terça-feira, 30 de março de 2010

A luta

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


Em 1974, no Zaire, Muhammad Ali e George Foreman realizaram “a luta do século”. O mais épico confronto da história do boxe foi descrito pelo escritor norte-americano Normal Mailer no livro A luta: o clima dos bastidores, os treinos, o espírito de cada um, as entrevistas, a manha dos treinadores. É uma grande reportagem sobre o mundo do boxe. Ali treinou para apanhar, resistir e assimilar os socos de Foreman, cuja mão era pesadíssima e pretendia bater e bater até conseguir o nocaute. O fim é conhecido: Foreman cansou de tanto socar e foi à lona no oitavo assalto. Ali, que havia perdido o título por se recusar a participar da Guerra do Vietnã, ainda era o melhor.

A estratégia do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), para enfrentar a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), na sucessão do presidente Lula, se parece com a de Ali contra Foreman. Manteve-se no canto do ringue, defendeu-se dos ataques e fugiu à luta franca, aberta, com Dilma. Até agora deu certo. Pesquisa do Datafolha divulgada neste fim de semana mostra que Serra voltou a crescer (passou de 32% em fevereiro para 36%) e a ministra Dilma ficou estagnada (de 28% para 27%). Ciro Gomes (PSB) caiu de 12% para 11% e Marina Silva (PV) continuou com 8%.

Realizada entre 25 e 26 de março, foi a primeira pesquisa depois de Serra admitir a candidatura a presidente da República. Talvez seja a última do período em que Dilma usufruiu do cargo de superministra do governo Lula. Serra revelou musculatura para sobreviver como candidato. Dilma terá de voltar a crescer na planície. O terceiro no ringue, porém, não é o árbitro. É lutador mais robusto: o presidente Lula, com 76% de popularidade. São dois contra um.

Fugaz//

Estrelas que sobem na Esplanada: Igualdade Racial, Elói Ferreira de Araújo; Integração Nacional, João Reis Santana Filho; Meio Ambiente, Izabella Mônica Vieira Teixeira; Minas e Energia, Márcio Zimmermann; Previdência, Carlos Eduardo Gabas; Portos, Ricardo de Pontes Costa; Transportes, Paulo Sérgio Oliveira Passos.

Salto

Líder do governo na Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza (foto), do PT-SP, desdenhou do resultado da pesquisa DataFolha: “Não sei por que os tucanos comemoram. A não ser que esperassem coisa pior”. O tom de despreocupação foi adotado por outros petistas. O líder da bancada do PT, deputado Fernando Ferro (PE), discorda: “É um aviso para quem está de salto alto. Não vai ser uma eleição de lambuja, será difícil”.

Reação

Membros do Ministério Público se mobilizam para o Dia Nacional de Alerta contra a Lei Maluf, na próxima terça-feira, quando realizarão um ato público em Brasília. Liderado pelo presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Antônio Carlos Bigonha, o movimento pretende impedir a aprovação do Projeto de Lei nº 265/2007, a chamada Lei Maluf, que prevê a punição de membros do Ministério Público que agirem por suposta má-fé, com intenção de promoção pessoal ou visando perseguição política.

Palanque

Líderes do DEM, do PMDB, do PPS e do PSDB discutem hoje a convocação de um ato político em Pernambuco para pressionar o senador Jarbas Vasconcelos (foto), do PMDB, a se candidatar a governador do estado. O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), e o deputado tucano Raul Jungmann (PE) cobram una definição do peemedebista, que está na Tailândia, em missão do Senado.

Queda de braço

Nem tudo são flores na reforma ministerial. No Ministério da Agricultura, Reinhold Stephanes tem preferência pelo seu secretário executivo, Gerardo Fonteles, mas setores do PMDB preferem o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Wagner Rossi. Nas Comunicações, Hélio Costa quer seu chefe de gabinete, José Artur Filardi Leite, porém o Planalto pode optar pelo secretário executivo Antônio Bedran. No Banco Central, caso Meirelles saia, Alexandre Tombini é o mais cotado, mas pode ser atropelado pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Na Casa Civil, Erenice Guerra substituirá Dilma Rousseff, entretanto o PAC ficará sob comando de Miriam Belchior.

Arrocho

O Palácio do Planalto acerta os detalhes do corte no Orçamento da União de 2010, que só não vai atingir as obras do PAC. O contingenciamento será de R$ 21,8 bilhões

Implacável/ Citado na nota intitulada Pedagógico, na coluna de 23/3/2010, Frederico Ferreira da Rocha Neto, autor da denúncia de abusos com uso de cartões corporativos no governo Lula, informa que não recebeu ainda qualquer indenização do Banco do Brasil com relação ao processo no qual a instituição foi condenada em primeira instância a lhe pagar os direitos trabalhistas e mais uma indenização de R$ 30 mil. O banco recorreu da sentença “pedagógica” do juiz que condenou a instituição por perseguir o funcionário.

Recuo/ Depois de confirmar o nome do socialista Reginaldo de Castro como seu candidato à eleição indireta no DF, o PSB decidiu fazer uma consulta aos partidos da aliança de esquerda para oficializar a indicação. Líder do PSB na Câmara, o deputado Rodrigo Rollemberg (DF) diz que a intenção é ouvir todos os sete partidos. “Não queremos disputa, e sim o consenso.”

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