Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
Graças a uma decisão monocrática do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto - que já foi presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) -, o programa humorístico Casseta & Planeta, da TV Globo, voltou a fazer piada com as eleições e a tirar um sarro dos candidatos a presidente da República. Foi ao ar ontem à noite, mais isso não significa que os humoristas tenham plena liberdade.
Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), com toda certeza, até 3 de outubro, serão as principais "vítimas" das gozações, ao lado de outros políticos que já são antigos personagens dos amigos do falecido Bussunda, como Paulo Maluf e Anthony Garotinho. Esses dois são candidatos a deputado federal em risco de degola com base na Lei da Ficha Limpa.
"É muito complicado produzir um programa de piadas sobre as eleições, ainda mais quando os personagens são candidatos a presidente da República. Por mais que a gente tente evitar, existe sempre uma forma de autocensura. É preciso fazer as piadas e,ao mesmo tempo, manter o equilíbrio político", explica o humorista Marcelo Madureira.
Anacronismo
Ser politicamente correto não é bem o espírito dos cassetas. Marcelo Madureira se queixa da legislação eleitoral, que cerceia a liberdade de expressão e confere grande poder de arbítrio à Justiça Eleitoral. Além disso, como as emissoras de tevê são concessões públicas de caráter precário, também estão sujeitas a pressões governamentais abertas ou veladas. "Nos últimos anos houve várias tentativas de cerceamento da liberdade de expressão e de imprensa", lamenta o humorista.
Unanimidade
O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), comemorava ontem a mudança de rumo na campanha do tucano José Serra. Crítico da condução dos programas de tevê, Guerra fazia questão de ressaltar que a nova estratégia estava sendo conduzida pelo marqueteiro Luiz González. Dez entre nove tucanos se queixavam da linha adotada por Serra - do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao fiel escudeiro serrista Jutahy Magalhães (BA).
Rivalidade
Entre rasgados elogios ao presidente Lula, ao governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e ao prefeito carioca, Eduardo Paes (PMDB), o empresário Eike Batista, entrevistado no Roda Viva da TV Cultura - agora apresentado por Marília Gabriela -, não poupou críticas ao presidente da Vale, Roger Agnelli. Sua desenvoltura causou espanto no mercado financeiro.
Veteranos
Os peemedebistas Michel Temer (foto) e José Sarney, presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente, e o representante do PMDB no comando da campanha da petista Dilma Rousseff, o ex-governador Moreira Franco (RJ), se reuniram ontem reservadamente. Assunto: pôr água fria na fervura que tem esquentado o clima entre o PT e o PMDB.
Atuante
O senador Aloizio Mercadante (PT), candidato ao governo de São Paulo, discursou ontem após a votação de três empréstimos destinados a seu estado. Nos últimos dias, o tucano Geraldo Alckmin, que lidera a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, havia criticado o petista por não se empenhar a favor da aprovação de empréstimos para o estado governado pelo PSDB.
Bombou
O ex-jogador de futebol Romário, do PSB, deve encabeçar a lista de deputados federais mais votados do Rio de Janeiro, caso a impugnação do ex-governador Anthony Garotinho (PR) venha a ser mantida. Ex-campeão de votos, um dos mais influentes políticos do Congresso, o deputado Miro Teixeira (PDT) corre risco eleitoral.
Na horta
Dona Batata, ex-prefeita de Paty do Alferes (RJ) - que sedia a famosa Festa do Tomate - encabeça a chapa da coligação PSDB-DEM-PPS no Rio. Correm atrás do prejuízo os deputados Rodrigo Maia (DEM), Arolde de Oliveira (DEM), Solange Amaral (DEM), Marcelo Itagiba (PSDB) e Andréia Zito (PSDB). Outro azarão na chapa é o ator Stepan Nercessian (PPS). Todos pagam o preço da coligação majoritária com Fernando Gabeira (PV), sem aliança proporcional.
Assumiu / O presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), deu posse ontem ao deputado Almir Sá (PR-RR). Ele assumiu a vaga deixada pelo deputado Neudo Campos (PP-RR), que renunciou ao mandato.
Campanha / Secretárias de alguns gabinetes da Câmara dos Deputados atendem ao telefone nas manhãs do Congresso com um trocadilho: ao invés de se identificar e dizer bom-dia, elas falam: "Bom Dilma".
Intimidação / Tucanos de Brasília estão preocupados com seus veículos particulares com adesivos favoráveis à campanha de José Serra para a Presidência da República. Alguns deles já tiveram o carro arranhado com rabiscos ofensivos e xingamentos direcionados ao candidato.
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