Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
luizazedo.df@dabr.com.br
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, iriam hoje à Comissão de Finanças e Tributação da Câmara para uma audiência pública sobre a política cambial e suas consequências para o país. Porém, a sessão foi cancelada pelo presidente da comissão, deputado Pepe Vargas (PT-RS). Mantega entrou em férias e Meirelles alegou outros compromissos.
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Falar em política cambial no atual momento seria como tratar de corda em casa de enforcado. Nos tempos em que Delfim Netto, Roberto Campos, Maria da Conceição Tavares, Aloizio Mercadante, Cesar Maia e José Serra eram deputados federais, esse seria um debate eletrizante, daqueles que elevam o parlamento ao lugar proeminente que devem ocupar numa República. Requerida pelo deputado Alfredo Kaefer (PSDB-PR), a audiência pública não ocorrerá tão cedo, mesmo como simples formalidade.
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Nove entre 10 economistas, das mais diversas tendências, estão com a pulga atrás da orelha por causa da crise europeia e suas implicações para a economia mundial, inclusive a brasileira. Avaliam que o governo está se comportando como uma cigarra da fábula de Esopo. Ao elevar os gastos permanentes com pessoal, manter a taxa de juros nas alturas e aumentar vertiginosamente a dívida pública, a economia brasileira depende cada vez mais do fluxo de investimentos em moeda estrangeira, que podem mudar de pouso de uma hora para outra. Muitos economistas temem uma crise pós-eleitoral.
O que será?
A polêmica sobre o programa da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, parece futrica, mas não é. Há dois discursos na campanha governista. O mais simpático aos agentes econômicos é o da candidata do PT quando fala nos fóruns empresariais, em geral acompanhada do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, que virou uma espécie de “Carta aos Brasileiros” ambulante. Para quem não se lembra, o documento foi apresentado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de 2002 para tranquilizar o mundo dos negócios quanto à política econômica. O outro é o velho nacional-desenvolvimentismo, intervencionista e estatizante que Dilma defendia quando Palocci ainda era o czar da economia.
Atrapalhou
O registro do programa do PT exumou uma desconfiança que parecia superada desde a viagem de Dilma aos Estados Unidos. Diga-se de passagem, a petista faturou as duras críticas à atual política econômica do candidato tucano José Serra, que acusou o governo de cair numa “armadilha” cambial. O que mais deixou o empresariado de pé atrás com o tucano, porém, foram declarações no sentido de que, no seu governo, o Banco Central não teria a mesma autonomia de que goza com Meirelles perante o presidente Lula.
Acordão
Um acordão entre governo e oposição, patrocinado pelo presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), garantiu a aprovação da polêmica PEC 300, que concede aumento salarial para policiais civis, policiais militares e bombeiros militares de todo o país. O piso salarial será unificado e fixado por lei. Votaram a favor todos os 349 deputados presentes.
Pesque-pague
A petista Dilma Rousseff, ciceroneada por seu vice, o deputado Michel Temer, do PMDB-SP, almoça hoje com o prefeito de Bauru (SP), Rodrigo Mendonça (PMDB), e outras lideranças políticas da região. Graças aos investimentos e financiamentos diretos da União aos municípios paulistas, a petista está fazendo uma pescaria seletiva entre os prefeitos de São Paulo. Com discurso municipalista, a investida já preocupa os tucanos, que controlam a administração de São Paulo há 16 anos.
Condor
A ação de indenização por dano moral movida por João Augusto da Rosa, o “agente Irno” da Secretaria de Segurança Pública gaúcha, contra o jornalista Luiz Cláudio Cunha e a editora do livro Operação Condor: o sequestro dos uruguaios, a L&PM Editores, foi julgada improcedente pela juíza Claudia Maria Hard, da 18ª Vara Civil de Porto Alegre. A publicação desnuda o sequestro do casal Universindo Diaz e Lilian Celiberti, que se opunha à ditadura no Uruguai. A ação foi um desdobramento da Operação Condor, a aliança político-militar entre as ditaduras do Cone do Sul (Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai).
Pescoção
O Congresso Nacional teve uma rotina atípica no fim do dia de ontem. É que, após o fim do expediente, os servidores do Senado não foram para casa. E o pescoção não foi por excesso de trabalho. Lotaram as galerias da Câmara para acompanhar a votação que concedeu um reajuste médio para os funcionários do Senado de 25%
Azebudsman
Novamente puxaram as minhas orelhas. Os leitores Arlindo Fernandes, Joaquim São Pedro, Manoel Rodrigues Pereira Neto, Lizoel Costa e Carlos Lopes alertaram para a nota de abertura da coluna de ontem, que atribuiu a autoria do samba Plataforma a Paulinho da Viola. A obra é de João Bosco e Aldir Blanc, lançada pelo primeiro no LP Tiro de misericórdia, em 1977. Já os leitores Franklin Ribeiro e Junior Ribeiro lembram que o governador de Goiás, Alcides Rodrigues, está no segundo mandato e não pode concorrer à reeleição, como foi publicado erroneamente na nota Amigo.
Por dentro - O senador Pedro Simon (PMDB-RS) acaba de lançar o livro O Senado nos trilhos da história, que desce o sarrafo na administração da Casa.
Poder - Presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), a desembargadora Telma Brito assumiu o governo do estado. O governador Jaques Wagner (PT-BA) viajou para a África do Sul, a convite da Fifa e do presidente Lula. No ano passado, a desembargadora Silvia Zarif, ex-presidente do TJ-BA, também exerceu o cargo interinamente.
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