sábado, 18 de setembro de 2010

O jabuti tem dono

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
Um velho ditado mineiro diz que não se deve mexer com um jabuti em cima da árvore. Quem o pôs lá "foi enchente ou mão de gente". Erenice Guerra era um jabuti no Palácio do Planalto, por suas relações de confiança com a candidata petista Dilma Rousseff. Foi arrancada do cargo de ministra por uma onda de denúncias contra seus familiares mais próximos - o filho, o marido e o irmão, entre outros - que desaguou na Casa Civil da Presidência da República.

Virou um jabuti com dono em plena campanha eleitoral. Foi defenestrada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, punida pela Comissão de Ética Pública e os parentes aboletados na Administração Pública foram sumariamente afastados. O governo se esforça para mostrar que a gestão de Lula não brinca em serviço quanto ao seu caráter republicano, mas nada disso resolve o problema.

O estrago está feito. Pela primeira vez, a oposição conseguiu tirar o presidente Lula do debate eleitoral e por em xeque Dilma Rousseff como gestora competente do bem comum. Dilma é Lula ou Erenice? Eis a dúvida que se instalou. A oposição tenta provar que Dilma é Erenice. Afinal, foi a petista que cevou o jabuti.

Euforia

Pela primeira vez desde que Dilma ultrapassou José Serra (PSDB), a euforia toma conta da campanha tucana. Todos sabem que é muito difícil derrotar a petista, mas a tese de que o caso Erenice Guerra vai levar a campanha para o segundo turno tomou conta dos corações e mentes oposicionistas. O clima de virada não será abalado pelo resultado das pesquisas de ontem e de hoje.

Mais uma

O Datafolha registrou nova pesquisa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o governo Lula e a sucessão presidencial, contratada pela Folha de S. Paulo e pela TV Globo, com 12.130 eleitores, entre os dias 21 e 22. Os resultados poderão ser divulgados a partir de quinta-feira à noite.

Corta essa

Candidato ao Senado, o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (foto) não gostou das especulações de que está de saída do PSDB. "Essa informação não tem qualquer fundamento. É mais uma especulação infundada, sem qualquer relação com a realidade, a exemplo dos mesmos boatos que, ano passado, davam como certa minha saída do PSDB.O PSDB é minha casa e, não apenas vou permanecer nele, como estou lutando para dar ao partido uma bela vitória em Minas."

Troco

O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, do Rio Grande do Norte, criticou as declarações do petista José Dirceu sobre o futuro governo Dilma, que, segundo Alves, só atrapalham as relações entre o PT e seus aliados. O líder petista é um dos que defendem que o PT não deve ceder a Presidência da Câmara para o PMDB.

Aeroportos

A superlotação nos aeroportos tem como agravante o número de novos passageiros no Brasil. Levantamento do Ministério do Turismo mostra um aumento significativo de pessoas que viajaram pela primeira vez nos últimos nove anos. Segundo dados da pasta, foram 15 milhões

Secreto

A Polícia Federal já designou uma equipe que será responsável pela investigação do suposto tráfico de influência cometido por familiares de Erenice Guerra na Casa Civil. O delegado responsável pelo caso exigiu tanta discrição que sequer seu nome foi divulgado.

Coeficientes

A coligação PT-PSB-PDT-PPS no Distrito Federal deve eleger quatro deputados federais, com possibilidade de mais um. Os favoritos: Reguffe (PDT), Magela (PT), Paulo Tadeu (PT), Erika Kokay (PT), Augusto Carvalho (PPS), Gastão Ramos (PSB) e Policarpo (PT). O PSC-PMN-DEM-PSDB deve eleger de dois a três. Brigam pelas vagas Jaqueline Roriz (PMN), Izalci Lucas (PR), Laerte Bessa (PSC) e Adelmir Santana (DEM). PMDB-PTB-PCdoB farão apenas um deputado. A briga é feia entre Pitiman (PMDB), Ricardo Quirino (PRB) e Georgios (PTB).

Sério / O líder do PSDB na Câmara, deputado João Almeida (BA), não entende o que está acontecendo. "Se o país fosse sério, a candidatura de Dilma Rousseff (PT) estaria no mínimo arruinada por conta das denúncias de irregularidades do braço direito dela, Erenice Guerra."

Emergência / Os funcionários terceirizados do Senado perderam o direito ao atendimento no serviço médico da Casa mesmo em caso de emergência. A ordem é chamar o Samu se um deles passar mal em serviço. Procurados porum grupo de terceirizados, policiais do Senado, que tem status de Polícia Federal, orientou-os a dar queixa do servidor que se recusar a atendê-los, pois será preso na hora.

Nenhum comentário: