Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
luizazedo.df@dabr.com.br
A política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou num momento de inflexão. A projeção do Brasil na cena mundial é reconhecida até pelo principal candidato de oposição, José Serra (PSDB), mas suas contradições se tornaram maiores do que “o cara”.
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Impulsionada pelo carisma do presidente da República, a política externa foi amparada pela experiência da diplomacia brasileira, apesar do desconforto da velha elite da carreira com o fato de o prestígio de Lula ter suplantado o reconhecido profissionalismo do Itamaraty. Além disso, conta com o lastro de uma economia que suportou bem a crise mundial e está em expansão.
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O frustrado acordo nuclear com o Irã, porém, trincou os cristais. Lula foi desautorizado pela secretária de Defesa dos Estados Unidos, Hillary Clinton, que está virando uma espécie de Henry Kissinger de saias do governo de Barack Obama, e acabou abandonado pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, que era seu principal parceiro entre as potências mundiais — mas que também se alinhou aos Estados Unidos. Na verdade, o Brasil não teve cacife para bancar a posição de Lula no Oriente Médio. E só restam ao presidente mais cinco meses de mandato.
Quintal
Agora, o rompimento diplomático da Venezuela com a Colômbia criou um problema nas fronteiras do Brasil que põe em xeque a capacidade real de o presidente Lula atuar como pacificador de conflitos entre nações, sua verdadeira ambição no plano internacional. É fato que a Venezuela se tornou um santuário para as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), acuadas nos oito anos de governo Uribe.
Adeus às armas
A única solução possível para o impasse entre Venezuela e Colômbia é um acordo pelo qual os guerrilheiros das Farc deponham as armas e se incorporem à vida política democrática, como ocorreu em El Salvador com a Frente Farabundo Marti para a Libertação Nacional, o partido do presidente salvadorenho Maurício Funes. O problema é o envolvimento da guerrilha colombiana com os lucrativos negócios do narcotráfico.
Fronteira
Os guerrilheiros das Farc andam cruzando com mais frequência a fronteira com o Brasil. Vêm em busca de suprimentos: medicamentos e alimentos industrializados, principalmente. O problema é a origem do dinheiro que utilizam — o tráfico de drogas. Recentemente, a Polícia Federal prendeu no Amazonas José Manuel Sánchez, conhecido como Martín Ávila ou Tatareto, suspeito de auxiliar na logística e no planejamento financeiro da guerrilha.
Esfriou
A compra dos caças Rafale, da francesa Dassault, pousou no velho Hangar do Zeppelin, em Santa Cruz (RJ). Depois de tudo resolvido com os brigadeiros da Força Aérea Brasileira (FAB) pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, o presidente Lula adiou sine die o programa FX2 de aquisição de 36 caças supersônicos. Motivo: o fato de Sarkozy ter lhe pedido para intermediar a libertação pelo governo do Irã da jornalista francesa Clotilde Reiss, acusada de espionagem, mas não ligar para o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, agradecendo o gesto, como havia combinado com Lula.
Emprego
O IBGE estimou em 7,3% a taxa média mensal de desemprego no primeiro semestre deste ano. O número de trabalhadores com carteira assinada aumentou em 670 mil no primeiro semestre. Agora, são 10,2 milhões
Dobradinha
A bilionária linha de passes entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, para aumentar os financiamentos aos grandes projetos do governo, como o trem-bala Rio-São Paulo e a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, está sendo apontada nos meios acadêmicos e empresariais como uma bomba-relógio. Já são 180 bilhões de transferências do Tesouro para o BNDES, que o governo capta no mercado de títulos pagando juros da taxa Selic e empresta cobrando a TJLP, que é subsidiada e custa a metade.
Líder/ Marco Maciel, que acabou de completar 70 anos, continua à frente da disputa por uma vaga no Senado em Pernambuco. A dupla Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro (PTB) não consegue abalar o prestígio do ex-vice-presidente da República da era Fernando Henrique Cardoso.
Monólogo/ O governador fluminense Sérgio Cabral (PMDB) resolveu fazer uma campanha olímpica, sem debates e com poucos comícios. O problema é que Fernando Gabeira (PV) é um craque em campanhas alternativas e acredita que também vai crescer falando sozinho.
Coluna Brasília/DF publicada hoje nos jornais Correio Braziliense e Diário de Pernambuco.
Um comentário:
Aos poucos o Brasil está sendo visto com outros olhos, um olhar positivo.
Jefhcardoso do
http://jefhcardoso.blogspot.com
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