terça-feira, 13 de julho de 2010

Erro médico

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
luizazedo.df@dabr.com.br

Saiu do prelo um livro que ainda vai dar o que falar, principalmente entre os médicos: O paciente — o caso Tancredo Neves, de Luís Mir, uma brochura de 384 páginas (Editora Cultura). Certamente será tachado de engenharia de obra feita, mas é mais do que isso: uma investigação sobre um erro médico. No Brasil, como em outros lugares, tratar de erros médicos é monopólio da corporação que se veste de branco, mesmo aqueles casos que chegam primeiro à delegacia de polícia e só depois aos conselhos de medicina.

Eleito por voto indireto, depois de uma impressionante campanha popular, Tancredo Neves não chegou a tomar posse. Atormentado por dores no abdômen — que ocultou enquanto pôde —, foi internado no Hospital de Base de Brasília e operado. Foi a primeira de uma série de cirurgias malsucedidas, a partir de um diagnóstico equivocado. “Tancredo Neves poderia ter tomado posse na Presidência da República em 15 de março de 1985”, disse o cirurgião Henrique Walter Pinotti, recentemente falecido, que participou de três das quatro operações do presidente.

Pesquisador, especialista em atendimento médico ao trauma e professor visitante da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Mir refez em seu livro todo o percurso da internação e morte de Tancredo Neves. Entrevistou os médicos que participaram do caso, reexaminou os prontuários e exames. Na obra, narra os bastidores das cirurgias que Tancredo sofreu. “Há um consenso médico sobre esse caso: o paciente matou o presidente da República e o presidente da República matou o paciente”, conclui.

O caso

“Se tivessem esfriado a bacteremia (processo infeccioso), estabilizado o quadro, ele poderia ter tomado posse. Seria operado depois, argumenta Mir. O diagnóstico de ‘apendicite supurada’ foi equivocado. O que encontraram? Um tumor. Era primário, não tinha abscesso, não contaminava a parede abdominal, não tinha metástase. O que determinou a morte de Tancredo? Enterorragia (hemorragia maciça) decorrente de erro técnico na sutura da primeira cirurgia. Não era divertículo, era um leiomiossarcoma. Para retirá-lo, foi feita ressecção em cunha — um erro técnico grave. Ele sangrou desde o primeiro momento e isso determinou as complicações que o levaram à morte.”

Balanço

Presidente da Fundação Palmares, Zulu Araújo explica que as 250 horas de atividades culturais promovidas pelo Brasil na África da Sul durante a Copa, ao custo de R$ 4 milhões, reuniram cinco grupos musicais brasileiros, um grupo de cultura popular e artes cênicas, quatro artistas plásticos, três cineastas, um palestrante, equipes técnica e de produção, num total de 100 pessoas. Público estimado: 40 mil pessoas nos shows, 400 espectadores nas palestras, 12 mil participantes nas performances de rua, 900 espectadores da mostra de cinema e 220 alunos nos workshops.

Maraca

A reforma do Maracanã, para atender às exigências da Fifa, terá um custo total de R$ 720 milhões.

Com lupa

Para evitar escândalos de corrupção durante a próxima Copa do Mundo, que acontece no Brasil, em 2014, o Ministério Público Federal vai monitorar todas as licitações de infraestrutura do evento. Um grupo de trabalho foi criado para acompanhar o passo a passo dos investimentos, dos editais à contratação. Procuradores de todas as cidades-sede integram o grupo.

No barro

Responsável pelo comando da equipe de comunicação da campanha da ministra Dilma Rousseff (PT), o vice-presidente da legenda e também deputado federal, Rui Falcão, agora fica mais tempo em São Paulo do que em Brasília. Corre atrás da própria reeleição.

Na área

Está no Brasil Zeinal Bava, presidente da Portugal Telecom, que enfrenta a oposição dos governos brasileiro e português para vender a Vivo, aqui no país, à espanhola Telefónica. Participa do 4º Encontro Empresarial Brasil-União Europeia, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela sua congênere, o Business Europe.

Bala
O governo lança hoje o edital de concorrência para a construção do trem-bala Rio–São Paulo. O valor da obra está estimado em R$ 33,1 bilhões. Vence a empresa que ofertar a menor tarifa-teto para o trecho entre as duas cidades. O preço máximo estabelecido pelo Tribunal de Contas da União na classe econômica é de R$ 190,80.

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