sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Alguns pontos

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


A sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está aberta. E assim será até o último dia do mês, na votação do segundo turno. A distância entre a candidata oficial, Dilma Rousseff (PT), e o postulante da oposição, José Serra (PSDB), gravita entre 4% e 8%, dependendo do instituto de pesquisa. O número de indecisos seria de 3% a 7%. Considerando-se os votos válidos, Dilma teria uma vantagem entre 10% e 5% em relação a Serra, mas ela estaria caindo e o tucano, em ascensão. Ou seja, na prática, de cinco a dois pontos e meio os separa.

É por essa razão que assuntos como aborto, casamento homossexual, código florestal, acessibilidade para portadores de necessidades especiais, cotas raciais e outros temas polêmicos podem fazer uma grande diferença na eleição. A lógica de uma disputa dos pobres contra os ricos, simplificada, como Lula tenta estabelecer no debate eleitoral, é uma forma de evitar que temas transversais, complexos e subjetivos como esses possam provocar uma alteração no desfecho da eleição. O mesmovale para o corte eleitoral do tipo "candidato do bem contra o do mal" que a oposição pretende impor.

O tracking das campanhas eleitorais, que monitora os programas dos candidatos na tevê, costuma revelar grande volatilidade na opinião do eleitor em função desses assuntos. A segmentação do eleitorado por faixa de renda, escolaridade e sexo não é suficiente para captar essas tendências, é preciso pesquisas específicas.

Vacilantes

Quando o tracking de campanha aponta uma vantagem de cinco a 10 pontos na avaliação de um determinado programa eleitoral, muitas vezes isso é o saldo de um intenso troca-troca de preferências dos eleitores por um o outro candidato - o que não raro ocorre com quase a metade dos telespectadores entre o começo e o fim da propaganda gratuita. Isso significa que, além dos indecisos, que simplesmente não sabe em quem votar, existe um eleitor muito vacilante, que troca várias vezes de candidato até a hora da votação. É esse eleitor que Serra e Dilma estão disputando agora.

Nervosismo

Esse troca-troca de preferência captado pelos marqueteiros gera o nervosismo da cúpula da campanha e torna as decisões cada vez mais difíceis. É aí que os candidatos começam a, cada vez mais, agir por conta e risco, sem ouvir os coordenadores e os respectivos profissionais do marketing. Ninguém chega à Presidência da República de mão beijada, sem correr riscos e tomar decisões solitárias, contra tudo e contra todos.

Pesquisas

As pesquisas de opinião perderam um pouco de credibilidade nesta eleição. Erraram nas previsões do resultado do primeiro turno, em muitas disputas estaduais e na maioria das apostas para o Senado. Na melhor das hipóteses, não conseguiram captar a volatilidade do voto na véspera do pleito. Certos críticos culpam a metodologia adotada nas pesquisas, considerada ultrapassada, mas que continua sendo adotada para evitar custos mais altos. O fato é que nem mesmo os candidatos estão acreditando muito nos levantamentos. É a hora de ouvir o coração, apostar na intuição e não nas fórmulas feitas e acabadas.

Duelo

Marcado para domingo, o debate entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) na Rede TV!, com mediação do jornalista Kennedy Alencar, será pautado por um confronto aberto entre os dois candidatos, que farão 10 perguntas diretas um ao outro.

Do nosso

Prevista inicialmente para ser um projeto executado com recursos privados, a reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014 será mesmo financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que ontem liberou para o empreendimento um crédito de R$ 400 milhões

Minado

O presidente do PT, José Eduardo Dutra desembarcou ontem em Belo Horizonte para pôr ordem na casa, onde o ex-ministro Patrus Ananias e o ex-prefeito Fernando Pimentel se digladiam. Unir o PT é a primeira condição para evitar uma derrocada, depois da debandada dos peemedebistas ressentidos com a derrota de Hélio Costa (PMDB) na disputa pelo governo de Minas. Dutra prepara a visita de Dilma Rousseff e do presidente Lula a Belo Horizonte no sábado.

Precursores

Para esquentar a visita de José Serra (PSDB) a Curitiba prevista para hoje, o presidentes do DEM, Rodrigo Maia, e do PPS, Roberto Freire, estão desde ontem na capital paranaense, com o presidente do PSDB, Sérgio Guerra. A eleição do tucano Beto Richa para o governo local já no primeiro turno embalou a campanha serrista no Paraná.

Baixaria / Há certa desorientação na campanha de Dilma Rousseff em relação a como responder aos ataques à petista na internet. A cúpula avalia que Dilma começou bem o segundo turno, destacou-se no debate e nos programas de tevê, mas não encontrou o caminho para rebater a investida virtual e atribuí-la a José Serra. "Precisamos fugir da baixaria e não entrar no jogo dele", explica o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).

Dobradinha / Derrotado na disputa pelo governo de São Paulo, o senador Aloizio Mercadante (PT) se movimenta no segundo turno como quem já prepara a própria candidatura a prefeito da capital paulista. Trabalha para que o apresentador Netinho (PCdoB-SP), também derrotado na disputa por uma das vagas do Senado, seja o seu vice na chapa.

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