sexta-feira, 1 de março de 2013

O acaso na política

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 24/02/2013
 

Nada impede que o cenário eleitoral desenhado até aqui se consolide para 2014, com a presidente Dilma Rousseff candidata à reeleição e o senador Aécio Neves, ex-governador de Minas, protagonistas da polarização PT versus PSDB. E Marina Silva, sem partido, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), em busca de uma terceira via. Mas estamos muito longe ainda da eleição de 2014.

Tanto Dilma quanto Aécio precipitaram o embate eleitoral por razões que vão além da vã filosofia. É muito cedo, porém, para descartar a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vir a ser o candidato da coalizão governista, caso a crise e o esgarçamento político da base do governo o exijam. Da mesma forma, é prematuro considerar o tucano José Serra uma carta fora do baralho das eleições de 2014, dentro ou fora do PSDB.

Tudo seria mais fácil na política se não houvesse o imponderável. Não se trata da fortú (fortuna) a que se refere Nicolau Maquiavel (O Príncipe), ou seja, das contingências do processo político — e não apenas da sorte dos indivíduos. O acaso decide o papel dos indivíduos na história por causa da virtú (virtude) de cada um. Ou seja, o cavalo só passa arreado para quem sabe montá-lo.

Jogo bruto
O ex-presidente Lula joga pesado contra o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), para demovê-lo da intenção de disputar a Presidência da República. Já barrou sua aproximação com o presidente do PR, Alfredo Nascimento, e com o presidente do PDT, Carlos Lupi. Agora, quer arrancar o apoio público do governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), à reeleição da presidente Dilma. Ou seja, pretende implodir a candidatura de Campos.
Debate
O ex-presidente da República e presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso (foto), abre amanhã, em Belo Horizonte, o ciclo de debates “Minas Pensa o Brasil”. O encontro contará com a participação do senador Aécio Neves; do presidente do PSDB, Sérgio Guerra; e do governador Antonio Anastasia. O presidente do PSDB-MG, deputado
federal Marcus Pestana, organizou o evento.

Esfinge
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), faz tudo o que pode para manter José Serra no ninho tucano. O ex-governador mergulhou e ninguém sabe o que pretende fazer. Com Serra dissidente, a reeleição de Alckmin ao Palácio dos Bandeirantes fica muito difícil.
Luz no túnel
O deputado Carlos Zarattini (foto), do PT-SP, relator da medida provisória dos royalties de petróleo, quer retomar as negociações com os governadores para viabilizar um acordo sobre a matéria que contemple estados produtores e não produtores. Segundo ele, tudo dependerá da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a liminar do ministro Luiz Fux, que pode ser revisada na quarta-feira pela Corte.

Mãos à obra
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), em janeiro as vendas de materiais de construção cresceram 5,4%

Tapajós
Líderes mundurukus do Pará e de Mato Grosso querem impedir as obras das novas usinas hidrelétricas no Rio Tapajós. Já avisaram ao governo que vão à guerra. Os ministros da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho; da Justiça, José Eduardo Cardozo; e de Minas e Energia, Edison Lobão, além da presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marta Azevedo, tentam acalmar os índios.

Comércio// Representantes da Organização Mundial de Comércio (OMC) vêm ao Brasil para examinar a política comercial da presidente Dilma Rousseff. Os técnicos vão analisar as leis brasileiras do comércio
que são consideradas irregulares pelo organismo internacional.

Guerra fiscal/ Relator da MP 599, que trata da compensação a estados e municípios pelas perdas decorrentes da unificação do ICMS, o senador Walter Pinheiro (PT-BA) buscará o consenso entre os governadores para facilitar a aprovação da medida. O cronograma para a redução da alíquota unificada a 4% será de 12 anos.

Silêncio/ O ministro Leônidas Cristino, da Secretaria Especial de Portos, entrou em silêncio obsequioso sobre a MP do setor. Quem dá as cartas é a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

Gestão/ O governador Jaques Wagner (PT-BA) participará da 1ª Jornada Internacional da Gestão Pública, em Brasília, de 11 a 13 de março. Falará sobre gestão pública voltada ao cidadão. São esperados 1,5 mil participantes no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

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