Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br
A política do Distrito Federal, em rota de colisão com o Judiciário, está à deriva. O governador interino, Wilson Lima (PR), luta para permanecer no cargo definitivamente. Para isso, precisa ser eleito pela Câmara Legislativa. Ocorre que 26 deputados distritais — entre efetivos e suplentes —, segundo o Ministério Público Federal, estariam envolvidos no escândalo que levou o ex-governador José Roberto Arruda à prisão e à cassação do mandato. Por isso, o fantasma da intervenção ainda ronda o Distrito Federal.
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Essa é uma solução que a maioria do mundo político rejeita, quando nada porque impediria o Congresso Nacional de aprovar emendas constitucionais, como o novo marco de exploração do petróleo da camada pré-sal. O mundo empresarial, cujo dinamismo econômico depende da continuidade dos investimentos do GDF, também não quer nem ouvir falar de intervenção. Como a opinião pública está perplexa e é difusa, a força mais robusta a favor da medida é alta burocracia federal, que sonha com uma “administração técnica”, a cargo de funcionários de carreira blindados em relação aos políticos. Ou seja, com uma cidade sem autonomia, dominada pelo “poder instalado” e alheia ao voto popular, como nos tempos do regime militar.
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O presidente da Câmara Legislativa, Cabo Patrício (PT), ainda não sabe o que fazer. A Câmara foi notificada da decisão do TRE que decretou a perda do mandato do governador por desfiliação partidária, mas Arruda pode recorrer. Os distritais, porém, já deram a partida para a sucessão. Aprovaram, em primeiro turno, a emenda alterando a Lei Orgânica que determina a realização de eleição indireta no caso de vacância dos cargos de governador e vice no último ano de mandato. É o que reza a Constituição. O texto vai à segunda votação, na próxima semana, e será novamente aprovado. O governador interino, Wilson Lima (PR), não tem alternativa a não ser sancionar o projeto e se candidatar ao cargo, se quiser continuar no poder. Hoje, tem apoio da maioria dos distritais.
Iaba
No meio do caminho tem redemoinho. Qualquer cidadão com filiação partidária, domicílio eleitoral em Brasília e idade mínima de 30 anos pode se candidatar a governador. Não precisa ser deputado distrital, mas são eles que escolherão o substituto de Arruda. A deputada Eliana Pedrosa (DEM), ex-secretária de Desenvolvimento Social do governo Arruda, anda falando num nome suprapartidário, que esteja fora da Câmara Legislativa e não seja candidato à reeleição. Como seu partido virou suco, a proposta deve morrer na praia.
Encruzilhada
Enquanto os distritais buscam uma saída política para o GDF, os partidos se digladiam em relação às eleições de outubro. Cristovam Buarque(PDT) continua numa espécie de finge que vai mas não vai. É candidato à reeleição, não quer ser governador. O deputado federal Rodrigo Rollemberg, que tinha pretensões de disputar uma vaga no Senado, começa a se credenciar para ser candidato a governador. Tudo vai depender do desfecho da disputa entre o ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz e o deputado Geraldo Magela nas prévias do PT marcadas para amanhã. Se o PT implodir, os demais partidos da base governista — do PCdoB ao PMDB — tendem a tomar o próprio rumo.
Armário
Como a coluna antecipou, o governador José Serra, do PSDB, completou ontem 68 anos e confirmou a candidatura à Presidência da República. Esperou o inferno astral passar para sair do armário. Aproveitou o Dia de São José para confirmar que deixará o Palácio dos Bandeirantes e lançará a candidatura em 10 de abril, em Brasília. Serra faz uma maratona de inaugurações. Está mais careca por causa de atrasos nas obras, principalmente do Rodoanel, da linha 4 do Metrô e da Marginal Tietê. Consequência das enchentes.
Palanque
Quem anda muito arisco é o ex-governador Joaquim Roriz, do PSC, que arma sua estratégia para concorrer às eleições. Sem tempo de televisão, busca aproximação com o PSDB e o PTB, o que resolveria o problema. Promete para isso armar o palanque do candidato tucano José Serra em Brasília. Os intermediários na negociação são a ex-governadora Maria Abadia (PSDB) e o presidente do PTB, Roberto Jefferson.
Sem-bolsa
O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome cancelou ontem 86.963 benefícios do Programa Bolsa Família por problemas de falta de preenchimento de informações no Cadastro Único. Desde janeiro deste ano, foram suspensos os benefícios de 820,3 mil famílias
Sarrafo
O presidente da Vale, Roger Agnelli, ontem, em Minas, deu um chega pra lá no ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que pretende aumentar a cobrança de royalties de minérios: “Quem paga os royalties da mineração? Não achem vocês que vai ser a Vale que vai pagar, quem vai pagar é o consumidor”.
Caroço/O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) mantém a confiança no acordo feito com o presidente do diretório regional do PT, Edinho Silva, de que o nome do candidato do partido só será definido após conversas com todos os pré-candidatos petistas em São Paulo. Suplicy ainda não foi convocado. Mercadante, que continua de licença médica, adiou a conversa com Suplicy que havia marcado para a próxima segunda-feira. Sine die.
Poder/ O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), anunciou ontem, em encontro com dezenas de prefeitos e de outros políticos capixabas, que está pensando em permanecer no cargo até o fim do mandato. O vice Ricardo Ferraço é seu candidato à sucessão. O prefeito de Vitória, João Coser, comentando essa possível decisão, manifestou disposição de se candidatar ao Senado. Nesse caso, assumiria a prefeitura o vice Tião Barbosa, indicado por Hartung.
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