Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou recibo ontem de que o centro do poder político já se deslocou do Palácio do Planalto para a Granja do Torto. Pode até ser precipitada a afirmação — pois muita água pode rolar até 31 de dezembro —, mas foi esse o sentido da brincadeira que fez com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao afirmar que o auxiliar já não chegava para as reuniões com o seu estoque de pastilhas para a garganta. “Desta vez, ele só tinha uma pastilha, deve ter deixado a caixa com a Dilma”, disparou Lula.
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A brincadeira vai além daquela velha história do cafezinho que costuma chegar requentado no fim de mandato. Lula não digeriu as declarações de Mantega de que haverá um ajuste fiscal no começo do governo Dilma, com cortes até mesmo nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Na solenidade de ontem, na qual a futura ministra do Planejamento, Miriam Belchior, que coordenará o PAC, fez uma prestação das obras do governo, Mantega ouviu Lula dizer mais uma vez que os cortes no Orçamento não atingirão as obras do PAC.
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Mantega tinha acertado os cortes que anunciara na semana passada com a presidente eleita, Dilma Rousseff, mas não combinou nada com Lula. A trombada tem explicação: apesar da maquiagem nas contas públicas para mascarar o deficit fiscal, não há como esconder a alta da inflação. O remédio adotado é o de sempre: cortar os gastos do governo e arrochar o crédito.
Duelo//
O nome mais cotado da ala ligada ao atual presidente do Democratas, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para disputar a sucessão da Presidência do partido é o do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO). O indicado pela ala de Jorge Bornhausen e do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, é o senador Agripino Maia (DEM-RN).
Herança maligna
É no que dá servir a dois senhores ao mesmo tempo. Por ingenuidade política, ao anunciar cortes nos investimentos do PAC, Mantega carimbou o rombo nas contas públicas como uma herança do atual governo e levou um chega pra lá de Lula. Esse é o xis da questão. Dilma fez campanha em céu de brigadeiro porque o governo gastou mais do que podia. Agora, precisa assumir a responsabilidade de administrar o problema e não transferir o encargo para o presidente Lula, como se fosse uma herança maligna.
Frustração
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, considerou tímido o crescimento de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre de 2010 se comparado ao resultado do trimestre anterior. “A nossa expectativa era de um crescimento acima disso.” O PIB industrial no trimestre caiu 1,3%, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Royalties
Quando assinar o veto à nova lei do petróleo, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, terá que resolver uma contradição no texto aprovado pelo Congresso. Ao mesmo tempo em que proíbe às empresas exploradoras a apropriação em óleo no valor igual aos royalties devidos à União, a nova lei permite que a empresa petroleira adquira “o direito a apropriação do custo em óleo, do volume da produção correspondente aos royalties devidos”. Esse mecanismo, segundo o senador Pedro Simon (PMDB-RS), representará a perda pela União de R$ 54 bilhões por ano.
Cadetes
Não ficará no duro discurso feito na Academia Militar de Agulhas Negras (Aman) a insatisfação do ministro da Defesa, Nelson Jobim (foto), com o constrangimento que passou na formatura dos cadetes deste ano, que escolheram como paraninfo o ex-presidente da República Emílio Médice, cujo filho, Roberto, que recebeu a homenagem, afrontou o ministro se retirando da solenidade. O episódio é motivo de agitação entre os militares reformados. O comandante da Aman, general de brigada Edson Leal Pujol, perdeu o controle da situação.
Corrupção
O Ministério Público Federal definiu como prioridade o combate à corrupção nas áreas de saúde, obras, educação e transportes. Relatório da Corregedoria-Geral da União registra 1.641 casos de irregularidade nos repasses federais a prefeituras de todo o país. Desse total, 198 casos envolvem verbas superiores R$ 31 milhões
Estrela/ A senadora Marina Silva (PV-AC) brilhou mais uma vez, ontem, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-16), em Cancún, no México. Disse que “o Brasil deve liderar pelo exemplo” um acordo entre todas as nações para que todos os grandes emissores assumam metas obrigatórias de redução da emissão de gases que provocam o efeito estufa.
Cantor/ Na noite de quarta-feira, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), em homenagem ao 30º aniversário da morte do ex-Beatle John Lennon, ameaçou cantar Imagine da tribuna do Senado. Poupou os colegas porque estava muito rouco.
Lágrimas/ A líder indígena Rosane Wapichana aderiu ao coro do movimento a favor da permanência do ministro Juca Ferreira à frente da pasta da Cultura, durante uma reunião na Comissão de Educação e Cultura da Câmara. O ministro chorou de emoção. Discretamente, o governador da Bahia, Jaques Wagner, trabalha para que seu conterrâneo e amigo continue no cargo.
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