Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), aos 80 anos, anunciou ontem o que todos já sabiam: é candidato à reeleição, desta vez sem concorrentes. A lealdade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem fez questão de acompanhar na volta para casa, em São Bernardo do Campo (SP), quando a presidente Dilma Rousseff assumiu o cargo, garantiu-lhe o apoio do PT. Na eleição passada para a Presidência do Senado, os petistas se aliaram à oposição para tentar eleger o então senador Tião Viana, hoje governador do Acre, mas mesmo assim Sarney venceu a disputa.
Ex-presidente da República, político dos mais longevos, Sarney lembra um daqueles senadores vitalícios do Império descritos por Machado de Assis na crônica que empresta seu título à coluna de hoje. Nela, o grande escritor presta tributo à Casa que dividiu com o Exército brasileiro, durante o Império, a responsabilidade de preservar com mão de ferro a integridade territorial do país e consolidar o Estado brasileiro. Muita coisa mudou entre os integrantes do Senado; outras, não:
“Tinham um ar de família, que se dispersava durante a estação calmosa, para ir às águas e outras diversões e que se reunia depois, em prazo certo, anos e anos. Alguns não tornavam mais, e outros novos apareciam; mas também nas famílias se morre e nasce. Dissentiam sempre, mas é próprio das famílias numerosas brigarem, fazerem as pazes e tornarem a brigar (…) Algumas vozes vibrantes cá fora, calavam-se lá dentro, é certo, mas o gérmen da reforma ia ficando, os programas o acolhiam, e, como em vários outros casos, os sucessos o fizeram lei” — nos relata o maior escritor brasileiro.
Rodízio
Empate na disputa pela Primeira-Vice-Presidência do Senado ontem, durante reunião da bancada do PT, na qual o senador José Pimentel (CE) e a senadora Marta Suplicy (SP) mediram forças. O PT abriu mão da Primeira-Secretaria do Senado, que controla a máquina administrativa da Casa, para não meter a mão numa casa de marimbondos. Sem poder na burocracia, o posto é cobiçado por causa da visibilidade, pois seu ocupante presidirá as sessões nas ausências de Sarney. A solução salomônica na bancada foi promover o rodízio anual na ocupação dos cargos. Mas permanece o impasse sobre quem sentará na cadeira primeiro.
Máfia
O governo resolveu promover um pente-fino nas importações de componentes eletrônicos de procedência chinesa. A Polícia Federal está de olho nos produtos supostamente fabricados no Brasil, mas que na verdade estão chegando já montados da China, com custos muito inferiores aos de similares da indústria nacional.
Expulsão
Para deixar claro que o partido não está fazendo jogo duplo com a candidatura de Mabel (PR-GO) à Presidência da Câmara, integrantes da legenda defendem a expulsão do parlamentar goiano. O assunto deve entrar na pauta da reunião de bancada marcada para segunda-feira.
Transparência
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, determinou que as decisões das reuniões do conselho diretor da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos sejam divulgadas à imprensa. O próprio presidente da estatal, Wagner Pinheiro, será o porta-voz da empresa.
Presente
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (foto), do PMDB, comemorou o aniversário ontem certo de que seu inferno astral acabou. Responsável pelo gerenciamento da maior tragédia natural da história do país, recebeu da presidente Dilma Rousseff a notícia de que 8 mil casas serão construídas para abrigar os flagelados da região serrana. Serão 6 mil pelo programa Minha Casa, Minha Vida e 2 mil doadas por 12 empresas de construção civil responsáveis pelas obras de recuperação dos estragos.
Liderança
A candidatura do deputado Sandro Mabel (GO) à Presidência da Câmara abriu uma disputa pela liderança da bancada do PR, da qual se licenciou. São candidatos ao cargo Luciano Castro (RR), Maurício Trindade (BA), Milton Monti (SP), Lincoln Portela (MG) e Wellington Fagundes (MT).
Cobiça
O deputado Leonardo Quintão (MG), que desafia a liderança de Henrique Eduardo Alves (RN) na bancada do PMDB, está em campanha aberta para assumir o controle do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia. O posto é estratégico porque autoriza a pesquisa e a exploração dos recursos minerais do país.
Vale
A ministra da Cultura, Ana de Hollanda (foto), iniciou entendimentos com os líderes da Câmara para pedir a aprovação da lei que cria o Vale Cultura ainda neste primeiro semestre. O projeto prevê o pagamento de um valor mensal de R$ 50 em cartão magnético a trabalhadores que recebem até cinco salários mínimos. O valor poderá ser usado para a compra de livros, CDs e DVDs, ou para assistir a filmes, peças de teatro e espetáculos de dança.
Suspensão
O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a suspensão do pregão eletrônico n° 153/2010 da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para a aquisição de até 660 computadores. Segundo o TCU, foram encontradas ilegalidades no edital de R$ 1,53 milhão
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