quarta-feira, 23 de março de 2011

Roleta paulista

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Quem quiser que se iluda. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que acaba de deixar o DEM e refundar o PSD, ainda não tem um projeto nacional, na verdade joga todas as suas cartas na sua própria sucessão em São Paulo. E o faz numa situação adversa, apesar de estimulado discretamente pelo governo.


Com popularidade em baixa e relações estremecidas com seu principal aliado político na última década — o anterior foi o ex-prefeito Paulo Maluf (PP-SP) —, Kassab pôs na rua a própria sucessão ao anunciar que seu candidato será o atual vice-governador Guilherme Afif Domingos. Aposta na mesma estratégia que levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a eleger Dilma Rousseff: antecipar a campanha eleitoral.

Ao fazer isso, porém, esvaziou o lançamento do partido em São Paulo. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), serrista de carteirinha, pleiteia a candidatura ao cargo. No PT, o presidente Lula articula a candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad. O apoio do PMDB ao candidato de Kassab é possível, mas aí já são outros quinhentos.

Reforma//
A Comissão de Reforma Política do Senado jogou para amanhã a análise das mudanças no sistema de votação da legislação eleitoral. Os senadores terão que definir entre o distrital, que teve a adesão de quatro senadores, o voto proporcional com lista fechada, que teve cinco votos, e o distrital misto com lista fechada, com quatro votos.

Conta outra

Apesar das explicações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, sobre as medidas adotadas para combater a inflação e evitar a excessiva valorização do real, o mercado continua apreensivo. Nove entre 10 economistas avaliam que a presidente Dilma Rousseff está predisposta a mexer na política cambial, mas ainda não sabe como. Sem isso, o discurso de combater a inflação com mais crescimento é conversa para boi dormir.

Escolha

O PT nunca esteve numa posição tão confortável para escolher um candidato a prefeito de São Paulo. Além de Fernando Haddad, a aposta de Lula, a legenda ainda conta com os nomes dos ministros de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que se quiser tem direito à vaga, e da Justiça, José Eduardo Cardozo (foto), que tem a simpatia da presidente Dilma Rousseff. Sem falar na senadora Marta Suplicy, ex-prefeita da cidade.

Prato frio

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), esperou a hora certa para dar o troco no petista Tião Viana, hoje governador do Acre, por ter vazado documentos que provocaram a crise na Casa em sua gestão anterior. Nunca um governador de um pequeno estado dependeu tanto da boa vontade de um presidente da Casa. Como se sabe, em 2009, Viana disputou o comando do Senado com Sarney e perdeu.

Briga

O próximo embate entre governo e oposição na Câmara já tem dia e horário marcado. Na próxima quarta-feira, o Planalto tentará votar a aprovação de uma medida provisória que reverá o contrato de compra da energia excedente da usina de Itaipu que pertence ao Paraguai. A oposição promete obstruir a votação a qualquer custo. Ontem, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, esteve na Câmara para, entre outras coisas, justificar que rejeitar o projeto pode criar uma crise diplomática com o vizinho Paraguai.

Ardendo

Com as orelhas ardendo, por causa da reprimenda que levou da presidente Dilma Rousseff, o ministro das Relações Institucionais , deputado Luiz Sérgio, do PT-RJ, perdeu ainda mais prestígio com seus colegas do Congresso. Sua “resolutividade” no encaminhamento das demandas dos parlamentares já era considerada baixa.

Entrevista

A delegação dos EUA viu com estranheza o fato de o governo brasileiro não ceder espaço para entrevista a jornalistas após pronunciamento dos presidentes Barack Obama e Dilma Rousseff no último sábado no Palácio do Planalto. Entre os temas, Obama queria comentar sobre os ataques à Líbia. O governo brasileiro justificou que nem o presidente do Timor Leste, Xanana Gusmão, concedeu entrevista quando esteve no Brasil. Obama então optou por falar apenas com os 13 jornalistas americanos que o acompanhavam durante a viagem.

Implacável

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) tem sido implacável ao rebater as críticas do também paranaense e líder do PSDB no Senado, senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Hoffmann, que é mulher do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, não tem poupado esforços de seus assessores para levantar dados que contrapõem Dias. A última delas foi na semana passada, quando Dias questionou o atraso de repasse de verbas para atender os municípios atingidos por enchentes. Determinou aos assessores: “Faça um levantamento para saber se nos tempos de Fernando Henrique Cardoso também havia atrasos”.

Ex-amigos/ Embora a França tenha liderado as ações militares na Líbia, nem sempre os chefes de Estado dos dois países foram inimigos. Muito pelo contrário. Em dezembro de 2007, o líder líbio Muammar Gaddafi aceitou o convite de Nicolas Sarkozy para visitar a França, onde ambos assinaram gordos contratos.

Prêmio/ A Africare, a mais antiga ONG dos Estados Unidos com atuação exclusiva para ações sociais e comunitárias na África, anunciou esta semana que escolheu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Roger Agnelli, presidente da Vale, para serem homenageados pela entidade este ano.

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