Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br
Desde o Barão do Rio Branco, a diplomacia brasileira é respeitada internacionalmente. Não importam as idiossincrasias dos presidentes, como as do general Ernesto Geisel, que rompeu o acerto militar com os Estados Unidos (só recentemente restabelecido) para assinar o acordo nuclear com a Alemanha. Hoje, com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Irã, vive seu momento mais audacioso após o reconhecimento da independência de Angola, em 11 de novembro de 1975.
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Entretanto, a atual política externa não é tão exótica como supõem seus críticos mais ferozes, pois remonta à diplomacia independente dos chanceleres Afonso Arinos, San Tiago Dantas e Saraiva Guerreiro, de quem o chanceler Celso Amorim e o ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Guimarães, são discípulos. Graças a essa tradição, de certa forma, Lula entrou no “grande jogo” do Oriente, até agora um monopólio das velhas potências.
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Virou um misto de candidato ao Prêmio Nobel da Paz e líder dos países emergentes. Seu propósito é arrancar do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, um acordo com a Agência Nuclear de Energia Atômica. Leia-se com Estados Unidos, Inglaterra e França. Pretende concluir com êxito uma negociação na qual a Rússia e a China já fracassaram. Se conseguir “garantias satisfatórias” do regime dos aiatolás de que o programa nuclear iraniano tem apenas fins pacíficos — o que pressupõe enriquecer urânio na Turquia ou no Brasil —, Lula terá realizado uma grande proeza diplomática. Um gol de placa, depois de uma caneta em Barack Obama, com quem cada vez mais faz contraponto na política mundial.
Xiitas
Por que o acordo com Teerã é tão importante? Porque a capital da antiga Pérsia, epicentro do mundo islâmico, desestabiliza as relações entre Ocidente e Oriente: para os Estados Unidos, no Iraque e no Afeganistão; para a Federação Russa, nas suas repúblicas islâmicas, como a Chechênia; para Israel, na Palestina; para a Índia, no Paquistão. Se o acordo fracassar, a única certeza será a de que o Irã não terá a bomba, por asfixia econômica dos Estados Unidos ou ação militar de Israel. Lula, porém, não tem nada a perder. Dirá que fez a sua parte.
Não alinhados
Se conseguir fechar o acordo com Teerã, o presidente Lula será consagrado amanhã na reunião dos países não alinhados (G-15): Argélia, Argentina, Chile, Egito, Índia, Indonésia, Jamaica, Quênia, Nigéria, Malásia, México, Peru, Senegal, Sri Lanka, Venezuela e Zimbábue. O Irã entrou para o grupo em 2006, na reunião de cúpula em Cuba.
Perdas
Os principais parceiros comerciais do Brasil no Irã são da área de alimentos. A Petrobras paralisou suas atividades no país depois da tentativa frustrada de encontrar óleo no bloco de Tusan. Era um campo seco, no qual investiu inutilmente US$ 34 milhões
Sinistro//
Mudanças no QG de Dilma Rousseff (PT). O presidente do PT, José Eduardo Dutra, assume o comando com mão de ferro para acabar com a fogueira de vaidades entre o deputado paulista Rui Falcão e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, que estão em rota de colisão. Longe do triângulo de fogo, o marqueteiro João Santana volta a dar as cartas em toda a comunicação.
Preferencial
A petista Dilma Rousseff desembarca hoje em Salvador (BA) para prestigiar o lançamento da candidatura à reeleição do governador Jaques Wagner. Chegará por volta das 10h, acompanhada de dirigentes do PT, do PP, do PSB, do PDT, do PCdoB e do PRB. A chapa de Wagner será completada pelo ex-conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios Otto Alencar (PP) na vice, a deputada federal Lídice da Mata (PSDB) e o deputado Walter Pinheiro (PT) nas vagas de candidatos ao Senado.
Pescaria
O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, chega amanhã ao Ceará. A visita de dois dias inclui uma passagem por Juazeiro do Norte, a capital da fé no Nordeste, administrada por um petista. Mais do que provocar Dilma Rousseff, que há um mês teve que cancelar sua ida à terra do Padre Cícero por conta das trapalhadas do comando da campanha, a incursão de Serra tem como alvo distensionar a relação com a família Gomes. O senador Tasso Jereissati, também do PSDB, é cotadíssimo para vice.
Aprovação/ Apesar da resistência do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB- RR), há quase um consenso no Senado para aprovar a proposta da Ficha Limpa. “O projeto está longe de ser perfeito, mas vamos votá-lo assim mesmo”, garante o senador Pedro Simon (PMDB-RS).
Declínio/ Um comparativo das eleições de 2004 e de 2008 encomendado pela Presidência do PMDB tem como alvo o senador Jarbas Vasconcelos, responsabilizado pelo enfraquecimento da legenda em Pernambuco. O número de prefeitos caiu de 44 para nove, e o de vereadores, de 251 para 107.
Abertura/ O governador tucano Antonio Anastasia, candidato à reeleição em Minas Gerais, comemora a aprovação do planejamento feito pelo governo do estado, em parceria com a prefeitura de Belo Horizonte, para sediar jogos da Copa do Mundo de 2014, concedida pela Federação Internacional de Futebol (Fifa). Acredita que Belo Horizonte pode sediar o jogo de abertura do Mundial caso o Morumbi (SP) não fique pronto.
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