quarta-feira, 24 de março de 2010

Fogo amigo

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou de joelhos o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), ao pôr a participação especial do Rio de Janeiro (e demais estados produtores) nos royalties de petróleo na moagem do novo marco regulatório da camada pré-sal. Agora Lula diz que não tem nada a ver com isso, pois pretendia deixar essa discussão para depois das eleições. Cabral conta com o veto do presidente Lula à emenda Ibsen Pinheiro(PMDB-RS)-Humberto Souto (PPS-MG), que distribui igualmente os royalties entre todos os estados e municípios, para evitar um colapso econômico e administrativo em seu estado e o próprio desastre eleitoral. Lula negaceia o veto.

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A posição de Lula alimenta o fogo amigo contra Cabral. O bombardeio vem da Bahia, que abriga um grande polo petroquímico, explora petróleo e começa a concorrer com a indústria naval do Rio de Janeiro. Amigo do presidente da República, com quem viajou para o Oriente Médio, o governador Jaques Wagner (PT) juntou-se aos governadores de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e do Ceará (PSB), Cid Gomes, para contestar a participação especial do Rio de Janeiro, do Espírito Santo e de São Paulo na distribuição dos recursos do pré-sal. O petista defende a tese de que os royalties devem ser distribuídos de acordo com a população e a riqueza ou a pobreza de cada estado, medidas pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

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Wagner diz que São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo querem ficar com a maior parte dessa riqueza. “Eu não vejo o porquê, já que o petróleo foi descoberto por uma empresa que pertence a todos os brasileiros”, argumenta. Segundo ele, o petróleo está afastado da costa e, portanto, não implica em nenhum prejuízo ambiental. “Minha posição é essa desde o começo: uma distribuição que seja justa para todo o povo brasileiro e não apenas para três estados. Agora tem essa discussão sendo feita no Senado e eu espero que o bom senso prevaleça de tal forma que a gente possa ter essa riqueza fazendo bem para todos os brasileiros”, dispara.

Barraco


O senador Arthur Virgílio, do PSDB-AM, voltou-se ontem contra o líder do governo no Senado, Romero Jucá (foto), do PMDB-RR, após o pedido de anulação da ata da reunião da CPI das ONGs que convocava o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e o promotor do caso Bancoop, José Carlos Blat. “Ele deveria entregar o cargo e se solidarizar com a Casa que representa. Ser líder não significa aceitar ordens estúpidas”, irritou-se o tucano.

Chave

O Ministério do Trabalho e Emprego mudou as regras para a cobrança de tarifa na compra da casa própria com recursos do FGTS. Os agentes financeiros só poderão cobrar pelos serviços oferecidos ao cliente o teto de 0,16% para imóveis até R$ 130 mil. Antes, o cotista do FGTS chegava a desembolsar R$ 3 mil

A conta

Ontem, o presidente Lula colocou em xeque a estratégia eleitoral do governador Sérgio Cabral(PMDB) para a reeleição ao pressioná-lo a entregar uma das vagas de candidato ao Senado a Marcelo Crivella (PRB). O senador é aliado do presidente Lula, disputou e perdeu as eleições para a prefeitura do Rio de Janeiro. A outra vaga seria do PT, a ser ocupada pelo prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, ou a ex-governadora Benedita da Silva. Cabral não pode atender o pedido de Lula sem cortar uma das pernas. A vaga está prometida ao presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani (PMDB), peso pesado da política fluminense.

Negociação

A bancada fluminense no Congresso estuda apresentar uma proposta em que os estados produtores ficariam com 11% da partilha dos royalties do pré-sal (em vez dos 22% previstos no relatório derrotado do deputado Henrique Eduardo Alves, do PMDB-RN) e os municípios com 9%. O governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) ouviu a proposta, mas ainda não a encampou, apesar de ter baixado o tom contra os outros estados. A mudança de atitude facilitou o entendimento com o Planalto, segundo o deputado Brizola Neto (PDT-RJ).

Bingo

O lobby dos donos de bingo pode sofrer um revés na próxima terça-feira, quando uma audiência pública debaterá o tema, que está na pauta de votações da Câmara. Os deputados querem ouvir os órgãos de controle e fiscalização, que já mandaram recado de que não têm como fiscalizar com eficiência o rio de dinheiro que deve correr com a liberação da atividade. Deputados contrários dizem que o projeto é uma porta aberta para a lavagem de dinheiro.

Estrela Depois de quase oito anos de governo do presidente Lula, a estrela do PT brilha mais forte na memória do eleitorado. O número de entrevistados que se declaram eleitores do PT nas pesquisas gira em torno de 30% hoje, acima da média histórica de 25% verificada desde a primeira disputa presidencial de Lula. Esse índice chegou a esbarrar nos 17% em 2005, quando estourou o escândalo do mensalão.

Fundo A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado deve votar, nesta quarta-feira (24), projeto de lei de autoria do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) que amplia as competências do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (CODEFAT). A oposição está com a pulga atrás da orelha.

Arapongagem/ O senador Eduardo Azeredo(PSDB-MG) foi eleito para a presidência da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI). O organismo foi criado para fiscalizar as ações do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), comandado pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e formado por 12 entidades, entre elas a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).

Apoio

O ex-governador Joaquim Roriz reuniu-se ontem com a cúpula de seu partido, o PSC, para discutir o apoio ao candidato tucano José Serra. Comunicou a conversa ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com quem esteve na segunda-feira. Roriz quer agendar um encontro com Serra para discutir a aliança.

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