Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br
Nesta semana a candidata petista Dilma Rousseff se reúne com investidores em Nova York (EUA). Amanhã, participa de jantar em homenagem a Henrique Meirelles na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, que escolheu o presidente do Banco Central a “personalidade do ano”; na sexta, de almoço-palestra de Meirelles na Brandeis International Business School em Boston. Viaja escoltada pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e pela ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy. É a senha para os investidores norte-americanos de que o “mais do mesmo” da política monetária está firme e forte no eixo de sua política econômica.
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É dispensável tratar aqui dos futuros dividendos da incursão de Dilma no mundo dos grandes negócios dos Estados Unidos para o financiamento de sua campanha. Isso é mais ou menos óbvio, já que também carrega seu porta-voz no mundo empresarial, o ex-ministro Palocci, como fiador. Mais importante do que isso é o compromisso de que a atual política monetária — metas de inflação, superavit fiscal e câmbio flutuante — será mantida.
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É música para os investidores norte-americanos, tanto os que ganham rios de dinheiro especulando na Bolsa de Valores e comprando títulos da nossa bilionária dívida pública, como para aquelas empresas que têm investimentos diretos no Brasil, gerando emprego e riqueza, e que estão interessadas na continuidade de seus negócios sem sobressaltos. Apesar da pecha de intervencionista e estatizante, Dilma vende o peixe de que nada muda no rumo da economia, enquanto o candidato tucano José Serra — ao atacar os juros e o câmbio — assusta o mercado financeiro, pois representaria o imponderável de uma mudança de política econômica.
Reforma
A única mudança significativa defendida por Dilma na política econômica é uma velha bandeira do governo Lula: a reforma tributária, com simplificação de tributos, desoneração da folha de salários e também de bens de capital. Dilma dirá aos investidores que a sua agenda econômica prevê para os primeiros meses de governo mudanças que estimulem a competitividade do Brasil. Como o tema é um fantasma para estados e municípios, propõe a criação de um fundo de compensação. No plano interno, a proposta é um ponto fraco, pois governadores e prefeitos já viram esse filme na Lei Kandir e não gostaram.
Bomba
Dilma dá respostas evasivas ao aumento de gastos no governo Lula. A dívida total do setor público no país chegará à cifra recorde de R$ 2,2 trilhões — 64,4% do PIB — em dezembro. Em 2000, a dívida era de R$ 622,2 bilhões, 52,7% do PIB. Foi turbinada por “empréstimos” que o Tesouro vem realizando com o BNDES desde o ano passado, por meio da emissão de títulos públicos.
Racha
A cúpula do PV está em rota de colisão com Fernando Gabeira, candidato da legenda a governador do Rio de Janeiro. O presidente do partido, Alfredo Sirkis, abandonou a campanha do candidato a governador fluminense em solidariedade à vereadora Aspásia Camargo, que pleiteava uma vaga ao Senado. Perdeu para o ex-deputado Marcelo Cerqueira (PPS), já que a do ex-prefeito Cesar Maia (DEM) era “imexível”.
Milagre//
É inacreditável. Hoje, pela primeira vez na história, o Senado mandará rodar a folha de pagamento unificada. Antes eram três: a do Senado propriamente dito, a da Gráfica e a do Prodasen. Agora, só falta abrir a caixa-preta e divulgar os salários dos senadores. Mas isso já será outro milagre.
Não passarão
O clima vai esquentar em São Luís (MA), na próxima sexta-feira, quando petistas prometem lavar a estrela do PT com creolina, em protesto contra o uso da camiseta do partido pela governadora Roseana Sarney (PMDB). O grupo que venceu a queda de braço interna no apoio ao candidato a governador do PCdoB, Flávio Dino, está revoltado com a ala que ainda faz lobby pela representante do clã Sarney. Do plenário da Câmara, o deputado Domingos Dutra (PT-MA) vociferou ontem contra uma eventual interferência da Executiva no estado: “Nosso candidato é o Dino! Pelo amor de Deus, deixem o PT do Maranhão em paz!”.
Fera
A Receita Federal anunciou arrecadação recorde no mês passado. O montante é o maior já registrado em um mês de abril, batendo a casa dos R$ 70,9 bilhões
Livros/ De olho na leva de 4 mil prefeitos que participam, até amanhã, em Brasília, da 13ª Marcha em Defesa dos Municípios, o Ministério da Cultura (Minc) instalou um estande no local do evento para que os representantes do Executivo das cidades conheçam os programas de implantação e modernização de bibliotecas. Pesquisa recente da Fundação Getulio Vargas encomendada pelo Minc revelou que o número de municípios brasileiros ainda sem biblioteca chega a 420.
Arco-íris/ A Comissão de Direitos Humanos da Câmara foi palco ontem do 7º Seminário GLBT no Congresso Nacional. Keila Simpson, vice-presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), emocionou o público ao fazer um relato do cotidiano dos travestis e os problemas que enfrentam, como o preconceito na família e na sociedade, que os empurra quase sempre à prostituição.
Babel/ Com manifestantes favoráveis a temas tão diversos como a criação da Polícia Penal, o plebiscito do estado de Carajás, o plano de carreira dos agentes sanitários de saúde, além de enfermeiros pedindo jornada de 30 horas semanais e grupos contra a homofobia, a segurança da Câmara teve ontem que barrar o acesso ao prédio principal do Congresso, dado o número recorde de pessoas e de barulho.
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