Por Luiz Carlos Azedo
Com LeonardoSantos
A maior dificuldade enfrentada pela presidente eleita, Dilma Rousseff, na atual transição de governo é a sua continuidade. Motivo: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o grande patrono da vitória da petista, mas não venceu sozinho. Todo o governo e os partidos da base se empenharam na eleição. Como garantir uma cara nova sem a ruptura com os partidos da base? Ora, defenestrando os atuais ministros sem abalar as alianças com os partidos que eles representam. Esse é o pepino.
É uma situação inédita, pois em todas as sucessões anteriores houve uma ruptura. Um determinado grupo político assumia o lugar do outro e ponto. Com a ressalva dos raros anfíbios que transitaram de um governo para outro. É o caso, por exemplo, do atual ministro da Defesa, Nelson Jobim, que foi ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso.
A sensação de ganhar e não levar é generalizada na Esplanada dos Ministérios. Quais as consequências disso? Primeiro, alguns ministros mobilizam grupos de pressão para continuar no cargo, como Juca Ferreira, na Cultura, e Fernando Haddad, na Educação, que o fazem ostensivamente. Segundo, os partidos lutam para manter as posições que já ocupam mesmo trocando o ministro, o que acontece principalmente com o PMDB. Terceiro, digladiam-se internamente para promover a troca de guarda, característica sobretudo do PT, que abriga tendências organizadas.
Agenda
Dilma Rousseff opera uma agenda negativa na transição: a PEC 300, que representa um aumento de despesas de R$ 43 bilhões para os estados; o reajuste do Judiciário, que representa mais R$ 7 bilhões; e a legalização da jogatina dos bingos. Em circunstâncias normais, o governo contaria com os votos da oposição para barrar os setores da própria base que defendem essas propostas. Desta vez, porém, os oposicionistas vão assistir à batalha do alto da colina.
Chantagem
Para parlamentares da base, pegou mal a atuação dos peemedebistas na formação de um blocão entre PMDB, PP, PR, PTB e PSC com o propósito de disputar a Presidência da Câmara. A tese é de que, a partir do momento que o PMDB passa a ocupar a vice-presidência da República, o partido deixa de ser da base aliada para se tornar governo. Ao formar um blocão para disputar a Presidência da Câmara e forçar a negociação de cargos no Executivo, o PMDB estaria chantageando o PT e a si próprio.
Rebeldia
Também avaliam que a formação do blocão na Câmarapara disputar a Presidência da Casa expõe o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP). Queixam-se de que o deputado perdeu o controle da base quando passou a articular o próprio nome como o candidato do PT ao posto para o próximo ano.
Manhosos
A bancada do PTB rediscutirá a participação no blocão formado na Câmara dos Deputados com o PMDB, o PTB, o PP, o PR e o PSC para disputar a Presidência da Casa. Alguns deputados alegam que o bloco foi formado sem ampla discussão na bancada.
Forte
Cada vez mais próximo da presente eleita, o deputado petista José Eduardo Cardozo já é tratado como futuro ministro da Justiça nos meios jurídicos, principalmente de Brasília e São Paulo. Cresce a cotação do delegado federal Roberto Troncon Filho para a diretoria-geral da Polícia Federal, no lugar de Luiz Fernando Corrêa.
Novato
O ex-jogador de futebol e hoje deputado federal eleito Danrlei de Deus (PTB-RS), já desfila como parlamentar pelo Congresso. Ele tem comparecido a reuniões na Casa e anda fazendo alguns contatos para atuar como liderança política no esporte visando a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, que acontecem no Brasil.
Luz cara
O Impostômetro do Setor Elétrico, desenvolvido pelo Instituto Acende Brasil em parceria com a Pricewaterhouse Coopers, mostra o quanto os consumidores brasileiros pagam de impostos em suas contas de luz desde 1º de janeiro até hoje. São R$ 5,3 milhões por hora
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