O debate de logo mais na TV Globo será uma espécie de mata-mata, não por causa do que já aconteceu nos debates anteriores, mas por causa da matéria da Veja desta semana, cuja circulação foi antecipada para hoje. A revista publica declaração do doleiro do doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava-Jato, cuja delação premiada está ainda em fase de depoimentos.
Yousseff:
— O Planalto sabia de tudo!
— Mas quem no Planalto? — perguntou o delegado.
— Lula e Dilma — respondeu o doleiro.
O PT partiu com tudo pra cima da publicação, quer que a Justiça Eleitoral mande recolher a revista, o que poderia ser um atentado à liberdade de imprensa. Por outro lado, a Veja não apresenta comprovação do depoimento, faz um denúncia gravíssima sem apresentar provas. Ou seja, sustenta-se na sua própria credibilidade. A oposição não quer deixar barato a denúncia.
A presidente Dilma e o
ex-presidente Lula, que lideram a arrancada do PT para se manter no poder,
acusam todos os órgãos de imprensa que denunciam o escândalo, mas principalmente a Veja, de tramarem um golpe contra a reeleição da presidente da República.
Strike
Segundo informações dos bastidores da Polícia Federal, cerca de 50 políticos e autoridades estariam envolvidos na
Petrobras para financiar suas campanhas eleitorais. Youssef teria comprovado seu papel de caixa do esquema, visitas
aos gabinetes no Executivo e no Legislativo, operações de lavagem e até as contas em paraísos fiscais. Mais de 10 000 notas fiscais atestariam as operações.
Sob sigilo de Justiça, a Operação Lava-Jato ameaça arrastar líderes e dirigentes do PT, do PMDB e do PP, partidos supostamente mais envolvidos nos desvios de recursos da Petrobras, para o epicentro de uma crise política no Congresso e no governo. A delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da empresa Paulo Roberto da Costa é bem fundamentada, pois já foi aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A presidente Dilma Rousseff diz que o governo está apurando o escândalo, mas mandou sua base emparedar a CPI Mista que investiga as irregularidades na Petrobras. Varreu para debaixo do tapete o envolvimento dos aliados, pelo menos até agora. Vamos ver o que vai acontecer depois da eleição.
Uma coisa, porém, é certa: novas apreensões de documentos, diligências e prisões deverão ocorrer. Os políticos com mandato envolvidos têm certa proteção, porque dependem do STF, mas os que não tem, como o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e os que ficarão sem mandato a partir de 31 de dezembro, passarão por maus momentos.
Os executivos envolvidos escândalos já estão recebendo orientação dos advogados para requerer o regime de delação premiada. Esse ambiente contamina a reta final da campanha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário