sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Só resta rezar
Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
Flechado como São Sebastião, que deu nome à cidade, o Rio de Janeiro amarga sua maior derrota política no Senado desde a transferência da capital do país para Brasília. Com apoio do Palácio do Planalto, a maioria dos senadores quer mudar o regime de partilha dos royalties de petróleo não só da camada pré-sal, como também das áreas já concedidas.
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Para completar o arresto, o relator do substitutivo da nova partilha do pré-sal, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), chegou a propor a mudança das fronteiras marítimas dos estados confrontantes para beneficiar Paraná e Santa Catarina, respectivos estados das ministras da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.. Senadoras licenciadas, ambas defendiam essa proposta na Casa, mas não endossaram a mudança sugerida pelo relator, que suprimiu esses artigos diante da revolta das bancadas de Rio e do Espírito Santo, que perderiam grandes áreas do pré-sal.
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O governador do Rio, Sérgio Cabral, não teve a solidariedade da maioria da bancada do PMDB, seu partido. Contou, porém, com o apoio de lideranças da oposição, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que chegou a ser chamado de quarto senador fluminense durante aparte de um dos colegas do Senado. A derrota anunciada de Cabral ficou clara durante a votação de requerimento do senador Francisco Dornelles (PP-RJ) para inverter a pauta: 45 a 20 a favor da preferência pelo substitutivo de Vital do Rêgo.
Chame o Lula
Vai longe o tempo em que a elite política do Rio de Janeiro dava as cartas no Senado. A vetusta Casa, como a chamava Machado de Assis, hoje é comandada por políticos do Norte e do Nordeste, liderados pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP); e os líderes do governo, Romero Jucá (PMDB-RR); do PMDB, Renan Calheiros (AL); e do PT, Humberto Costa (PT-PE). O governador Sérgio Cabral teve uma breve e discreta passagem pela Casa e apostou todas as fichas no bom relacionamento com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para evitar a perda de parcela significativa dos royalties do petróleo.
Barriga
Em reunião com as bancadas do Rio de Janeiro e do Espírito Santo ontem, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), garantiu aos colegas que não haverá atropelo na votação do relatório do senador Vital do Rêgo na Casa. As duas bancadas decidiram obstruir todas as matérias da Câmara, inclusive a DRU (proposta de Desvinculação das Receitas da União), caso o novo regime de partilha dos royalties entre na pauta de votação sem um prévio acordo.
Apostas//
O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles liderava ontem a bolsa de apostas na Câmara para a eventual substituição do ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), desgastado devido às denúncias envolvendo a pasta. Meirelles recentemente se filiou ao PSD, partido que hoje conta com 55 deputados e dois senadores.
Repaginado
O deputado Tiririca, do PR-SP, apareceu ontem na Câmara de cabeça raspada. O novo visual fez colegas, jornalistas e até fãs do artista passarem batidos por ele na Casa. Um parlamentar brincou que agora sai o palhaço Tiririca e fica o deputado Francisco Everardo da Silva.
Prejuízo
A bancada dos estados produtores de petróleo rebate os números de Vital do Rêgo. O relator aponta que a redistribuição não implicará em prejuízo para os confrontantes no ano que vem. Segundo o deputado Alessandro Molon (PT-RJ), dados da Petrobras mostram que o projeto em tramitação pode gerar perdas de até R$ 89 bilhões
Verdade
O projeto da Comissão da Verdade foi aprovado por unanimidade na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado. Relator do projeto, o senador tucano Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) manteve a proposta de formação de um colegiado de notáveis ligado à defesa dos direitos humanos e apartidário, sem qualquer caráter punitivo, para investigar, entre outras ocorrências, os casos dos "desaparecidos" do regime militar.
Greve/ Os deputados anteciparam para ontem o retorno a seus respectivos estados. Devido à ameaça de greve dos aeroviários nos aeroportos de São Paulo e Brasília, o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), avisou aos partidos que hoje não haveria sessão para evitar que os parlamentares ficassem sem ter como voltar para casa.
Copa/ O impasse sobre o projeto de redistribuição dos royalties do petróleo respingou até na discussão sobre o projeto da Lei Geral da Copa. Ontem, a bancada carioca se retirou da sessão e esvaziou a discussão.
Mídia/ O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), recebeu uma saraivada de queixas de deputados contrários ao cancelamento do contrato de clipping da Casa. O serviço, que fornece diariamente um resumo das notícias veiculadas pela imprensa, faz parte do dia a dia dos deputados.
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