Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
Superou as expectativas do governo — e muito — a bancada formada pelo prefeito de São Paulo Gilberto Kassab no Congresso. Com 32 deputados e dois senadores, além de um governador e cinco vice-governadores, o movimento para a criação do novo PDS ganhou fôlego semelhante ao de outras dissidências importantes, como as que levaram à formação do antigo PFL (DEM) e do PSDB nos anos 1980.
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O governo acreditava que Kassab conquistaria no máximo 25 deputados, enquanto a oposição tentou contê-lo em torno de 15. Depois de muito disse me disse, chantagens e dissimulações de alguns participantes da baldeação, o prefeito de São Paulo provou que tinha mais bala na agulha do que imaginavam o governo e a oposição. Também são estrelas do novo partido o governador do Amazonas, Omar Aziz, que deixa o nanico PMN, e a senadora Kátia Abreu (TO), que rompeu com o DEM.
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Nos bastidores, houve estímulo de líderes governistas interessados em enfraquecer ainda mais a oposição no Congresso, mas não a ponto de que o novo partido surgisse com bancada tão forte. Foi intensa também a articulação do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que vê com bons olhos o surgimento de uma legenda aliada e a possibilidade futura de uma eventual fusão do velho PSB com o novo PSD, o que lhe daria mais projeção nacional. Kassab diz que o novo PSD é uma sigla independente, mas sua bancada vai integrar a base do governo.
Derrota
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (foto), foi o grande perdedor com a formação do novo PSD. Seus colegas tucanos de outros estados podem acomodar a situação local com mais facilidade. Kassab é candidato ao Palácio dos Bandeirantes em 2014.
Anistia
O Senado do Uruguai aprovou a anulação da Lei de Anistia do país. Policiais acusados de crimes na ditadura militar, entre 1973 e 1985, poderão ser julgados se o texto for endossado pela Câmara e, em seguida, sancionado pelo presidente uruguaio, o ex-tupamaro José Pepe Mujica. A votação foi apertada entre os senadores: 16 a15.
Prejuízo
O Presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), corre atrás do prejuízo para reconstruir a própria imagem. Vai tirar da gaveta o Projeto de Lei nº 6826, que pune as empresas corruptoras, atendendo apelo do deputado Carlos Zarattini, do PT-SP. Apresentada pelo governo Lula em fevereiro de 2010, logo depois da Operação Castelo de Areia, a proposta foi tratada na Câmara como corda em casa de enforcado.
Pontaria
A presidente Dilma Rousseff não quer gastar energia — leia-se liberação de emendas parlamentares e mais concessões na ocupação de cargos — para aprovar a reforma tributária. Pretende gastar a munição com quatro tiros apenas, três de curta distância e um de longo alcance. A correção da tabela do Simples, a desoneração da folha de pagamentos e a redução de impostos para compra de equipamentos são os alvos mais fáceis. Difícil mesmo é a mudança do critério de cobrança do ICMS, que deixaria de ser arrecadado no estado de origem para ser cobrado no destino.
Feirinha
O presidente da Embrapa, Pedro Arraes, foi parar na frigideira. Centro de excelência em pesquisa, a empresa virou uma espécie de feirinha da Pavuna, aquela do samba da Jovelina no qual a cebola briga com o pimentão e o jiló é quem tem que apartar. Com representantes de ruralistas e dos sindicatos em pé de guerra na instituição, a presidente Dilma resolveu acabar com a autonomia da atual diretoria, cujo mandato vai até 2014.
Martelo
Marcado para 29 de julho, o leilão de implantação do trem-bala está confirmadíssimo, apesar dos protestos da oposição. O projeto custará no mínimo R$ 33 bilhões
Seminário / O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), abrirá o Seminário Internacional Direito e Administração Pública organizado pelo IDP, sob coordenação pedagógica do ministro do STF Gilmar Mendes, nos próximos dias 27 e 28, em Brasília. Outra estrela do evento é o presidente do TCU, Benjamin Zymler.
Agência / A Comissão de Infraestrutura do Senado examina hoje mensagem da Presidência da República reconduzindo Cláudio Passos Simão ao cargo de diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Campanha // O presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, intensificará a campanha da entidade a favor da reforma política. “A eleição no Brasil virou uma indústria — onde muita gente se apropria de dinheiro, tanto do dinheiro legal como do ilegal”, critica. A OAB defende o financiamento público de campanha como fórmula de combate à corrupção eleitoral.
Publicado em 14 de abril de 2011 na coluna Brasília/DF do Correio Braziliense
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