quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Dois a zero

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

As relações entre o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, e o ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes (PSB) são, no mínimo, complexas. A prova disso é a novela da indicação dos representantes da legenda no ministério de Dilma Rousseff, só concluída ontem com a consolidação dos nomes do pernambucano Fernando Bezerra Coelho para o Ministério da Integração Nacional e do cearense Leônidas Cristino para a Secretaria dos Portos.


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Campos e Ciro jogam um torneio de xadrez no qual está sendo decidido o futuro político de ambos. A primeira partida foi vencida pelo pernambucano, que bloqueou a candidatura do cearense a presidente da República, com o apoio do presidente Lula e a torcida aberta da então candidata petista, Dilma Rousseff. A segunda partida foi disputada agora, na formação do governo de Dilma. Ciro levou outro xeque-mate.

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O político cearense havia sido preterido nas indicações originais da bancada do PSB para o ministério. Porém, por uma sugestão de Campos, acabou sendo convidado por Dilma para integrar a turma da Esplanada. Ambicioso, Ciro mandou o irmão Cid Gomes, governador do Ceará, avisar que aceitaria participar da equipe ministerial, desde que na pasta da Saúde. Ou seja, numa posição que o colocaria na disputa pela sucessão de Dilma Rousseff. A presidente eleita disse não e Campos ganhou mais uma. No fundo, com estilos diferentes, ambos perscrutam o horizonte e, como todo político, sonham com o Palácio do Planalto.

Pode ficar

O atual secretario de Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel (foto), tem grande possibilidade de permanecer no posto, que virou foco de tensão interna na bancada do PT. Subiu no telhado a indicação para o cargo de Maria Lúcia de Oliveira Falcón, secretária de Planejamento de Sergipe, que conta com apoio do governador Marcelo Déda (PT). A tendência Democracia Socialista, que controla a pasta, não aceitou a mudança.

Engajada

Das irmãs cantoras de Chico Buarque, Ana de Hollanda não é a mais famosa, mas sempre foi politicamente a mais engajada, desde os tempos de militante do antigo PCB, ao lado do falecido dramaturgo e diretor de teatro Fernando Peixoto, seu marido. Um câncer, que tratou com sucesso, e divergências com a linha do partido levaram-na a abandonar a militância partidária. Esse reposicionamento alçou-a ao Ministério da Cultura, com o apoio do irmão, lulista de carteirinha. Hoje ela concederá a primeira entrevista coletiva, no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro.

Aeroportos

A ameaça de greve dos aeroviários, prevista para amanhã, enterrou a proposta de desmilitarização do setor aéreo, com a transferência de sua administração — Infraero e Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) — para a Secretaria de Portos, pasta sob a administração do PSB. A indicação do prefeito de Sobral (CE), Leônidas Cristino (PSB), para o comando do setor portuário sacramentou a decisão. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, tenta evitar a greve de amanhã.

Menos//


Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, convidado de honra da inauguração simbólica do teleférico do conjunto de favelas do Alemão, ontem, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o novo bondinho carioca será uma atração turística e concorrerá com o Pão de Açúcar como cartão postal da capital fluminense.


Dissidente

O deputado governista Silvio Costa (PTB-PE), da tropa de choque do Palácio do Planalto, é um dos maiores entusiastas de uma candidatura alternativa da base governista à Presidência da Câmara. Queixa-se de que a oposição estaria se acertando com o candidato do PT, Marco Maia (RS), que assumiu o cargo no lugar do vice-presidente da República eleito, Michel Temer (PMDB), e concorrerá à reeleição.

A pagar

Não será surpresa se o corte de R$ 3,368 bilhões no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Orçamento de 2011 for compensado na virada do Natal para o ano-novo com o empenho desses recursos como restos a pagar pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O valor previsto para o principal programa de governo recuou de R$ 43,518 bilhões para R$ 40,150 bilhões

Encontro/ O presidente Lula deve receber o ex-presidente do México Vicente Fox na próxima segunda-feira. Será o último estrangeiro a passar pela agenda de Lula antes do dia da posse de Dilma Rousseff. O México é o país onde o atual chefe do Cerimonial de Lula, Marcos Raposo, assumirá a embaixada, provavelmente a partir de janeiro.

Sonho/ O governo de Roraima pediu um repasse de R$ 257 milhões à Caixa Econômica Federal para construir um grande estádio de futebol, com o argumento de que Boa Vista seria uma das subsedes da Copa do Mundo de 2014. O Ministério Público entrou na história e barrou a pretensão. O campeonato local é realizado de portões abertos, com apenas seis equipes. Nenhuma delas na elite do futebol brasileiro.

Royalties/ O presidente da OAB do Rio de Janeiro, Wadih Damous, resolveu aderir ao lobby para que o presidente Lula vete a partilha de royalties de exploração do petróleo da camada pré-sal entre todas as unidades da Federação e os municípios.

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