terça-feira, 2 de abril de 2013

Nervos de aço

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 02/04/2013
 
Não é à toa que muitos analistas temem que a inflação atinja um novo patamar: 75% das 365 categorias de preços e serviços medidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) subiram em março — 30% sofreram reajustes superiores a 10%. Ou seja, a situação está sob controle do Banco Central (BC), mas nem tanto, segundo o mercado.

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Sócio da estratégia dos juros baixos da presidente Dilma Rousseff, o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, resiste à elevação da Selic para combater a inflação. Seria uma espécie de autocrítica de sua própria aposta à frente do banco, além de uma marcha à ré na política econômica do governo Dilma. A estratégia da reeleição da presidente combina juros baixos com abundância de crédito para alavancar o crescimento. Em termos eleitorais, vem sendo um sucesso, mesmo com crescimento baixo.

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A cúpula do Banco Central, porém, está à beira de um ataque de nervos. Em abril e maio, o teto da meta de 6,5% definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) irá pro espaço: o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingirá 6,7%, mesmo com a redução das tarifas de energia, a desoneração da cesta básica e o adiamento dos aumentos de ônibus.


Céu e inferno
Cresce o coro de ex-presidentes do Banco Central contra Alexandre Tombini. Ontem, Gustavo Loyola (foto) repetiu Armínio Fraga e acusou o BC de “leniência com a inflação”. Loyola conheceu o céu e o inferno à frente do BC, que comandou por duas vezes. Pegou o boné em março de 1993, no governo de Fernando Collor de Mello, com inflação anual (IPC) de 1.229,718%. No governo Fernando Henrique Cardoso, saiu em agosto de 1997 com a inflação em queda: 5,594%.


Sabatina
A propósito, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, deve comparecer hoje ao Senado, para uma audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos, cujo presidente é senador petista Lindbergh Farias (foto). Estará blindado pela base governista.

Baiano//

A presidente Dilma Rousseff matou dois coelhos com a escolha do ex-governador César Borges para o Ministério dos Transportes. Resolveu o problema com Alfredo Nascimento, presidente do PR, que havia sido defenestrado da pasta, e reforçou a influência do governador da Bahia, Jaques Wagner (BA), o verdadeiro padrinho da indicação.

Belo Monte
A comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga o tráfico de pessoas no país ouvirá hoje um dos diretores do Consórcio Construtor da Hidrelétrica de Belo Monte, Antônio Carlos de Oliveira. A barragem está sendo construída no Rio Xingú (Pará). No canteiro da empresa funcionava uma boate onde 18 mulheres se prostituíam. Segundo o presidente da CPI, deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), é impossível que os gestores de Belo Monte não tivessem conhecimento do funcionamento da boate.
 
Orçamento
A presidente Dilma Rousseff deve sancionar hoje o Orçamento da União para 2013, que prevê crescimento de 4,5% da economia e receitas de R$ 2,276 trilhões. Estão previstos para investimento, custeio e pagamento da seguridade social R$ 1,66 trilhão

Descarrilada

A Ferrovia Norte-Sul está em processo de deterioração, sem nunca ter sido utilizada. O Tribunal de Contas da União detectou várias deficiências na obra e deu prazo de 60 dias para que a Valec resolva a situação, ou seja, faça o trem andar.
 
Corintianos / A situação dos 12 torcedores do Corinthians presos na Bolívia será um dos temas da audiência pública com o ministro Antonio Patriota na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), marcada para a próxima quinta-feira.

Na telinha/ O programa partidário do PSB em cadeia de rádio e tevê, com duração de 10 minutos, irá ao ar em 25 de abril. Deve alavancar a candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente da legenda, que será a estrela do programa.

Transparência/ O deputado Chico Leite (PT) assumiu a presidência da Comissão de Fiscalização, Governança, Transparência e Controle da Câmara Legislativa. Fará um levantamento de todos os requerimentos e ofícios não respondidos pelos órgãos do GDF, um trabalho de fiscalização nunca feito antes no DF.

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