Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
A ´doença holandesa` - ou a ´maldição dos recursos minerais` - ronda a economia brasileira como uma peste embarcada nos navios em quarentena. Na teoria, as receitas decorrentes de recursos naturais podem desindustralizar uma nação devido à valorização cambial, que torna o setor manufatureiro menos competitivo em relação aos bens importados. É mais ou menos o que está acontecendo com o Brasil, com a diferença de que outros fatores pesam na balança.
A Petrobras, por exemplo, durante o ano passado, comprou R$ 19,57 bilhões de dólares de fornecedores estrangeiros, ou 10,78% das importações nacionais, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Pode-se afirmar que a peste chegou? Ainda não, apesar da valorização do real e do derretimento` do dólar, para usar a expressão cunhada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Embora a exploração do petróleo da camada pré-sal possa, futuramente, contribuir para a chamada ´doença holandesa`, o nosso problema hoje é outro. Os dois principais gargalos para o nosso desenvolvimento sustentável são as deficiências de infraestrutura e o atraso tecnológico. O primeiro encarece as exportações; o segundo, inviabiliza a transferência de tecnologia para que as empresas brasileiras possam competir com as estrangeiras. É por isso que a Petrobras busca fornecedores no exterior e o país importa trilhos para ferrovias e chapas de aço para construir navios.
Investimento
´Não temos empresas qualificadas para absorver a transferência de tecnologia`, queixa-se a presidente Dilma Rousseff, que resolveu turbinar o Ministério da Ciência e Tecnologia. Seu novo titular, o ex-senador petista Aloizio Mercadante deu um novo status à pasta. Economista da Unicamp, um dos principais centros de pesquisa do país, ele tem como tarefa organizar ´arranjos` de empresas capazes de absorver a tecnologia indispensável para que a indústria nacional possa fornecer máquinas, equipamentos e serviços de qualidade às grandes empresas do país, a começar pela Petrobras.
Formação
Por que as empresas brasileiras não são capazes de absorver tecnologia? Em primeiro lugar, porque fecharam os departamentos de engenharia e pesquisa ou desistiram da inovação por falta de demanda nas últimas décadas, e de capital para investir, neste novo ciclo de expansão da economia. Em segundo, porque há um déficit de mão de obra qualificada num país de bacharéis. Sem investimento na formação de técnicos, tecnólogos e engenheiros e estímulo à pesquisa, não há como as empresas brasileiras competirem. Mesmo que não admita publicamente, Dilma Rousseff sabe que é preciso enfrentar o problema para que a peste permaneça ao largo.
Da China
Cresce o número de grandes importadores da China. Em 2005, só 12 empresas compravam mais de US$ 50 milhões. Agora, são mais de 40. O número de empresas brasileiras que compram produtos chineses mais que dobrou em quatro anos: cresceu 135%.No ano passado, as empresas que importaram bens de consumo, insumos ou máquinas chinesas chegaram a 16,8 mil
Escravos
Em levantamento sobre as siderúrgicas que mantém negócios com carvoeiras e usam trabalho escravo está em fase final no governo. O assunto deve vir à tona nas próximas semanas. O foco principal está nas usinas de ferro gusa.
Racha
Embora esteja adotando uma postura cautelosa para a disputa da liderança do DEM na Câmara, o deputado ACM Neto (BA) se prepara para uma disputa acirrada na bancada. Porém, não perdeu a esperança de que haja acordo. A disputa pelo comando nacional da legenda, cuja convenção será em março, ameaça implodir o DEM.
Despedida
O líder do PSDB na Câmara, deputado João Almeida (PSDB-BA), se despede do mandato sem saber o próprio destino político. Almeida acredita que a legenda está bem posicionada para continuar fazendo oposição ao governo. ´O partido tem tamanho suficiente para fiscalizar, acompanhar o executivo, discutir os projetos de lei e, quando necessário, atrasar as votações para a população tomar conhecimento das novas leis`, argumenta.
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