo tracking de sua campanha. E agora? Parece que o marqueteiro João Santana gostou da agressividade de Dilma no debate. Resta saber se o mesmo acontecerá com o eleitor.
É comigo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou à campanha com tudo ontem, no comício de Agnelo Queiroz (PT) e Dilma Rousseff em Ceilândia. Amanhã, embarca para Teresina para mais um comício. Na quinta-feira, vai a Belém em socorro à governadora Ana Júlia Carepa (PT), que está perdendo a eleição para o tucano Simão Jatene. Na sexta-feira e no sábado, corre atrás do prejuízo. Primeiro em Santa Catarina, onde inaugurará uma usina hidrelétrica em Chapecó; depois, no Paraná, onde fará corpo a corpo na Boca Maldita, tradicional reduto dos políticos de Curitiba.
Rombo
Nem Padre Cícero foi mais generoso que o Banco do Nordeste nos últimos anos. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), 29 mil clientes muito bem relacionados deram um rombo no banco de R$ 2 bilhões
Quer ficar
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (foto), entrou em campanha aberta parapermanecer no governo caso Dilma vença as eleições. Ontem, em Nova York, desceu o sarrafo nos Estados Unidos pela emissão desenfreada de dólares e responsabilizou o governo de Barack Obama pela suposta guerra cambial com a China. O dólar continua em queda no Brasil.
Quem será?
Bombou no fim de semana o filme Tropa de elite 2, exibido em 696 cinemas de todo o país. Já são quase 2 milhões de espectadores. O capitão Nascimento - agora coronel -, interpretado por Wagner Moura, atira na corrupção policial e no envolvimento de políticos do Rio de Janeiro com o crime organizado. Todos os personagens são inspirados em alguém de carne e osso da polícia ou da política fluminenses, mas um deles gera muitas especulações no Congresso: o ex-secretário de Segurança Pública que patrocinou a milícia e virou deputado federal.
Afastamento / Há entre os tucanos uma torcida para que, durante o segundo turno, Dilma Rousseff descole sua imagem do presidente Lula. A avaliação de Luiz González, marqueteiro de Serra, é de que toda a vez que isso ocorre a candidata petista perde pontos nas pesquisas eleitorais.
Armário / Os tucanos da Bahia estão animados com o segundo turno das eleições presidenciais. Amanhã haverá uma reunião de prefeitos, vices, vereadores e lideranças políticas para discutir uma aliança com peemedebistas chefes de Executivo municipal que têm manifestado apoio informal ao candidato José Serra. O tucano esteve em Feira de Santana (BA) na semana passada.
Futurologia / O ex-ministro da Educação Paulo Renato (PSDB) parece manter a velha rixa com José Serra. "Ele (Serra) não vai ganhar, ela (Dilma) é que vai perder", disse o tucano durante encontro de empreendedores de São Paulo. Na plateia, Verônica Serra, filha do candidato tucano, registrou o ato falho.
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