Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br
Pode-se argumentar que as duas pesquisas foram feitas num momento de superexposição de Dilma Rousseff (PT) na mídia eletrônica, por causa dos comerciais e do programa de tevê do PT, mas isso é conversa fiada. O fato é que a petista ultrapassou o tucano José Serra — o que já havia ameaçado fazer duas vezes, quando ainda era ministra e andava a tiracolo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma delas em abril, quando polêmica pesquisa da Sensus encomendada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção Pesada de São Paulo (Sintrapav) deu Serra 32,6% x 32,4% Dilma.
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De acordo com a pesquisa Vox Populi, Dilma aparece à frente de Serra com 3% dos pontos de vantagem, muito perto de um empate técnico (a margem de erro é de 2,2%, para mais ou para menos). A petista tem 37% das intenções de voto contra 34% do tucano na pesquisa estimulada. A candidata do PV, Marina Silva, aparece na terceira posição, com 7%. Para o segundo turno, Dilma e Serra estariam tecnicamente empatados, com 40% e 38%, respectivamente. Na pesquisa de intenção de voto espontâneo, a ex-ministra soma 19% das intenções de voto, enquanto o ex-governador de São Paulo, tem 15%. Em janeiro, cada pré-candidato obteve 9% dos votos espontâneos.
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Ontem, nova pesquisa da Sensus mostra um empate técnico entre Dilma (35,7%) e Serra (33,2%), com margem de erro de 2,2%. Isso significa que a eleição está definida? Não. Mas confirma que Dilma cresce quando gruda no presidente Lula nos palanques e na televisão. Seus erros e gafes cometidos depois que deixou a Casa Civil foram superestimados por cronistas e analistas políticos — entre os quais me incluo — e pela oposição.
As consequências
Há duas consequências imediatas das pesquisas. A primeira é a consolidação do apoio do PMDB a Dilma Rousseff. A legenda estava sob efeito das forças centrífugas e desagregadoras nas eleições, as alianças regionais tendo como objetivo o poder local. Originárias de São Paulo, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Rio Grande do Norte, serão neutralizadas. A segunda é uma nova tentativa de atrair o ex-governador Aécio Neves (PSDB) para a vice de Serra, com remota chance de sucesso. No primeiro caso, a pesquisa funciona a favor; no segundo, contra.
Seria pior
Não faltarão os críticos ao “transformismo” do ex-governador José Serra na pré-campanha, que não economizou esforços para ofuscar o caráter oposicionista de sua candidatura. O termo é muito usado por cientistas políticos para caracterizar a cooptação de forças ou lideranças políticas pelo sistema de poder. Na verdade, o que Serra fez foi tentar neutralizar a estratégia de Lula para emplacar sua candidata, aliviando críticas ao presidente da República e ao governo, ambos muito bem avaliados nas pesquisas de opinião. Caso batesse de frente com Lula, o resultado da pesquisa seria pior para a oposição. Essa discussão, porém, balizará a linha de atuação de Serra daqui para a frente.
Wally
O ex-pré-candidato a presidente da República Ciro Gomes sumiu do mapa eleitoral. As duas pesquisas liquidaram o cacife do político cearense nas negociações com Dilma — que já era pequeno depois que o PSB embarcou de mala e cuia na pré-candidatura da petista. Mas Ciro ainda pode infernizar a vida do PT, principalmente no Ceará.
Maquiagem
Segundo o cientista político Antônio Lavareda, a neurociência já provou que a aparência física dos candidatos é fundamental. Mas só quem não apelou para a cirurgia plástica foi Marina Silva, que lançou sua pré-candidatura no domingo, em Nova Iguaçu (RJ), tendo como vice o presidente da Natura, Guilherme Leal. Serra fez plástica para acabar com as olheiras, para caprichar no sorriso e operou as gengivas. Dilma fez plásticas para remoçar, passou a usar lentes de contato e faz tratamento ortodôntico.
Passaporte//
O Itamaraty encaminhou circular (nº 77.275) a todas as embaixadas autorizando a concessão de passaporte diplomático ou de serviço e a solicitação, onde cabível, de visto de permanência em favor de “companheiros homoafetivos de servidores desse posto”. A decisão concede passaporte vermelho aos parceiros gays registrados na Divisão de Pessoal para fins de concessão do benefício de assistência à saúde.
Banda
Com a pauta trancada por medidas provisórias, a Câmara vota esta semana a implantação da banda larga nas escolas públicas até 2013 e a prorrogação dos incentivos fiscais para a fabricação de microprocessadores de até R$ 11 mil, uma renúncia fiscal de R$ 1,5 bilhão
Cerco/ Quando voltar de viagem, Lula pretende cuidar de dois estados: Minas e Rio Grande do Sul. Quer amarrar logo o acordo do PMDB com o PT, tendo o peemedebista Hélio Costa como candidato a governador e o ex-prefeito petista de Belo Horizonte Fernando Pimentel na disputa do Senado. No Rio Grande do Sul, tentará reverter o apoio do prefeito José Fogaça (PMDB) ao tucano José Serra.
Pré-sal/ Os líderes do governo e da oposição se reúnem hoje para fechar o cronograma de votação da regulamentação do pré-sal. A proposta do governo é votar a partir de 25 de maio os projetos sobre a capitalização da Petrobras, além da criação da Petro-Sal e do Fundo Social. A discussão dos royalties seria adiada para depois das eleições.
Marcha/ Prefeitos de todo o Brasil repetem hoje a conhecida “marcha a Brasília”, que nos últimos três anos virou um oba-oba.
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