sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Cerimônias de adeus

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Engana-se quem pensa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não desce do palanque porque não assimilou ainda o fato de que deixará o poder. Na verdade, executa uma estratégia de marketing para fechar o mandato com índices de popularidade capazes de rivalizar com o ex-presidente Getúlio Vargas no Olimpo da história do Brasil.

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O político gaúcho, cujo suicídio o levou à glória, é o único antecessor que Lula ainda reverencia nos discursos. O presidente Juscelino Kubitschek, muito lembrado no primeiro mandato, já caiu na vala comum do “nunca antes na história deste país”. A pesquisa do Ibope divulgada ontem pela Confederação Nacional das Indústria (CNI) comprova o sucesso da estratégia.

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A ocupação permanentemente de espaços na mídia deu o resultado esperado: o governo Lula termina com recorde de avaliação positiva: 80%. Na pesquisa anterior, o percentual era de 77%. A aprovação pessoal do presidente também bate recorde histórico, com 87% de aprovação. Na pesquisa anterior, a avaliação pessoal positiva de Lula chegou a 85%.

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Lula ainda tem uma raspa de tacho para faturar o sucesso dos dois mandatos fazendo celebrações como a cerimônia de balanço das realizações de seu governo de quarta-feira. Não se fará de rogado até descer a rampa do Palácio do Planalto.

Finalmente

A oposição assiste aos últimos dias do governo Lula desorientada, mas com alívio: deixa o poder um adversário imbatível nas urnas. Houvesse aprovado o terceiro mandato, o país marcharia para um regime unipessoal, ainda que referendado nas urnas. Economistas e historiadores ainda estão devendo uma avaliação realista do que aconteceu nos dois mandatos.

Despedida

A senadora Marina Silva (foto), do PV-AC, despediu-se ontem do Senado. Seu discurso durou mais de uma hora e lembrou passagens marcantes de sua vida parlamentar, desde a chegada à Casa até a disputa pela Presidência da República. Marina elogiou até a paciência dos taquigrafistas, mas não concedeu aparte à senadora Fátima Cleide (PT-RO), que deixou o plenário após Marina pedir que falasse depois de seu discursos. Rusgas do passado petista.

Mesmice

A presidente eleita, Dilma Rousseff, anunciou ontem que os ministros da Educação, Fernando Haddad; do Trabalho, Carlos Lupi; e do Meio Ambiente, Isabela Teixeira, permanecerão nos respectivos cargos. Neutralizou turbulências nas três áreas onde os grupos de pressão estão muito ativos. Porém, fica mais limitada a possibilidade de uma cara nova em seu governo. Ciro Gomes deve ir mesmo para o Ministério da Integração Nacional.

Mercosul

Os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, Marco Maia (PT-RS), estão com dificuldades para escolher os representantes do Brasil no parlamento do Mercosul a partir do ano que vem. Como a escolha não foi incluída nas eleições deste ano, uma alternativa seria prorrogar o mandato dos atuais representantes.

Cartórios

O Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou, por 6 votos a 3, a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de aplicar a exigência de concurso público para nomear os chefes de cartórios e tabelionatos. Dos 14.964 cargos existentes, estão vagos 5.561.

Fica

O atual ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, foi convidado para retornar à secretaria executiva do ministério. O convite feito por José Eduardo Cardozo, indicado para a pasta, é o reconhecimento do desempenho do quadro de carreira num cargo político no qual enfrentou diversas crises. Se não surgir outra proposta, Barreto deve aceitar.

Quente

Funcionário de carreira da Funasa, o ministro das Relações Institucionais Alexandre Padilha está mesmo com o pé no Ministério da Saúde. A confusão nas bancadas do PT e do PMDB na Câmara reforçou a necessidade de alguém com muito trânsito no Congresso à frente da pasta. Um técnico seria forte candidato à comida de onça.

Lavagem/ Termina hoje o Seminário sobre a Lavagem de Dinheiro e Cooperação Jurídica Internacional, promovido pelo Ministério da Justiça e pelo Ministério Público na Escola Nacional de Administração Pública (ENAP). Será quente o debate sobre limites da responsabilidade do advogado na lavagem de dinheiro, com a participação do procurador da República Rodrigo De Grandis e do delegado da Polícia Federal Luiz Flávio Zampronha.

Diplomação/ O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não confirmou presença hoje na diplomação de Dilma Rousseff como presidente da República. Teme ofuscar o momento de Dilma. Lula pretende promover uma grande festa para a futura presidente no Itamaraty. Aliás, o convite para o coquetel diz que “o presidente Lula e a primeira dama convidam”, mas quem elaborou a lista de convidados foi o cerimonial da transição de governo.

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