Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
Esteio do sistema de poder governista no Congresso, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), impôs sua vontade ao governo e à oposição nesta semana. E protagonizou um dos momentos mais tensos da Casa na atual legislatura ao descer de dedo em riste da Mesa e, depois, desafiar o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) para um duelo: "Diga a ele para marcar data e hora e ir sozinho", disse, irado, aos senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), cardeais oposicionistas que faziam parte da turma do deixa disso.
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Sarney atropelou o regimento da Casa, na terça-feira, para aprovar o Código Florestal a pedido do Palácio do Planalto. Esse fato levou o senador Demóstenes a destratá-lo em plenário, chamando-o de "torpe". Ao saber da disposição de Sarney reagir ao desaforo à bala, o político goiano se retratou em plenário, enquanto os demais oposicionistas e governistas jogavam água fria no fogaréu com discursos de desagravo e chamados à razão.
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Ontem, foi a vez de Sarney atropelar o Palácio do Planalto. De fato pôs em votação a Emenda 29, que destina 10% dos recursos do Orçamento da União para a Saúde, como queria a oposição. O governo teve que correr atrás do prejuízo e aceitar a situação para não comprometer a aprovação, até o final do ano, da prorrogação da Desvinculação das Receitas União (DRU). Moral da história: quem manda na pauta do Senado é o ex-presidente Sarney.
Tresoitão
Não é a primeira vez que o ex-presidente José Sarney ameaçou passar um desafeto. Quando saiu de casa para ir apresentar seu desligamento do PDS e entrar no PFL, passando à oposição para apoiar a candidatura de Tancredo Neves (do qual se tornou o vice), Sarney levava na cintura um revólver Smith & Wesson calibre 38. Essa história é muito conhecida em Brasília.
Guarda
A pedido do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Elito Siqueira, a presidente Dilma Rousseff interrompeu a agenda de ontem para acompanhar a solenidade de substituição do Batalhão da Guarda Presidencial pelo Regimento de Cavalaria de Guarda. A tropa será responsável pela segurança dos palácios presidenciais nos próximos seis meses.
Verbas
O senador Aécio Neves, do PSDB-MG, quer saber do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o valor real dos recursos federais investidos na saúde desde 2007. Para isso, apresentou requerimento de informação à Mesa Diretora do Senado Federal. É que o Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF) cobra o pagamento de R$ 2,6 bilhões computados pelo governo federal como gastos em saúde, mas que não foram realizados de fato. São recursos que constam na execução orçamentária, mas foram cancelados após terem sido empenhados.
Não abre
Na presença do vice-presidente Michel Temer, o líder do PT, Paulo Teixeira (SP), reiterou ao líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), que sua bancada está fechada com a eleição do cacique peemedebista para a presidência da Câmara em 2013. Foi o melhor presente recebido por Alves, que comemorou o aniversário no apartamento do deputado Fábio Ramalho (PV-MG).
Blindado//
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi blindado por sua assessoria durante lançamento de programa contra o "crack", ontem no Palácio do Planalto. Para não comentar denúncia do Correio de que a Polícia Federal teria grampeado o diretório do PSDB no Acre durante campanha eleitoral de 2010, Cardozo se limitou a dizer que não comentaria decisões judiciais.
Homofobia
A Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT reafirmou o posicionamento favorável ao projeto de lei que criminaliza a homofobia (PLC 122/2006), que será votado hoje na Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal. Relatado pela senadora Marta Suplicy (foto), do PT-SP, terá voto em separado da senadora Marinor Brito (PSol-PA), uma das coordenadoras da frente.
Pode ser pior/ Tendo em vista a possibilidade de perder de vez o Ministério dos Transportes, parlamentares do PR começam a defender a permanência de Paulo Sérgio Passos na pasta. A avaliação é de que é um técnico com bom acesso à presidente Dilma Rousseff e, desde de que assumiu os Transportes, vem recebendo bem os parlamentares da bancada.
Médico/ Médico institucional da presidência da República, Cleber Ferreira está se preparando para deixar o posto até o fim do mês. Embora a presidente Dilma Rousseff tivesse escolhido o médico Roberto Kalil Filho para ser seu médico pessoal, era Ferreira quem acompanhava a presidente em viagens oficiais e dava os primeiros diagnósticos após qualquer sinal de doença. O Palácio do Planalto já iniciou um processo de seleção para médico institucional, que obrigatoriamente é de carreira militar.
Plásticas/ Cirurgias plásticas corretivas e reparadoras deverão ser realizadas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De autoria do senador Gim Argello (PTB-DF), a proposta foi aprovada por unanimidade pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado. A decisão final agora é com a Câmara dos Deputados.
Publicado no dia 8 de dezembro, quinta-feira, na coluna Brasília/DF do Correio Braziliense
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