Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br
“No PP ninguém manda, porque ninguém obedece”, resume o presidente do partido, senador Francisco Dornelles (RJ), ao justificar a neutralidade da legenda em relação às candidaturas da petista Dilma Rousseff e do tucano José Serra. Não é bem assim. Quem manda hoje na sigla é o senador fluminense, que a tirou das páginas policiais. Da estirpe mineira dos Neves pelo lado materno, Dornelles manda no PP porque controla o Ministério das Cidades. Com aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é o único interlocutor do partido com o ministro Márcio Fortes.
» » »
Pela lei da gravidade, Dornelles já deveria estar na campanha de Dilma. Esse é o desejo da maioria dos diretórios regionais, embora alguns caciques da legenda, como os deputados Pedro Henry (MT), João Pizolatti (SC), Paulo Maluf (SP), e o ex-deputado Pedro Correia (PE), prefiram o tucano José Serra por estarem excluídos do jogo. Além disso, Dornelles é ligadíssimo ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), candidato à reeleição, cujo palanque é de Dilma.
» » »
O senador do PP, porém, continua cotado para ser o vice de Serra. Alimenta especulações a respeito e gosta dos sinais que recebe do ex-governador de São Paulo na mesma direção. Quem anda assustado com a enigmática posição de Dornelles é o presidente Lula. Sabe que o desembarque do PP na candidatura tucana só depende de um apelo do ex-governador Aécio Neves (PSDB). Quando nada, Dornelles guarda o lugar de vice na chapa de Serra para Aécio enquanto o assunto não se resolve definitivamente.
Verbas
O Ministério das Cidades não economiza recursos quando o assunto é o Rio de Janeiro. Somente em emendas do senador Dornelles para obras de infraestrutura e serviços, já foram liberados R$ 80 milhões
Opostos
Dilma Rousseff (PT) não vacila ao defender a alta de juros, que chegaram a 9,5% ao ano. “Mostramos ao mercado que a gente não faz manipulação da realidade para ganhar a eleição”, disse, em entrevista exclusiva à agência Reuters. Ao contrário, o candidato tucano José Serra não perde uma oportunidade de falar que “é preciso mexer no câmbio e baixar a taxa de juros para proteger os setores produtivos da economia”.
Preocupado
O ex-ministro José Dirceu (foto) avalia que o PT não deve dar refresco para a senadora Marina Silva, candidata do PV, que tira votos de Dilma Rousseff (PT). Depois do debate entre os presidenciáveis em Minas, o petista criticou Marina por defender a reforma política e a Emenda 29 da Saúde. Trocando em miúdos, disse que a oposição votou contra a reforma e a favor da extinção da CPMF e agora não teria moral para criticar o governo.
Parceiro
Líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL) pressiona a coligação governista em Alagoas — encabeçada pelo ex-governador Ronaldo Lessa — a escolher logo o segundo nome da chapa de senadores. O ex-constituinte Eduardo Bonfim (PCdoB) disputa a vaga com o delegado federal Pinto de Luna, filiado ao PT. O policial atuou no caso Celso Daniel, ex-prefeito petista de Santo André (SP) que foi assassinado.
Heterodoxo
Mais uma coligação complicada do PMDB no Nordeste. A legenda apoiará a candidatura da senadora Rosalba Ciarlini (foto), do DEM, para o governo do Rio Grande do Norte, com o líder dos democratas no Senado, José Agripino, e o ex-presidente da Casa Garibaldi Alves Filho concorrendo à reeleição, todos no palanque do tucano José Serra. O líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves, que pretende renovar o mandato, apoia Dilma.
Panteão/ O nome do jornalista Hipólito José da Costa Furtado de Mendonça finalmente foi inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília, por decisão do Senado.
Fundador do Correio Braziliense, considerado o primeiro jornal brasileiro, Hipólito da Costa editou o periódico em Londres, entre 1808 e 1822, para defender a independência do Brasil, a abolição da escravatura e o fim da censura.
Floresta/ A Comissão do Meio Ambiente da Câmara vai virar palanque para Serra, Dilma e Marina. O deputado Sarney Filho (MA) pretende apresentar requerimento convidando os três presidenciáveis a debaterem o novo Código Florestal em audiência pública.
Gaveta/ Apesar das pressões, a PEC do Trabalho Escravo (nº 4.390/01) continua encalhada na Câmara por causa do lobby ruralista. O projeto vai completar 10 anos de idas e vindas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário