Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
O discurso do ex-governador de Minas Aécio Neves (PSDB-MG), ontem, no Senado, frustrou setores da oposição que esperavam um pronunciamento mais sectário contra o governo Dilma Rousseff, na mesma linha dos ataques feitos pelo ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), que, por sinal, assistiu ao pronunciamento no Senado. Aécio foi muito aplaudido pelos presentes, que lotaram o plenário.
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Aécio frustrou-os porque lançou uma espécie de “oposição positiva”, ao estilo do que fez o ex-ministro San Tiago Dantas (PTB) durante o governo Jango, com a “Frente Progressista”. O criador da chamada política externa independente acreditava no sucesso do que chamou de “esquerda positiva”, capaz de promover reformas por meio de uma política de conciliação.
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Foi mais ou menos o que o tucano mineiro fez ontem no Congresso. Foi firme na defesa do legado de governos anteriores ao do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — de José Sarney, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso —, aos quais o PT se opôs. E duro nas críticas ao governo Lula quanto ao desequilíbrio fiscal, à volta da inflação e à desindustrialização. Mas foi propositivo e equilibrado. Poupou a presidente Dilma Rousseff de ataques, exceto ao dizer que seu governo é continuidade do anterior.
Apartes
O líder do PT, Humberto Costa, de Pernambuco, e os petistas Gleisi Hoffmann (PR) e Lindberg Faria (RJ) foram os mais contundentes nos apartes a Aécio Neves. Rebateram as críticas ao governo Lula e reiteraram os ataques ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Vossa Excelência, numa figura de retórica que eu reputo como bonita, disse que, sempre que o PT foi chamado a escolher entre o Brasil e o PT, o PT ficou com o PT. Acho que essa frase seria mais bem construída se nós fizéssemos o debate não entre o Brasil e o PT, mas sobre que Brasil é o Brasil do PT e que Brasil é o Brasil do PSDB”, disse Costa.
Nuclear
A bancada do PV na Câmara se reúne hoje, em Brasília, com o embaixador da Alemanha, Wilfried Grolig, para solicitar ao governo alemão que suspenda o repasse de recursos financeiros ao Brasil para obras na usina nuclear de Angra 3. São R$ 3 bilhões
Na cabeça
Está tudo certo para a senadora Kátia Abreu (foto), de Tocantins, assumir o comando do novo PSD, partido que está sendo criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CDNA), a senadora é candidata ao governo do estado. A razão da escolha é o fato de Kassab ter que se dedicar mais à própria sucessão em São Paulo do que ao comando da legenda em Brasília.
Usina
A construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte será debatida hoje, em Belém (PA), pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara, na sede da Assembleia Legislativa. Participam da audiência pública representantes de povos indígenas e das comunidades que serão atingidas pelo projeto. A iniciativa é do deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA). “Essa será a maior audiência pública até então realizada para debater Belo Monte. A reunião é importante porque precisamos discutir a situação das famílias que vivem na região e que não podem ser prejudicadas”, garante.
Laranjas
A Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), por proposta do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), realizará audiência pública para discutir denúncias de que concessões de emissoras de radiodifusão são concedidas a “laranjas”. Nunes relatou que não se sente em condições de relatar projetos de decreto legislativo autorizando o funcionamento de emissoras de radiodifusão por causa da bagunça no setor. E devolveu à comissão 20 projetos de renovação e autorização de funcionamento de emissoras de TV, rádios FM, de Ondas Médias e comunitárias.
Travessia / A bancada do PSDB decidiu apoiar o relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que atualiza o Código Florestal. Rebelo participou da reunião para debater os principais pontos do relatório e fez a cabeça dos tucanos. Em contrapartida, o PT resolveu apresentar uma proposta alternativa ao relator, a pedido da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
Rocha / O PMDB continua as pressões para emplacar Sérgio Damaso no cargo de diretor-geral do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM). Mesmo assim, o petista baiano Miguel Nery continua no cargo.
VLT / Corre na 7ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal a ação da obra mais importante de Brasília, a construção do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT).
Balcão//
A presidente Dilma Rousseff pretende transformar sua visita à China num novo patamar das relações entre os dois países, que hoje considera um mero “balcão de negócios”. Apesar de a China ser o nosso maior parceiro comercial, o Brasil só exporta commodities e compra produtos industrializados, sem maiores parcerias entre as duas sociedades.
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