sábado, 4 de dezembro de 2010

Quem manda?

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Começou o governo Dilma Rousseff. Pela primeira vez desde que iniciou a montagem de sua equipe ministerial, a presidente eleita contrariou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Contra a opinião de seu patrono, resolveu anunciar a nomeação do deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) para o Ministério da Justiça. Lula não gosta do petista paulista, um dos três coordenadores da campanha de Dilma.

A confirmação da indicação de Cardozo - com as de Antônio Palocci, na Casa Civil, e de Gilberto Carvalho, na Secretaria-Geral da Presidência, ambos indicados por Lula - foi antecipada para evitar que pressões contrárias se tornassem insuportáveis. Elas partiam das lideranças do chamado Construindo o Novo Brasil, corrente majoritária do PT, historicamente ligada ao presidente Lula.

Secretário-geral do PT, Cardozo propôs a refundação da legenda durante a crise do mensalão e um expurgo dos envolvidos. Por isso, tem muitos desafetos na cúpula petista. Disputou e perdeu a presidência do PT para José Eduardo Dutra, outro integrante da coordenação da campanha que encabeçou a chapa Construindo um Novo Brasil. O questionamento de Lula é simples: o que teria acontecido durante a crise do mensalão se o ministro da Justiça fosse Cardozo e não Márcio Thomaz Bastos?

Fica

Outro que não agrada ao presidente Lula é o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, que Dilma pretende indicar para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Ele sofre um bombardeio permanente de dois velhos desafetos petistas: o atual secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, e o ex-ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias, ambos de Minas. Entre os caciques petistas, entretanto, é o mais ligado a Dilma.

Trânsfuga

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab já está comunicando aos aliados que deixará o DEM e se filiará mesmo ao PMDB, consumando sua passagem à base do governo Dilma. Pretende ocupar a linha de frente da oposição ao governo de Geraldo Alckmin(PSDB) e não quer ficar no sereno quando deixar a prefeitura. De olho no vácuo político deixado por Orestes Quércia, concorrerá ao Palácio dos Bandeirantes, em 2004, pelo PMDB.

Só quatro

O PMDB dançou do Ministério das Cidades, pleiteado pelo vice-presidente eleito, Michel Temer, para acomodar o ex-governadorfluminense Moreira Franco. Ficará com as pastas da Previdência e do Turismo, além das duas já acertadas: Minas e Energia, que caberá ao senador Edison Lobão (MA), e Agricultura, que continuará com Wagner Rossi. A cúpula peemedebista ainda bate o pé, mas sabe que não levará o quinto ministério.

Cidades

O Ministério das Cidades permanecerá nas mãos do PP, mesmo o partido não tendo apoiado formalmente a candidatura de Dilma Rousseff. Ninguém sabe ainda quem será o ministro. As resistências ao nome do deputado Mário Negromonte (BA), indicado pela bancada da Câmara, são robustas. Márcio Fortes, atual titular da pasta, voltou a ter esperanças de permanecer no posto. Tudo depende de uma conversa de Dilma com o presidente da legenda, senador Francisco Dornelles (RJ), velha raposa política.

Incômodo

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, está incomodado com as notícias de que é homem da oposição. É muito ligado ao ex-governador Aécio Neves (PSDB), mas tem boas relações com a presidente eleita, Dilma Rousseff, com quem já se reuniu para discutir a agenda da indústria.

Sumiço

A mudança nos depósitos compulsórios, recursos que os bancos são obrigados a deixar no Banco Central (BC), vai arrochar o crédito ao consumidor. Deixarão de circular R$ 61 bilhões

Brasuca

O canal internacional da TV Brasil estreará oficialmente nos Estados Unidos no próximo dia 15, anunciou, ontem, a presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), jornalista Tereza Cruvinel. As assinaturas serão distribuídas pela operadora de tevê a cabo Dish Network com as da RTP, de Portugal, da Globo e da Record. ´Estamos no pacote de língua portuguesa`, explica.

Mudanças

Os democratas paulistas estão se articulando para levar o senador José Agripino (DEM-RN) à presidência do partido a partir de 2011. A estratégia é traçada por insatisfeitos com a atuação do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) na disputa presidencial.

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