sábado, 21 de agosto de 2010

O projeto Dilma

Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Embora não tenha sido ainda explicitado claramente - o que deve ser feito no programa eleitoral sobre infraestrutura -, o projeto de governo da petista Dilma Rousseff tem um eixo básico: energia, energia e energia. A segunda prioridade é a educação pública. A terceira, a reforma da Constituição. O resto é o feijão com arroz do governo Lula.

Ex-ministra de Minas e Energia - posição que a levou à condição de gerente do segundo mandato do presidente Lula e sua escolhida para sucedê-lo -, Dilma acredita que o Brasil somente alcançará o desenvolvimento sustentado com a construção de 16 hidrelétricas na Amazônia, seis usinas nucleares e a exploração da energia eólica no Nordeste. Segundo ela, enquanto não sobrar energia os problemas de infraestrutura não serão resolvidos.

Com energia abundante, a logística de transporte poderá passar por uma revolução, com a conclusão das ferrovias Norte-Sul e a Transnordestiona; das hidrovias do Tietê-Paraná e do Tocantins, com todas as eclusas previstas; da transposição do Rio São Francisco; das saídas rodoviárias para o Pacífico, em parceria com os países vizinhos; e da navegação de cabotagem. Com isso, a produção de grãos e de minério, principalmente, poderá ser escoada para o exterior, bem como a circulação das demais mercadorias, com margem de lucro maior, pelo país e pela América Latina.

Geisel

As ideias de Dilma Rousseff não são muito distantes do capitalismo de Estado defendido pelo ex-presidente Ernesto Geisel, cujo sonho de Brasil potência fracassou na crise do petróleo da década de 1970. O 2º Plano Nacional de Desenvolvimento, sob a égide do regime militar, porém, foi o último grande esforço de planejamento de longo prazo realizado no país. Seu maior êxito foi o investimento da Petrobras na exploração de petróleo em alto mar, cujo fruto é a recente descoberta de óleo leve na camada pré-sal.

Petrobras

A propósito da Petrobras, seu plano de capitalização para exploração do pré-sal virou um angu de caroço. O governo não se entende quanto ao valor das jazidas, apesar de a capitalização da estatal ter sido mantida para setembro. Surgiu entre os petistas, alimentada pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, uma teoria conspiratória contra a Petrobras, que seria a causa da queda das ações da empresa.

Fora

Na verdade, o mercado reage ao fato de a Petrobras querer fazer o maior programa decapitalização do mundo com a transferência das reservas de barris de petróleo do governo para a empresa, enquanto os acionistas minoritários terão que entrar com dinheiro vivo para manter a participação acionária. O megainvestidor George Soros caiu fora e vendeu suas ações, liderando a baixa nas bolsas. O plano é capitalizar a empresa com uma operação de R$ 150 bilhões

Vale

Um tema inconcluso deve ser retomado por Dilma Rousseff, se ela ganhar as eleições: o novo marco regulatório dos minérios. A produção para exportação com pouco valor agregado é um dos focos da mudança. O outro é a produção de fertilizantes. Nos dois setores, a joia da coroa é a Vale, administrada pelo Bradesco, mas com grande participação acionária dos fundos de pensão e do BNDES. Os petistas têm um nome na ponta da língua para presidir a empresa no lugar de Roger Agnelli: o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, que hoje é o homem do mercado no comando da campanha de Dilma.

Bastião

O presidente Lula comandará a panfletagem de Dilma Rousseff na porta da Mercedes Benz ao alvorecer de segunda-feira. Será a estreia da presidenciável no corpo a corpo com os peões do ABC, repetindo imagens que são utilizadas nas campanhas petistas na tevê desde quando Lula disputou e perdeu a eleição para o Palácio dos Bandeirantes, em 1982.

Otimista

Presidente do PPS, Roberto Freire não quer saber de discussão sobre os rumos da campanha do tucano José Serra (PSDB), muito criticada pelos aliados. Candidato a deputado federal em São Paulo, Freire argumenta que é hora de pedir voto para o candidato a presidente da República do PSDB e de combater o derrotismo de quem acha que já perdeu a eleição para Dilma. "Eleição não se ganha de véspera, só no dia da votação."

Promovido / O delegado federal Ricardo Saadi é o novo diretor do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça. Para quem não sabe, substituiu seu colega Protógenes Queiroz na condução da Operação Satiagraha. Protógenes foi afastado depois de ter usado agentes da Abin na investigação.

Tertúlia / Essa é para quem quer dar um tempo na campanha eleitoral: debate literário hoje, às 16h, na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi de Brasília (Lago Norte), sobre Shakespeare e o Amor , com base nas obras Muito barulho por nada, Como gostais e Noite de reis, com os cientistas políticos Caetano Pereira de Araújo e André Eduardo Fernandes, mediado por Cleide de Oliveira Lemos.

Azebudsman / O deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO) é candidato à reeleição, e não ao Senado, como publiquei na coluna intitulada Há vagas, de quinta-feira passada.

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