sábado, 12 de junho de 2010

Eleições em Sampa

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
luizazedo.df@dabr.com.br

O serviço meteorológico aponta fortes turbulências eleitorais em São Paulo, onde a disputa regional, por incrível que pareça, perdeu a simetria com a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, embora a disputa presidencial seja polarizada por dois partidos hegemonicamente paulistas, o PT e o PSDB. A candidatura de José Serra (PSDB) ao Palácio do Planalto se descolou eleitoralmente de Geraldo Alckmin, candidato tucano a governador.

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O mesmo fenômeno ocorre em relação à candidatura de Dilma Rousseff (PT) quando confrontada com a do petista Aloizio Mercadante, que disputa o governo do estado. Pesquisas internas, tanto do PT quanto do PSDB, apontam uma vantagem robusta de Alckmin em relação aos concorrentes Aloizio Mercadante e Celso Russomano (PP), que estão embolados.

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O tucano venceria no primeiro turno se a eleição fosse hoje, com mais da metade dos votos válidos. Já Mercadante tem nos calcanhares Russomano, herdeiro dos votos malufistas. Juntos, porém, ainda não chegam a um terço do eleitorado. Essa assimetria elevas as tensões internas no PSDB e no PT. A eleição para o Senado é um ciclone à parte.

Descolamento

A candidatura de José Serra não conseguiu manter o mesmo patamar da de Geraldo Alckmin (foto), que teria mais ou menos oito pontos percentuais a mais do que o presidenciável. Isso não seria nada demais. Porém, a petista Dilma Rousseff conseguiu alavancar sua candidatura ao que seria o patamar tradicional do PT em São Paulo, em torno de 30% dos votos. Como Mercadante tem mais ou menos a metade disso de intenções de voto, tudo indica que Dilma está fazendo sua colheita na seara malufista. Com isso, poderia reduzir a vantagem estratégica de Serra em São Paulo, chave para a vitória eleitoral.

Segundo voto

A situação das eleições para o Senado é de dar nó na cabeça dos analistas. A ex-prefeita petista Marta Suplicy, estigmatizada pelos líderes tucanos, lidera com folga a disputa por uma vaga no Senado por São Paulo. Como primeira opção ao Senado, tem muito mais votos do que Mercadante; como segundo voto, somando tudo, tem mais do que o dobro das intenções de voto do candidato a governador petista.

Concorrência

Os principais concorrentes de Marta Suplicy são o ex-governador Orestes Quércia (PMDB) e o vereador e apresentador de tevê Netinho (PCdoB), que estão embolados na disputa pela segunda vaga ao Senado em São Paulo. O senador Romeu Tuma (PTB), candidato à reeleição, está perdendo terreno, mas a situação mais difícil é a de Aloyzio Nunes Ferreira (PSDB), que aparece na lanterna. Como é o candidato preferencial de José Serra e, teoricamente, de Geraldo Alckmin, se não for cristianizado pelo PSDB e seus aliados, Ferreira deve crescer e entrar na disputa por uma das vagas.

 Acabou

Dramática a reunião da cúpula do PT, ontem, na qual foi decidido apoiar Roseana Sarney (PMDB) e enquadrar o diretório petista do Maranhão, retirando apoio ao deputado Flávio Dino (PCdoB), candidato a governador. Presente à reunião, o veterano líder camponês Manoel da Conceição, último remanescente das antigas Ligas Camponesas e terceiro a assinar a ata de fundação do PT, anunciou que vai entrar em greve de fome por causa da decisão. Conceição é um dos mais antigos opositores do clã Sarney e está com a saúde muito debilitada.

Barulho

O senador Pedro Simon, presidente do PMDB do Rio Grande do Sul, e o ex-governador do Paraná Roberto Requião prometem bagunçar o coreto do deputado Michel Temer (SP), vice de Dilma Rousseff, hoje, na convenção nacional do PMDB . “Temos o direito de apresentar uma candidatura própria à convenção nacional do partido e Requião, por seu perfil e histórico partidário, tem direito de disputar”, argumenta Simon. A Executiva do PMDB aceitou o registro da pré-candidatura de Requião e do jornalista Antônio Pedreira somente ontem.

Vacina

O Ministério da Saúde pretende imunizar 14,6 milhões de crianças menores de 5 anos de idade contra a paralisia infantil hoje, mesmo as que já foram vacinadas em campanhas anteriores. No total, nas duas etapas da campanha, serão distribuídas 48 milhões de doses

Birra

Os tucanos resolveram pegar no pé do chanceler Celso Amorim e do presidente Lula por causa do acordo com o Irã. O deputado Ruy Pauletti (RS), membro da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, critica as afirmações de Lula de que houve “birra” dos Estados Unidos e demais membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. “A irreverência com que o presidente fala sobre o assunto mostra que ele trata o caso com brincadeira.”


Kika/ Única mulher a integrar a primeira diretoria da UNE, a artista plástica Maria Francisca de Souza, a Kika, está de volta à política. Contemporânea dos deputados Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Cândido Vaccarezza (PT-SP), é candidata a deputada estadual no Rio de Janeiro. Surpreende pela opção partidária: “Decidi me filiar ao DEM. O Democratas é o único partido, no Brasil, em que corrupto vai preso”, dispara.

Revisionista/ Tradicional aliado dos sem-terra na luta pela reforma agrária, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB) caiu em desgraça entre seus antigos parceiros por causa do relatório sobre o novo Código Florestal, acusado de favorecer o agronegócio e os ruralistas. A Via Campesina desce o sarrafo no parlamentar comunista.

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