Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, desancou o relatório do Desenvolvimento Humano 2011 divulgado recentemente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), no qual o Brasil, com a sexta economia do mundo, foi classificado na 84ª posição entre 187 países avaliados. A desigualdade social e a de gênero amarram o IDH brasileiro no patamar de 0,718 ponto, 0,003 ponto superior ao de 2010.
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Pochman fulminou o relatório por "ausência de informações", "pouca transparência", "falta de clareza" e "escolha aleatória de indicadores". E anunciou que o Brasil fará o seu próprio IDH. Indicadores da ONU têm grande credibilidade e são levados em conta por instituições como Organização Mundial da Saúde, Banco Mundial e Unesco, mas esse IDH contrariou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que encomendou o estudo do Ipea sobre o assunto.
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O país com mais alto IDH em 2011 é a Noruega, que alcançou a marca de 0,943, seguido por Noruega, Austrália, Holanda, Estados Unidos e Nova Zelândia. A República Democrática do Congo, com índice 0,286, é o lanterninha, abaixo de Chade, Moçambique, Burundi e Níger.
Cucarachas
O Brasil obteve um índice superior aos de Colômbia (0,710), Suriname (0,680), Paraguai (0,665), Bolívia (0,663) e Guiana (0,633), mas ficou abaixo do de Chile (0,805), Argentina (0,797) — ambos na categoria de IDH muito elevado —, Uruguai (0,783), Venezuela (0,735), Peru (0,725) e Equador (0,720). Nenhum dos países citados reclamou do resultado, mas o ex-presidente Lula subiu nas tamancas. A oposição havia aproveitado o IDH do Brasil para criticar seu governo.
Critérios
O IDH leva em conta três dimensões: a possibilidade de usufruir de uma vida longa e saudável, o acesso ao conhecimento e um padrão de vida digno. O IDH brasileiro despenca para 0,519 (desvalorização de 27,7%) quando são consideradas a saúde, a educação e a renda. Lula tem razão ao afirmar que o brasileiro pobre melhorou de renda com a elevação do salário mínimo e o Bolsa Família, mas não pode tapar o sol com a peneira quanto à saúde e à educação, que deixam muito a desejar. Simples assim.
Juntos
Velhos amigos, o governador Cid Gomes (PSB) e o ex-governador Tasso Jereissati (PSDB) voltaram às boas. Tasso estava rompido com Cid desde as últimas eleições, quando o atual governador abandonou uma aliança branca com o PSDB em favor dos adversários do tucano na disputa pelo Senado.
Do outro lado
Cada vez mais ativo na articulação das alianças em torno da candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, o ex-deputado José Dirceu (foto) dá como favas contadas a aproximação do PSB com o prefeito Gilberto Kassab (PSD). Dirceu acredita que o candidato tucano será o ex-governador José Serra, com apoio do PSD e do PSB. Argumenta que o deputado federal Jonas Donizete (PSB-SP) foi líder do governo Serra na Assembleia Legislativa e o deputado federal, ex-líder do PSB na Câmara, Márcio França é secretário no governo de Geraldo Alckmin.
Deficientes
A presidente Dilma Rousseff lança na próxima quinta-feira um programa voltado para portadores de deficiência física e intelectual. A iniciativa tem como novidade a inclusão de benefícios para deficientes físicos em programas como o Minha Casa Minha Vida. Até 2014, o governo deve gastar com o programa R$ 7,6 bilhões
Sucessão
O líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (foto), de SP, costura nos bastidores um acordo para a sua sucessão no posto a partir do ano que vem. Na avaliação de Teixeira, a ideia é evitar novas disputas na bancada. O acordo costurado na bancada petista da Câmara deve se encaminhar para um rodízio na liderança nos próximos dois anos. O deputado José Guimarães (PT-CE) deve ser o líder em 2012 e o deputado Jilmar Tatto (PT-SP) assume o posto em 2013.
Relógio//
O governo está perdendo a corrida para aprovação da Desvinculação de Receitas da União (DRU). Na sexta-feira, não conseguiu contar o prazo do interstício de cinco sessões para a segunda votação da emenda constitucional na Câmara. Apenas 25 deputados apareceram. Amanhã, não haverá sequer sessão na Câmara.
Alívio/ O diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello Coimbra, respira aliviado depois de passar um período na frigideira por causa das investigações no Ministério do Turismo que pegaram de surpresa o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso. A atuação da PF na ação que prendeu chefes do tráfico e policiais no Rio de Janeiro foi acompanhada de perto pelo ministro.
Boquirroto/ Na avaliação de deputados governistas, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, não terá mais nenhum apoio político na Câmara. E pode cair do cargo se continuar dando declarações estapafúrdias.
Controle/ O governo quer diminuir o poder de fogo da oposição da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. Os oposicionistas têm aproveitado os cochilos da bancada governista para aprovar requerimentos convocando ministros envolvidos em escândalos de corrupção para dar explicações.
Publicado em 13 de novembro de 2011, domingo, na coluna Brasília/DF do Correio Braziliense
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