Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
Do ponto de vista político-eleitoral, não há dúvida de que as eleições deste ano estão pautadas pela continuidade. Vale para o Palácio do Planalto, que comemora antecipadamente a provável vitória da petista Dilma Rousseff no primeiro turno, e para a maioria dos governadores, sobretudo àqueles que apoiam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No plano político-institucional, porém, na medida em que se fortalece o atual projeto de poder, cada vez mais ganha força no futuro governo a ideia de ruptura. Este é o verdadeiro conteúdo do discurso de Dilma quando fala em continuar as mudanças e, para isso, convocar uma Constituinte exclusiva.
A coalizão PT-PMDB e seus aliados, pelo andar da carruagem, poderá eleger mais de 308 deputados e 54 senadores, o suficiente para aprovar emendas à atual Constituição. Estará dado o passo decisivo para a ruptura, com a convocação de uma Constituinte exclusiva, na qual as mudanças político-institucionais não precisariam do apoio de 3/5 dos deputados e senadores, mas apenas da maioria absoluta: 50% mais um.
Mudança
Quando a oposição denuncia os riscos de "mexicanização" ou de implantação de um "regime chavista" no Brasil, as acusações estão no plano da retórica eleitoral. Atiram no que não viram, mas acertam no que está à vista dos que acompanham os bastidores do Legislativo e do Executivo. A agenda pós-Lula passa pela reestruturação dos partidos (fusões e incorporações) e a mudança do sistema eleitoral (voto em lista, distritos eleitorais e financiamento público dos partidos); pelos novos marcos regulatórios de exploração de petróleo, minérios e radiodifusão; e pela reestruturação das agências reguladoras das concessões públicas.
Dostoiésvski
O romance Crime e castigo, do russo Fiódor Mikháilovitch Dostoiésvski, não sai da cabeça da petista Dilma Rousseff, em cuja campanha a ordem é manter distância máxima da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra. Publicado em 1866, o livro relata a angústia e o sofrimento vividos por Ródion Románovitch Raskólnikov, um jovem estudante de direito. Ninguém sabe que ele assassinou duas mulheres, mas ele sabe.
Amapá
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Ricardo Lewandowski, viaja na próxima segunda-feira para o Macapá, capital do Amapá, onde, na última sexta-feira, a Polícia Federal prendeu o governador do estado, Pedro Paulo Dias (PP), o ex-governador Waldez Góes (PDT), candidato ao Senado, e outras autoridades. Lewandowski quer conferir de perto a situação política no estado e avaliar os impactos que a operação da PF causou no processo eleitoral.
Suplentes
A candidata do PSDB ao Senado pelo Distrito Federal, Maria de Lourdes Abadia deu sinais de estar ciente de que não terá vida fácil na Justiça. No programa eleitoral de ontem, Abadia apresentou o suplente ao cargo, Osório Adriano Filho (DEM), caso a cassação do registro de sua candidatura seja confirmada no Supremo Tribunal Federal (STF). Abadia também aproveitou a oportunidade para apresentar o segundo suplente, Pasto Egmar (PTdoB), já que Osório tem 81 anos e o mandato de senador é de oito anos.
Ainda não
Geddel Vieira Lima, candidato do PMDB ao governo da Bahia, atribuiu ontem a um ti-ti-ti de campanha as informações de que poderia apoiar Paulo Souto (DEM-BA) caso a eleição para governador da Bahia vá para o segundo turno e fique entre Souto e o atual governador, que tenta a reeleição, Jaques Wagner (PT). "Estou trabalhando para ir ao segundo turno e qualquer discussão sobre apoio nessa etapa é só especulação. Não tenho definição nenhuma ainda", reagiu Geddel. O parlamentar reclamou da postura do PT local, a quem faz oposição. "Sou adversário do governador, é uma posição lógica que eu critique sua administração."
Fogo
José Serra (PSDB) não se deu por vencido. Vai bater ainda mais duro na petista Dilma Rousseff e no governo Lula. O marqueteiro Luiz González, munido de seu tracking, convenceu o candidato tucano à Presidência da República e seus assessores de que está no caminho certo e haverá segundo turno. Candidato que é candidato acredita na vitória até o dia da eleição.
Multas
A candidata Dilma Rousseff já pagou duas multas aplicadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no valor de R$ 11 mil. Para a petista, ainda falta o pagamento de R$ 37 mil em penalizações aplicadas pelo TSE. Já o tucano José Serra ainda não pagou nenhuma das multas aplicadas contra a campanha dele. Essas penalidades somam R$ 35 mil
Atletas / O governo federal deve editar, na semana que vem, uma Medida Provisória (MP) ampliando o valor do Bolsa Atleta. A MP também deve estendê-la para atletas que já tenham patrocínio - hoje, só é beneficiado aqueles que não têm apoio institucional. Tudo isso visando as Olimpíadas de 2016, no Rio.
Mercado / Presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi desembarca hoje em Brasília para um encontro com analistas de mercado sobre os rumos da economia. A grande incógnita é a política monetária do futuro governo.
3 comentários:
Nelson Rodrigues já dizia que "toda a unanimidade é burra"! Me apoio nessa afirmação para dizer que não é bom que um candidato se eleja no primeiro turno! É muito interessante para a democracia que haja um embate de propostas! O segundo turno permite que o eleitor tenha uma visão mais completa das propostas do candidato, diferentemente, da visão fragmentada do primeiro turno, onde há muitos candidatos! Aqui na Bahia, a máquina do Estado e o apoio de Lula tem ajudado Wagner a se lançar como o preterido nas pesquisas! Contudo, sua gestão decepcionou o eleitorado, muitas das promessas não sairam do papel. Não acredito que Wagner consiga vencer no primeiro turno, pois o eleitor baiano só costuma decidir seu voto nos últimos intantes! É nessa esperança qu torço que haja um enfrentamento entre Geddel e Wagner! Os dois vem disputando há algum tempo o voto de eleitor e as atenções de lula! seria muito bom ve-los num segundo turno num enfrentamento cara a cara!
Azedo, vc sabe de algum exemplo de reviravolta que o segundo colocado tirou mais de 20 pontos faltando menos de 1 mes pra eleicao?
Caro José Alfredo, não me lembro.
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