segunda-feira, 18 de março de 2013

O campo de São Paulo

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 17/03/2013

Nem o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, nem o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. A carta que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva guarda na manga para disputar o Palácio dos Bandeirantes é a candidatura do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT).

Ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos e ex-ministro do Trabalho, Marinho foi reeleito no ano passado e nega veementemente o desejo de ser candidato a governador. Diz que pretende concluir o segundo mandato. Na cúpula petista, porém, todos sabem que é o escolhido de Lula.

No recente programa de tevê da legenda, Lula foi enfático ao afirmar que havia chegado a hora de o PT cuidar mais de São Paulo. Sua presença dominante no programa até gerou especulações de que seria ele próprio o candidato ao governo paulista. Na verdade, sinalizou para dirigentes e militantes petistas que comandará o processo eleitoral no estado, assim como fez na eleição do ex-ministro da Educação Fernando Haddad à prefeitura paulistana. 

Oportunidade
A cúpula do PT avalia que a legenda rompeu a barreira do antipetismo no interior paulista. As vitórias de Fernando Haddad na capital e de Carlinhos Almeida em São José dos Campos, além do desempenho de Marcio Pochmann em Campinas, são apontados como indicadores de que a legenda pode disputar pra valer o Palácio dos Bandeirantes. O desgaste do PSDB e as desavenças entre o governador, Geraldo Alckmin, e o ex-governador José Serra facilitariam a vida dos petistas.

Prós e contras
A candidatura do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ao governo de São Paulo, que já foi mais badalada, não encanta o ex-presidente Lula. A atuação do governo paulista na área da saúde é muito melhor do que a do governo federal. Padilha não resistiria a uma comparação entre o funcionamento dos hospitais da rede federal com os da rede paulista, por exemplo. Aloizio Mercadante, ministro da Educação, teria mais competitividade, uma vez que contaria com o apoio dos sindicatos de professores.

Caveira
A cúpula do PT está preocupada com a reeleição do governador Tarso Genro no Rio Grande do Sul. Tem uma caveira de burro enterrada nos pampas desde o acordo de Pedras Altas, em 1923, que mudou a constituição estadual e impediu Borges de Medeiros de disputar mais um mandato. O castilhista governou o estado por 25 anos.

Ministro//
 Dilma Rousseff deve retomar as negociações com o PR no decorrer da semana. Não pretende deixar a legenda do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento(AM) derivar na direção da candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Seu problema é encontrar o nome certo para o cargo. O que não falta é nome errado. 

Não abre
O PT não abrirá mão da candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo do Rio de Janeiro, como quer o governador Sérgio Cabral (PMDB), que apoia o vice Luiz Fernando Pezão, do PMDB. Lula e a presidente Dilma Rousseff vão empurrar o assunto com a barriga até o PMDB aceitar a ideia de que é melhor manter a aliança nacional, mesmo perdendo o poder no estado.

A bênção
A presidente Dilma Rousseff terá um encontro reservado com o papa Francisco amanhã, em Roma, véspera da coroação do novo chefe da Igreja Católica. Dilma viaja acompanhada do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, responsável pelo diálogo com a Igreja no Palácio do Planalto. Na pauta, a vinda do pontífice à Jornada Mundial da Juventude, em julho, no Rio.

Leniências
Não convidem para a mesma mesa o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e o economista Armínio Fraga, que acusou a instituição, que já comandou, de ser leniente com a inflação. O ex-presidente do BC deixou o cargo com uma inflação anual de 18%

Promovido/ O bispo Lorenzo Baldisseri, ex-embaixador do Vaticano no Brasil, é o primeiro cardeal nomeado pelo papa Francisco.

De volta/ Os traficantes já estão de volta ao Complexo do Alemão. Circulam armados em algumas regiões — Nova Brasília, principalmente — e intimidam os moradores. Na Vila Cruzeiro, na Penha, os bandidos atiram nos policiais quase todo dia.

Um comentário:

Julio Cesar de Barros disse...

A aliança com Maluf foi obra do Marinho. Estava pavimentando o caminho para o Bandeirantes. Veremos.