Reforma, que reforma?

Por Luiz Carlos Azedo

Com Leonardo Santos

A reforma ministerial de janeiro subiu no telhado. As conversas sobre a mudança estão simplesmente congeladas. Até agora não passaram de suposto comentário sobre a redução de ministérios da presidente Dilma Rousseff com o vice-presidente da República, Michel Temer, que nega o fato.

Se houve alguma conversa mais afirmativa sobre o assunto foi com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e virou segredo guardado a sete chaves. A cúpula do PT está a ver ministérios, mas não sabe de absolutamente nada. Entretanto, neste fim de ano, às vésperas do recesso, não se fala de outra coisa em Brasília. Por que será? Ora, porque o atual governo ficou precocemente velho.

Esse é o resultado da sucessão de crises na Esplanada dos Ministérios, que abateram seis por denúncias de corrupção e um por idiossincrasias pessoais, o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, que não suportou a mudança de trato no Palácio do Planalto no governo. A saída de ministros para concorrer às eleições e a inoperância de alguns titulares em suas pastas completam o cenário para a reforma, além, é claro, das denúncias antigas e novas contra alguns que continuam no cargo.

Enxugamento

O empresário Jorge Gerdau Johannpeter, um dos criadores do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP), é o ideólogo do enxugamento do governo, com a redução de ministérios para aumentar a sua eficiência. A pedido da presidente Dilma Rousseff, vem assessorando o governo, mas enfrenta grandes resistências na Esplanada. Estaria quase pedindo a toalha porque não se entende com a ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior.

Catástrofes

Um grupo de deputados pedirá hoje ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), para que a criação do marco regulatório da Defesa Civil tenha tramitação rápida na Casa. Segundo o deputado Stepan Nercessian, do PPS-RJ, a proposta foi aprovada por unanimidade na Comissão Especial de Prevenção a Catástrofes Climáticas. "É um avanço, quando se cria um Estatuto e um Fundo, com um controle mais rígido sobre a aplicação de recursos financeiros para a recuperação de cidades", avalia.

Exocets

Suspeita-se de fogo amigo nas denúncias contra o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. O mordomo é o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que deixou a Casa Civil no começo do governo Dilma por denúncias de que teria dado consultorias incompatíveis com sua atuação no Congresso e na campanha de Dilma Rousseff. Pimentel foi o mordomo do caso Palocci, injustamente. Aquele Exocet foi disparado do Ceará.

Igualdade

O presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, firmou com a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, acordo de cooperação técnica da entidade com a campanha "Igualdade Racial é pra Valer". Entre as ações previstas, a criação de Comissões de Promoção da Igualdade Racial em todas as 27 Seccionais da entidade; a inclusão do tema igualdade racial no Exame de Ordem; e o combate ao racismo na grade curricular dos cursos de direito.

Não gostou

O presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Gabriel Wedy, rebateu declarações da corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Eliana Calmon, que disse que "penas contra juízes têm de pegar o bolso", a propósito de investigação no Tribunal de Justiça de SP para apurar a suspeita de remuneração ilegal. Wedy lembrou que existem 30 mil juízes no Brasil e que não há nenhum juiz federal entre os investigados. São suspeitos de enriquecimento ilícito 62 magistrados.

Terras// O governo federal deve adotar novas medidas para dificultar a compra de terras em território nacional por empresas estrangeiras. As ações adotadas no ano passado não funcionaram. A presidente Dilma Rousseff cobrou rigor para evitar as

Pajelança/ Ministros, senadores e deputados do PMDB se reúnem hoje à noite com o vice-presidente Michel Temer e a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvattti, para um jantar de confraternização na casa do deputado federal Luiz Pittiman (PMDB-DF), em Brasília.

Inversão/ O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) ameaça recorrer à Justiça por conta da inversão de pauta de ontem que permitiu a votação da Desvinculação de Receitas da União (DRU), antes do requerimento de retirada de urgência da Emenda 29, que estabelece gasto mínimo para a saúde no país.

Defesa/ A gaúcha AEL Sistemas S.A., parceira da Embraer no desenvolvimento de Veículos Aéreos NãoTripulados (VANTs), lança hoje em Porto Alegre a pedra fundamental da ampliação de seu Centro Tecnológico de Sistemas de Defesa, no qual produzirá sistemas eletrônicos aeronáuticos, espaciais e de superfície integrados, um deles para o novo blindado do Exército, o Guarani.

Em família/ A presidente Dilma Rousseff decidiu comemorar o aniversário, 14 de dezembro, com a família em Porto Alegre. Na véspera, prestigia a estreia da recém- formada Orquestra Sinfônica da capital gaúcha irregularidades.

Publicada em 7 de dezembro, quarta-feira, na coluna Brasília/DF do Correio Braziliense.