Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br
Não foi para rapapés que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva jantou com a base governista no Senado na quinta-feira. Fez um rosário de críticas, a começar pela atuação dos aliados em plenário. “De vez em quando assisto à TV Senado e vejo que é comum a oposição bater no governo e não aparecer ninguém para defender”, disparou. Sobrou para o líder do PMDB na Câmara: “O deputado Henrique Eduardo Alves não cumpriu o acordo com o governo, votou contra o próprio relatório sobre divisão dos royalties e aprovou a emenda Ibsen”. Lula quer aprovar o novo marco de regulatório do petróleo antes das eleições. “É preciso votar tudo em regime de urgência e deixar para depois da eleição a divisão dos royalties”, cobrou.
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Para Lula, adiar a votação da divisão dos royalties é uma tática eleitoral. “Temos maioria, mas não é certo esmagar a oposição ou o Rio de Janeiro. Sabemos como reage o ser político em época de eleição, é natural. Por isso, precisamos votar tudo antes e deixar a divisão dos royalties para depois”, explicou.
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A líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), tentou contemporizar o impasse para a votação dos projetos de exploração do petróleo da camada pré-sal. “Temos que aguentar o Arthur Virgílio fazer 700 discursos e o Agripino outros 600”, justificou, responsabilizando os líderes do PSDB e do DEM no Senado. O senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB) pôs a culpa no histriônico Mão Santa (PSC-PI): “Isso acontece porque ele permite que fiquem na tribuna o tempo que quiserem e não cumpre o regimento”.
Reforma
Lula se queixou de não ter conseguido aprovar a reforma tributária e responsabilizou o ex-governador de São Paulo José Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência da República, pelas dificuldades que enfrentou no Parlamento. “Eu mandei dois projetos de reforma tributária para o Congresso. Consegui consenso dos governadores. Mas o Serra foi o primeiro entre os governadores a vir aqui no meu gabinete com uma planilha para mostrar que São Paulo perderia muito com a reforma.”
Vigário
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), avalia que os líderes governistas estão prometendo ao presidente Lula o que não vão entregar. Pressionado pelo ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), quer votar o novo marco regulatório do petróleo nas terças e nas quartas-feiras. “Primeiro, votamos as duas MPs que trancam a pauta, e depois os projetos da criação da nova empresa, o sistema de partilha e a capitalização da Petrobras. A divisão dos royalties fica para depois das eleições, pois o ambiente está contaminado politicamente”, propõe.
Compensação
Estima-se em R$ 22 bilhões a grana que o governo deverá devolver às petroleiras. É mais do que suficiente para cobrir a compensação ao Rio e a outros estados e municípios produtores, que atinge cerca de R$ 6 bilhões
Desconfiança
Do presidente Lula, em relação ao líder do PMDB: “Simon, eu também estranhei a atitude do deputado Henrique Eduardo Alves (foto). Ele não cumpriu o acordo feito com o governo, numa reunião comigo. Chamei o Temer e ele se desculpou, dizendo que tinha sido derrotado na reunião de líderes. As empresas de petróleo estão atuando, o interesse delas é manter o sistema de concessão, o alvo é a partilha, que é o modelo mais correto e pelo qual o país é dono do petróleo. Então as empresas estão aí, e nem vou falar mais porque para bom entendedor meia palavra basta”.
Fórmula
O senador gaúcho Pedro Simon, do PMDB, quer fazer da divisão dos royalties de petróleo uma reforma tributária. Segundo ele, é uma oportunidade. “Não é justo também que o Rio de Janeiro perca o que já tem. Por outro lado, não entendo como apareceu a emenda no projeto que manda a União a devolver às petroleiras, com petróleo, o total dos royalties pagos por elas. A emenda foi do líder do PMDB, que votou contra o próprio relatório.”
De olho
Relator da Lei Orçamentária de 2011, o senador Gim Argello (PTB-DF) resolveu sintonizar seu relatório com o programa de governo da petista Dilma Rousseff, que dará destaque aos problemas das grandes cidades. Vice-líder do governo, tem um olho no Palácio do Buriti e outro na Presidência do Senado.
Palanque - Dilma Rousseff (PT), ao lado do presidente Lula, estará hoje nas comemorações da Central Única dos Trabalhadores (CUT), no Memorial da América Latina, e da Força Sindical, na praça Campo de Bagatelle, ambas
em São Paulo.
Encontro - Marina Silva (PV) e Dilma Rousseff (PT) estarão juntas, hoje, nas comemorações do 1º de Maio Unificado das centrais sindicais CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores) e UGT (União Geral dos Trabalhadores).
Descansa - Pré-candidato do PSDB, o ex-governador José Serra ficará ao largo das comemorações dos sindicatos. Não vai correr o risco de levar uma vaia organizada pelos sindicalistas.
Adido - O coordenador-geral de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal, Luiz Cravo Dórea, será o adido policial do Brasil na África do Sul, primeiro cargo do gênero a ser criado no continente. Ele ocupará o posto em Johannesburgo antes da Copa, em 11 de junho. Dórea foi superintendente da PF no Acre antes de vir para Brasília.
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