Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
A política de câmbio flutuante está em xeque. Será um dos assuntos tratados pela presidente da República, Dilma Rousseff , na reunião ministerial de sexta-feira, na qual o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fará uma exposição sobre a economia mundial e seus reflexos aqui no Brasil. Por que a decantada valorização do real é uma ameaça? O ´derretimento` do dólar, para usar a expressão ufanista da equipe econômica, favorece a invasão de produtos chineses, principalmente os bens de consumo baratos para a nossa ávida classe C, e leva à lona a indústria nacional.
Para não espantar o mercado, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, desconversa sobre mudanças na política cambial. Garante que a decisão do Banco Central de onerar a entrada de recursos estrangeiros no país para conter a queda do dólar não deverá afetar os investimentos estrangeiros. Visaria principalmente os bancos, que vinham ganhando dinheiro com a intermediação dos empréstimos tomados no exterior.
Essas medidas, porém, não surtiram efeito até agora. Por isso, a discussão sobre a política de câmbio voltou à mesa de reuniões do Ministério da Fazenda e às especulações do mercado. O governo não pretende manter ad aeternum a estratégia de compra de dólares para segurar o preço do real; nem tem como mudar a curto prazo a política de juros altos, que tanto atrai os investimentos estrangeiros, por causa da inflação. Na verdade, o Brasil foi ensanduichado por bilionárias emissões de dólares dos Estados Unidos e pela produtividade (leia-se mão de obra barata e escala) da indústria chinesa. Uma das alternativas em estudo é a flutuação periódica do câmbio, que seria engessado por prazos determinados. Um regime, digamos, semiflutuante.
Blindagem
O ministro de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco foi mal-interpretado nas declarações de que a disputa pela Presidência da Câmara entre candidatos da base governista seria do jogo, enquanto a barganha em torno do salário mínimo, não. Segundo ele, o que quis dizer de fato foi que ´não se brinca com a economia`, que deve ser blindada politicamente pela base governista.
Presidentas
O ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, prepara um encontro da presidente Dilma Rousseff com a sua colega argentina, Cristina Kirchner, em Buenos Aires. Grande ausente na cerimônia de posse por razões familiares (ainda está de luto pela morte de Néstor Kirchner), Cristina será visitada por Patriota, que prepara a viagem que Dilma fará a Argentina em 31 de janeiro.
Mínimo
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical vão retomar a mobilização por um aumento do salário mínimo superior aos R$ 540 proposto pelo governo. Querem aproveitar o clima existente no Congresso, no qual o PMDB, o PDT e outros partidos da base apoiariam um aumento maior, para voltar à carga na luta por um salário mínimo de R$ 580.
Outra vez
Líder dos cara-pintadas na campanha pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), que acabou renunciando ao mandato, o senador eleito pelo PT fluminense Lindberg Farias resolveu disputar a Presidência da Comissão de Infraestrutura do Senado, cargo hoje ocupado pelo senador alagoano. O petista também quer uma janelinha.
Minado
O terreno está mais minado do que parece na Câmara dos Deputados. O estoque de matérias com impacto fiscal não é brincadeira. A PEC 300, que cria o piso salarial para os policiais, teria um impacto de R$ 40 bilhões anuais. O reajuste de 56% para o pessoal do Judiciário, mais R$ 4,5 bilhões. E ainda tem o fim do fator previdenciário, que mobiliza os aposentados, e a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, velha bandeira do movimento sindical. O baixo clero governista já esfrega as mãos.
Petistas
A bancada do PT no Senado se reúne hoje para discutir a ocupação de cargos na Mesa Diretora e nas comissões da Casa. Há disputas pela Vice-Presidência entre a senadora Marta Suplicy (SP) e o senador Delcídio Amaral (MS); e pela liderança da bancada, entre Jorge Viana (AC) e Walter Pinheiro (BA). José Pimentel (CE) está de olho na Primeira-Secretaria. Nesse caso, o PT não ocuparia a Vice-Presidência.
Futebol
O senador americano John McCain almoçou ontem com um congressista brasileiro antes de se encontrar com a presidente Dilma Rousseff. Ele estava interessado em saber a diferença entre Dilma e o antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Ouviu a seguinte resposta: ´Toda semana o Lula fazia um paralelo entre o futebol e a política para dar explicações à população. Dilma não entende de futebol`.
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